Os amonitas (os “filhos de Amom”) são na narrativa bíblica um povo próximo, porém competidor dos israelitas. Este povo viveu a leste do rio Jordão, na área da Jordânia (Jz 11:13) do final do Segundo Milênio até por volta de 500 a.C.
Os amonitas em Gn 19:30-38 aparecem como descendentes de um filho de Ló, sobrinho de Abraão, Ben-ami. Os conflitos entre Amom e Israel incluem Jefté contra uma coalizão de amonitas e filisteus (Jz 10:6-11:40). Os amonitas foram derrotados por Saul em Jabes-Gileade (1Sm 11) e depois por Davi em Rabá (2Sm 11:14-21).
Localizado em rotas de caravanas, na Idade do Ferro a pequena, mas densa região Documentos neo-assírios mencionam Amom. Um documento da época de Tiglate-Pileser menciona o tributo de um rei amonita. Os anais de Senaqueribe e Assurbanipal listam os reis de Amom. Em suas campanhas militares, o rei assírio Senaqueribe (c. 704-681 a.C.) dominou Buduili (Bod’el?) de Amom, Kammushu-nadbi (Chemosh-nadab) de Moabe e Ayarammu de Edom. O mesmo rei Buduili é mencionado em várias outros documentos. A emergência de estados aramaeus, neo-assírio e neo-babilônico no final da Idade do Ferro coincide com o fim dos amonitas como povo e sociedades distintas (Josefo, Antiquidades Judaicas 10.180–182). A região foi progressivamente ocupada por povos árabes. Nos períodos helenísticos e romano, Amã foi renomeada Filadelfia por Ptolomeu II e era parte de Decápolis.
A língua amonita é parcamente atestada por materiais epigráficos. Contudo, as inscrições são suficiente para estabelecer sua relação como parte do dialeto contínuo cananeu, os quais também incluem o hebraico e o moabita. Os registros epigráficos incluem a inscrição da cidadela de Amã (início do século VIII aC); uma grande coleção de selos, um jarro com inscrições de Tel Siran (século VI aC); a inscrição do Teatro de Amã (século VI aC). Arqueologicamente, os amonitas legaram uma tradição de esculturas com técnicas bem avançada quando comparadas com seus vizinhos da civilização sírio-cananeia.
A religião dos amonitas era centrada no culto a Moloque ou Milcom, conforme a Bíblia e onomástica teofórica. A raiz mlk indica rei ou governante e o sufixo possessivo –m parece indicar que o nome seria “seu rei”.
BIBLIOGRAFIA
Dion, Paul-Eugène. “The Ammonites: A Historical Sketch.” In Excavations at Tall Jawa, Jordan. Vol. 1, The Iron Age Town. Edited by P. M. Michèle Daviau, 481–518. Leiden, The Netherlands: Brill, 2003.
Dornemann, Rudolph H. The Archaeology of the Transjordan in the Bronze and Iron Ages. Milwaukee, WI: Milwaukee Public Museum, 1983.
Glueck, Nelson. The Other Side of the Jordan. 2d ed. Cambridge, MA: American Schools of Oriental Research, 1970.
Hübner, Ulrich. Die Ammoniter: Untersuchungen zur Geschichte, Kultur und Religion eines transjordanischen Volkes im 1 Jahrtausend v. Chr. Wiesbaden, Germany: Harrassowitz, 1992.
LaBianca, Øystein S., and Randall W. Younker. “The Kingdoms of Ammon, Moab and Edom: The Archaeology of Society in the Late Bronze/Iron Age Transjordan (ca. 1400–500 BCE).” In The Archaeology of Society in the Holy Land. Edited by Thomas E. Levy, 399–415. New York: Facts on File, 1995.
Lipschits, Oded. “Ammon in Transition from Vassal Kingdom to Babylonian Province.” Bulletin of the American Schools of Oriental Research 335 (2004): 37–52.
MacDonald, Burton. “East of the Jordan”: Territories and Sites of the Hebrew Scriptures. Boston: American Schools of Oriental Research, 2000.
Sauer, James A. “Transjordan in the Bronze and Iron Ages: A Critique of Glueck’s Synthesis.” Bulletin of the American Schools of Oriental Research 263 (1986): 1–26.
Tyson, Craig W. The Ammonites: Elites, Empires, and Sociopolitical Change (1000–500 BCE). London: Bloomsbury T & T Clark, 2014.