Ágabo

Ágabo, em grego Ἅγαβος, foi um profeta cristão proveniente da Judeia, mencionado no livro de Atos dos Apóstolos (Atos 11:27–28; 21:10–12).

Em Atos 11, Ágabo visita a comunidade cristã de Antioquia e profetiza que uma fome afetaria “toda a terra habitada” (Atos 11:28). Essa previsão levou a igreja de Antioquia a reunir auxílio para enviar à igreja da Judeia por meio de Barnabé e Saulo. Há registros históricos de fomes em diversas localidades durante o reinado do imperador Cláudio, incluindo relatos de Suetônio (Cláudio 19), Tácito (Anais 12.43) e Josefo, que menciona fomes na Judeia sob os procuradores Cuspius Fadus e Tibério Alexandre entre os anos 44 e 48 d.C. (Antiguidades 20.2.5; 20.5.2).

Posteriormente, em Atos 21, Ágabo adverte Paulo, em Cesareia, sobre o sofrimento e a prisão que o aguardavam em Jerusalém. Faz um ato simbólico para ilustrar o que aconteceria com Paulo, mas o apóstolo decide prosseguir com seus planos. Tradições posteriores sugerem que Ágabo poderia estar entre os Setenta discípulos enviados por Jesus, conforme relatado em Lucas 10:1.

Eliezer

O nome Eliezer, em hebraico: אֱלִיעֶזֶר, “ajuda de Deus”, refere-se a três personagens distintos na Bíblia:

  1. Eliezer de Damasco era o servo-chefe da casa do patriarca Abraão, mencionado no Livro de Gênesis 15:2. Segundo o Targum, Eliezer seria filho de Nimrod. Ele é descrito como o mordomo e possível herdeiro de Abraão antes do nascimento de Isaque, sendo chamado de “o damasceno Eliezer”. Em algumas tradições judaicas, como Bereshit Rabbah, interpreta-se que Eliezer acompanhou Abraão na missão de resgatar Ló. A tradição identifica Eliezer com o servo anônimo que busca uma esposa para Isaque, sugerindo que teve papel fundamental na continuidade da linhagem de Abraão.
  2. Eliezer, o segundo filho de Moisés e Zípora. Seu nome significa “Ajuda do meu Deus” em referência ao auxílio divino que Moisés recebeu ao fugir do faraó, conforme registrado em Êxodo 18:4. Ele nasceu após Moisés se refugiar em Midiã e casar-se com Zípora, filha de Jetro. Eliezer, junto com seu irmão Gersom, representa a nova vida de Moisés fora do Egito e sua conexão com a fé em Deus.
  3. Eliezer, o Profeta. Filho de Dodavá, foi um profeta durante o reinado de Josafá, rei de Judá. Ele advertiu Josafá por aliar-se a Acazias, rei de Israel, em uma empreitada comercial com navios que partiriam de Eziom-Geber para Társis. Em 2 Crônicas 20:37, Eliezer profetiza a destruição das embarcações como punição pela falta de confiança no Senhor, e os navios de fato naufragaram antes de zarpar.

Vida dos Profetas

O Vitae prophetarum é uma antologia de literatura parabíblica que expande as narrativas dos profetas canônicos. Composto provavelmente na Palestina do século I ao II d.C., contém lendas sobre Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniels, os doze profetas profetas menores. Expande as biografias de outros profetas não literários como Natã (2 Samuel 7; 2 Samuel 12), Aías de Siló (1 Reis 11:29-39; 1 Reis 14:1-18), o Homem de Deus aqui chamado de Joade (1 Reis 13), Azarias (2 Crônicas 15:1-8), Elias (1 Reis 17 – 2 Reis 2), Eliseu (1 Reis 19:19 -21; 2 Reis 2:1-9:13; 13:14-21) e Zacarias filho de Joiada (2 Crônicas 24:17-22). Alguns manuscritos incluem figuras do Novo Testamento, como Zacarias, Simeão e João Batista.

