Rio Tigre

O Rio Tigre, em hebraico חִדֶּקֶל (Hidequel) e em grego Τίγρις (Tigris), é o terceiro rio mencionado na narrativa bíblica do Jardim do Éden (Gênesis 2:14). Nasce nos montes Taurus, na Turquia, e segue em direção sudeste, percorrendo aproximadamente 1.900 km até se unir ao Eufrates, próximo a Al Qurna, no sul do Iraque. A partir dessa confluência, forma-se o canal de Shatt al-Arab, que deságua no Golfo Pérsico.

Assim como o Eufrates, o Tigre foi importante no desenvolvimento das civilizações da Mesopotâmia, proporcionando água para irrigação e fertilizando as terras que viram florescer cidades e impérios. Apesar de sua importância histórica, o Tigre é menos referenciado na Bíblia do que o Eufrates. Sua menção em Gênesis o coloca como parte da geografia sagrada do Éden, um lugar de abundância e vida.

O livro de Daniel também menciona o rio Hidequel, descrevendo-o como um local de visões proféticas (Daniel 10:4).

Apocalipse de Sofonias

O Apocalipse de Sofonias é um texto judaico pseudepigráfico atribuído ao profeta bíblico Sofonias. É mencionado em listas antigas e medievais de Apócrifos do Antigo Testamento. Preservado em manuscritos coptas fragmentários, a evidência existente é insuficiente para determinar se é um trabalho ou várias composições sob o mesmo nome.

O texto retrata Sofonias sendo levado para testemunhar o destino das almas após a morte. Contém imagens apocalípticas e tem semelhanças com o livro canônico de Sofonias e com o Apocalipse de João. A data de sua composição original é estimada entre 100 aC e 175 dC, com provável origem no Egito.

A história do texto inclui dois manuscritos coptas fragmentados. Um foi composto no dialeto saídico e outro manuscrito em akhmímico, descobertos no final do século XIX. A existência do Apocalipse de Sofonias já era conhecida de fontes antigas, mas era considerada perdida até sua redescoberta. Há dúvidas se as citações antigas referem-se aos manuscritos ora encontrados. Por exemplo, Clemente de Alexandria diz que Sofonias foi arrebatado ao quinto céu onde vê anjos, chamados senhores (kurious), que habitam nos templos da salvação cantando hinos a Deus. Tal tradição lembra algumas passagens do Testamento de Levi, 2 Enoque, 3 Baruque e, especialmente, a Ascensão de Isaías, mas não aparece explicitamente nos manuscritos do Apocalipse de Sofonias.

Teologicamente, o texto apresenta a sobrevivência das almas além da morte, distinguindo entre o julgamento pessoal sobre a morte e o julgamento final do Senhor. Enfatiza o equilíbrio entre boas ações e pecados durante a vida como base para o julgamento. Descreve uma cena de punição. A alma é açoitada cem vezes por dia por cada um dos cinco mil anjos. Sofonias desmaia ao ver tal violência, mas é encorajado por seu guia angelical a ser forte.

Descreve um rito fúnebre quando um falecido deveria ser carregado acompanhado de cítara e canto de salmos e odes.

Desafios no estudo deste texto surgem de seções faltantes e da questão de saber se os fragmentos representam o mesmo texto. Alguns estudiosos argumentam que o texto pode ter influenciado o Apocalipse cristão de Paulo.

Embora o Apocalipse de Sofonias acrescente profundidade ao gênero apocalíptico, suas origens, intertextualidade com a Bíblia canônica e a relação entre seus fragmentos ainda são objetos de investigação acadêmica.

Apresenta paralelos com as escrituras canônicas nas seguintes passagens:

  • Ap Sof 1:5 / Apocalipse 22:5
  • Ap Sof 2:2 / Mateus 24:40
  • Ap Sof 6:11 / Apocalipse 1:13
  • Ap Sof 6:11 / Daniel 10:6

Príncipe deste Mundo

Príncipe deste Mundo ou o Arcon deste Cosmos, em grego pode simplesmente se referir a autoridades políticas humanas, mas também tinha um significado especial acerca de entidades espirituais.

Este sentido de poder espiritual aparece nos últimos textos da Septuaginta, como em Daniel 10:13.

O conceito de arcon ou arconte te pertence às perspectivas da Antiguidade Tardia. Muitos persas zoroastrianos, judeus enoquiano, pessoas helenizadas gnósticas acreditavam que o cosmos tinha sido escravizado — demonstrado pela morte — tanto por nosso pecado quanto pelo governo maligno dessas entidades espirituais que reinariam sobre a terra desde os céus e que mantêm espíritos escravizados abaixo da terra.

Esses arcontes teriam domínio sobre as nações — convencionalmente contados como as 70 nações sob os céus. Sejam caídos, amotinados ou meramente incompetentes, esses seres permanecem como um abismo de separação entre a humanidade e o Deus bom.

O cristianismo apresenta Cristo como conquistador e vitorioso sobre esses arcontes. (Apocalipse 1:5).

Paulo se refere a eles como principados e potestades. Em Mateus 4:8, Lucas 4:6, João 12:31, 14:30 e 16:11, 1 João 5:19 mencionam os arcons no controle do mundo e dos demônios. O Evangelho de João chama esse ser de “o arconte deste mundo” a ser derrotado e julgado, retratando a morte de Jesus como uma missão principal nesta batalha cósmica (João 12:20-36).

BIBLIOGRAFIA

Heiser, Michael S. The unseen realm: Recovering the supernatural worldview of the bible. Lexham Press, 2015.

Walton, John H. Demons and Spirits in Biblical Theology: Reading the Biblical Text in Its Cultural and Literary Context. Wipf and Stock Publishers, 2019.