Babilônia


A antiga capital do reino da Babilônia e da Caldeia; foi construída em ambos os lados do rio Eufrates, em uma planície aluvial.

Em grego babylon correspondia ao acadiano e caldeu bab-ili, cuja etimologia seria “o portão de deus”. Os hebreus chamavam o país, assim como a cidade, de Babel (Bavli), denotando “confusão”.

Conquistada pelos persas e depois pelos gregos, perdeu sua importância política, mas reteve por séculos uma relevância regional. Residia ali uma grande comunidade israelita.

A Bíblia Hebraica menciona a Babilônia mais de 280 vezes. Passou a conotar sinônimo de exílio e opressão, depois de perversão. O episódio da Torre de Babel (a que os hebreus chamam de “confusão”) reflete o caráter cosmopolita de Babilônia e sua famosa torre escalonada (zigurate) dedicada a seu deus principal, Marduk.

A cidade aparece mencionada pela primeira vez no século XXIII a.C. e seria a captial do Antigo Império Babilônico no século XVIII a.C., quando talvez fora a maior cidade do mundo. Novamente, seria uma capital, dessa vez do Império Neobabilônico, entre 609 e 539 a.C.. Essa fase também coincide com sua máxima glória, quando foram construídos os imponentes jardins suspensos e sua população talvez tenha chegado a 200 mil habitantes.

A partir do período helenista a cidade foi perdendo sua importância política e demográfica gradativamente. Por volta do ano 1000 d.C. seu sítio foi abandonado em favor da vizinha Bagdá, a 90 km. No entanto, ainda na Antiguidade Tardia e no início da Idade Medieval foi um centro cultural e religioso importante. Foi um dos centros de propagação do cristianismo e sede de escola rabínica que influenciou na composição do Talmude.

No século X d.C. o erudito árabe Ibn Haukal, visitou a região, a qual estava em ruínas. Outro viajante, Benjamin de Tudela esteve na Babilônia entre 1160 e 1172 e descreveu as ruínas do palácio.

Baal

A palavra semítica baal, da raiz  b’l (hebraico בעל; acadiano bēlu [m]), significa como substantivo comum “dono”, “marido”, “senhor” e “mestre”. Também é um substantivo próprio para referir-se a diversas divindades semíticas, como Marduque recebe o apelativo Bel em acadiano.

Como substantivo próprio refere-se ao deus Baal com domínio sobre as forças naturais, o clima e relações sexuais quando associado com sua consorte Astarte. Outros deuses além desse Baal específico, também eram chamados de “baals” (baalim), além manifestações locais: Baal-Berith em Siquém (Jz 9:4); Baal de Peor em Sitim (Nm 25:3); Baal Zebube de Ecrom na Filístia (2Rs 1:2-3), de onde vem Belzebu; Baal de Hamom (Ct 8:11). Jezabel introduziu em Samaria a adoração de Baal, deus de Tiro, o qual seria Baal Meqart ou Baal Shamen (1Rs 18:19).

Há dezoito menções a baal sem especificar quem seria. Para complicar, até mesmo o Deus de Israel é, em raras ocasiões, chamado de baal. É nesse sentido que o termo parece em nomes de judeus, como o célebre Baal Shem-Tov (c. 1698 – 1760), o fundador do movimento hassídico. Dentre os versos mais notórios dessa referência de Deus como baal são os seguintes (traduções literais):

Ou o teu Criador [é] o teu Baal, YAHWEH Sabaoth é o seu nome, e o teu Redentor é o Santo de Israel, Deus de toda a terra, é chamado.

Isaías 54: 5

Não como o concerto que fiz com seus pais, no dia [que] tomei pela mão para trazê-los fora da terra do Egito que eles romperam meu concerto, e eu era Baal para eles, diz YAHWEH.

Jeremias 31:32

EL zeloso e [que] vinga,
YAHWEH vinga,
YAHWEH e Baal furioso vingará,
YAHWEH aos seus inimigos
e reservará
Ele [a vingança e a fúria] aos adversários.

Naum 1: 2


E aconteceu, naquele dia, uma afirmação de YAHWEH: Tu me chamarás – meu marido, e não me chamas mais – meu Baal.

