Kopfel: Novum Testamentum Graece

O Novum Testamentum Graece, publicado em Estrasburgo por Wolfgang Köpfel (Vuolfius Cephalaeus) em 1524, ocupa um lugar significativo na história da impressão bíblica e na disseminação do Novo Testamento Grego durante a era da Reforma.

Esta edição, lançada pouco depois do Novo Testamento em alemão de Martinho Lutero (1522) e da terceira edição do Novo Testamento Grego de Erasmo (1522), marcou a quarta publicação do Novo Testamento Grego. Surgiu em meio à crescente demanda por textos bíblicos em suas línguas originais, impulsionada pelo enfoque reformista no ad fontes (de volta às fontes).

Wolfgang Köpfel foi um impressor e editor em Estrasburgo, um importante centro de humanismo renascentista e um núcleo do nascente movimento reformista. Era sobrinho de Wolfgang Capito, um reformador, hebraísta e colaborador próximo de Erasmo e Johannes Oecolampadius. Capito desempenhou um papel crucial na concretização desta edição.

Chegando a Estrasburgo em 1523 a convite de seu sobrinho, Capito supervisionou a impressão do Novum Testamentum Graece. Köpfel, ansioso por lançar sua gráfica com uma publicação de peso, confiou a seu respeitado tio a responsabilidade pelo projeto. A experiência de Capito nas línguas bíblicas e sua conexão com Erasmo garantiram a qualidade da edição e sua adesão ao texto erasmiano.

O texto desta edição segue de perto o Novo Testamento Grego de Erasmo, que, por sua vez, se baseava em um número limitado de manuscritos bizantinos tardios. O NT grego de Köpfel pertence, portanto, à família do Textus Receptus. Embora não representasse o texto mais antigo ou crítico, oferecia um texto grego confiável e acessível para estudiosos e reformadores. A edição de Estrasburgo destaca-se pela elegante tipografia e pela precisão, refletindo os altos padrões da gráfica de Köpfel e a supervisão meticulosa de Capito.

Demonstrando ainda mais seu compromisso com os estudos bíblicos, Köpfel publicou uma edição em dois volumes da Septuaginta Grega em 1526. Essa edição, provavelmente também supervisionada por Capito, disponibilizou uma versão impressa do Antigo Testamento Grego, promovendo ainda mais os estudos bíblicos durante o período da Reforma.

O Novum Testamentum Graece de 1524, embora muitas vezes ofuscado pelas edições de Erasmo, representa um marco importante na história do Novo Testamento Grego impresso. Contribuiu para a ampla disseminação das Escrituras Gregas, tornando-as acessíveis a um público maior de estudiosos e reformadores. A edição de Köpfel, juntamente com sua posterior publicação da Septuaginta, consolidou o papel de Estrasburgo como um centro de destaque para a impressão e os estudos bíblicos durante a Reforma.

Novo Testamento Grego de Colines

O Novo Testamento Grego de Colines foi editada por Simon de Colines em 1534, pertencendo à família do Textus Receptus.

Simon de Colines (c. 1480 – 1546), ou Colinaeus, era um impressor e estudioso radicado em Paris. Notavelmente o padrasto de Robert Estienne. Após a morte do sócio Henri Estienne em 1520, Simon de Colines assumiu a responsabilidade pelo estabelecimento de impressão, mas em 1526 Robert Estienne assumiu a gráfica e Colines estabeleceu outra casa publicadora.

O Testamento Grego impresso por Simon de Colines em 1534 inovou nos estudos bíblicos. Foi a primeira tentativa de produzir um texto grego com aparato crítico do Novo Testamento. Esta edição baseou-se em várias fontes, incluindo a Poliglota Complutense e a terceira edição de Erasmo de 1522, além de incorporar evidências manuscritas em ao menos 52 leituras não encontradas em textos anteriores.

