Zalmuna

Zalmuna foi um dos dois reis midianitas, juntamente com Zeba, mencionado no livro de Juízes, na opressão dos midianitas sobre os israelitas e a subsequente libertação liderada por Gideão.

Zalmuna e Zeba lideraram as forças midianitas que invadiram e saquearam as terras de Israel, causando grande sofrimento ao povo. Gideão, com um pequeno exército, perseguiu e derrotou os midianitas, capturando Zeba e Zalmuna (Juízes 8). Zeba e Zalmuna foram finalmente mortos por Gideão em retribuição pela morte de seus irmãos (Juízes 8:18-21).

Efá

  1. Efá (do hebraico עֵיפָה, ʿĒp̄ā; Septuaginta Γαιφα, Gaipha) é mencionado na Bíblia Hebraica como um dos cinco filhos de Midiã, que, por sua vez, era filho de Abraão com Quetura. Efá é listado entre os irmãos Éfer, Enoque, Abida e Eldá em Gênesis 25:4 e 1 Crônicas 1:33. Esses irmãos são considerados os antepassados dos midianitas, um grupo nômade do deserto associado aos territórios ao sul da Palestina e da Península Arábica.

Em Isaías 60:6, Efá é referido simbolicamente, associado ao transporte de ouro e incenso de Sabá para Israel. O texto descreve uma visão profética onde dromedários de Midiã e Efá enchem Israel, sugerindo uma era de prosperidade e adoração a Yahweh. Esse versículo sugere o envolvimento do clã de Efá no comércio de luxo, especialmente incenso, uma mercadoria valiosa na Antiguidade.

Evidências Históricas e Arqueológicas
Efá e sua tribo são os únicos clãs midianitas mencionados em inscrições fora do contexto bíblico, particularmente nas listas de tribos submetidas pelos reis assírios Tiglate-Pileser III e Sargão II no século VIII a.C. Essas referências fornecem um contexto histórico relevante:

  • Inscrições de Tiglate-Pileser III: Efá é chamado de Ḫa-a-a-ap-pa-a-a, e é listado junto com tribos árabes, como Adbeel, Massa, Tema e Sabá, que pagaram tributo ao rei após uma campanha militar no sul da Palestina.
  • Anuários de Sargão II: Efá é mencionado como Ḫa-ia-pa-a, juntamente com outras tribos árabes como os Thamud, Marsimani e Ibadidi. A derrota e o exílio dessas tribos em Samaria (c. 716 a.C.) é relatada. Efá é o único nome comum às listas de Tiglate-Pileser e Sargão, o que sugere que esse clã estava entre os mais próximos da Palestina e pode ter vivido ao longo das rotas de comércio de incenso.

Essas evidências indicam que a tribo de Efá habitava uma região de importância estratégica, possivelmente próxima de rotas comerciais que ligavam o sul da Arábia com o Mediterrâneo. As referências bíblicas e assírias sugerem que essa tribo poderia ter habitado áreas que hoje correspondem a Yathrib (Medina) ou à região de Ḥismā, ambas ligadas ao antigo comércio de incenso.

2. Efá concubina de Calebe. 1 Crônicas 2:46.

3. Efá, filho de Jadai, um dos descendente de Judá. 1 Crônicas 2:47.

4. Efá, uma medida para seco e molhados.

Entende-se que o efá equivale a aproximadamente 22 litros em volume para substâncias secas, sendo esse volume comparável ao de um grande cesto ou pequeno saco. Em termos de peso, por se tratar de uma medida de volume, o peso de um efá depende do material medido. Para o trigo, por exemplo, um efá pesaria aproximadamente 13-14 kg. Para a cevada, devido à sua menor densidade em comparação ao trigo, o peso seria em torno de 10-11 kg.

Hipótese midianita

A hipótese midianita também é conhecida como hipótese quenita propõe que as origens de Yahweh e do Yahwismo tenha sido no sul do Levante.

A teoria afirma que o Senhor originalmente era uma divindade midianita que foi assimilada pelos proto-israelitas. Várias passagens bíblicas apontam que Yahweh veio ao encontro de Israel no Sul (Dt 33:2; Jz 5:4-5; Sl 68:8-9,18; Hc 3:3,7,10; Zc 9:14).

A hipótese surgiu no século XIX entre eruditos alemães, mas sempre foi marginal. Contudo, o reexame de descobertas arqueológicas no início do século XXI levou à sua reconsideração por alguns biblistas.

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Recabitas

Os recabitas eram um grupo de pessoas de um clã ou tribo dos queneus que habitavam em tendas e possuíam regras estritas quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, mencionados principalmente em Jeremias 35.

Os recabitas um grupo de pessoas originárias da região de Midiã e associadas aos israelitas. Os recabitas mantiveram uma adesão estrita a um conjunto de regras dadas a eles por seu ancestral Jonadabe, contemporâneo do rei Jeú de Israel no século IX aC.

Os recabitas viviam em tendas e seguiam um estilo de vida nômade. No entanto, com a ameaça da invasão estrangeira, os recabitas buscaram refúgio em Jerusalém.

O profeta Jeremias usou os recabitas como exemplo de fidelidade e obediência a Deus, contrastando-os com os israelitas que se afastaram de Deus e se recusaram a ouvir suas advertências. Em Jeremias 35, Jeremias levou os recabitas ao Templo e ofereceu-lhes vinho, mas eles recusaram, citando o mandamento de seu ancestral Jonadabe de se abster de vinho e sua adesão a seus mandamentos como prova de sua fidelidade.

Em 1 Crônicas 2:55, os recabitas apacerem como escribas da tribo de Judá. No livro de Neemias diz um grupo deles ajudou a consertar o muro de Jerusalém (Neemias 3:14).

Existem várias lendas e tradições de historicidade questionável. Em uma tradição, diz-se que os recabitas foram recompensados por sua fidelidade ao serem autorizados a servir como porteiros no Templo de Jerusalém. Em outra tradição, dizem que eles se tornaram uma classe sacerdotal, servindo como assistentes dos levitas. Na tradição islâmica, os recabitas são conhecidos como Banu Harith e dizem ter sido seguidores do profeta Elias, tendo se estabelecidos em Khaybar. São mencionados em vários textos islâmicos, incluindo o Hadith, que relata uma história na qual o Maomé elogia os recabitas por sua piedade e adesão aos mandamentos de seus ancestrais.

Por volta de 312 a.C., Jerônimo de Cárdia, um general de Alexandre, o Grande, relata sobre um povo na região de Nabateia que não plantava, não construía casas e não bebia nada alcoólico. (Diodoro S. 19, 94)

O rabino Halafta (séculos I-II d.C) seria descendente dos recabitas. A apócrifa História dos Recabitas, desde a antiguidade tardia, detalha a jornada de um monge chamado Zósimo à “Terra dos Recabitas”. Em 1839, o missionário Joseph Wolff disse ter encontrado no Iêmen, perto de Sana’a , um homem que afirmava ser descendente de Jonadabe.

BIBLIOGRAFIA

Karel van der Toorn, “Ritual resistance and self-assertion: the Rechabites in Early Israelite religion”, Pluralism and identity: Studies in ritual behaviour, SHR 67, 1995.