Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular

A Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular (International Foursquare Gospel Church) é uma denominação pentecostal fundada pela pregadora canadense-americana Aimee Semple McPherson (1890-1944).

Foi influenciada pelo ministério de William H. Durham (1873-1912), na época em que viveu em Chicago. Nesse período Aimee Semple cooperou com a Assembleia italiana de W. Grand Avenue, partiu para China como missionária, onde faleceu seu primeiro marido. De volta aos Estados Unidos, iniciou um ministério de pregação itinerante e foi por um tempo ministra credenciada pelas Assembleias de Deus até 1922. No ano seguinte abriu o Angelus Temple em Los Angeles. Logo, inaugurou o L.I.F.E. College (hoje Life Pacific University) e um ministério de rádio (a primeira mulher a ser proprietária de uma emissora). Com os egressos de sua escola e rede de contatos formou em 1927 uma associação que se tornaria a Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular.

Aimée foi sucedida por seu Rolf K. McPherson (1944-1988). Ele e outros presidentes — John Holland (1988-1997), Harold Helms (1997-1998, interino), Paul Risser (1998-2004), Jared Roth (2004, interino), Jack Hayford (2004-2009), Glenn Burris Jr. (2009-2020) e Randy Remington (2020-presente) — fizeram a denominação alcançar diversas nações do mundo.

No começo do século XXI, a Igreja do Evangelho Quadrangular está presente em mais de cem países do mundo com mais de oito milhões de fiéis, quase 67.000 comunidades em 150 países.

No Brasil, o maior campo da denominação, teve início com cruzadas evangelística e de cura divina — a Cruzada Nacional de Evangelização — em São João da Boa Vista, SP, e Poços de Caldas, MG no início dos anos 1950. Foi iniciada pelos missionários americano Harold Edwin Williams e peruano Jesus Hermirio Vasquez Ramos.

Em 1952 a Cruzada estabeleceu-se na capital de São Paulo com envolvimento da Igreja Presbiteriana do Cambuci. As campanhas evangelística, rádio e cura — além de não aderir aos costumes típicos dos pentecostais clássicos brasileiros — caracterizou a Igreja do Evangelho Quandragular como um “Deuteropentecostalismo” ou “Pentecostalismo de Segunda Onda” no cenário do Brasil.

Teologicamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular deriva-se da Teologia Obra Consumada, mas assumiu aspectos mais interdenominacionais e carismáticos ao diminuir a ênfase em distintivas pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

Blumhofer, Edith L.  Aimee Semple McPherson. Everybody’s Sister. Eerdmans, Grand Rapids, 1993.

Van Cleave, Nathaniel. The Vine and the Branches. A History of the International Church of the Foursquare Gospel, International Church of the Foursquare Gospel, Los Angeles 1992.

Igreja dos Irmãos

O nome “Igreja dos Irmãos” ou “Igreja da Irmandade” é aplicado a diversos grupos cristãos, a maior parte deles sem relação entre si.

  1. Unidade dos Irmãos ou Igreja dos Irmãos Morávios: originários do movimento hussita no final da Idade Média.
  2. Irmãos Hutteritas: um grupo anabatista que compartilha os bens.
  3. Irmãos Suíços: denominação adotado pelos anabatistas suíços e do sul da Alemanha até a separação entre amish e mennonitas em 1693.
  4. Irmãos Mennonitas: um movimento de renovação entre mennonitas russos na década de 1860.
  5. Irmãos de Schwarzenau: grupos pietistas que traçam suas origens no ministério de Alexander Mack. Também chamados de Dunkers.
  6. Igreja dos Irmãos (Church of the Brethren): ramo dos Dunkers com sede em Elgin, Illinois, Estados Unidos.
  7. River Brethren (Irmãos do Rio) ou Brethren in Christ: grupo anabatista-pietista formada na década de 1770 entre mennonitas outros pietistas de língua alemã nas margens do rio Susquehanna, na Pennsilvânia.
  8. Irmãos Evangélicos Unidos: ramo originário dos River Brethren.
  9. Movimento dos Irmãos: também conhecidos como Casa de Oração, Irmãos Cristãos, Darbistas, Irmãos de Plymouth, Assembleia de Irmãos, Igreja Cristã Evangélica, Igreja dos Irmãos, dentre outros. É um movimento primitivista com origens nas ilhas britânicas na década de 1820.

