Harry Van Loon

Harry Van Loon (1880-1920) foi pioneiro no movimento pentecostal nos Estados Unidos e Canadá no início do século XX, ligado a William Durham.

Em 1907, Van Loon era um dos principais propagadores da mensagem da Missão de North Avenue. Foi um dos primeiros ministros credenciados por Durham.

Acompanhou Durham para Los Angeles, onde após a morte do mentor e amigo em 1912, viria ser um dos pioneiros do movimento de batismo em nome de Jesus. Contudo, Van Loon viria a se associar a denominações trinitarianas.

Em 1913, Van Loon passou a se afiliar à denominação pentecostal afro-americana Churches of God in Christ. Mais tarde, ele se posicionou de forma contundente na reunião do Conselho Geral das Assembleias de Deus de 1916, manifestando-se contra a adoção de uma declaração de doutrinas fundamentais, que visava consolidar uma teologia comum entre os pentecostais.

Clipping: Milagres do Espírito Santo

Em fevereiro e março de 1908 o jornal La Parola dei Socialisti em Chicago publicou duas reportagens sobre os cultos da missão pentecostal italiana de West Grand Avenue. Trata-se de um testemunho importante, ainda que em tons de polêmica, da vida comunitária e de culto.

Bertelli, Giuseppe (ed.), & Alves, Leonardo Marcondes. (2022). Miracles of the Holy Ghost–Apostolic Larceny– and Swindling of Imbeciles. Zenodo. https://doi.org/10.5281/zenodo.6481412

https://doi.org/10.5281/zenodo.6481412

Katharine Bushnell

Katharine Bushnell (1855-1946) foi uma feminista cristã, missionária, tradutora, biblista e pioneira da defesa dos direitos das mulheres.

Katharine Bushnell

Nascida em um lar metodista em Peru, Illinois, estudou na Northwestern University. Juntou-se à Frances Willard, deã da Faculdade das Mulheres na Northwestern University em Chicago. Lá, Bushnell envolveu-se na Women’s Christian Temperance Union (WCTU), movimento de reforma social liderado por Willard. Estudou grego, latim e medicina.

Em 1879 foi como missionária metodista para a China, onde fundou um hospital pediátrico em Shangai.

Acompanhando uma colega em estado terminal, Bushnell voltou aos Estados Unidos em 1882, estabelecendo-se em Denver por um tempo, onde abriu uma clínica.

Engajada no movimento de santidade interno ao metodismo e de reforma social, mudou-se para Chicago para assumir o cargo de National Evangelist of the Social Purity Department. Junto de Elizabeth Andrew, fundou o Anchorage Mission in Chicago, um abrigo que acolhia 5.000 mulheres anualmente. Fez campanhas contra e investigou a escratura de mulheres para prostituição.

Como biblista, denunciou as traduções bíblicas enviesadas contra as mulheres tanto em chinês quanto em inglês. Em 1908 produziu o God’s Word to Woman, um estudo por correspondência que fazia um panorama de personagens femininas e passagens bíblicas distorcidas. O curso tornou-se um livro em 1923.

BIBLIOGRAFIA
Bushnell, Katharine C. God’s Word to Women. 1923.

Bushnell, Katharine C. Heaven on Earth and How it will Come. London: Marshall Brothers, 1914.

Bushnell, Katharine C. Plain Words to Plain People. [S.l. 1918?].

Bushnell, Katharine. Take Warning! [S.l., 1910?].

Bushnell, Katharine Caroline e Elizabeth Wheeler Andrew. Heathen Slaves and Christian Rulers. Oakland, CA: Messiah’s Advocate, 1907.

Bushnell, Katharine; Andrew, Elizabeth. The Queen’s Daughters in India. London: Morgan and Scott, 1899.

Du Mez, Kristin Kobes. “The Forgotten Woman’s Bible: Katharine Bushnell, Lee Anna Starr, Madeline Southard, and the Construction of a Woman-Centered Protestantism in America, 1870-1930.” Ph.D. diss., University of Notre Dame, 2004.

Hardwick, Dana. Oh Thou Woman That Bringest Good Tidings: The Life and Work of Katharine C. Bushnell. Morris Publishing and Christians for Biblical Equality, 1995.

Kroeger, Catherine C. “The Legacy of Katherine Bushnell: A Hermeneutic for Women of Faith.” Priscilla Papers, Fall 1995.

O derramar do Espírito Santo: 15 de setembro de 1907

“O inesquecível 15 de setembro”– Louis Francescon
“Dia de sagrada memória” – Peter Ottolini

Local da “Igreja dos Toscanos” na W. Grand Avenue, cenário do avivamento de 1907.

