Rosemary Radford Ruether

Rosemary Radford Ruether (nascida em 1936) é uma teóloga e biblista cristã. Destacou-se na teologia feminista desde a década de 1970, vindo a desenvolver trabalho no ecofeminismo, que explora as conexões entre a dominação das mulheres e a exploração da natureza.

Ruether começou sua carreira acadêmica com graduação em línguas clássicas pelo Scripps College e doutorado em clássicos pela Claremont Graduate School. Mais tarde, obteve um segundo doutorado em teologia pela Pacific School of Religion. Ela ocupou cargos de professora em várias universidades, incluindo Howard University, Garrett-Evangelical Theological Seminary e Claremont Graduate University.

O pensamento teológico de Ruether é fortemente influenciado pela teologia da libertação e pelo movimento feminista. Argumenta que as estruturas patriarcais do cristianismo contribuíram para a marginalização das mulheres e a degradação do meio ambiente. Escreveu extensivamente sobre as interseções de gênero, raça e classe em teologia e ética, e tem sido uma forte defensora da justiça social e do ativismo ambiental.

As contribuições de Ruether para a teologia feminista incluem seu livro inovador “Sexism and God-Talk: Toward a Feminist Theology” (1983), no qual critica a teologia cristã dominante por sua exclusão das experiências e perspectivas das mulheres. Sobre ecofeminismo escreveu”Gaia and God: An Ecofeminist Theology of Earth Healing” (1992), que explora as conexões entre a opressão das mulheres e a exploração do meio ambiente.

Ao longo de sua carreira, Ruether tornou-se uma intelectual pública na conversa contínua sobre a relação entre religião, ética e justiça social. Foi reconhecida por suas contribuições com inúmeros prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Martin E. Marty da Academia Americana de Religião pelo Entendimento Público da Religião.

Eleonora Fonseca Pimentel

Eleonora Fonseca Pimentel (1752-1799) foi uma polímata luso-italiana. Atuou em diversas áreas, inclusive traduzindo e comentando um livro teológico de Antônio Pereira Figueiredo.

Nascida na comunidade aristocrática portuguesa estabelecida na Itália, tornou-se escritora, tradutora e jornalista em Nápoles.

Em 1792, Pimentel traduziu o ensaio Analyse da profissão de fè do Santo Padre Pio IV, de Antonio Pereira de Figueiredo, o esclarecido tradutor da Bíblia. Pereira de Figueiredo divagou sobre a natureza das verdades da fé e a liberdade intelectual dos cristãos em relação a elas. Defendeu a autonomia das igrejas nacionais face o papado, a legitimidade do casamento não sacramentado pela Igreja, a dependência da fé ao invés da indulgência em si para perdão e salvação, questionou a infalibilidade e jurisdição universal do papado. A tradução italiana da obra por Pimentel foi precedida por suas observações em prefácio e fundamentação da obra, reforçando a liberdade de pensamento e a liberdade de consciência. O livro também é uma das primeiras obras de teologia sistemática produzida no ambiente lusófono.

Defensora da liberdade, Eleonora Fonseca Pimentel foi executada pelo governo de Nápoles na revanche reacionária contra a república pró-revolução francesa.

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Leonardo Marcondes. “O último café de Eleonora Fonseca Pimentel”. Ensaios e Notas. 9 de abril de 2023.

FIGUEIREDO, Antonio Pereira. Analisi della professione di fede del santo padre Pio IV. Tradução de Eleonora Fonseca Pimentel. Nápoles, 1791.

Elizabeth da Boêmia

Elizabeth da Boêmia (1596-1662), ou Elizabeth Stuart, foi uma rainha, pensadora filosófica e teológica teuto-britânica.

Era a filha mais velha do rei Jaime I da Inglaterra e de sua esposa Ana da Dinamarca. Nasceu no Palácio de Dunfermline, na Escócia, e recebeu o nome de sua madrinha, a rainha Elizabeth I da Inglaterra.

Em 1613, Elizabeth casou-se com Frederick V, eleitor palatino, e tornou-se a eleitora palatina. O casal teve 13 filhos, mas seu reinado durou pouco. Em 1619, Frederico foi eleito rei da Boêmia, mas foi derrotado em batalha no ano seguinte pelas forças católicas dos Habsburgos. A família foi forçada a fugir, e Elizabeth e seus filhos ficaram conhecidos como a “Rainha e Rei do Inverno” devido à breve duração de seu reinado.

Elizabeth e sua família viveram no exílio em Haia, onde ela se tornou conhecida por sua inteligência, perspicácia e beleza.

Em 1660, após a Restauração da monarquia inglesa, Elizabeth voltou para a Inglaterra e recebeu uma pensão anual do rei Carlos II, seu sobrinho. Ela viveu em Londres até sua morte em 13 de fevereiro de 1662, aos 65 anos.

