Jebuseus

Os jebuseus, também conhecidos como jebusitas, eram uma tribo cananeia que habitava a cidade de Jerusalém, na época chamada de Jebus. Eles eram descendentes de Canaã, filho de Cam, e faziam parte dos povos que habitavam a terra prometida a Abraão e seus descendentes, conforme descrito em Gênesis 10:16; 15:18-21; Deuteronômio 20:18.

A cidade de Jebus, ou Jerusalém, era uma fortaleza bem defendida, e os jebuseus conseguiram resistir à conquista israelita. A cidade tornou-se um território neutro entre as tribos de Benjamim e Judá.

Os jebuseus foram derrotados pelo rei Davi, que conquistou Jerusalém por volta de 1003 a.C., conforme relatado em 2 Samuel 5:6-9 e 1 Crônicas 11:4-7. Após a conquista, ele fez acordos com os jebuseus que permaneceram na região, como exemplificado em sua interação com Araúna, o jebuseu, ao comprar terras para construir um altar, conforme descrito em 2 Samuel 24:18-25.

Apesar da conquista, os jebuseus continuaram a viver na região por algum tempo, mas foram gradualmente absorvidos pela sociedade israelita. Com o passar dos anos, especialmente após o exílio babilônico, eles desapareceram da história registrada.

Quenezeu

Os quenezeus eram uma família ou povo de significado incerto. Está entre os povos que Deus prometeu a Abraão que os israelitas desapropriariam (Gn 15:19). Os quenezeus viviam no Neguebe, região desértica ao sul de Judá, antes da conquista dos israelitas.

A tribo de Judá absorveu alguns dos quenezeus como Calebe e Otniel, enquanto Edom absorveu outros. Os quenezeus talvez fossem aparentados dos queneus, compartilhando a metalurgia (1 Crônicas 4:13-14).

O nome provavelmente deriva seu nome de Quenaz – um descendente de Esaú (Gn 36:11, 15) – e chefe dos edomitas (Gn 36:42). Jefoné, o quenezeu, pode ter~se casado com uma mulher da tribo de Judá. Seu filho era Calebe (Nm 32:12; Js 14:6, 14; 15:13) e Otniel é chamado de filho de Quenaz.

Queneus

O termo em hebraico significa “ferreiro” e pode ter sido aplicado tanto a ferreiros em geral, grupos itinerantes de metalúrgicos ou a um grupo étnico específico da terra de Canaã (Gn 15:19).

Algumas famílias de queneus acompanharam os israelitas às planícies de Moabe (Jz 1:16). O sogro de Moisés, Jetro, é identificado em (Jz 1:16; 4:11) como um queneu. A região sul do Levante era caracterizada pela exploração e fundição de metais. Jael, que matou Sísera, pertencia aos queneus (Jz 4:11; Jz 17-22: 11; Jz 5: 24-27).

Saul distinguiu os queneus dos amalequitas para poupá-los (1Sm 15:6). Davi, enquanto morava em Ziclague, enviou presentes com despojos a algumas das “cidades dos queneus” no sul de Judá (1Sm 30:29).

Os recabitas que moravam em tendas (Jr 35) eram queneus (1Cr 2:55).

Talvez fossem relacionados com os quenezeus.

Canaã

1. Nome de um dos filhos de Cam e neto de Noé. Aparece pela primeira vez no perícope da embriaguez de Noé (Gn 9: 18-27), depois na Tabela das Nações (Gn 10: 6; Gn 15-20: 6) como irmão de Pute (Líbia), Cuche (Etiópia) e Egito.

2. Território ocupado pelos descendentes do epônimo Canaã, no Líbano e entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Os limites de Canaã aparecem como termos de Sidon a Gerar, perto de Gaza, e do leste, até Sodoma, Gomorra, Admapa e Zeboim até Lassa (Gn 10:19).

Vistos como inimigos e idólatras na conquista israelitas (Dt 20: 16-18), várias comunidades parecem ter sobrevivido junto dos hebreus, além dos fenícios da costa. Em (Mt 15:22), Jesus encontra uma mulher cananeia.

A civilização sírio-cananeia ou semítica ocidental deixou vários legados culturais, como a escrita alfabética.

VEJA TAMBÉM

Palavra de Deus

Palavra de Deus, Logos de Deus, Memra de Deus, Verbo de Deus refere-se à presença divina autocomunicada existente com Deus. No Novo Testamento é exclusivamente manifestada como pessoa em Jesus Cristo (Jo 1:1; 1 Jo 1:1-3, 5; Ap 19:13).

