Georges Casalis

Georges Casalis (1917-1987) foi um teólogo protestante francês, notável por seu engajamento com as teologias da libertação e por sua crítica às estruturas de poder. Casalis refletia sobre a relação entre fé e ação política. Articulava uma teologia que dialogasse com as lutas por justiça social.

Casalis defendia uma leitura crítica da Bíblia, que ressaltava o compromisso de Deus com os oprimidos e a necessidade de a Igreja se engajar na transformação do mundo. Criticava a teologia tradicional por sua passividade diante das injustiças, defendendo uma teologia da práxis que colocava a ação transformadora no centro da fé cristã.

Sua obra aborda temas como a luta de classes, o racismo, a violência e a esperança, buscando articular uma teologia que inspirasse a ação em favor dos marginalizados. Casalis também se envolveu ativamente em movimentos sociais e políticos, defendendo os direitos humanos e a democracia.

Maria Pilar Aquino

Maria Pilar Aquino (nascida em 1956) é uma teóloga feminista católica associada à teologia da libertação latino-americana.

Nascida em Ixtlán del Río, Nayarit, México, cresceu em uma família de agricultores com recursos limitados. Sua trajetória acadêmica inclui o doutorado em Teologia Sagrada (S.T.D.) pela Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha, e a licenciatura em Teologia Sagrada (S.T.L.) pelo Instituto Teológico de Estudos Superiores da Cidade do México.

Aquino é reconhecida por sua obra Our Cry for Life: Latin American Theology from the Perspective of Women, que desafiou paradigmas teológicos tradicionais ao centralizar as experiências e perspectivas das mulheres da América Latina. Sua contribuição no campo da teologia feminista é marcada pela defesa de uma “dimensão tripla” de libertação, que aborda questões socioeconômicas, de gênero e culturais. Esse enfoque busca dar visibilidade às vozes de mulheres marginalizadas, especialmente na América Latina, no discurso teológico.

Durante sua carreira, Aquino escreveu e palestrou amplamente sobre justiça social, igualdade de gênero e a interseção entre fé e libertação. Atuou como Professora de Teologia e Estudos Religiosos na Universidade de San Diego por 25 anos, aposentando-se em 2019 como Professora Emérita. Além de suas atividades acadêmicas, Aquino esteve envolvida em movimentos sociais e organizações dedicadas aos direitos das mulheres, dos pobres e de comunidades marginalizadas.

Seu trabalho articulou a teologia feminista na América Latina, contribuindo para a reinterpretação de temas teológicos a partir de perspectivas que incluem a experiência das mulheres e das populações historicamente desfavorecidas.

Enrique Dussel

Enrique Dussel (1934-2023) foi um filósofo argentino-mexicano em diálogo com a teologia da libertação.

Nascido em Mendoza, Argentina, Dussel refugiou-se no México em 1975, onde receberia cidadania mexicana. Dussel alcançou reconhecimento internacional por suas contribuições à Ética, à Filosofia Política e ao Pensamento Latino-Americano, particularmente como um dos fundadores da Filosofia da Libertação.

Graduou-se com um diploma de filosofia em 1957, estudos religiosos em 1965 e doutorado em filosofia e história em 1959 e 1967, respectivamente. Ocupou cargos acadêmicos no México, incluindo lecionar ética e filosofia política na UNAM e ser professor pesquisador na UAM Iztapalapa. Foi reitor interino da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM).

A filosofia de libertação de Dussel emergiu das periferias geopolíticas, culturais e económicas do Sul Global, com o objectivo de desafiar os sistemas fechados e o eurocentrismo, dando voz aos marginalizados.

Gustavo Gutiérrez

Gustavo Gutiérrez (nascido em 8 de junho de 1928) é um teólogo católico peruano e padre dominicano, um dos fundadores da Teologia da Libertação.

Gutiérrez estudou filosofia e teologia no Peru e depois fez estudos avançados na Europa. A tradição teológica de Gutiérrez está enraizada na Igreja Católica e influenciada pelo contexto latino-americano de pobreza e opressão.

Ao longo de sua carreira acadêmica, Gutiérrez lecionou em várias instituições, incluindo a Universidade Católica do Peru e a Universidade de Notre Dame. Escreveu vários livros e artigos sobre teologia, incluindo sua obra seminal, “A Theology of Liberation”, publicada em 1971.

O pensamento e as contribuições teológicas de Gutiérrez giraram em torno da ideia de uma opção preferencial pelos pobres. Argumenta que Deus tem uma preocupação especial com os pobres e marginalizados e que a Igreja deve priorizar suas necessidades e lutas. Gutiérrez também critica as estruturas de opressão que perpetuam a pobreza e defende mudanças sociais e políticas.

As ideias de Gutiérrez têm sido controversas dentro da Igreja Católica, com alguns acusando-o de tendências marxistas e se afastando demais dos ensinamentos católicos oficiais. No entanto, seu trabalho também influenciou a a reflexão do papel das igerjas na justiça social e na defesa dos pobres e oprimidos.

J. Deotis Roberts

J. Deotis Roberts (1935-2015) foi um teólogo batista americano que enfatizou a importância da teologia contextual para as comunidades negras. Seu livro “The Prophethood of Black Believers: An African American Political Theology for Ministry” (1982) argumentou que os negros devem ser vistos como profetas que desafiam as estruturas sociais que perpetuam a opressão.

No cerne da teologia de Roberts estava sua crença na dignidade e no valor de todas as pessoas, independentemente de raça, etnia ou status social. Deus é um Deus de justiça e compaixão, profundamente preocupado com a situação dos oprimidos e marginalizados. Roberts argumentou que o propósito da teologia era ajudar as pessoas a entender e responder às realidades da injustiça no mundo e trabalhar para criar uma sociedade mais justa e equitativa.

Um dos temas-chave na teologia de Roberts era a libertação. O plano de salvação de Deus incluía libertar as pessoas de todas as formas de opressão, incluindo a opressão espiritual, econômica, política e social. A história do Êxodo na Bíblia hebraica exemplifica um símbolo poderoso da libertação de Deus, e que os cristãos poderiam recorrer a essa história para entender o significado de sua própria libertação em Cristo.

Roberts também enfatizou a importância da comunidade em sua teologia. Ele acreditava que os seres humanos foram criados para a comunidade e que era por meio de nossos relacionamentos com os outros que poderíamos experimentar a plenitude do amor de Deus. A Igreja é um local crucial de comunidade. Por isso, os cristãos tinham a responsabilidade de trabalhar juntos para criar um mundo mais justo e amoroso.

Roberts enfatizou o poder transformador do amor de Deus. Ele acreditava que o amor de Deus tinha o poder de curar e transformar indivíduos e comunidades, e que essa transformação era essencial para criar um mundo mais justo e igualitário. O trabalho da teologia como um convite para participar desse processo transformador e incentivou os cristãos a serem agentes ativos de mudança em suas comunidades e no mundo.

Junto de James H. Cone, Deotis Roberts é um dos propoentes da Black Theology, a teologia da libertação afroamericana. No entanto, era voz distinta na interlocução do pensamento de Cone e de Martin Luther King, bem como na práxis em justiça social.