Em uma manhã de domingo no final do viçoso verão de Chicago, o jovem Jean Etienne Perrou caminhou pela agitada e populosa colônia italiana no melhor de seus trajes domingueiros até uma porta comercial localizada na 1139 W. Grand Avenue. Entre mercearias, lojas e moradias apertadas aquele estabelecimento parecia deslocado. As duas vidraças tapadas com cortinas não revelavam muito do que se passava no interior daquele endereço. Na vidraça, a única indicação do propósito desse lugar aparecia pintada em letras brancas em italiano: “Reunidos em Nome do Senhor Jesus”.

Nascido em Marselha, na Côte D’azur, filho de pais italianos francófonos, Jean era chamado Giovanni para seus compatriotas e John para os americanos. O garçom magro e alto que há pouco migrara para a América teve acolhida entre seus correligionários valdenses em Chicago, mas não ficou muito tempo entre eles. O rapaz de vinte anos preferia a ordem de culto com mais liberdade daquele ajuntamento sem denominação da Grand Avenue. Ali se tinha liberdade para chamar cânticos, orar, testemunhar, ler e exortar pela Bíblia conforme o crente sentisse movido pelo Espírito Santo.

Perrou chegou e ajoelhou-se para sua oração privada. Súbito e inesperadamente foi tomado pelo Espírito Santo e manifestava em novas línguas. Os membros da igreja, espantados e maravilhados, não compreendiam o que se passava. Outros presentes também manifestavam da mesma forma. Um dos dois anciãos daquela igreja, Ottolini narra o que se seguiu:

Vendo essa manifestação, senti de chamar a Francescon. Encarreguei G. Marin de ir dizer a Francescon que o Senhor o queria no meio de nós. Quando Marin chegou em casa, não encontrou ninguém e escreveu um bilhete que dizia: ‘o Senhor está manifestando o seu poder na nossa igreja de Grand Avenue, a gente gostaria que fosse lá.’ E passou o bilhete por baixo da porta. Quando Francescon retornou à casa leu o aviso, foi a DiCicco, que morava na vizinhança, mostrou-lhe o bilhete ajuntando: ‘Pois que o Senhor está manifestando seu poder na igreja dos toscanos e nos tem pedido nossa presença, seria bom irmos.’ Francescon chegou cerca das 14:00 e encontrou um grande número dos presentes revestidos do poder de Deus. Nesse dia o Senhor batizou Pietro Menconi, Esterina Giometti e Caterina Gardella. Durante a terceira reunião daquele dia, o Espírito do Senhor me ordenou dizer: ‘o Senhor enviou o irmão Francescon aqui para que por meio dele possamos escutar a palavra de Deus, até que perdure as circunstâncias de agora.’ O irmão Francescon hesitava a aceitar o convite, mas o Senhor revestiu-o de um poder sobrenatural. Se levantou e disse: ‘agora estou seguro que o Senhor falou por meio do irmão Ottolini’, então deu uma mensagem poderosa. As bênçãos daquele dia foram inúmeras, não é possível contar cronologicamente os batizados (no Espírito Santo). Uma coisa pode ser dita, parecia que o dia de Pentecoste reapareceu e Chicago se tornara o centro dessa obra divina a qual estava destinada a distribuir bênçãos especiais ao povo italiano. (Ottolini. Storia della Opera Italiana. 1945).


Francescon narra os eventos desse dia com algumas variações de detalhes:

No inesquecível dia 15 de setembro do mesmo ano, na casa de oração da W. Grand Av. 1139, o Senhor se manifestou no irmão A. Lencioni, e muitos dos presentes, julgando que ele não se encontrasse em si, formaram um ambiente confuso, por não discernirem a Obra de Deus. Dois dos presentes (P. Menconi e Luigi Garrou) vendo isto, vieram me chamar, dizendo-me que fosse depressa onde eles se encontravam reunidos; antes de sair, orei ao Senhor que me determinou ir. Ao entrar naquele local, o Senhor me abriu a boca para falar-lhes do poder do sangue do concerto eterno e que só por ele se pode permanecer em pé na presença de Deus e obter as suas fiéis promessas. Imediatamente, o Senhor se manifestou com sua presença, selando os irmãos P. Menconi, A. Andreoni, A. Lencioni e outros, e as maravilhas de nosso Senhor e de seu grande poder foram conhecidas e manifestadas a todos quantos vinham para vê-las e o Senhor convencia e os selava, jovens e velhos (na fé) e entre esses os irmãos G. Marin e Umberto Gazzari. Quando voltei à Congregação da W. Grand Ave, o irmão P. Ottolini abria o serviço e P. Menconi presidia. No terceiro serviço que tivemos, sucedeu que enquanto o irmão P. Menconi subia ao púlpito, o irmão P. Ottolini (guiado pelo Espírito Santo), deu um salto e falou em alta voz: “Irmão Menconi! Pare; o Senhor me disse que enviou em nosso meio o irmão Louis Francescon para nos exortar”. E o irmão P. Menconi foi confirmado pelo Senhor para ficar sentado no momento, depois também Deus servir-se-ia dele. E foi assim, que, novamente, ocupei o lugar de ancião nessa igreja até 29 de junho de 1909 (Francescon. Fedele Testimonianza. 1952).


