Inscrições de Umm el-Marra

As escavações em Umm el-Marra, sítio arqueológico no norte da Síria, lideradas por Glenn Schwartz desde 1994, revelaram descobertas notáveis que contribuem para a compreensão da escrita no Oriente Próximo antigo.

Datado do início da Idade do Bronze, cerca do terceiro milênio a.C., o sítio apresenta tabletes protocuneiformes, o que poderia mudar a data para o uso da escrita anteriormente ao que se pensava. A descoberta de inscrições alfabéticas ainda mais antigas, prévias aos alfabetos de Ugarit e Protossinaítico, sugere que Umm el-Marra foi um centro de experimentação e desenvolvimento de sistemas de escrita. As inscrições informam sobre as práticas administrativas e religiosas da época, e o uso da escrita indica um alto nível de sofisticação tecnológica e administrativa.

Alfabeto siríaco

O alfabeto siríaco éum sistema de escrita semítico que floresceu a partir do aramaico no século I d.C., sendo utilizando ainda hoje por comunidades de língua siríaca, além de uso litúrgico e do corpus textual preservado.

O alfabeto siríaco começa com suas raízes no aramaico, a língua franca do Levante durante o domínio persa. A ascensão do cristianismo siríaco levou à expansão e consolidação do alfabeto, com textos sagrados, teológicos e literários preservados em suas formas distintas.

Ao longo do tempo, o siríaco se ramificou em variantes: o Estrangelo, a forma clássica; o Serto, com suas curvas ocidentais; e o Madnhaya, oriental, com seus pontos vocálicos. Como um abjad, o siríaco anota principalmente consoantes, fluindo da direita para a esquerda.

Tabela do Alfabeto Siríaco:

Letra SiríacaNome em SiríacoTransliteraçãoLetra aproximada em português Valor Numérico
ܐĀlaphʼA1
ܒBēthB/VB2
ܓGāmalGG3
ܕDālaDD4
ܗHH5
ܘWawW/U/OV/U6
ܙZaynZZ7
ܚḤēthH8
ܛṬēthT9
ܝYōdhY/ĪI10
ܟKāphK/KhC20
ܠLāmadhLL30
ܡMīmMM40
ܢNūnNN50
ܣSemkathSS60
ܥʿĒʿ70
ܦP/FP80
ܨṢādhēS90
ܩQōphQQ100
ܪRēshRR200
ܫShīnShX300
ܬTawTT400

Abecedário de Zayt

A rocha de Zayt, encontrada em 2005, no sítio arqueológico de Tel Zayit, na Sefelá, contém um série de caracteres que foram interpretados como o mais antigo abecedário completo em paleo-hebraico ou proto-cananeu, ainda que com pequena variação na ordem.

A pedra de 17 kg foi encontrada em 2005.

BIBLIOGRAFIA

Tappy, Ron E., et al. “An abecedary of the mid-tenth century BCE from the Judaean Shephelah.” Bulletin of the American Schools of Oriental Research 344.1 (2006): 5-46.

VEJA TAMBÉM

Inscrições proto-alfabéticas

Alfabeto hebraico

O alfabeto hebraico, conhecido como alef-beit, é um sistema de escrita composto por 22 letras, sendo um abjad – um tipo de escrita que registra apenas as consoantes, cabendo ao leitor inferir as vogais. O alef-beit é escrito da direita para a esquerda.

Cada letra do alfabeto hebraico possui um nome e um valor numérico, o que confere ao sistema uma dimensão simbólica e mística. As letras são usadas não apenas para registrar a língua hebraica, mas também em práticas religiosas, estudos cabalísticos e outras formas de expressão cultural.

Letra HebraicaNome TransliteradoLetra Equivalente em Português (Aproximado)
אAlef(Sem som, ou som de “a” fraco)
בBetB (com ponto) / V (sem ponto)
גGuímelG
דDáletD
הHeH (fraco)
וVavV / U
זZayinZ
חChet(Som gutural, como o “ch” em “Bach”)
טTetT
יYodY
כKafK (com ponto) / Kh (sem ponto)
לLamedL
מMemM
נNunN
סSamechS
עAyin(Som gutural, como uma pausa glotal)
פPeP (com ponto) / F (sem ponto)
צTzadiTz
קQofQ
רReshR (forte)
שShinSh
תTavT

A forma como conhecemos o alfabeto hebraico hoje é resultado de um longo processo de evolução. Esse alfabeto deriva-se das Inscrições proto-alfabéticas do Levante. Alguns abecedários atestam sua propagação na Idade do Ferro II. Durante o período do Segundo Templo, o alfabeto hebraico começou a assumir sua forma “quadrada”, “constrita” ou “assurith”, que é a forma mais comum usada atualmente.

Em várias versões vernáculas, o alfabeto hebraico aparece como subdivisão em textos com acrósticos. No Salmo 119, cada uma das 22 letras hebraicas encabeça um grupo de oito versículos. Semelhantemente, a seção final do Livro de Provérbios (31:10-31), um poema sobre a mulher virtuosa, utiliza as letras do alfabeto hebraico para cada versículo. O Livro de Lamentações emprega o alfabeto hebraico de maneira ainda mais elaborada: nos capítulos 1, 2 e 4, cada versículo se inicia com uma letra da sequência alfabética, enquanto o capítulo 3 apresenta três versículos por letra.

Óstraco

“Caco de cerâmica” na Septuaginta é ostrakon (Jó 2:8; Sl 21:16 LXX [22:15])

Conchas, cacos de pedra ou fragmentos de cerâmica usados para a escrita com tinta ou riscos sobre a superfície lisa.

Na Grécia escrevia o nome do cidadão a ser banido, daí o ostracismo.

A abundância de cacos de cerâmica tornava-os um meio barato e fácil para a escrita.

Servia para documentos curtos, como cartas, quirógrafos, recibos, listas e notas. Embora inadequado para documentos mais longos, como os livros bíblicos, a óstraca pode ter sido usado para registrar oráculos proféticos e provérbios. Um bom número de óstracos coptas registram trechos bíblicos, interpretados como de função apotropaica.

Alguns sítios arqueológicos providenciaram abundantes óstracos, como Arad, Hesbon, Samaria e as cartas de Láquis.

Mais de 100 óstracos foram encontrados em um armazém em um dos palácios de Samaria. Maior parte eram para o controle de azeite e vinho pagos como impostos ao rei, datadas do início do século VIII a.C. (reinado de Jeroboão II).

Em 1935 e 1938, vinte e um óstracos foram encontrados nas escavações da antiga Láquis. A maioria delas são cartas escritas por um oficial, pouco antes da captura da cidade pelos babilônios em 589-588 a.C.