Boécio da Dácia

Boécio da Dácia (?-c.1284), também conhecido como Boécio da Suécia, foi um filósofo averroístas.

Provavelmente era um clérigo secular e cônego da diocese de Linköping, na Suécia. Em Paris, Boécio foi colega de Siger de Brabante no movimento averroísta. Rejeitava a criação ex nihilo e negava a eternidade do cosmo. Negava a imortalidade humana, rejeitando a ressurreição dos mortos. No entanto, permanecia cristão.

Suas ideias foram condenadas em em 1277 por Stephen Tempier, bispo de Paris. Boécio fugiu de Paris com Siger e mais tarde juntou-se à Ordem Dominicana na província da Dácia, nome que davam à Dinamarca.

Dedicou-se à lógica, filosofia natural, metafísica e ética. Era um racionalista, afirmando a supremacia da contemplação filosófica e da vida virtuosa como o propósito último da vida humana. Apesar da sua abordagem racionalista, Boécio procurou conciliar as suas investigações filosóficas com a sua fé cristã, reconhecendo a primazia da verdade revelada sobre as conclusões filosóficas em casos de conflito.

Nels F. S. Ferré

Nels Frederick Solomon Ferré (1908-1971) foi um teólogo sueco-americano que enfatizou o amor como o princípio interpretativo central da teologia.

Nascido em uma família batista na Suécia, emigrou aos Estados Unidos na adolescência. Recebeu formação em teologia filosófica, depois seria ordenado na Igreja Congregacional e seria contratado como professor de teologia filosófica na Andover Newton Theological School. Lecionou lá de 1937 a 1965. Também lecionou na Vanderbilt Divinity School de 1950-1957.

Foi um popularizador da teologia nos meados do século XX, escrevendo para uma audiência leiga. Escreveu mais de 30 livros.

Enraizado no Personalismo de Boston, sua teologia centrava-se no amor como categoria fundamental da vida e essência de Deus. Influenciado pela Filosofia do Processo, Ferré via Deus como dinâmico, evoluindo em conexão com a criação. A Teologia da Ágape desempenhou um papel fundamental, enfatizando o amor incondicional de Deus como a realidade última. O pensamento de Ferré encorajou a piedade pessoal, fomentando devoção e experiências místicas. Suas ideias principais retratavam Deus como relacional, criativo e em constante evolução, manifestado por meio do amor altruísta. Ferré imaginou a humanidade como co-criadora de Deus, chamada a encarnar o ágape no mundo. Rejeitando noções estáticas de realidade última, defendia uma comunhão dinâmica de amor. Ferré defendeu a experiência em vez do dogma, a harmonia entre razão e fé e a abertura para entendimento em evolução. Sua teologia priorizou a justiça social, prevendo um mundo transformado através do poder do ágape.

BIBLIOGRAFIA

Ferré, Nels. Faith and Reason. 1946.

Ferré, Nels. Evil and the Christian Faith. New York, 1947.

Ferré, Nels. The Christian Faith. 1948.

Ferré, Nels. Strengthening the Spiritual Life. 1951.

Ferré, Nels. Christ and the Christian.

Ferré, Nels. The Christian Understanding of God.

Ferré, Nels. Swedish Contributions to Modern Theology, 1967.

Krister Stendahl

Krister Stendahl (1921-2008) foi um teólogo e bispo sueco que teve um impacto significativo no campo dos estudos bíblicos e do diálogo inter-religioso.

Stendahl obteve seu doutorado em estudos do Novo Testamento na Universidade de Uppsala, na Suécia, em 1954. Em seguida, lecionou na Harvard Divinity School por muitos anos, onde atuou como reitor de 1968 a 1979. Em 1976, foi ordenado bispo de Estocolmo na Igreja da Suécia, e em 1984 tornou-se Bispo de Lund. Ele também foi professor visitante em várias universidades, incluindo Yale, Princeton e a Universidade da Califórnia em Berkeley.

Foi um proponente de uma teologia bíblica que buscava entender as crenças presentes e subjacentes a cada texto delimitado (perícope, livro) da Bíblia. Sua área de especialidade era os estudos paulinos.

As ideias teológicas de Stendahl focavam na importância de entender as diferentes religiões em seus próprios termos, em vez de julgá-las de uma perspectiva estreita e etnocêntrica.

Quando questionado sobre sua opinião acerca da construção de um templo mórmon na Suécia, respondeu com suas três regras para compreensão da religião alheia:

  1. Quando você tentar entender outra religião, deve perguntar aos adeptos dessa religião e não aos seus inimigos.
  2. Não compare o melhor de sua religião com o pior da religião alheia.
  3. Deixe espaço para a “inveja santa”: esteja disposto a reconhecer elementos na outra religião para admirá-la e que possa, de alguma forma, refletir em sua própria religião.

Gustaf Wingren

Gustaf Wingren (1910-2000) foi um teólogo luterano sueco que fez contribuições significativas nos campos da ética cristã e da interpretação bíblica. Ele estudou na Universidade de Uppsala e mais tarde tornou-se professor de teologia sistemática na Universidade de Lund.

