Queijo

O queijo é raramente mencionado na Bíblia. Sendo também um alimento perecível, seus registros arqueológicos igualmente são escassos. Mas há algumas incidências de queijo na Bíblia.

“Porém estes dez queijos de leite leva ao chefe de mil; e visitarás teus irmãos, a ver se lhes vai bem; e tomarás o seu penhor”. 1 Sm 17:18.

O pai de Davi pediu-lhe para levar alguns suprimentos a seus irmãos e entregar os queijos ao comandante. Isso indica que a iguaria era muito aprecida e servia de presente. Certamente o queijo veio das ovelhas da família. A palavra traduzida como queijo é charits chalab, literalmente “pedaços de leite”.

Outra passagem é “e mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vacas, e os trouxeram a Davi e ao povo que com ele estava, para comerem, porque disseram: Este povo no deserto está faminto, e cansado, e sedento”. 2 Sm 17:29. Fugindo do golpe dado por seu filho Absalão, Davi peregrinou pelo deserto. Um alívio para os refugiados veio por parte do povo de Maanaim, além do Jordão. Região de bons pastos (as vacas de Basã eram famosas), certamente davam bons queijos. O termo utilizado para queijo é shephoth. Só ocorre aqui e seu significado é incerto, mas tudo indica que era queijo. O termo traduzido como manteiga chemah também pode ser traduzido como coalhada ou yogurte.

Jó, na sua afliação, questiona Deus porque foi tratado como um queijo espremido.” Porventura, não me vazaste como leite e como queijo me não coalhaste?” Jó 10:10. O termo é gevinah, também de significado duvidoso e somente ocorrendo aqui.

Outras passagens potenciais para menção do queijo aparecem também na Bíblia. Em Provérbios 30:3 diz que o bater o leite pode produzir manteiga ou queijo. Em Gênesis 18:8 Abraão ofereceu queijo ou coalhada para seus visitantes divinos. Já em Juízes 5:25 Sísera pediu água, porém Jael deu-lhe leite e coalhada (ou queijo?). Por fim, em Isaías 7:15 o Emanuel comerá queijo e mel, em uma passagem um pouco complicada.

Umwelt

Em alemão, Umwelt significa “ambiente” ou “percepção de mundo”. Conceito proposto por Jakob von Uexküll e Thomas A. Sebeok dentro da teoria semiótica para a base pessoal na qual ocorre a significação e comunicação. Embora os indivíduos possam compartilhar o mesmo ambiente, cada um possui uma relação única com ele, constituindo seu Umwelt. Entretanto, boa parte do Umwelt é compartilhado. A percepção de mundo por vezes é confundida com cosmovisão.

Sitz im Leben

Sitz im Leben é um termo em exegese bíblica que se refere às circunstâncias em que ocorreu uma frase, um história ou um gênero textual. O termo foi cunhado pelo biblista Hermann Gunkel (1862 – 1932) para seu estudo de crítica formal.

É um termo mais restrito que contexto, discorrendo sobre os meios e condições em que um texto foi criado, preservado e transmitido. Considera ainda o papel social e o momento dos interlocutores, tanto o emitente quanto a audiência.

Um exemplo ilustra o conceito. Uma genealogia foi recitada pelos membros de uma família incrementalmente por gerações. Em dado momento, talvez em uma disputa de terras ou sucessão pode ter sido vertida em escrita. A forma escrita teria sido guardada em arquivos, os quais poderiam ter sido consultados na composição de livros como 1 Crônicas. O Sitz im Leben preocupa-se com a funcionalidade original de um texto antes de sua escrituralização. No caso, o foco estaria na transmissão oral da genealogia, tentando desvendar como era composta, repassada e utilizada as listas genealógicas para a sociedade camponesa de uma vila no Antigo Israel.

O conceito foi expandido por Paul Minear para analisar os relatos do nascimento de Jesus na Igreja primitiva. Além de Sitz im Leben (“situação da vida”), Minear chama atenção para o Sitz im Glauben (“situação de fé”) e Sitz im Loben (“situação de adoração”) das comunidades que produziram e recepcionaram tais textos bíblicos. Outra expansão do conceito foi proposto por Gesché para Sitz im Schrift (a situação da passagem dentro do texto).

BIBLIOGRAFIA

Gesché, Adolphe, “Pour une identité narrative de Jésus”, in Revue Théologique
de Louvain, 30 (1999), pp. 153-179 e 336-356.

Gunkel, Hermann. Die Psalmen. Übersetzt und erklärt von Hermann Gunkel. Göttingen 1926.

Minear, Paul Sevier. “The Interpreter and the Birth Narratives,” in Symbolae Biblicae Upsalienses, Supplementhäften Till Svensk Exegetisk Årsbok, 13, 1950.