Geniza de Cairo

Coleção de fragmentos de manuscritos recuperados na década de 1890 de um depósito de manuscritos descartados (“genizah”) na Sinagoga Ben Ezra no Cairo, Egito.

Os documentos datam do final do século IX até o século XIX. Eles incluem fragmentos de livros do Antigo Testamento, fragmentos de Targum, porções hebraicas do livro de Siraque, palimpsestos de livros do Novo Testamento e duas cópias do Documento de Damasco, encontrado mais tarde entre os Manuscritos do Mar Morto.

Amarna

Tel el-Amarna é o sítio arqueológico da antiga Akhetaton, a capital do Egito no século XIV a.C. durante o reinado de Amenhotep IV.

As cartas de Amarna são uma coleção de 382 tabuletas cuneiformes do século XIV a.C. da correspondência entre vários governantes do Antigo Oriente Próximo e dos faraós egípcios do Novo Império Amenhotep III, Amenhotep IV (Akhenaton), Smenkhkara e Tutankhamon.

O reinado de Akhenaton (1353-1336 aC), conhecido como ‘o faraó herege’ foi marcado por amplas reformas religiosas que resultaram na supressão das crenças politeístas e na elevação de seu deus pessoal Aton à supremacia.

Os templos de todos os deuses, exceto os de Aton, foram fechados, as práticas religiosas foram proibidas ou severamente reprimidas e a capital do país foi transferida de Tebas para a nova cidade do rei, Akhetaton (Amarna). Efetivamente, foi a primeira religião monoteísta de estado da história.

Em 1887 uma mulher local que estava cavando no barro em busca de fertilizante descobriu essas tábuas cuneiformes de argila. Elas contém 350 correspondências do Egito com a Assíria, Hatti, Mitanni, Babilônia e cidades-estados do Levante. Há referências a várias cidades cananeias mencionadas na Bíblia, dentre eles a carta a ‘Abdi-Heba, rei de Jerusalém. Em outras 32 tabuletas são exercícios de treinamento escribal, com valiosos textos literários como o conto de Adapa. Esses documentos fornecem uma janela para as relações internacionais da Idade do Bronze tardia.

O período de Amarna pode ser considerado a época da primeira globalização. Mercadorias do Extremo Oriente eram trocados via o Oceano Índico. O Egito comercializava comnos hititas. Há indícios de uma integração que envolvia toda a Bacia do Mediterrâneo.

Além de providenciar informações sobre o contexto bíblico, o período de Amarna fornece O grande hino a Aton ou Aten que apresenta paralelismo com o Salmo 104. As hipóteses de que o monoteísmo israelita seja devedor do monoteísmo da Reforma de Akehnaton hoje são desconsideradas: ontologicamente, Aton e Yahweh possuem atributos distintos.

Personagens importantes da história egípcia — Akhenaton, Nefertiti, Tutankhamon– viveram no período de Amarna.

BIBLIOGRAFIA

Cohen, R. Amarna Diplomacy. John Hopkins University Press, 2002.

LeMon, Joel M. “Egypt and the Egyptians” em Arnold, Bill T. and Brent A. Strawn eds. The World Around the Old Testament: The Peoples and Places of the Ancient Near East. Grand Rapids: Baker, 2016.

Moran, W.L. The Amarna Letters. John Hopkins University Press, 1992.

Pritchard, James B., ed., The Ancient Near East – Volume 1: An Anthology of Texts and Pictures, Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1958

The Amarna Project

Nabonido

Cerca de 3000 registros históricos apontam para Nabonido (555 – 539 a.C.) como o último monarca babilônico. As Crônicas de Nabonido (descobertas em 1884), as Inscrições de Nabonido em Harran (publicadas em 1956) e a Oração de Nabonido encontrada nos manuscritos do Mar Morto (4QPrNab) apontam para um período de ausência do rei. Nesse período, Nabonido teria ficado em Temã, um oásis no noroeste da Arábia, e seu filho Belsazar (r.550–539 a.C.) permaneceu como regente da Babilônia.

Os interesses de Nabonido pela história motivou-o a escavar em busca de artefatos, escrever uma cronologia da história mesopotâmica e construir um museu. Desconsiderando as deidades babilônicas estabelicida, teria voltado ao culto do deus Sin. Sin, Nanna dos sumérios, era representado pela lua crescente e tido como o criador de todas as coisas, pai dos céus e chefe dos deuses. É possível que em Dn 2-4 se refira a Nabonido.

Semelhante a Enkidu, o homem feral do épico de Gilgamesh, Nabucodonosor (ou Nabonido) teria vivido no campo como animal, antes de sua restauração. Por fim, após a sua morte, o Império Babilônico sucumbiu aos persas.

Oração de Nabonido (4QPrNab), originalmente composta por judeus que viviam na Babilônia, sugere que o rei sofria de um grave problema de pele. Então, Nabonido teria fugido da Babilônia para o deserto. Lá, orou ao Deus dos judeus por sua restauração.

Inscrições de Kuntillet ʿAjrud

Inscrições epigráficas encontradas em um caravançarai no deserto árido do Sinai central a cerca de 50 km ao sul de Cades-Barneia , datadas ente 801-770 a.C. Atestam ligações comerciais entre o Reino do Norte (Israel) e regiões do sul do Levante e do Egito, na rota do Mar Vermelho ao Mediterrâneo, conhecida hoje como Darb el-Ghazza.

Kuntillet ʿAjrud, em arábe para “Colina solitária dos poços”, floresceu no período Omríada. O sítio arqueológico foi descoberto em 1869 por Edward Palmer (1871), que acreditava ter encontrado Gypsaria, um antigo forte comercial romano na estrada entre Eilat e Gaza. Em hebraico o sítio é chamado Horvat Teman, “extremo sul”.

Escavações realizadas na década de 1970 encontraram dois grandes vasos com desenhos, grafitis e textos intrigantes. Os grafitis retratam várias divindades, humanos, animais e símbolos.

O sítio não possui menção bíblica, mas atesta a plausibilidade da fuga de Elias da perseguição no reino de Israel.

Duas inscrições notórias mencionam várias deidades semíticas, dentre elas “Yahweh e sua Asserá”.