A inteligente Elizabeth da Boêmia tinha interesse em filosofia, teologia e ciência. Ela era uma patrona das artes e apoiou vários escritores e artistas durante sua vida. Correspondeu com alguns dos principais pensadores de seu tempo, incluindo René Descartes. Sua produção filosófica e teológica consistiu principalmente em cartas e ensaios, muitos dos quais se perderam com o tempo.

Uma das principais preocupações filosóficas de Elizabeth era a natureza da alma humana e sua relação com o corpo. Em sua correspondência com Descartes, ela desafiou sua visão dualista de mente e corpo, argumentando que deve haver uma conexão integral entre os dois. Também criticou Descartes por sua visão mecanicista do corpo e sua insistência na certeza matemática na investigação filosófica.

Elizabeth também se correspondia com teólogos como Hugo Grotius, John Durie e Samuel Rutherford. Acreditava na importância da fé pessoal e da tolerância religiosa. Em suas cartas a Rutherford, ela defendeu os direitos dos não-conformistas e defendeu uma abordagem mais inclusiva da religião.

Além de seus escritos filosóficos e teológicos, Elizabeth também se interessava pelas ciências. Ela se correspondeu com o astrônomo Johannes Hevelius e ficou fascinada com suas observações dos planetas e estrelas. Ela também apoiou o trabalho do médico William Harvey, conhecido por suas pesquisas inovadoras sobre o sistema circulatório.

Afua Kuma

Afua Kuma ou Christiana Gyane (1908-1987) foi uma teóloga leiga ganense de tradição presbiteriana, católica e pentecostal (Church of Pentecost, CoP).

Afua Kuma cresceu na Igreja Presbiteriana Ganesa, onde seu pai era um ancião. O presbiterianismo ganense é oriundo da Missão de Basel e do Avivamento Continental, valorizando experiências individuais de espiritualidade. Quando se mudou para um lugo não havia uma igreja presbiteriana, então aderiu a uma igreja católica por vários anos. Somente em seus últimos anos viria juntar-se à Igreja de Pentecostes (CoP), onde seu genro era um apóstolo

Entre 1969 e 1979 começou suas exortações públicas. Registradas em fitas de áudio, depois foram transcritas em um livreto com o título Kwaebirentuw ase Yesu: Afua Kuma ayeyi ne mpaebo / Jesus of the Deep Forest: The Prayers and Praises of Afua Kuma. Trata-se de um exemplo da complexidade da teologia oral africana e pentecostal.

Mercy Amba Oduyoye

Mercy Amba Oduyoye (1934-) teóloga metodista ganense.

Oduyoye estudou teologia nas universidades de Gana e de Cambridge e lecionou na Universidade de Ibadan, Nigéria, além de passagens por Harvard, Princeton, Yale e no Union Theological Seminary.

Organizou o Circle of Concerned African Women Theologians para corrigir vieses eurocêntricos, patriarcais e coloniais.

Entre suas obras estão Women and Ritual in Africa  (1992), Feminist Theology in an African Perspective (1994), Daughters of Anowa: african women in patriarchy (1995), Beads and Strands: Reflections of an African Woman on Christianity (2004) e Introducing african women’s theology (2001).

BIBLIOGRAFIA

Pui-Lan, Kwok. “Mercy Amba Oduyoye and African women’s theology.” Journal of Feminist Studies in Religion 20.1 (2004): 7-22.

Oluwatomisin Olayinka Oredein. The Theology of Mercy Amba Oduyoye Ecumenism, Feminism, and Communal Practice. University of Notre Dame Press, 2023.

Kathryn Tanner

Kathryn Tanner (nascida em 1957) é uma teóloga episcopal (anglicana) americana.

Educada na Yale University, onde também fez a maior parte de sua carreira, Tanner combina a história do pensamento cristão e métodos interdisciplinares, como teorias críticas, sociais e feministas.

Ela propõe uma relação não competitiva entre Deus e as criaturas, tendo Cristo como centro de ligação da humanidade com Deus.

Catherine Clark Kroeger

Catherine Clark Kroeger (1925 – 2011), professora, biblista especializada nos estudos do Novo Testamento, teóloga presbiteriana americana.

Kroeger fundou a organização Cristãos pela Igualdade Bíblica (CBE) e a  Peace and Safety in the Christian Home (PASCH). Pesquisou e promoveu a conscientização contra a violência e ao abuso de mulheres.

