Atenágoras de Atenas

Atenágoras de Atenas (ca. 133 — 190 d.C.) foi um apologista cristão e filósofo platônico.

Convertido por volta do ano 160, talvez tenha lecionado em uma escola catequética em Atenas e naquela de Alexandria. Apresentou um dos mais antigos uso do termo trias, trindade.

Teria escrito Legatio pro Cristianis e De Resurrectione destinada aos imperadores Marco Aurélio e Cômodo.

Doutrina da processão

A doutrina trinitária da processão refere-se à compreensão de como as três pessoas da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – estão eternamente relacionadas umas com as outras. É uma explicação da maneira pela qual as três pessoas existem em sua natureza distinta, porém unificada, dentro da Divindade.

Nesta doutrina, processão refere-se à origem eterna ou relacionamento entre as pessoas da Trindade. Destaca como o Pai é a fonte ou origem do Filho e do Espírito Santo. Diz-se que o Filho é eternamente gerado ou gerado pelo Pai, enquanto o Espírito Santo procede do Pai (e em algumas tradições, do Pai e do Filho). Essas relações de processão são entendidas como eternas e intrínsecas à natureza de Deus.

A doutrina da processão ajuda a articular as distinções pessoais únicas dentro da Trindade. Afirma que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são simplesmente modos ou manifestações diferentes de Deus, mas pessoas distintas que compartilham um relacionamento coigual e eterno. O Filho e o Espírito Santo têm sua origem no Pai, mas são da mesma essência divina.

É importante notar que a compreensão e formulação precisas da doutrina da processão têm sido objeto de reflexão e debate teológico ao longo da história cristã, levando a algumas diferenças de ênfase e linguagem entre as tradições cristãs orientais e ocidentais. No entanto, a ideia fundamental da processão continua sendo um aspecto central da teologia trinitária, ressaltando as relações eternas e a interação das três pessoas da Trindade.

VEJA TAMBÉM

Filioque

Perichoresis

O termo grego perichoresis ou o latino circumincessio, ainda em português pericorese, reflete o conceito teológico de interpenetração mútua das pessoas da Trindade. Também pode ser traduzido como co-inerência ou comunhão divina. Denota algo estar-um-no-outro ou circunincessão das três Pessoas divinas da Trindade por causa da única essência divina, a eterno processão do Filho do Pai e do Espírito do Pai e (através do) Filho, e o fato de que as três Pessoas se distinguem apenas pelas relações de oposição entre elas. (Randall 2001). A perichoresis ilustra a unidade na diversidade.

O termo vem da palavra grega “perichoreo”, que significa “dançar” ou “interpenetrar”. O conceito de pericorese sugere que as três pessoas da Trindade compartilham uma habitação ou interpenetração mútua, de modo que cada uma está totalmente presente na outra. É uma relação dinâmica, harmoniosa e sem hierarquia.

O conceito de pericorese ganha saliência em Gregório de Nazianzo e João de Damasco. Neles o termo descreve a interpenetração das naturezas divina e humana em Cristo. Mais tarde, na Idade Média, teólogos como Tomás de Aquino usaram o termo para descrever a habitação mútua das três pessoas da Trindade.

O conceito de pericorese foi revisitado por teólogos como Jürgen Moltmann e John Zizioulas, que enfatizaram a importância do conceito para a compreensão da natureza de Deus e das relações humanas. Argumentam que o conceito de pericorese destaca a importância da unidade e da diversidade nas relações e pode servir de modelo para as relações humanas que buscam equilibrar individualidade e comunidade.

BIBLIOGRAFIA

Crisp, Oliver D.‘Problems with Perichoresis’ Tyndale Bulletin 56.1 (2005) 119-140.

Kasper, Walter. The God of Jesus Christ: New Edition. Bloomsbury Publishing, 2012.

Otto, Randall E. “The use and abuse of perichoresis in recent theology.” Scottish Journal of Theology 54.3 (2001): 366-384.

Rohr, Richard, and Mike Morrell. The divine dance: The trinity and your transformation. Whitaker House, 2016.

Basílio de Cesareia

Basílio de Cesareia ou Basílio Magno (331-379) escritor patrístico, foi monge e depois bispo de Cesareia, contado entre os Pais Capadócios.

Baseado na região da Capadócia, na atual Turquia é particularmente lembrado por seus escritos sobre a Trindade, especialmente o papel distintivo do Espírito Santo. Foi eleito bispo de Cesareia em 370.

