Correspondência entre Paulo e Sêneca

A correspondência entre Paulo e Sêneca é um conjunto de cartas apócrifas, geralmente datadas do final do século IV d.C., que pretendem ser uma troca de correspondências entre o apóstolo Paulo e o filósofo estoico romano Sêneca. Apesar de sua popularidade em certos períodos históricos, a correspondência é atualmente considerada espúria pela maioria dos estudiosos bíblicos.

As cartas, oito de Sêneca e seis de Paulo, abordam temas como a natureza de Deus, a virtude e a vida moral. Embora a linguagem e o estilo das cartas se assemelhem superficialmente aos escritos de Paulo e Sêneca, várias inconsistências históricas e teológicas levaram à rejeição de sua autenticidade. Por exemplo, as cartas retratam Sêneca com um conhecimento do cristianismo que ele provavelmente não possuía em vida, e Paulo com uma familiaridade com a filosofia estoica que não é evidente em seus escritos autênticos.

A correspondência de Paulo e Sêneca provavelmente surgiu em um contexto de crescente interesse pelo cristianismo entre intelectuais romanos. A figura de Sêneca, conhecido por sua sabedoria e vida virtuosa, era atraente para os primeiros cristãos, que buscavam estabelecer conexões entre sua fé e a filosofia greco-romana. A falsificação de cartas entre Paulo e Sêneca serviu para promover a imagem do cristianismo como uma filosofia respeitável e atrair convertidos entre a elite romana.

Pseudoepígrafos eslavos

Os Pseudoepígrafos Eslavos são um conjunto de textos religiosos judaicos extra-bíblicos que foram preservados e transmitidos principalmente em traduções eslavas. A maioria desses materiais chegou às terras eslavas através do Império Bizantino, que exerceu forte influência na formação da literatura eslava. Esses textos eram frequentemente incorporados em coleções maiores, como crônicas históricas (Paleias), cronógrafos e compilações morais e litúrgicas, muitas vezes sem uma distinção clara entre materiais canônicos e não canônicos.

Muito dessas obras tem origem judia, mas foram transmitidos por copistas cristãos, afetando seu conteúdo nesse processo. Boa parte estão no idioma eslavo eclesiástico. A transmissão dos Pseudoepígrafos Eslavos dentro de coleções cristãs resultou em edições, abreviações e rearranjos, dificultando a identificação da proveniência e propósito originais dos textos. Estudos recentes buscam distinguir as diferentes camadas de transmissão e adaptação desses materiais no contexto literário eslavo.

Essas obras foram preservadas e utilizada principalmente em contextos monásticos. A recepção de algumas delas beira à canonicidade. Muitos as consideravam autênticas, mas no geral eram lidas para edificação privada. Contudo, foram consideradas heréticas pela Igreja Ortodoxa Russa.

Principais Obras:

Entre os Pseudépigrafos Eslavos, destacam-se:

  • 2 Enoque: Uma obra que descreve a ascensão celestial de Enoque e sua metamorfose perto do Trono da Glória, combinando elementos de apocalipse e testamento.
  • 2 Enoque
  • 3 Baruque
  • 4 Baruque
  • A Ascensão de Isaías
  • A Escada de Jacó: Uma interpretação do sonho de Jacó sobre a escada, contendo tradições judaicas do primeiro século dC.
  • A História da Criação de Adão por Deus
  • A Palavra do Abençoado Zorobabel
  • Ahiqar
  • Apocalipse de Abraão: Um texto que narra a rejeição de Abraão aos ídolos e sua ascensão ao céu, onde recebe revelações sobre mistérios celestiais e escatológicos.
  • Apocalipse de Zósimo
  • Círculo sobre a Árvore da Cruz
  • Discursos dos Três Hierarcas
  • Fragmentos Pseudo-Daniel
  • Fragmentos sobre Melquisedeque
  • Fragmento “Sobre a Criação”
  • Fragmento “Sobre o Dilúvio”
  • Fragmento “Setenta Nomes de Deus”
  • José e Asenate
  • Lenda sobre o Mar da Tiberíades
  • Livro de José
  • Obras e Tradições Pseudépigrafas Judaicas em Meios Eslavos
  • O Octógono de Adão
  • O Sermão de Adão no Hades a Lázaro
  • Os Testamentos dos Doze Patriarcas
  • Palea Cronográfica
  • Palea Histórica
  • Palea Interpretativa
  • Testamento de Abraão
  • Testamento de Jó
  • Vida de Moisés
  • Vida Eslava de Adão e Eva: Uma versão eslava dos livros de Adão, com material exclusivo sobre a criação e a queda dos protoplastas.