A congregação toda fora tomada e transformada pelo poder do alto. Vários crentes foram confirmados pelo Espírito Santo com seus dons, com falar de novas línguas e profecias que viriam em breve se cumprirem. Aquela glória continuou por todo o dia até à tarde da noite. Anos mais tarde, Francescon relembrava “o inesquecível 15 de setembro” e Ottolini o “dia de sagrada memória” tendo-o como a data inicial dessa Obra. Em um documento estatutário escrito anos mais tarde, Francescon reflete sobre o impacto do derramar do Espírito Santo:

Cremos nos dons de Deus pelos quais essa obra começou entre o povo italiano em Chicago. Essa obra começou no ano de 1907. Depois de poucos meses, alguns do povo guiados pelo Espírito Santo levaram o testemunho desta obra de Deus a diversas localidades da América do Norte, Itália e América do Sul. Deus acompanhou-os com suas maravilhas e a obra cresceu e esparramou miraculosamente. Isso se cumpriu no espaço de três anos, o que serviu para confirmar-nos que devíamos deixar o Senhor realizar Sua Obra e que devíamos tão somente escutá-Lo e segui-Lo. Essa é a única razão que nunca consentimos usar outro método humano de fazer a obra de Deus, métodos os quais são contrários aos pensamentos e caminhos do Senhor (Isa 55:8) e ao testemunho do Novo Testamento. (Francescon. Fede e Regola Congregação Cristã de Chicago, agosto de 1955).

FONTE

ALVES, Leonardo Marcondes. Congregação Cristã na América do Norte: sua origem e culto. 2011. pp. 4-5

Susanna Colantonio

Susanna Maria Antonietta Colantonio Lewen (1891-1980), também chamada Susie Colantonio, foi evangelista e pregadora ítalo-americana. Foi uma das primeiras pessoas após o avivamento de Chicago partir para a Itália e formar um núcleo de crentes batizados pelo Espírito Santo.

Nascida em Chicago do casal de abruzzenses Michele Colantonio (1857 – 1949) e Fiorangela “Florence” Balzano (1872-1917). Sua família converteu-se a Cristo e participava da Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, da qual sua tia Rosina Balzano Francescon, irmã de Fiorangela, ocupava funções de liderança.

A família retornou para a Itália, quando Susanna tinha 15 ano. Duas vilas, Castel San Vincezo e Castellone al Volturno, província de Isérnia, Molise, no sul da Itália, foram evangelizadas pela família. Na região foi formada uma igreja ligada aos valdenses.

Após seu retorno a Chicago, Susanna estranhou as mudanças em sua igreja e começou a frequentar a escola dominical na missão North Avenue de William Durham e a Congregação Italiana então sem nome reunida na West Grand Avenue. Depois de experimentar a efusão no Espírito Santo com diversos sinais, seus pais presbiterianos proibiram-na de congregar.

Em casa, continuou a buscar os dons do Espírito Santo, quando teve seu batismo com sinal de falar em novas línguas. A partir disso, seus pais decidiram voltar para a Itália, o que aconteceu por volta do início de 1908.

No sítio da família em Castellone al Volturno ela começou a pregar Atos 2 sobre o derramamento do Espírito Santo nos últimos dias. Depois de alguma resistência paterna, toda a família aceitou seu testemunho e começaram a realizar cultos. Alguns dias depois Susanna batizou várias pessoas em um riacho do sítio.

Susie permaneceu por quatro anos pastoreando ovelhas na fazenda da família. Mantinha sua fé pela leitura da Bíblia e cânticos. Testemunhou vários milagres de atendimento de necessidade de alimentos e curas.

Tendo já esquecido a língua inglesa e rejeitado seu repatriamento  aos EUA por razões médicas, compareceu ao consulado americano. Nessa ocasião, teve sua habilidade de falar inglês fluentemente renovada.

Retornou sozinha aos Estados Unidos e conheceu um ex-monge franciscano. Após conduzi-lo a Cristo, casaram-se em 1914 no Michigan. Seu marido John Dean Lewen (Lewan ou Lewandowski) (1895-1951) trabalhava como gráfico e depois tornou-se ministro do evangelho. O casal viajou muito pelo Estados Unidos dando testemunho e exortando as congregações pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

FamilySearch
Colantonio Lewen, Susanna M., The Story of My Life, Chicago: s.d.