Este conceito, proverbialmente difícil de se traduzir, tradicionalmente aparece como Verbo ou Palavra nas Bíblias de língua portuguesa.

DEFINIÇÕES SEMÂNTICAS E TEOLÓGICAS

O termo teológico Palavra aparece de três formas na Bíblia:

  • A raíz d-b-r, especialmente davar, דָּבָר, H1821, em seu significado originário transmite as ideias de algo pensado (noético), dinâmico e seu produto (coisas). No sentido particular como d-b-r pertinente a Deus refere-se a seu modo de existência que cria e mantém o universo, bem como comunica a vontade divina. No Antigo Testamento a Palavra de Deus é criativa (Gn 1; Is 55:10-11) e dotada de comando (Am 3:1).
  • Logos λόγος, G3364. Daí, Ο λόγος του Θεού. Em seu sentido genérico significa discurso ou a razão em exercício (raciocínio). Porém, ganha uma conotação especial no conceito de logos como razão ou ordem subjacente conforme conceberam-na os filósofos gregos, servindo a calhar para traduzir o conceito de d-v-r de Deus. Complica mais seu conteúdo semântico por ser próximo de léxis, enunciados, do qual logos com plural logoi é quase sinônimo. A logia (plural de logos) de Deus como atos da razão subjacente na Criação foi particularmente empregada por autores israelitas do segundo Templo, tanto em literatura parabíblicas como Filo de Alexandria, como um modo de existência distinto do próprio Deus. E um termo semanticamente próximo é o logion (G3051) é uma declaração divina ou um oráculo, cujo plural é logia. Nesse último sentido, aparece em At 7:38; Rm 3:2; Hb 5:12; 1 Pe 4:11.
  • Rhema, ῥῆμα, G4839, expressão verbal, assunto. No que se refere à rhema divina indica à autoridade do que é dito por Deus (Rm 10:17).

Na expectativa messiânica do período do Segundo Templo esperava-se pela manifestação do D-B-R/Memra/Logos. A Septuaginta traduz davar como logos e rhema quase de modo intercambiável. Com sentido virtualmente sinônimos esses termos aparecem no Novo Testamento. Nesse sentido aparecem nas versões aramaicas da Bíblia Hebraica, Targum, que utilizam o termo Memra, a Palavra personificada. Nesse período, a teologia do Logos de Filo de Alexandria sintetizou o anseio pela manifestação da Palavra.

O Cristianismo reconheceu essa manifestação em Jesus Cristo (Jo 1:1; 1 Jo 1:1-3, 5; Ap 19:13). O Logos joanino é fortemente paralelo ao conceito de Sabedoria no judaísmo de expressão helenística. Nele, a Sabedoria e a Palavra já estavam associadas (Sabedoria de Salomão 9:1-2).

O evangelho de João afirma que o Logos estava plena e unicamente identificado com Jesus Cristo. Comparando com autores da época, o Logos para Filo, por exemplo, seria um modo divino, porém subordinado a Deus, mas pervasivo a todo pensamento racional. Em contraste, no evangelho de João a encarnação do Logos trouxe vida aos seres humanos, aos quais, de outra forma, ela não estaria disponível (Jo 1:1-18).

Há conotações no Novo Testamento no qual a “Palavra” frequentemente significa a mensagem cristã ou seja, a instrução sobre Jesus Cristo, sobre o Evangelho e exortações para levar uma vida cristã. (2 Co 2:17; cf. 1 Co 1:18), ou o genérico “palavra”, em seu sentido como léxico. No livro de Atos 6:2, 4, 7; 12.24; 13:46; 17:13: 19.20, a expressão “palavra de Deus” conota consistemente a mensagem proclamada pelos primeiros cristãos.

Muitas vezes, o termo se refere a algo que é falado, o conteúdo da fala, o ato de falar.

Apesar da expressão “Palavra de Deus” não aparecer nas Escrituras para conotar as próprias Bíblia, na idade média tal expressão ganhou este significado por metonímia. Um dos mais antigos registros, nessa acepção que iguala a Bíblia à Palavra de Deus, em um sermão dos seguidores de Wycliff em 1425.