Oseias 2:16

A denúncia ao culto a Baal aparece consistemente no período pré-exílico. Aparece no incidente de Peor (Nm 25), no ciclo de Elias e Jezabel (1Rs 16-22), na destruição do templo de Baal em Jerusalém na revolta contra Atalia (2Rs 11:18) e no conflito entre os adoradores de Yahweh e os seguidores de Baal (Jz 6:25-32; 1Rs 18:16- 40).

Baruque

Baruque filho de Nerias foi amigo e secretário (amanuense) de Jeremias.

Baruque aparece como membro da uma família importante em Jerusalém. Seu irmão, Seraías, era ministro do rei Zedequias (Jr 51:59). Em 605–604 a.C, Jeremias ditou suas profecias a Baruque, que bravamente leu o pergaminho para o povo no Templo e novamente para os ministros de Jeoiaquim (608–598 a.C). O pergaminho foi então lido ao rei, que o queimou, ordenando a captura de Jeremias e Baruque. Ambos se esconderam e reescreveram seu pergaminho (Jr 36). Baruque é mencionado uma segunda vez quando Jeremias resgata o campo de Hanamel em Anatote (Jr 32:12-16), e uma terceira e última vez (Jr 43:3) quando, apesar das advertências de Jeremias, “os comandantes das forças” fogem. para o Egito, levando Jeremias e Baruque com eles.

Os livros que levam seu nome tiveram uma história de recepção canônica complexa.

Duas bulas (impressões em argila) possivelmente são de Baruque, embora suas autenticidades sejam disputadas.

Benjamim

Benjamim (em hebraico: בִּנְיָמִין, Binyamin, que significa “Filho da Mão Direita” ou “Filho da Felicidade”) foi o décimo segundo e último filho de Jacó e o segundo filho que ele teve com sua esposa Raquel (Gênesis 35:16-18). No entanto, o nome também é atribuído a outros indivíduos nas Escrituras, particularmente em textos pós-exílicos.

  1. Benjamim, filho de Jacó, nasceu na jornada entre Betel e Efrata (Belém), e sua mãe, Raquel, morreu durante o parto, dando-lhe o nome de Benoni (“Filho da Minha Tristeza”). No entanto, Jacó mudou seu nome para Benjamim. (Gênesis 35:18).

Benoni, que significa “Filho da Minha Tristeza”, foi o nome que Raquel deu ao seu último filho no momento de sua morte, durante o parto. No entanto, Jacó, o pai, mudou o nome do menino para Benjamim, que significa “Filho da Mão Direita” ou “Filho da Felicidade”. Essa mudança de nome é registrada em Gênesis 35:18, destacando a transição da dor da perda da mãe para uma perspectiva mais auspiciosa para o futuro do filho. Benjamim se tornou o progenitor de uma das doze tribos de Israel.

A tribo de Benjamim ocupou um território central, nas colinas ao norte de Jerusalém.

O território da tribo de Benjamim fazia fronteira com Judá ao sul, Efraim ao norte, e incluindo cidades importantes como Jericó, Betel (na fronteira) e, posteriormente, Jerusalém (também na fronteira com Judá).

Figuras notáveis da tribo:

  • Paulo (Saulo) de Tarso: um dos apóstolos mais influentes do cristianismo, declarou ser da tribo de Benjamim (Romanos 11:1; Filipenses 3:5).
  • Eúde: um juiz que libertou Israel da opressão moabita (Juízes 3:15-30).
  • Saul: o primeiro rei de Israel (1 Samuel 9-31).
  • Mardoqueu e Ester: Figuras centrais no livro de Ester, que salvaram os judeus do extermínio no Império Persa. Embora o livro não especifique explicitamente suas tribos, a tradição judaica os associa à tribo de Benjamim, pois Mordecai é chamado de “benjamita” (Ester 2:5).

2. Benjamim, o Construtor, que ajudou a reconstruir o muro de Jerusalém (Neemias 3:23; 12:34).

3. Benjamim, descendente de Harim, um membro da família de Harim que se casou com uma mulher estrangeira e a repudiou por ordem de Esdras (Esdras 10:32).

4. Benjamim, filho de Bilã, um descendente de Benjamim, o patriarca (1 Crônicas 7:10).

Fórmula batismal

A fórmula batismal refere-se às palavras empregadas e a autoridade invocada no ato do batismo cristão.