O Vida dos Profetas eve uma ampla recepção entre os primitivos cristãos, sendo possivelmente aludido em Hebreus 11 e em escritos paulinos. Também teria sido editado consideravelmente por copistas cristãos, com profecias que apontavam para Jesus Cristo.

Provavelmente foi escrito em grego, visto que as citações das Vidas são todas da Septuaginta ou do Old Greek. Foi traduzido para o síriaco, armênio, ge’ez e árabe, georgiano, eslavo, irlandês antigo e hebraico. Está preservado no Codex Marchalianus (Vat. gr. 2125)

Explica os nomes dos profetas e de onde eles vêm e onde morreram e como e onde estão enterrados, além de profecias e feitos. Quase nada há sobre as profecias canônicas, nem suas denúncias por justiça. Meio a relatos de martírios, conotam uma esperança pela ressurreição e restauração.

Embora amplamente circulado e usado para fins didáticos e contextuais, o Vidas dos Profetas não foi empregado como literatura canônica por nenhuma comunidade de fé.


BIBLIOGRAFIA

Amihay, Aryeh. (2022). The stones and the rock: Jewish and Christian elements in Vita Jeremiah. Journal for the Study of the Pseudepigrapha32(1), 39-56. https://doi.org/10.1177/09518207221116286


Bernheimer, Richard. “Vitae Prophetarum.” Journal of the American Oriental Society, vol. 55, no. 2, 1935, pp. 200–03. JSTOR, https://doi.org/10.2307/594443.

Schwemer, Anna Maria Schwemer. Studien zu den frühjüdischen Prophetenlegenden. Vitae Prophetarum. DieViten der großen Propheten Jesaja, Jeremia, Ezechiel und Daniel. Einleitung, Übersetzung und Kommentar. Inaugural -Dissertation, Tübingen 1993.

Livro de Eldade e Medade

Eldade e Medade foram escolhido com outros sessenta e oito anciãos do povo de Israel para receber o espírito de Deus ao redor da tenda de congregação. Entretanto, ambos ficaram no acampamento e começaram aprofetizar. Quando Josué tentou contê-los, Moisés rejeitou a reclamação, dizendo: “Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta!” (Nm 11:16; 26-30:16).

A profecia de ambos gerou várias especulações na Antiguidade Tardia. Teria sido fonte para um livro, ora perdido.

Livro de Eldade e Medade teria sido um livro tido como inspirado, porém não mencionado como Escrituras canônicas durante o primeiro milênio d.C.

Segundo uma esticometria do século IX, seria um livro curto de 400 linhas, mais longo que Efésios (312 linhas), menor que 2 Coríntios (590). Dele temos um certo fragmento. No Pastor de Hermas, na visão 3. 5 diz: “Perto está o Senhor daqueles que se voltam para Ele, como está escrito em Eldade e Medade, que profetizaram ao povo no deserto.”

Já uma tradição rabínica fala que na verdade são sete livros da Torá. A passagem Números 10:35–36, cercado no hebraico pelo sigma e antessigma (colchetes), constituiria o Livro de Eldade e Medade. ( B. Talmud Shabat fólio 116a).

Oráculos contra as nações

Subgênero literário presente em cada livro proféticos exceto Oseias que julgam as iniquidades das nações, predizendo sua ruína e, às vezes, uma restauração.

A audiência desses oráculos poderia ser os próprios israelitas como forma de advertência ou, semelhante às maldições de Balaão, imprecações ditas antes de batalhas.

BIBLIOGRAFIA

Kim, Hyun Chul Paul. “The Oracles against the Nations.” In The Oxford Handbook of Isaiah, edited by Lena-Sofia Tiemeyer,
59–78. Oxford: Oxford University Press, 2021.

Hayes, John H. “The usage of oracles against foreign nations in ancient Israel.” Journal of Biblical Literature 87.1 (1968): 81-92.