Literatura Apocalíptica

A literatura apocalíptica é a um gênero literário que surgiu em tempos de angústia e incerteza, muitas vezes em tempos de opressão política ou religiosa. Apresenta um estilo de escrita altamente simbólico e visionário, com foco nas revelações divinas sobre o futuro, a ordem cósmica e o triunfo final do bem sobre o mal. A literatura apocalíptica visa fornecer esperança, encorajamento e um senso de intervenção divina em tempos de crise.

Embora a literatura apocalíptica compartilhe semelhanças com os escritos proféticos, existem diferenças distintas. As mensagens proféticas geralmente abordavam as preocupações imediatas de seu público e forneciam orientação para o presente, enquanto os escritos apocalípticos se concentravam em eventos escatológicos de longo prazo e no triunfo final de Deus. Os escritos proféticos abordavam principalmente a nação de Israel e seus líderes, enquanto a literatura apocalíptica geralmente tinha uma perspectiva cósmica protagonista individual que recebia revelações divinas.

Existem trechos apocalípticos, como Daniel 7. Essa passagem é uma visão de quatro bestas que representam reinos terrestres, seguido pelo surgimento do “Filho do Homem” que recebe um reino eterno de Deus. Um exemplo no Novo Testamento é Mateus 24, no qual Jesus discorre sobre os sinais do fim dos tempos, incluindo a destruição do Templo.

A literatura apocalíptica surgiu durante tempos de turbulência e perseguição, particularmente durante os períodos helenístico e romano. Esses escritos surgiram em resposta à opressão política, à dominação estrangeira, ao sincretismo religioso e ao desejo de intervenção divina. Os textos refletiam as ansiedades e esperanças do povo judeu, fornecendo uma estrutura para entender suas dificuldades atuais e vislumbrar uma futura restauração.

O auge da literatura apocalíptica foi no Período do Segundo Templo e os anos imediatos à sua destruição, com vários exemplos:

  • 1 Enoque: Uma coleção de textos apocalípticos atribuídos a Enoque, descrevendo visões dos reinos celestiais, o julgamento vindouro e o destino dos justos e dos iníquos.
  • 2 Esdras (também conhecido como 4 Esdras): Uma obra apocalíptica judaica que aborda questões teológicas sobre teodicéia, o destino de Israel e a natureza do mal.
  • Apocalipse de João: O único livro apocalíptico canônico do Novo Testamento.
  • Apocalipse de Pedro: Uma obra pseudoepígrafa.

BIBLIOGRAFIA

Collins, John J.  The Apocalyptic Imagination: An Introduction to Jewish Apocalyptic Literature, 2nd ed. Eerdmans, 1998).

Nickelsburg, George W. E. Resurrection, Immortality, and Eternal Life in Intertestamental Judaism and Early Christianity, 2nd ed. Harvard University Press, 2006.

Etiologia

Etiologia refere-se a um gênero de texto que visa explicar a origem ou a causa de algo. Essas narrativas detalham as razões por trás de certos nomes, situações ou eventos. O termo “etiologia” vem da palavra grega “aition”, que significa “causa” ou “razão”.

As etiologias aparecem em paronomásias (jogos de palavras) nos textos bíblicos. Em Êxodo 15:23, o nome “Mará” é usado como um jogo de palavras etiológico. Explica a origem do nome ligando-o à água amarga que os israelitas encontraram naquele lugar.

Outra forma de etiologia pode ser encontrada em narrativas que fornecem explicações para determinados eventos ou costumes. Em Gênesis 47:13-26 é dado um relato etiológico para explicar o estabelecimento de um imposto sobre a terra por José.

O relato da criação no livro de Gênesis pode ser considerado uma etiologia. Explica a origem do mundo e de todos os seus habitantes, descrevendo como Deus criou os céus, a terra e tudo o que há neles. Da mesma forma, a história da Torre de Babel no Gênesis 11 explica a diversificação das línguas entre a humanidade. Igualmente, os relatos dos patriarcas são etiologias para a origem dos povos israelitas, árabes, moabitas, edomitas e amonitas.

As etiologias também podem ser encontradas em outras partes da Bíblia, como o livro de Êxodo, que fornece explicações etiológicas para várias leis e regulamentos dados aos israelitas. Por exemplo, as leis dietéticas em Levítico podem ser vistas como etiológicas, atribuindo certas restrições alimentares a razões relacionadas à limpeza ou santidade.

Doxologia

A doxologia é uma proclamação de louvor. Este gênero literário era originalmente cânticos de culto. O termo deriva do grego doxa (glória) e logos (palavra ou razão), significando “palavra de glória”.

Essas fórmulas de louvor, sejam curtas ou longas, servem para exaltar a majestade, o poder e a bondade divinos. No Antigo Testamento, aparecem em salmos de louvor, como 149 e 150 ou 68:35 e 72:19, onde a adoração a Deus é expressa por Sua grandeza e misericórdia.

Eram utilizadas no culto do templo e sinagogal, sendo adotado no primitivo culto cristão. As epístolas do Novo Testamento contém várias doxologias. No Novo Testamento, as doxologias assumem várias formas. O termo “bendito” (eulogētos em grego) é usado em passagens como Romanos 9:5 e 2 Coríntios 1:3 para bendizer a Deus por Suas ações redentoras. De modo semelhante, o termo “glória” (doxa) é proeminente em expressões de louvor, como no cântico angélico de Lucas 2:14 (“Glória a Deus nas alturas”) e nas saudações de Apocalipse 7:12. As epístolas paulinas também contêm várias doxologias, por exemplo em Romanos 11:36, onde o louvor é direcionado àquele de quem, por quem e para quem são todas as coisas.