11QTa Rolo do Templo

O Rolo do Templo, identificado com a sigla 11QTa, é um dos documentos mais extensos e notáveis entre os Manuscritos do Mar Morto. Com cerca de 9 metros de comprimento, é o mais longo dos manuscritos encontrados, composto por 65 colunas distribuídas em 19 fragmentos de couro. Escrito em hebraico, utiliza o estilo herodiano, típico do final do período do Segundo Templo. Seu conteúdo concentra-se em descrições detalhadas de um templo idealizado, abordando arquitetura, práticas litúrgicas, sacrifícios e festivais, além de material bíblico reescrito, principalmente de Êxodo a Deuteronômio, com variações e acréscimos.

O Rolo apresenta uma visão única do templo, diferente da descrição do Templo de Salomão na Bíblia Hebraica. Essa discrepância sugere que o autor ou os autores consideravam este modelo ideal como o verdadeiro templo revelado a Moisés, possivelmente esquecido ou ignorado ao longo do tempo. O texto oferece detalhes legais e ritualísticos, refletindo as crenças de um grupo judaico provavelmente associado à comunidade de Qumran. Destaca perspectivas específicas sobre pureza, santidade e a observância adequada das leis religiosas, proporcionando um panorama do ambiente religioso e social do judaísmo do Segundo Templo, marcado pela diversidade de práticas e crenças.

O tema da pureza é central no manuscrito, com regulamentações detalhadas sobre a manutenção da santidade no templo e na vida cotidiana. A centralidade do templo como núcleo da adoração e identidade judaica é outro ponto recorrente. Ademais, o rolo apresenta um código legal abrangente, combinando leis bíblicas com novas interpretações e acréscimos.

Pesquisadores continuam a estudar o Rolo do Templo, debatendo questões como autoria, data de composição e sua relação com outros Manuscritos do Mar Morto e textos judaicos. Apesar das incertezas, o Rolo permanece uma peça crucial para compreender o judaísmo do Segundo Templo e a visão teológica de grupos dissidentes daquela época.

Pseudo-Ezequiel

Pseudo-Ezequiel, também chamado 4QSecond Ezekiel ou fragmentos 4Q385, 4Q385b, 4Q385c, 4Q386, 4Q388 e 4Q391, é um texto hebraico pseudoepigráfico fragmentário encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto na Caverna 4 em Qumran.

O texto é uma discussão entre Ezequiel e YHWH, tomando o relato bíblico de Ezequiel 37 como fonte, mas expandindo-o. Sua datação é estimada ser do século II a.C. A sequência exata dos fragmentos é incerta, embora a ordem dos acontecimentos no livro canônico de Ezequiel forneça uma base para o arranjo atual. O texto é controverso quanto sua leitura e identificação.

O texto começa com YHWH prometendo a Ezequiel que os ossos secos serão ressuscitados e o reino de Israel restaurado. No entanto, ao contrário da restauração nacional metafórica em Ezequiel 37, Pseudo-Ezequiel descreve a ressurreição real dos justos mortos de Israel. Isto o torna um dos únicos dois textos de Qumran que se referem claramente à ressurreição, sendo o outro 4Q521.

Segue, então, uma profecia que um “filho de belial” virá para oprimir os israelitas, mas será derrotado e seu domínio não durará. Em fragmentos posteriores, Ezequiel pergunta a YHWH se o próprio tempo poderia ser acelerado para que Israel pudesse recuperar a terra prometida mais cedo. Há também uma passagem que revisita o tema da ressurreição, seguida de uma evocação final da Merkabah, a carruagem de YHWH mencionada em Ezequiel 1.

Enoque Astronômico

O Enoque Astronômico, também conhecido como o Livro dos Luminares Celestiais ou Livro dos Luminares, é um apocalipse judaico pseudepígrafo encontrado nos capítulos 72–82 do livro de 1 Enoque.

Adicionalmente, quatro cópias aramaicas fragmentadas deste texto foram descobertas entre os Manuscritos do Mar Morto. Contém descrições dos movimentos dos corpos celestes e da ordem do universo, com base nas revelações recebidas por Enoque do anjo Uriel. O Enoque astronômico discute as observações do calendário e provavelmente defende a superioridade de um calendário solar de 364 dias. Este texto tem importância teológica e prática para a comunidade de Qumran e fornece uma base escatológica para outros escritos enóquicos.

Visões de Anrão

As Visões de Anrão são uma obra descoberta nos achados de Qumran. Anrão, a figura a quem o documento é atribuído, é identificado na tradição bíblica como pai de Moisés, Aarão e Miriã.

O documento é preservado em cinco cópias em aramaico (4Q543-547), sendo razoavelmente populares em Qumran. Ainda assim, como o documento não exibe nenhuma das linguagens distintas ou ideias associadas a documentos como a Regra da Comunidade (1QS), os Hinos de Ação de Graças (1QHa), as Visões de Anrão podem ter sido compostas e lidas fora do grupo de Qumran. O documento provavelmente foi escrito em aramaico em algum momento do século II a.C., provavelmente na Judeia ou na região circundante.

Anrão, com 136 anos, celebra o casemento de Miriã com Uziel e reúne sua família para contar sua história. Seus antepassados construíram túmulos em Canaã. Houve uma separação da família devido à guerra com uma reunião após 41 anos.

A Visão de Anrão descreve figuras divinas contendendo sobre o julgamento, as quais Anrão questionam suas autoridades. Apresenta-se as opções de destino. Aparecem Belial e Melkirisha, bem como Melquizedeque. Segue um pequeno tratado da Diferenciação entre Luz e Trevas, discorrendo do destino dos filhos de cada um, o triunfo da Luz.

Testamento de Levi

O Testamento de Levi são duas obra pseudepigráficas, que afirmam ser um testamento do patriarca Levi, um dos filhos de Jacó. Insere-se na obra coletivamente chamada de Testamento dos Doze Patriarcas.

O Testamento de Levi existe em duas versões: o Testamento Grego de Levi e o Testamento Aramaico de Levi. Acredita-se que a versão grega tenha sido escrita no século II aC e é considerada a mais desenvolvida das duas. Contém 18 capítulos e abrange uma variedade de tópicos, incluindo instrução religiosa, ética e escatologia. Registra duas visões: os sete céus e os sete anjos, além de previsões da era messiânica.

O Testamento Aramaico de Levi é uma obra mais curta que foi descoberta entre os Manuscritos do Mar Morto. Acredita-se que seja uma versão anterior do texto e seja datada do século I aC. A versão aramaica difere da versão grega de várias maneiras, incluindo a ordem dos capítulos, a ausência de algum material e o uso de palavras e conceitos diferentes.