BIBLIOGRAFIA

Kulik, Andrei. Retroverting Slavonic Pseudepigrapha: Toward the Original of the Apocalypse of Abraham. Society of Biblical Literature, 2004.

Orlov, Andrei A. From Apocalypticism to Merkabah Mysticism: Studies in the Slavonic Pseudepigrapha. Brill, 2006.

Stone, Michael E. A History of the Literature of Adam and Eve. Scholars Press, 1992.

Tihonravov, Nikolai S. Памятники отреченной русской литературы. 2 vols. São Petersburgo/Moscou, 1863.

Turdeanu, Emil. Apocryphes slaves et roumains de l’Ancien Testament. Brill, 1981.

Pseudo-Ezequiel

Pseudo-Ezequiel, também chamado 4QSecond Ezekiel ou fragmentos 4Q385, 4Q385b, 4Q385c, 4Q386, 4Q388 e 4Q391, é um texto hebraico pseudoepigráfico fragmentário encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto na Caverna 4 em Qumran.

O texto é uma discussão entre Ezequiel e YHWH, tomando o relato bíblico de Ezequiel 37 como fonte, mas expandindo-o. Sua datação é estimada ser do século II a.C. A sequência exata dos fragmentos é incerta, embora a ordem dos acontecimentos no livro canônico de Ezequiel forneça uma base para o arranjo atual. O texto é controverso quanto sua leitura e identificação.

O texto começa com YHWH prometendo a Ezequiel que os ossos secos serão ressuscitados e o reino de Israel restaurado. No entanto, ao contrário da restauração nacional metafórica em Ezequiel 37, Pseudo-Ezequiel descreve a ressurreição real dos justos mortos de Israel. Isto o torna um dos únicos dois textos de Qumran que se referem claramente à ressurreição, sendo o outro 4Q521.

Segue, então, uma profecia que um “filho de belial” virá para oprimir os israelitas, mas será derrotado e seu domínio não durará. Em fragmentos posteriores, Ezequiel pergunta a YHWH se o próprio tempo poderia ser acelerado para que Israel pudesse recuperar a terra prometida mais cedo. Há também uma passagem que revisita o tema da ressurreição, seguida de uma evocação final da Merkabah, a carruagem de YHWH mencionada em Ezequiel 1.

Apocalipse Árabe de Daniel

O Apocalipse Siríaco de Esdras ou o Apocalipse de Esdras e sua versão árabe chamada Apocalipse Árabe de Daniel é um apocalipse pseudoepigráfico. A iteração árabe, provavelmente mais antiga, é anterior à ascensão do Islã e serviu como propaganda antijudaica. A versão siríaca, transformada em uma narrativa anti-islâmica por volta de 1229-1244, apresenta Jerusalém sob o domínio cristão, alinhando-se com eventos históricos, retrata os mongóis. e os muçulmanos, simbolizados como Gog e Magog e ismaelitas respectivamente, tomando Jerusalém, refletindo as conquistas pós-mongóis.

Apocalipse Siríaco de Daniel

O Apocalipse Siríaco de Daniel é uma obra pseudoepígrafa do gênero apocalíptico. Foi provavelmente composto durante a ascensão do Islã, sobrevive em dois manuscritos do século XV.

O Apocalipse Siríaco de Daniel profetiza o fim da Terra, detalhando as tribulações devidas ao pecado humano, seguidas de períodos de paz e cura. Escrito de forma dramática, reflete as ansiedades e esperanças do autor e da comunidade.

BIBLIOGRAFIA

Henze, Matthias. The Syriac Apocalypse of Daniel. Mohr Siebeck, 2001.

Henze, Matthias. “Seeing the End: The Vocabulary of the End Time in Syriac Apocalypse of Daniel 13,” in Lorenzo DiTommaso, Matthias Henze, and William Adler, The Embroidered Bible: Studies in Biblical Apocrypha and Pseudepigrapha in Honour of Michael E. Stone (Brill, 2017), 554-568.

Ramos, Marcus Vinicius. O Apocalipse siríaco de Daniel. Paulus, 2017.