BIBLIOGRAFIA

  • Kroeger, Catherine C.; Nason-Clark, Nancy; Study Bible for Women, (Oxford University Press, 2005.
  • Kroeger, Catherine C.; Nason-Clark, Nancy. Refuge From Abuse: Hope and Healing for the Abused Christian Woman. InterVarsity Press, 2004.
  • Kroeger, Catherine C.; Nason-Clark, Nancy. Refúgio contra o abuso. Rio de Janeiro: CPAD, 2006
  • Kroeger, Catherine C. IVPress Women’s Bible Commentary. Downers Grove, 2002.
  • Kroeger, Catherine C.; Nason-Clark, Nancy. No Place for Abuse: Biblical and Practical Resources to Counteract Domestic Violence. InterVarsity Press, 2001, 2010.
  • Kroeger, Catherine C.; Beck, James R. Healing the Hurting: Giving Hope and Help to Abused Women. Baker Books, 1998.
  • Kroeger, Catherine C.; Beck, James R. Women, Abuse, and the Bible: How Scripture Can Be Used to Hurt or to Heal. Baker Books, 1996.
  • Kroeger, Catherine C. et al. The Goddess Revival. Baker, 1995.
  • Kroeger, Catherine C.; Kroeger, Richard C. I Suffer Not a Woman: Rethinking 1 Timothy 2:11-15 in Light of Ancient Evidence. Baker Book House, 1992.
  • Kroeger, Catherine C.; Storkey, Elaine; Evans, Mary. NRSV Study Bible for Women New Testament. Baker Books, 1985.
  • Kroeger, Catherine C. “Does Belief in Women’s Equality Lead to an Acceptance of Homosexual Practice?” Priscilla Papers, Spring 2004.
  • Kroeger, Catherine C. “Pandemonium and Silence at Corinth” (with Richard Kroeger),The Reformed Journal, June 1978.
  • Kroeger, Catherine C. The Women’s Study Bible (ed.) Oxford University Press, 2009.
  • Kroeger, Catherine C. Beyond Abuse in the Christian Home: Raising Voices for Change” (ed.), Nancy Nason-Clark & Barbara Fisher-Townsend. Wipf & Stock, 2008.

Annie Marston

Annie Wright Marston, também Annie Westland Marston (1852 – 1937) foi uma autora, apoiadora de trabalho missionário, teóloga e professora de escola dominical inglesa.

Filha de um pastor e médico batista, envolveu-se com o movimento de Keswick. Em 1877, enquanto lecionava a escola dominical para meninas em Keswick, suas pupilas pediram versos da Bíblia para memorizar durante a semana. A prática teve tão grande retorno que Annie escreveu para Children’s Special Service Mission para publicar cartões ou filipetas com listas de versos bíblicos para a memorização infantil.

A prática de memorização de versos, seus cartões e sua recitação semanal antecedem os recitativos dos salmos presentes nas reuniões de jovens da Congregação Cristã.

A irmã de Annie, Eleanor Agnes Marston viajou como missionária em 1887 da Missão do Interior da China. Eleanor conheceu e casou-se com seu colega missionário Cecil Charles Polhill. Cecil era um dos chamados Cambridge Seven, jovens aristocratas que fizeram um voto de serem evangelistas e missionários. O casal desenvolveu várias missões evangelísticas e sociais na China e no Tibete, mesmo enfrentando violência. Cecil ainda visitaria Azusa Street e foi um dos pioneiros pentecostais no Reino Unido.

Veio de uma família ávida pela literatura. O avô Stephen Marson, também pastor batista, criou uma escola e biblioteca. O tipo John Marson e o primo Phillp Burke Marson foram literatos. Annie manteve a tradição familiar, sendo escritora de diversos gêneros.

Annie escreveu vários hinos que eram cantados nas convenções de Keswick. Autorou três livros didáticos que ensinavam geografia, história e antropologia da China, Índia e África para crianças. Inovou ao escrever sob a perspectiva das crianças desses países e sintetizar informações que ela recebia de primeira mão de seus contatos missionários.

Escreveu ainda outros livros (alguns sob pseudônimos) visando a educação moral das crianças, especialmente meninas.

Coautorou a biografia de sua irmã Eleonora e escreveu um livro sobre o Tibete.

Suas reflexões teológicas centravam-se na ação do Espírito Santo, ministério e missão — tópicos sobre os quais também publicou.

Julian de Norwich

Julian ou Juliana de Norwich (1342 –c. 1416), uma anacoreta, mística e teóloga inglesa.

Autora de uma obra de reflexões devocionais e teológicas, Revelações do Amor Divino (Revelations of Divine Love, c. 1395), seria a primeira mulher a ser escritora em língua inglesa.

Ao sofrer uma doença que a deixou à beira da morte, recebeu várias visões, as quais compilou em um livro. Mais tarde, curada, escreveu explanações teológicas acerca das visões.

Sua teologia era otimista, orientada pela onibenevolência e amor de Deus em termos de alegria e compaixão. Como Isaías 49:15, equipara o amor divino com o amor materno. A reconciliação da humanidade com Deus foi mediante a encarnação quando compartilhou a “queda” humana no ventre de Maria. Ao encarnar-se, morrer e ressuscitar, Jesus experimentou em sua dupla natureza o nascimento, sofrimento e morte. Mas sendo divino, alterou para sempre a natureza humana.

Foi conselheira espiritual de sua comunidade. Recebeu visita de Margery Kempe.