Sua principal obra “The Living Word” é uma exploração teológica da natureza da Palavra de Deus conforme revelada na Bíblia. O principal argumento do livro é que a palavra de Deus não é um texto estático e fixo, mas uma força dinâmica e viva que continua a falar conosco hoje. Wingren argumenta que a Bíblia seria uma coleção de textos que foram moldados pelas experiências das pessoas que os escreveram e que esses textos podem ser lidos de novas maneiras em cada geração.

O livro é dividido em três partes. A primeira parte é uma discussão sobre a natureza da palavra de Deus e sua relação com a linguagem humana. Wingren argumenta que a palavra de Deus não é limitada pela linguagem humana, mas a transcende. Ele também examina as maneiras pelas quais a linguagem humana pode ser usada para expressar o divino.

A segunda parte do livro é um estudo da Bíblia como um texto vivo. Wingren explora a história da interpretação bíblica, mostrando como diferentes gerações abordaram a Bíblia de maneiras diferentes. Argumenta que a Bíblia seria um texto que nunca pode ser totalmente compreendido ou esgotado, e que continua a revelar novas verdades para nós hoje.

A terceira parte do livro é uma discussão das implicações práticas da palavra viva. Wingren argumenta que a Bíblia vai além de um livro de teologia, mas um guia para viver uma vida cristã. Ele mostra como a palavra viva pode informar nossas decisões morais e nossos relacionamentos com os outros.

A recepção de “The Living Word” tem sido amplamente positiva. O livro foi elogiado por sua abordagem criativa à interpretação bíblica e sua ênfase na natureza viva da palavra de Deus. Algumas críticas é que a proposta do livro seria muito subjetiva e minimizaria o contexto histórico da Bíblia.

BIBLIOGRAFIA

Wingren, Gustaf. The living word : a theological study of preaching and the church. Muhlenberg., 1949.

Frederick Franson

Frederick Franson (1852-1908) foi um evangelista sueco, promotor do avivamento escandinavo-americano e nos países nórdicos, além de extensivas viagens de pregação itinerante e missionárias pelo mundo.

Nascido em Pershyttan, Suécia, em uma família adepta do pietismo de Rosenius, sua família emigrou para a América em 1869, estabelecendo-se em Nebraska. Após um despertar religioso devido a um período de doença, seguiu uma vocação espiritual, filiando-se a uma pequena igreja batista em Estina, Nebraska, onde foi batizado, marcando o início de seu ministério.

Em 1875, conheceu o evangelista Dwight L. Moody. Tornou-se ativo no evangelismo em Chicago, impactando suas técnicas de pregação e promovendo uma atitude ecumênica. A pregação de Franson enfatizava o retorno iminente de Cristo com uma visão pré-milenista. Arguiu pela participação feminina na igreja e sociedade, sendo um pioneiro do feminismo cristão e do igualitarismo bíblico. Sua teologia centrava-se na pessoa de Cristo. Em detalhes, isso significa a busca pela verdade em Cristo, conforme encontrada na Palavra de Deus somente; uma nova vida em Cristo de cada crente, uma concomitante
de justificação; unidade e liberdade de todos os crentes Cristo, cada um condicionado pelo outro; o desejo de cada crente pelos dons e chamado em Cristo; “esperança em Cristo” tanto escatologicamente quanto na missão no mundo. Foi um proponente da cura pela fé.

Em 1879, iniciou uma missão entre escandinavos do Oeste americano. Servia tanto a luteranos, batistas, pietistas bem como a mórmons. Estabeleceu igrejas evangélicas não denominacionais em Nebraska, transcendendo as diferenças denominacionais.

Em 1881, embarcou numa viagem de pregação na Suécia, lançando as bases para o desenvolvimento do movimento pentecostal na Europa. Seu trabalho na Noruega levou à fundação de organizações missionárias livres, enquanto na Dinamarca enfrentou prisão e expulsão.

Ao retornar à América do Norte, Franson continuou seu trabalho missionário, formando a Missão da Aliança Escandinava (mais tarde conhecida como Missão da Aliança Evangélica) em Chicago em 1890. Esta organização tinha como objetivo unir igrejas e indivíduos, permitindo-lhes enviar missionários coletivamente, uma visão que tornou-se a base da TEAM (The Evangelical Alliance Mission). A dedicação de Fredrik Franson às missões transculturais levou ao crescimento e ao impacto do TEAM, com missionários trabalhando em mais de vinte campos ao redor do mundo. Franson havia se comprometido de responder o chamado de Hudson Taylor de enviar milhares de missionários para o mundo. Para tal, apelava para esta vocação em reuniões evangelísticas, bem como providenciava ocasionais treinamentos para mulheres e homens destinados às missões.

Franson fundou ou influenciou o início da história de quinze sociedades missionárias e denominações em nove países.

Edvard Torjesen. The Legacy of Fredrik Franson

BIBLIOGRAFIA

Franson, Frederick. Prophesying Daughters. April 1, 1896

Torjesen, Edvard “The Legacy of Fredrik Franson”. International Bulletin of Missionary Research. Julho 1991.