Sátrapa

Sátrapa, termo de origem persa, designava um governador de província no Império Persa, responsável por administrar a justiça, coletar impostos e manter a ordem em seu território. Essas figuras detinham grande poder e influência, respondendo diretamente ao rei. No contexto bíblico, os sátrapas aparecem em livros como Esdras, Neemias e Ester, que narram eventos ocorridos durante o domínio persa sobre o povo judeu.

Em Esdras 8:36, os sátrapas são mencionados como autoridades que auxiliaram no retorno dos exilados judeus à Jerusalém e na reconstrução do templo. Já em Neemias, o sátrapa Sambalá é retratado como um dos principais adversários da obra de reconstrução dos muros de Jerusalém, liderando a oposição e tentando impedir o progresso dos judeus (Neemias 2:19; 4:1-3).

O livro de Ester apresenta outro exemplo de sátrapa, neste caso, Hamã, o agagita, que ocupa alta posição na corte do rei Assuero e planeja o extermínio dos judeus em todo o império (Ester 3:1-15). A história de Ester ilustra o poder e a influência que um sátrapa podia exercer, bem como os perigos da perseguição e da discriminação.

Daniel 6 narra a história de Daniel na cova dos leões, acusado pelos sátrapas e outros oficiais de desobedecer à ordem do rei Dario. Esse episódio demonstra a complexidade das relações entre os judeus e as autoridades persas, marcadas por intrigas, inveja e perseguição.

Teoria da Autorização Imperial

A Teoria da Autorização Imperial do Pentateuco postula que a legislação proposta pelas autoridades locais dentro do Império Persa foi endossada pelo governo central a ponto de se tornar lei imperial. Essa política teria levado à promulgação da Torá (Pentateuco) como lei para judeus e samaritanos sob o domínio persa.

Esta teoria, introduzida pelo biblista da Universidade de Zurique Peter Frei em 1984, sugere que os livros bíblicos de Esdras, Neemias e Ester refletem exemplos deste fenômeno. Adicionalmente, Erhard Blum, Frank Crusemann e Joseph Blenkinsopp exploraram a conexão entre a missão de Esdras e as iniciativas legais persas em Yehud, e a adoção do Pentateuco como texto dotado de autoridade civil e religiosa pelos judeus e samaritanos. A teoria não pretende explicar a composição do Pentateuco, mas utiliza as tradições de Esdras como evidência do processo de autorização imperial.

BIBLIOGRAFIA

Knoppers, Gary N. and Bernard M. Levinson., eds. The Pentateuch as Torah: New Models for Understanding Its Promulgation and Acceptance. Winona Lake: Eisenbrauns, 2007.

Frei, Peter; Klaus Koch. Reichsidee und Reichsorganisation im Perserreich. Orbis biblicus et orientalis 55. Fribourg: Universitätsverlag Freiburg Schweiz, 1984.

Ska, Jean-Louis. Introduction to Reading the Pentateuch. Winona Lake: Eisenbrauns, 2006.    

Watts, James W. (org.). Persia and Torah: the theory of imperial authorization of the Pentateuch. Symposium series. Society of Biblical Literature, 2001.

Assuero

Assuero, em hebraico אֲחַשְׁוֵרוֹשׁ, em grego Ασουηρος, nome de vários monarcas persas.

  1. Assuero, um monarca persa, a quem foram feitas acusações contra os judeus (Esdras 4:6).
  2. Assuero, um rei medo, pai de Dario (Daniel 9:1).
  3. Assuero, um rei persa que se tornou marido de Ester (Ester 1:2, 19).

Identidade de Assuero esposo de Ester

O enigmático Assuero, marido de Ester no Livro de Ester, gerou debates sobre sua identidade histórica. Embora a narrativa o posicione como governante do vasto Império Aquemênida, os estudiosos discutem se ele representa Xerxes I, Artaxerxes I ou Artaxerxes II.

Xerxes I (486–465 aC): laços linguísticos, citando o hebraico ‘Assuero’ como semelhante aos nomes persas de Xerxes I. Heródoto se alinha com a descrição de Ester de um império persa que abrange a Índia até a Etiópia. Sincronicidades históricas, como uma assembleia após a subjugação do Egito, sugerem Xerxes I.

Artaxerxes I (465-424): a Septuaginta e Josefo identificam Assuero com Artaxerxes I. Os textos etíopes apoiam ainda mais esta ligação.

Artaxerxes II (404-358): relatos históricos e nomes compartilhados com “Assuero”indicam essa possibilidade. Seria a identificação inferida a partir deBar Hebraeus e Plutarco.

Artaxerxes

Artaxerxes, em hebraico אַרְתַּחְשַׁשְׂתָּא, em grego Ἀρταξέρξης aparece na Bíblia Hebraica em Esdras-Neemias (Esdras 4:7, 8, 11, 23; 6:14, 7:1, 7, 11–12, 21; 8:1; Neemias 2:1, 5: 14, 13:6). É o nome de vários governantes persas do período aquemênida:

  1. Artaxerxes I, dito Artaxerxes I Longimanus, foi rei da Pérsia de c. 464 a c. 425 aC. Filho do rei Xerxes (talvez o Assuero de Ester), foi em seu reinado que talvez Esdras (Esdras 7) e Neemias (Nemias 2) viajaram da Pérsia para Jerusalém.
  2. Artaxerxes II Memnon (404–359): em outra cronologia provável, seria o rei dos eventso de Esdras e Neemias.
  3. Artaxerxes Ochus III (359–338): reassentou alguns judeus na satrapia da Hircânia por participarem da rebelião de Sidom. Foi um rei eficiente e poderoso que reconsolidou o poder central do trono persa.
  4. Artaxerxes IV (337–336).
  5. Artaxerxes ou Besso V, o assanio de Dario III (330 bc).

BIBLIOGRAFIA
Arjomand, Saïd Amir. “Artaxerxes, Ardašīr, and Bahman.” Journal of the American Oriental Society 118, no. 2 (1998): 245–48.

Pelatias

O nome Pelatias significa “entregue por Yahweh”.

  1. Pelatias, filho de Hananias, filho de Zorobabel. (1 Crônicas 3:21)
  2. Pelatias, um dos chefes dos saqueadores simeonitas que, no reinado de Ezequias, fez uma expedição ao Monte Seir e atacou os amalequitas. (1 Crônicas 4:42).
  3. Pelatias, um dos chefes do povo e provavelmente o nome de uma família que selou a aliança com Neemias. (Neemias 10:22).
  4. Pelatias, filho de Benaias, um príncipe dos judeus contra quem Ezequiel profetizou e ele morreu imediatamente (Ezequiel 11:5-12).