Durante a Reforma, consagrou-se a fórmula de a Palavra de Deus ter uma tripla manifestação: a Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo, a Palavra de Deus escrita testificada nas Escrituras e a Palavra de Deus proclamada na pregação do Evangelho. Nesse respeito diz o Artigo 1o da Segunda Confissão Helvética:

A Escritura é a Palavra de Deus. O mesmo apóstolo diz aos tessalonissenses: “Tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes, não como palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus”, etc. (I Tes 2.13). E o Senhor disse no Evangelho: “Não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mat 10.20); portanto, “quem vos der ouvidos, ouve-me a mim; e, quem vos rejeitar, a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar, rejeita aquele que me enviou”, (Mat 10.40; Luc 10.16; João 13.20).

A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus. Portanto, quando esta Palavra de Deus é agora anunciada na Igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria Palavra de Deus é anunciada e recebida pelos fiéis; e que nenhuma outra Palavra de Deus pode ser inventada, ou esperada do céu: e que a própria Palavra anunciada é que deve ser levada em conta e não o ministro que a anuncia, pois, mesmo que este seja mau e pecador, contudo a Palavra de Deus permanece boa e verdadeira.

Nem pensamos que a pregação exterior deve ser considerada infrutífera pelo fato de a instrução na verdadeira religião depender da iluminação interior do Espírito; porque está escrito: “Não ensinará jamais cada um ao seu próximo… porque todos me conhecerão” (Jer 31.34), e “nem o que planta é alguma cousa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento”, (I Cor 3.7). Pois, ainda que ninguém possa vir a Cristo, se não for levado pelo Pai (cf. João 6.44), se não for interiormente iluminado pelo Espírito Santo, sabemos contudo que é da vontade de Deus que sua palavra seja pregada também externamente. Deus poderia, na verdade, pelo seu Santo Espírito, ou diretamente pelo ministério do anjo, sem o ministério de São Pedro, ter ensinado a Cornélio (cf. At 10.1 ss); não obstante, ele o envia a São Pedro, a respeito de quem o anjo diz: “Ele te dirá o que deves fazer” (cf. At 11.14).

A iluminação interior não elimina a pregação exterior. Aquele que ilumina interiormente dando aos homens o Espírito Santo é o mesmo que deu aos discípulos este mandamento: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.5). E assim, em Filipos, São Paulo pregou a Palavra externamente a Lídia, vendedora de púrpura; mas o Senhor, internamente, abriu o coração da mulher (At 16.14). E o mesmo São Paulo, numa bela gradação, em Rom 10.17, chega, afinal, a esta conclusão: “E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo”.

Reconhecemos, entretanto, que Deus pode iluminar quem ele quiser e quando quiser, mesmo sem ministério externo, pois isso está em seu poder; mas aqui falamos da maneira usual de instruir os homens, que nos foi comunicado por Deus, tanto por mandamento como pelo exemplo.

TEXTOS BÍBLICOS RELEVANTES

  • Gênesis 15:1-6
  • 1 Samuel 3:1,7,19-21
  • Salmo 18:30
  • Salmo 33:4-6
  • Jeremias 1:4-10
  • João 1:1-3
  • Atos 6:7; 12:24; 13:49; 19:20
  • 1 Tessalonicenses 2:8-13
  • Hebreus 4:12; 13:7
  • 1 João 1:1-3, 5
  • Apocalipse 19:13

SAIBA MAIS

Boyarin, Daniel. “The Gospel of the Memra: Jewish Binitarianism and the Prologue to John.” Harvard Theological Review 94.3 (2001): 243-284.

Bullinger, Heinrich. “Artigo 1”. Segunda Confissão Helvética (1566).

Bury, Robert Gregg. The Fourth Gospel and the Logos-Doctrine. Cambridge, W. Heffer & Sons, 1940.

Currie, Thomas Christian. The Only Sacrament Left to Us: The Threefold Word of God in the Theology and Ecclesiology of Karl Barth. ISD LLC, 2016.

Ronning, John. The Jewish Targums and John’s Logos Theology. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2010.

Sandberg, Glenn R, and Frank Hofmann. How Does God Talk to Us? The Concept of the “Word of God” in Augustine, Martin Luther, and Karl Barth. Wipf and Stock Publishers, 2021.

Zander, Glenn, “An Investigation of Logos Tou Theou in the New Testament” (1974). Master of Divinity Thesis. 122. Concordia Seminary, St Louis. https://scholar.csl.edu/mdiv/122