Irmãos Morávios

Irmãos Morávios, Igreja Morávia ou Unitas Fratrum (“Unidade dos Irmãos”) é uma comunhão cristã organizada no século XVIII, mas cuja origem remonta do movimento hussita no século XV na Boêmia e na Morávia, atualmente República Tcheca.

Na Alemanha, o título oficial da Igreja é Evangelische Brüder-Unität; na Áustria, Evangelische Brüder-Kirche; em inglês, Moravian Church. Também são chamados de Herrnhuttistas.

História

Um movimento hussita

Jan Hus (c. 1370 –1415) foi um teólogo e filósofo tcheco que rejeitou muitas doutrinas e práticas católicas romanas. Todavia, alguns anos após sua morte, a maioria de seus seguidores se dividiu em duas facções rivais nas Guerras Hussitas. A facção utraquista foi reconhecida pelo papa como a Igreja nacional da Boêmia (1433), enquanto os radicais taboritas foram derrotados na batalha de Lipan (1434).

Alguns hussitas desejavam preservar seus ensinamentos espirituais. Convencidos de que a Igreja Utraquista era moralmente corrupta, fundaram várias comunidades independentes, primeiro em Kremsir e Meseritsch na Morávia, e depois em Wilenow, Diwischau e Chelčick na Boêmia.

Entre os hussitas radicais, Petr Chelčický liderou uma renovação espiritual. Chelčický ensinava o Sermão da Montanha, rechaçou as guerras e juramentos, opôs-se à união da Igreja e do Estado. Seria o dever de todos os verdadeiros cristãos romper com a Igreja nacional e retornar ao ensino simples de Cristo.

Este grupo anhou apoio de João Rockycana, arcebispo eleito de Praga e pároco de Thein (1444). Rockycana obteve permissão do rei Jorge Podiebrad para fundar uma comunidade com esses princípios em Kunwald, na baronia de Senftenberg em 1457. O líder era um leigo, Gregório, apesar de apoiados pelo padre local. Outros hussitas radicais e utraquistas, bem como valdenses e alunos da Universidade de Praga passaram a frequentar o local. Então foi organizada a Jednota Bratrska, a União dos Irmãos — Unitas fratrum em latim. Popularmente eram chamados de Irmãos Boêmios.

No Sínodo de Lhota (1467), a Unitas fratum rompeu totalmente com o papado e elegeram seus próprios ministros. O antigo pároco de Kunwald Michael Bradacius foi consagrado bispo por Estevão, um bispo valdense. A ênfase era na reforma moral, organizacional e litúrgica, não tanto na doutrina. Por isso, a disciplina era rígida.

Reforma e quase destruição

No período anterior à Reforma, seu bispo principal, Lukáš de Praga (c.1460-1528), já 1505 publicou um Catecismo e um Hinário, as primeiras dessas obras publicadas por evangélicos. Lukáš correspondeu e debateu com Lutero. Ambos concordaram em muitos pontos, especialmente sobre a presença espiritual na Santa Ceia, mas discordaram da doutrina da justificação pela fé somente.

Em 1565 João Blahoslaw traduziu o Novo Testamento para o tcheco. Mais tarde, em 1593 veio o Velho Testamento, formando a Bíblia de Kralitz.

Durante a Reforma o crescimento dos Irmãos Boêmios foi rápido. Em 1549, eles estavam firmes na Grande Polônia. Em 1609, quando Rodolfo II concedeu liberdade de culto, já eram a metade dos protestantes na Boêmia e mais da metade dos protestantes na Morávia.

Na Guerra dos Trinta Anos (1618) o protestantismo boêmio foi dizimado. Na batalha da Colina Branca (1620), os protestantes boêmios foram derrotados e os irmãos boêmios foram expulsos de suas terras. O ramo polonês foi absorvido pela Igreja Reformada da Polônia. Os sobreviventes na Boêmia eram chamados de “semente oculta”. Por cem anos, os Irmãos estiveram quase extintos.