Versões gregas impressas

As Bíblias impressas em grego para uso de falantes nativos ou para a Igreja Ortodoxa coincide com o desenvolvimento dos estudos bíblicos e helênicos do mundo Ocidental. Por vezes, a relação entre os publicadores com a erudição bíblica ocidental foi conflituosa.

Primeiras Tentativas (Séculos XVI a XVIII)

  • Enquanto prisioneiro dos venezianos, em 1536, Ioannikios Kartanos compilou uma obra didática com traduções de passagens bíblicas no grego moderno.
  • Agápio de Creta publicou em 1543 com uma tradução dos Salmos.
  • Uma edição poliglota única do Pentateuco, publicada em Constantinopla em 1547, apresentava hebraico, aramaico e grego ao lado de uma tradução em espanhol.
  • Maximos de Gallipoli produziu um Novo Testamento vernáculo em 1629, impresso em Genebra em 1638. Esta iniciativa do Patriarca Cirilo Lucaris refletia uma tendência pró-Reforma dentro da Igreja Ortodoxa.

Controvérsia e Inovação (Séculos XVIII a XIX)

  • O Novo Testamento em grego moderno de Serafim de Mitilene, publicado em Londres em 1703, enfrentou rápida condenação pela Igreja Ortodoxa pelo uso da linguagem vernacular. Este episódio destaca a tensão entre tradição e acessibilidade, resultando no exílio de Serafim na Sibéria.
  • O Novo Testamento de Vamvas (1833-1850) aderiu ao Textus Receptus ocidental, mas usou uma forma de grego katharevousa (um registro literário arcaico). Não foi adotado pela Igreja Ortodoxa, mas se tornou a versão oficial de muitas igrejas evangélicas gregas.

O tumultuado século XX

  • O início do século XX teve um período de intensa atividade e controvérsia. Três novas traduções em grego moderno – a Paráfrase de Anaplasis, a Tradução da Rainha Olga e a Evangélica de Pallis (a primeira tradução demótica) – apareceram quase simultaneamente.
  • O trabalho de Pallis, baseado no emergente Texto Crítico, provocou os “motins do evangelho” devido à suspeita pública de sua conexão com o projeto da Rainha Olga. Este evento resultou tragicamente em mortes e, por fim, levou à proibição de traduções da Bíblia em grego moderno.
  • A edição do Texto Patriarcal em 1904 tornou-se padrão para a Igreja Ortodoxa.
  • A proibição foi finalmente suspensa no final do século XX. A Versão Grega de Hoje (1985), baseada no Texto Antoniadis e aprovada pela Igreja Ortodoxa, marcou uma virada e maior aceitação das ciências bíblicas.
  • Desde então, várias traduções demóticas, incluindo as de Spyros Filos e Antonis Malliaris, aumentaram a disponibilidade das Bíblias impressas em grego. A versão de Malliaris, no entanto, gerou debate devido à sua interpretação livre do texto fonte.

Texto Patriarcal (PT)

O Texto Patriarcal (PT) de 1904, originalmente publicado como O Novo Testamento, aprovado pela Grande Igreja de Cristo (em grego Ἡ Καινὴ Διαθήκη ἐγκρίσει τῆς Μεγάλης τοῦ Χριστοῦ Ἐκκ λησίας), é uma edição do Novo Testamento publicada pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla da Igreja Ortodoxa em 1904, dentro da Família textual Bizantina.

No final do século XIX, o Patriarcado Ecumênico propôs a edição de um texto do Novo Testamento padronizado e autorizado para substituir as múltiplas e diferentes edições feitas durante o período turco. O Patriarcado nomeou uma comissão em 1899 que incluiu o Metropolita Michael Kleovoulos, o Metropolita Apostolos Christodoulou e o Professor Vasileios Antoniades para produzir um texto-padrão.