Nos judaísmos do Segundo Templo e da Antiguidade Tardia, o batismo também era empregado como rito iniciático dos prosélitos convertidos. Porém, era algo impensável invocar a autoridade de alguém (um rabino ou um sacerdote) para tal ato, sendo ministrado somente sob a autoridade (em nome de) divina.

Na língua original do Novo Testamento, o grego, o uso da autoridade – o nome – possui nuances definidas principalmente pela regência das preposições que se perdem na tradução ao português. Por essa razão, há variações de sentidos da frase “em nome de” conforme diferentes contextos do Novo Testamento:

Mateus 28:19 eis to onoma: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Também em Atos 8:16; 19:5.

Esta construção gramatical (eis + acusativo) frequentemente indica uma transição, ou seja, um movimento para dentro, uma indicação de propósito, uma inserção dentro de um domínio.

Atos 2:38 epi to onomati: “E [disse]-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”.

Esta construção gramatical (epi + dativo) apresenta algumas dificuldades de compreensão. Normalmente é entendida como um ato baseado sobre autoridade de outrem; ato acerca de algo já revelado; ou invocação, chamar pelo nome. (At 22:16; Rm 10:9, 13). Foi “acerca desse nome” que os primeiros discípulos proclamaram o evangelho com audácia (At 4:17-18; 5:28, 40).

Atos 10:48 en to onomati: “Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias”.

Esta construção en + dativo é para os que já estão sob a autoridade, em contraste com aqueles que estão entrando (eis) sob a autoridade de alguém. Exemplos incluem os primeiros cristãos expulsarem demônios em nome de Jesus (en to onomati) (Mc 9:38; Lc 10:170) ou os profetas falarem em nome do Senhor (Tg 5:10,14).


A História do Cristianismo atesta que fluidez no uso das fórmulas batismais na Igreja primitiva e durante o primeiro milênio.

O batismo “em nome de Jesus” de Atos 2 aparentemente foi a fórmula mais amplamente praticada, embora a fórmula batismal encontrada em Mateus 28 é confirmada pela Didachê.

Uma fórmula credal interrogativa para o batismo foi usada nos primeiros séculos, seguida de uma imersão após cada questão. Entre cristãos do oriente, uma forma passiva “seja batizado” ou “és batizado” era preferida. No ocidente a fórmula com o celebrante na voz ativa passou a ser comum.

Whitaker (1965) argumenta que essas variantes fundiram-se em duas vertentes. Uma ocidental e credal e outra “síria” na voz ativa e baseada em Mt 28. Com o tempo, a versão síria popularizou-se, embora o uso da fórmula de At 2 continuasse a ser praticada.

Tomás de Aquino ensinou que palavras da fórmula batismal poderiam variar, mas não alteravam os efeitos materiais do batismo.

Como meio de evitar controvérsias e para uma conformidade bíblica, fórmulas combinadas de Atos 2 e Mateus 28 aparecem entre os morávios, luteranos e igrejas livres escandinavas, entre movimento dos irmãos, alguns do movimento de santidade, sendo adotada por Charles Parham e pela Congregação Cristã no Brasil.

Entre 1913-1916 surgiu uma controvérsia sobre a fórmula batismal entre os pentecostais. Um grupo argumentava que somente em nome de Jesus (At 2) seria válido. A partir daí nasceu o pentecostalismo unicista. A quase totalidade dos pentecostais trinitários adotaram a fórmula de Mateus 28, enquanto alguns grupos retiveram a fórmula combinada.

BIBLIOGRAFIA

Bell, E.N.“The ‘Acts’ on Baptism in Christ’s Name Only,” Weekly Evangel (June 12, 1915).

Ironside, Harry. Baptism: What Saith the Scripture?. Fruitvale, CA. 1915.

Hellholm, David, Christer Hellholm, Øyvind Norderval, and Tor Vegge. Ablution, Initiation, and Baptism. 1. Aufl. ed. Vol. 176. Beihefte Zur Zeitschrift Fur Die Neutestamentliche Wissenschaft. Berlin/Boston: Walter De Gruyter GmbHKG, 2011.

Heitmüller, Wilhelm. Im Namen Jesu: eine sprach-u. religionsgeschichtliche Untersuchung zum Neuen Testament, speziell zur altchristlichen Taufe. Vol. 1. Vandenhoeck & Ruprecht, 1903.

Whitaker, Edward C. “The History of the Baptismal Formula.” The Journal of Ecclesiastical History 16.1 (1965): 1-12.