O último bispo sobrevivente Jan Amos Comenius (1592–1672) manteve-os unidos. Mesmo perseguido e errante pela Europa, Comenius conseguiu manter o moral elevado. Arrecadou fundos para os crentes secretos, a “semente oculta”, na Morávia. Consagrou como bispo e sucessor seu genro, Peter Jablonsky, que, por sua vez, passou o ofício ao filho Daniel Ernest Jablonsky.

O reavivamento dos irmãos morávios

Um irmão boêmio alemão, Christian David, um carpinteiro que fugiu da Morávia, levou um grupo de refugiados para a Saxônia. David estabeleceu-se perto da propriedade do conde Zinzendorf em Berthelsdorf e, com sua permissão, construiu a vila de Herrnhut (1722–1727).

Em pouco tempo, exilados da Boêmia e da Morávia, bem como pietistas da Alemanha e além, foram atraídos para Herrnhut. A comunidade realizava serviços em um salão de reuniões em Herrnhut e tomava os sacramentos na igreja paroquial luterana na aldeia vizinha de Berthelsdorf.

Um luterano devoto e pietista, Zinzendorf tentou manter os refugiados dentro da igreja estatal. Zinzendorf acreditava na “ecclesiola in ecclesia” de Spener. O objetivo era que “pequenas igrejas dentro da igreja” agissem como um fermento, revitalizando e finalmente unificando as igrejas em uma única comunhão luterana. Em vez de reviver as ordens morávias imediatamente, Zinzendorf impôs aos colonos o luteranismo. Contudo, relutantemente, ele os ajudou a reviver suas próprias tradições.

Conflitos entre os luteranos e os morávios logo surgiram, mas a dissensão foi dissipada em um serviço especial de comunhão em 13 de agosto de 1727, quando um avivamento eclodiu. É lembrada essa data quando os habitantes de Herrnhut aprenderam a amar uns aos outros, após uma experiência que atribuíram a uma visitação do Espírito Santo, semelhante à do dia de Pentecostes.

Herrnhut tornou-se a comunidade mãe da igreja dos Irmãos Morávios e de uma rede de células pietistas dentro das igrejas luteranas e reformadas, a chamada “diáspora”. Uma reunião rotativa de oração continuou com intercessões por quase um século.

Os primeiros missionários deixaram Herrnhut para trabalhar entre os escravizados no Caribe em 1732. Em duas décadas, já havia missões na Groenlândia, Suriname, África do Sul, Argélia e entre os indígenas norte-americanos.

Logo estourou a perseguição contra Herrnhut. O conde Zinzendorf enviou um grupo emigrantes para a Geórgia, acompanhados por David Nitschmann, um bispo consagrado por Jablonsky (1735). Em 1749 o parlamento britânico reconheceu os Irmãos como “uma antiga Igreja Episcopal Protestante” e permitiu suas atividades no Reino Unido, onde influenciaria os irmãos Wesley.

Na Alemanha e Escandinávia eles construíram assentamentos nas propriedades de nobres simpatizantes, ergueram casas de irmãos e irmãs para uma vida espiritual como uma ordem monástica. Buscaram renovar as igrejas luteranas e reformadas, influenciando figuras como Schleiermacher, Goethe e o Avivamento Continental.

No Brasil, durante o período regencial houve uma tentativa de trazer missionários morávios para a evangelização indígena. A colônia Brüderthal, no município de Guaramirim, SC foi fundada por 111 membros teuto-russos da Herrnhuter Brüdergemeine. Originários da Volínia (atual Ucrânia), essa congregação ligou-se ao luteranismo, integrando a Igreja Evangélica de Confissão Luterana fo Brasil. No entanto, atualmente não resta atividade distinta dos irmãos morávios no Brasil.

Atualmente possui campos missionários no Oriente Médio, Labrador, na Costa de Mosquitia (Nicarágua), Suriname, Guyana, Caribe, África do Sul e presença em quase todos os países protestantes da Europa. Nos Estados Unidos há comunidades de origem tcheca no Texas e duas províncias cobrindo o resto do país.

Organização

O ministério possui a ordem tríplice de bispos, presbíteros e diáconos. Entretanto, os bispos não têm dioceses territoriais nem estão hierarquicamente acima de outros ministros. Sua principal função é ordenar e atuar como pastor para os pastores.