Redigiu uma regra monástica. Era um erudito, educado na retórica clássica.
Rejeitou a doutrina aristotélica da eternidade da matéria e
do mundo. Em suas homilias sobre o Hexaêmeron argumenta que Deus fez o mundo existir no tempo por meio de um ato eterno intemporal (o tempo só começa com o mundo).

Proto-trinitarismo

Proto-trinitarismo refere-se às formulações que concebem Deus como uma multiplicidade complexa, todavia sendo um único Deus, antes dos consensos cristãos formulados nos concílios de Niceia e Calcedônia.

Nas Escrituras Hebraicas elementos aparecem no “Anjo de Yahweh” e “YHWH katan”, bem como em personificações do Espírito (Ruach), Sabedoria (Sophia), Glória (Shekinah), Palavra (Memra) e Filho do Homem. Também, Deus aparece como uma pleroma divina, assembleia divina ou em uma corte celestial.

No período do Segundo Templo esses elementos fruíram em concepções mais pluriúnicas de Deus por autores como Filo, os Targum, no chamado judaísmo enoquiano das pseudoepígrafas, no proto-rabinismo e na patrística cristã.

BIBLIOGRAFIA

Barker, Margaret. The Great Angel: A Study of Israel’s Second God. Louisville, KY: Westminster / John Knox Publishers, 1992.

Bauckham, Richard, “The Throne of God and the Worship of Jesus” Pages 43-69 in The Jewish Roots of Christological Monotheism: Papers from the St. Andrews Conference on the Historical Origins of the Worship of Jesus. Edited by C. Newman, J. Davila, and G. Lewis. Leiden: E. J. Brill, 1999

Bauckham, Richard, God Crucified: Monotheism & Christology in the New Testament. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1998

Boyarin, Daniel. “The Gospel of the Memra: Jewish Binitarianism and the Prologue to John,” Harvard Theological Review 94:3 (July, 2001), 243-284

Boyarin, Daniel, “Two Powers in Heaven; or, The Making of a Heresy,” in The Idea of Biblical Interpretation: Essays in Honor of James L. Kugel. Leiden: Brill, 2003, pp. 331-370.

Fossum, Jarl E. The Image of the Invisible God: Essays on the Influence of Jewish Mysticism on Early Christology. Göttingen: Vandenhoeck and Ruprecht, 1995.

Gathercole, Simon. The Pre-Existent Son: Recovering the Christologies of Matthew, Mark, and Luke. Grand Rapids: Eerdmans, 2006.

Gieschen, Charles. Angelomorphic Christology: Antecedents and Early Evidence. Boston: Brill, 1998, pp. 195, 196, 229–237.

Hannah, Darrell D. Michael and Christ: Michael Traditions and Angel Christology in Early Christianity. Wissenschaftliche Untersuchungen zum Neuen Testament 109. Tübingen: Mohr-Siebeck, 1999.

Heiser, Michael. The Unseen Realm: Recovering the Supernatural Worldview of the Bible. Bellingham: Lexham Press, 2015.

Hurtado, Larry W. One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism. Philadelphia: Fortress, 1988.

Hurtado, Larry W. “First-Century Jewish Monotheism.” Journal for the Study of the New Testament 71 (1998): 3-26.

Hurtado, Larry W. “The Binitarian Shape of Early Christian Worship.” In The Jewish Roots of Christological Monotheism, Papers from the St. Andrews Conference on the Historical Origins of the Worship of Jesus. Edited by Carey C. Newman, James R. Davila and Gladys S. Lewis, Supplements to the Journal for the Study of Judaism, ed. John J. Collins. Leiden: E. J. Brill, 1999, pp. 187-213 .

Hurtado, Larry W. How on Earth Did Jesus Become a God?: Historical Questions about Earliest Devotion to Jesus. Grand Rapids: Eerdmans, 2005.

Lee, Aquila H. I. From Messiah to Pre-existent Son. Wissenschaftliche Untersuchungen zum Neuen Testament 192. Tübingen: Mohr-Siebeck, 2005; reprinted Wipf and Stock, 2009.

Orlov, A. The Enoch-Metatron Tradition. TSAJ, 107; Tuebingen: Mohr-Siebeck, 2005.

O’Neill, J. C. “The Trinity and the Incarnation as Jewish Doctrines.” Who Did Jesus Think He Was? Brill, 1995.

Ronning. John, The Jewish Targums and John’s Logos Theology. Peabody: Hendrickson, 2010.

Segal, Alan F. Two Powers in Heaven: Early Rabbinic Reports about Christianity and Gnosticism. Leiden: E. J. Brill, 1977.