A comissão estudou 20 manuscritos bizantinos, com foco particular nos do Monte Atos, Constantinopla, Atenas e Jerusalém. Após cuidadosa consideração das variantes de leitura e nuances textuais, a comissão adotou um único manuscrito como base para o Texto Patriarcal. Este texto é estreitamente alinhado com as tradições do Texto Majoritário (TM) e o Texto Bizantino (TB). Incorpora elementos de 116 manuscritos utilizados nos lecionários da Igreja Ortodoxa. Esses textos-fonte são dos séculos IX ao XVI, com a maioria datando dos séculos X ao XIV.

Desde a sua publicação, o Texto Patriarcal ganhou ampla aceitação e uso nas Igrejas Ortodoxas de língua grega, incluindo aquelas em Constantinopla, Alexandria, Jerusalém, Grécia, Chipre e Creta, bem como na diáspora grega. Embora não seja o texto grego exclusivo do Novo Testamento autorizado pela Igreja Ortodoxa Oriental, mantém uma posição como um uso confiável e autorizado para liturgia e doutrina.

Após a sua publicação inicial, edições revisadas do Texto Patriarcal foram publicadas em 1907 e 1912, esta última supervisionada pelo Professor Vasileios Antoniades. Estas edições, publicadas por instituições como a Apostoliki Diakonia, a editora oficial da Igreja Ortodoxa a Grécia.

S. P. Tregelles

Samuel Prideaux Tregelles (1813–1875) foi um estudioso bíblico inglês, filólogo, lexicógrafo, hebraísta, crítico textual e teólogo.

Tregelles nasceu em Falmouth, Cornualha, filho de pais quacres, mas mais tarde tornou-se membro dos Irmãos de Plymouth. Na fase final, mesmo mantendo doutrinas quakers e dos irmãos de Plymouth, juntou-se à Igreja Anglicana. Sofreu uma paralisia em 1870, a qual o afetou até sua morte. A partir de 1862 passou a receber uma pensão civil em reconhecimento por seu trabalho de £200 por ano.

Tregelles conheceu e correspondia com o núcleo evangélico livre e associado à Igreja Suíça de Florença. Escreveu o Prisioner of Hope, denunciando a perseguição contra Francesco e Rosa Madiai.

Com o título de LL.D. pela St Andrews recebido em 1850, Tregelles fez um meticuloso trabalho crítica textual para reconstruir o Novo Testamento grego. Nesse projeto, viajou em 1845 para compilar manuscritos em Roma, Florença, Modena, Veneza, Munique e Basileia. Tregelles também foi autor de vários livros. Participou do comitê de revisão da KJV que supervisionou a preparação da tradução da Bíblia conhecida como Versão Revisada, publicada em 1881, seis anos após sua morte.

Um biblista meticuloso e um teólogo moderado, Tregelles rejeitou o pós-milenismo e o dispensacionalismo, bem como o surgimento de partidários da primazia do Textus Receptus, como Jacob Tomlin. Também desconsiderava a identificação do catolicismo ou do papado como o anticristo.

BIBLIOGRAFIA

Tregelles, Samuel P. Passages in the Old Testament connected with the Revelation. 1836.

Tregelles, Samuel P. “‘An account of English Versions’ in the ‘Introduction’ to English Hexapla (London, 1841).”

Tregelles, Samuel P. Hebrew Reading Lessons. 1845.

Tregelles, Samuel P. Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament. 1847. (Transactions of Gesenius Lex)

Tregelles, Samuel P. Heads of Hebrew Grammar. 1852.

Tregelles, Samuel P. Interlineary Hebrew & English Psalter. 1852.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Greek Concordance to the New Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Hebrew and Chaldee Concordance to the Old Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. Account of the Printed Text of the New Testament. 1854.

Tregelles, Samuel P. An Introduction to the textual criticism of the New Testament. 1856.

Tregelles, Samuel P. The Ways of the Line (anon., 1858).

Tregelles, Samuel P. New Testament Greek Text (in parts, 1857-72).

SOBRE TREGELLES

Stunt, Timothy C. F. The Life and Times of Samuel Prideaux Tregelles: A Forgotten Scholar. Christianities in the Trans-Atlantic World; Palgrave Macmillan, 2020.