Cada país ou região constitui uma província, que pode funcionar como uma denominação independente ou como uma sociedade de renovação espiritual dentro das denominações locais. O conselho deliberativo supremo é o Sínodo Geral, composto por delegados eleitos por cada província, alguns membros ex officio e representantes do campo missionário. O Sínodo Geral se reúne, em média, a cada dez anos em Herrnhut, e seus regulamentos são obrigatórios em todas as províncias.

Em assuntos provinciais, cada província é independente, realiza seus próprios sínodos, faz suas próprias normas e elege seu próprio conselho de administração. Há um tribunal permanente de apelação disciplinar.

As atividades missionárias são intensas e, de certa forma, a Igreja dos Irmãos Morávios é uma agência missionária.

Havia aproximadamente um milhão de membros em 2020. Além da Unitas Fratrum, a Igreja Evangélica dos Irmãos Tchecos e a Igreja Hussita da Tchecoslováquia continuam o legado hussita na República Tcheca e na Eslováquia hoje.

Doutrina

Os irmãos Morávios consideram que “as Sagradas Escrituras são a única regra de fé e prática” e interpretam-nas de acordo com os credos dos Apóstolos e Nicenos, mas não possuem um credo distinto próprio. Os morávios aceitam várias confissões protestantes, mas consideram o princípio “Na unidade essencial; no não essencial, liberdade; em tudo, amor”.

Zinzendorf considerava a justificação e santificação coexistindo ao mesmo tempo. No momento em que é justificado, a pessoa também é completamente santificada. Contudo, rejeitava qualquer tipo de perfeição, como os Wesleys, para quem a vontade humana poderia atingir a perfeição de não mais querer pecar. Para o moraviano somente Cristo é a sua perfeição. Toda perfeição cristã consiste em confiar no sangue de Cristo. Consequentemente, o indivíduo crente não é nem mais nem menos santo até sua morte. A santificação cristã seria imputada, não inerente (“habitação”). Assim, o crente é santificado somente em Cristo, nunca em si mesmo.

O interesse de Zinzendorf de restaurar a Igreja primitiva levou-o a considerar vários traços de primitivismo em eclesiologia e liturgia. Sua teologia centrada na obra sacrificial de Cristo para benefício de toda a humanidade, associada à devoção pelo sangue do Cordeiro, influenciariam movimentos posteriores de renovação protestante.

A Igreja seria o corpo remido por Cristo. As igrejas locais e as organizações denominacionais, mesmo a Unitas Fratrum, seriam meramente associação de crentes, sendo a Igreja uma entidade exclusivamente espiritual.

Zinzendorf enfatizou a obra do Espírito Santo para a convicção da fé, regeneração e santificação. O Espírito Santo também compelia à vida pia, o amor ao evangelho e ao próximo.

Culto

No culto matinal, o serviço consiste em uma litania, lições das escrituras, sermão, canto, oração livre e bênção final. No serviço noturno, uma litania raramente é usada. Até o século XIX era comum o uso de véus (hoje usado em ocasiões especiais), a ágape, o lava-pés e o ósculo santo.

O batismo infantil é praticado. Existem três modalidades de admissão: batismo infantil, batismo de adultos (por aspersão) ou confirmação ou recepção. A invocação do nome de Cristo, junto da Trindade, no batismo é uma marca morávia. A Comunhão é celebrada uma vez por mês.

O canto alegre dos morávios inspirou uma renovação na hinódia protestante. Nos países de língua inglesa essa renovação foi visível pela hinódia metodista.
O uso de versos para a leitura devocional pelos morávios impactou todo a cristandade ocidental. Devocionais como “Pão Diário” ou “caixinhas de promessa” têm origem das práticas morávias.

BIBLIOGRAFIA

Atwood, Craig D. “Understanding Zinzendorf’s Blood and Wounds Theology.” Journal of Moravian History (2006): 31-47.
Bowman, Matthew. “Primitivism in America.” Oxford Research Encyclopedia of Religion. 2016.
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Hutton, Joseph Edmund. “Moravian Brethren”. Encyclopædia Britannica, 1911.
Moravian Seminary. “Some Aspects of the Moravian Theology”. 2017.
Peucker, P. M. “The Ideal of Primitive Christianity as a Source of Moravian Liturgical Practice,” Journal of Moravian History 6 (Spr 2009): 7-29.
Schattschneider, David A. “The Missionary Theologies of Zinzendorf and Spangenberg.” Transactions of the Moravian Historical Society 22.3 (1975): 213-233.
Zinzendorf, Nikolaus Ludwig. Sixteen Discourses on the Redemption of Man by the Death of Christ; 1740.

