Ítala

A Vetus Latina ou Itala são as diferentes traduções surgidas antes da Vulgata de Jerônimo.

Os primeiros indícios da Ítala remontam de sua menção no mais antigo texto cristão em latim, os Atos dos mártires scillitanos. Esse processo contra cristãos do norte da África menciona um homem chamado Speratus, decapitado em 180, que possuía “livros e cartas de Paulo, um homem justo”. Aparecem também em citações patrísticas do século II, especialmente Tertuliano e Cipriano de Cartago.

Utilizada popularmente nos cultos, mesmo depois da publicação da Vulgata no século V continuou em uso. Os grandes códices da Vetus Latina foram produzidos até 1250. Parte da Vulgata preserva leituras da Ítala. Adicionalmente, seções inteiras como os livros de Salmos, Atos, as Epístolas e o Apocalipse foram mantidos nas coleções da Vulgata.

Vulgata

A Vulgata é a versão da Bíblia latina, revisada ou traduzida do hebraico e do grego por Jerônimo, identificada pela sigla Vg.

Em 382, ​​o papa Dâmaso encomendou a Jerônimo que produzisse uma tradução latina aceitável da Bíblia a partir das várias traduções divergentes (a Vetus Latina ou Ítala).

Exímio latinista e estudioso bíblico, Jerônimo contou com a ajuda de mulheres eruditas como Marcela e Paula. Além disso, viajou, discutiu e aprendeu as línguas semíticas enquanto vivia no Levante, onde se estabeleceu em Belém. Sua versão dos Evangelhos foi entregue ao papa em 384. Usando a versão grega da Septuaginta do Antigo Testamento, produziu novas traduções latinas dos Salmos, o Livro de Jó e alguns outros livros. Entretanto, decidiu que a Septuaginta era insatisfatória e começou a traduzir todo o Antigo Testamento a partir uma versão hebraica hoje perdida. No Novo Testamento traduziu os evangelhos enquanto replicou os outros livros a partir da Ítala. Finalizou a Biblia toda por volta do ano 405.

Escreveria ainda anotações e introduções dos livros da Bíblia, a qual seria uma das primeiras edições a contar com um aparato filológico e exegético.

A Vulgata levaria tempo para ter aceitação. O próprio antigo saltério latino revisado por Jerônimo continuou a ter maior aceitação. Na baixa idade média a Vulgata ganharia a preferência dos eruditos e no uso litúrgico ocidental.

No Renascimento e Reforma surgiram várias edições e revisões. A revisão Sixto-Clementina seria adotada como a versão oficial para a Igreja Católica a partir de uma política de padronização estabelecina pelo Concílio de Trento. Em 1979 foi lançada uma nova revisão, a Nova Vulgata.

A Vulgata é uma obra singular por vários motivos. Seria a primeira tradução feita praticamente por um único indivíduo, o qual era consciente dos problemas exegéticos e de teoria da tradução. Também seria a primeira versão feita em um só processo editorial a reunir todo o cânon que, mais tarde, seria juntado em um só volume de livro.

Vindicação

A vindicação é um tema bíblico que descreve a ação de Deus em retificar o status de seu povo, demonstrando publicamente que eles têm um relacionamento especial com Ele. O termo significa justificar, defender ou provar a inocência de alguém, especialmente diante de acusações falsas ou calúnias. No contexto das Escrituras, a vindicação é tanto motivo de esperança para o povo de Deus quanto de temor para os que estão contra Ele.

A vindicação divina frequentemente está relacionada à santidade do nome de Deus. (Êxodo 20:7; Deuteronômio 5:12). Essa advertência se reflete em passagens como Ezequiel 36:22-24. Mesmo quando Israel foi levado ao cativeiro, Deus prometeu vindicar seu nome e trazer o povo de volta:
“Quando eu os tiver trazido de volta dentre os povos e os tiver reunido das terras de seus inimigos, e eu tiver mostrado, por meio deles, a minha santidade diante de muitas nações” (Ezequiel 39:27).

Além do nome de Deus, a vindicação é prometida ao seu povo diante de seus inimigos. Por exemplo, Isaías 50:8 declara: “Aquele que me justifica está perto; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntos. Quem é meu adversário? Que se aproxime de mim.” Jesus reforça essa promessa em Mateus 5:11-12.

Os seguidores de Cristo são encorajados a confiar na justiça divina, como Paulo escreveu (Romanos 12:19).

O salmista também clama pela vindicação de Deus: “O Senhor é um Deus que se vinga. Ó Deus que se vinga, resplandeça!” (Salmo 94:1).

As Escrituras estão repletas de exemplos de pessoas clamando por vindicação:

  • Davi, perseguido por Saul, declara: “O Senhor, porém, será o juiz e me fará justiça” (1 Samuel 24:15).
  • Jó, acusado injustamente por seus amigos, é finalmente vindicado por Deus (Jó 42:7-9).
  • Indivíduos frequentemente clamam a Deus por vindicação diante de seus adversários (Salmos 17, 26, 35, 54, 143; Isaías 50:8; Miquéias 7:8-10).
  • Deus vindica Israel contra as nações que o oprimem (Deuteronômio 32:36; Salmos 98; 135; Isaías 34:8; 54:17; 62:1-2; 63:1; Jeremias 51:10).
  • No Evangelho de Lucas, encontra-se a promessa de que Deus vindicará aqueles que clamam a Ele dia e noite (Lucas 18:7) e a história do publicano que saiu do templo justificado à luz de seu arrependimento e contrição (Lucas 18:14).
  • O “Servo Sofredor” em Isaías 53 é um exemplo messiânico de vindicação.

Nos Evangelhos (Mateus 8:11-12; Lucas 13:28-30; Mateus 22:1-10; Lucas 14:15-24), Jesus utiliza imagens de banquetes para descrever a vindicação final do povo de Deus. A imagem de banquetes é utilizada como exemplo poético da vindicação que aguarda o povo de Deus, como descrito no Antigo Testamento (Isaías 25; Ezequiel 39:17-28), culminando no “banquete das bodas do Cordeiro” em Apocalipse 19.