Irvingismo

O Irvingismo ou Irvinguismo foi um movimento de avivamento carismático britânico durante a era vitoriana. O movimento surgiu das conferências sobre profecias que Henry Drummond realizou em sua propriedade Albury Park, no condado de Surrey, em 1826 e dos cultos avivados na congregação presbiteriana escocesa de Londres conduzidos por Edward Irving (1792-1834).

Edward Irving (1792-1834) era um pregador escocês que em 1822 foi apontado para uma congregação presbiteriana em Londres. Em suas pregações enfatizava uma restauração espiritual e iminentes eventos escatológicos. Suas viagens de verão pela Escócia em 1827 e 1828 atraíram dezenas de milhares de ouvintes, com manifestações extáticas e com o falar em línguas.

Irving acabou expelido da Igreja Presbiteriana e nunca liderou (ou foi apóstolo) do movimento que levou seu nome. A pregação de Irving e as notícias de milagres despertaram o interesse de Henry Drummond (1786-1860). Os membros da conferência concluíram que estavam vivendo nos últimos dias e que a Igreja estava sendo restaurada. A Igreja seria constituída por quatro dons ministeriais (apóstolos, mestres, pastores e evangelistas). Em 1832, na conferência de Albury Park seis apóstolos foram apontados, considerados enviados por Cristo para preparar seu retorno. Outros apóstolos foram apontados e enviados ao redor do mundo para proclamar essa restauração.

Inicialmente, não se viam como uma nova igreja, mas como um último reavivamento que recriaria a igreja cristã original antes do retorno de Cristo. O novo movimento esperava ganhar a adesão das igrejas existentes, mas na prática gerou uma nova denominação, a Igreja Católica Apostólica. Ganhou grande número de adeptos na Alemanha e Austrália. Desenvolveu uma rica e deslumbrante liturgia com elementos de derivação anglicana, católica e ortodoxa.

Como muitos esperavam o retorno de Cristo durante a vida do restaurado colégio apostólico, a cada morte dos apostólos não eram eleitos sucessores. Com a morte do último apóstolo, Francis Valentine Woodhouse (1805-1901), o movimento enfraqueceu. Apenas os apóstolos podiam consagrar “anjos” (o equivalente a bispos) e apenas “anjos” podiam ordenar sacerdotes. O último “anjo” morreu em 1960, o último sacerdote em 1971 e o último diácono no ano seguinte. Uma fundação fiduciária administra os bens que restaram, principalmente no Reino Unido, e alguns aderentes esparços sobrevivem. As comunidades remenscentes se reúnem para recitar litanias, cantar hinos, ler passagens da Bíblia e sermões anteriores a 1971. Na Inglaterra, ainda há uma associação voluntária angligana, a Guild of Prayer for the Return of Our Lord, que mantém viva as doutrinas e expectativas irvingianas.

Em 1862, Heinrich Geyer na Alemanha profetizou que uma pessoa seria um novo apóstolo, mas o colégio de apóstolos discordou. Em razão disso, no ano seguinte foi organizada na Alemanha a Igreja Nova Apostólica. O número de apóstolos não é limitado. O apóstolo chefe está baseado em Zurique. Realiza três sacramentos: batismo , comunhão e selo do Espírito (imposição das mãos para o recebimento do Espírito Santo). Não adota a liturgia pomposa da antiga Igreja Católica Apostólica. Possuem dez artigos de fé. Os três primeiros descrevem a Trindade nos termos do Grande Catecismo de Lutero e do Livro de Concórdia. Os artigos 4 e 5 versam sobre o ministério apostólico. Artigos 6 e 8 é sobre os sacramentos. O 9o é sobre esperança escatológica e o último sobre relação com o Estado. Estão presentes na Alemanha, Suíça, Holanda, Austrália, Índia, Brasil, Filipinas, África do Sul, Escandinávia e Estados Unidos. Outros grupos independentes existem, boa parte integrantes da Igreja Apostólica Unida.