Nínive

Nínive, em hebraico נִינְוֵה. A cidade capital assíria durante o Império Neo-Assírio, a partir de Senaqueribe (ca. 703 a.C.). A cidade seria uma das maiores da Antiguidade até ser destruida pela coalizão de babilônios e medos em 612. a.C., desde então continuaria habitada, mas já sem a glória ou poder anteriores.

Localizada na margem leste do rio Tigre, hoje é um sítio arqueológico importante próximo a Mossul, no Curdistão iraquiano.

Quase sempre Nínive aparece na Bíblia em tons negativos, associada à opressão e violência assíria. A cidade é denunciada por sua maldade e anunciada sua destruição iminente (Jn 1:2; Na 2:8; 3:7; Sf 2:13).

As referências do Novo Testamento a Nínive em Mt 12:41 e Lc 11:30 aludem ao livro de Jonas.

O palácio, as artes, os monumentos e a biblioteca de Nínive constituem importantes fontes históricos e literários para os estudos bíblicos.

BIBLIOGRAFIA

Dalley, Stephanie. “Nineveh after 612 BC.” Altorientalische Forschungen 20.1 (1993): 134-147. https://doi.org/10.1524/aofo.1993.20.1.134

Dick, Michael. “Tales of Two Cities (in the Second-Century Bce): Jerusalem and Nineveh.” Journal for the Study of the Pseudepigrapha 26, no. 1 (2016): 32–48. https://doi.org/10.1177/0951820716670776.

Halton, Charles. “How Big Was Nineveh? Literal Versus Figurative Interpretation of City Size.” Bulletin for Biblical Research 18 (2008): 193–207.

Larsen, Timothy. “Austen Henry Layard’s Nineveh: The Bible and Archaeology in Victorian Britain.” Journal of Religious History 33 (2009): 66–81.

Mesopotâmia

A Mesopotâmia é a terra dividida pelos rios Tigre e Eufrates. Localiza-se nas nações atuais do Iraque, Síria, Turquia, Kwaite e Irã.

Na Bíblia aparece em hebraico אֲרַ֥ם נַֽהֲרַ֖יִם, como Aram Naaraim (lugar alto entre dois rios) ou em grego Μεσοποταμία (terra entre rios) em Gn 24:10; Dt 23:4; Jz 3: 8; 1 Cr 19: 6; na sobrescrição do Sl 60; Jz 3:10 (subentendido); At 2:9; 7:2.

HISTÓRIA

A civilização mesopotâmica surgiu ao longo das margens dos rios Tigre e Eufrates, em uma área plana, cujas inundações depositavam sedimentos ricos em nutrientes, continha terras pantanosas e repletas de peixes e aves. Nessa região rica, a concentração de pessoas leva à fundação de primeiras cidades nas quais viviam pessoas com atividades não diretamente relacionadas com a produção de alimentos.

Por volta de 3200 a.C. o povo sumério desenvolveu uma sociedade urbana, abastecida por agricultura de cereais e suprida pelo comércio. Entre eles emergiu a escrita cuneiforme para fins contábeis, surgindo primeiros textos como os quirógrafos (recibos) escritos em tabuletas de argila.

Nessas cidades, desenvolveram tijolos queimados ao fogo entre 3500–3100 a.C., época em que começaram usar o betume como liga. Por volta do ano 3000 a.C. passaram a utilizar a roda com eixo para transportes. A tecnologia de alvenaria permitiu que a cultura mesopotâmica fizesse construção monumentais, mas a lenha para queima dos tijolos permanecia escassa, sendo mais comuns os tijolos secos ao sol.

Os mesopotâmicos construíram seus edifícios sobre os restos de outras construções. Analogamente, sobre o mesmo território uma sucessão de povos foram hegemônicos: sumérios, acadianos, guti, renascimento sumério (Uruk III), assírios, Mari, amoritas, hurritas, hititas, elamitas, caldeus ou neobabilônicos, persas, gregos, romanos, partas e árabes.

Mari

Sítio arqueológico na Mesopotâmia (Tel-el-Harari), no oeste da atual Síria. Localizada próximo ao Eufrates (c. 25 km), a cidade de Mari floresceu como centro comercial e político entre 2900 aC e 1750 aC. As escavações começaram em 1925 e em 1933 foi anunciado a descoberta de cerca 25.000 tabuletas na biblioteca queimada de Zimri-Lim escrita em acadiano de um período de 50 anos entre cerca de 1800 – 1750 a.C.

Mari constitui um relevante testemunho histórico para a Idade do Bronze Médio. Apesar de não haver muitos paralelos diretos com a literatura bíblica, Mari informa muito sobre costumes, nomes e temas encontrados na Bíblia. Há estelas sagradas, revelações proféticas registrados por escrito, a ascensão do jovem herói à realeza, nomes como Naor, Harã, Hazor, Laís, os pastoralistas seminômades amoritas, dentre outros.

As profecias escritas em Mari constituem um gênero literário importante para compreender seu análogo bíblico. Junto de outras profecias assírias datadas dos reinados de Essaradom (680-669 a.C.) e Assurbanipal (668-627 a.C.), as profecias de Mari formam um corpus de 130 textos cuneiformes desse gênero, estranhamente restritos a essas duas instâncias. Obviamente, esses documentos separados dos escritos bíblicos por mais de um milênio não influenciaram diretamente a composição das Escrituras Hebraicas, mas providenciam dados valiosos sobre os contextos histórico, social e literário,

BIBLIOGRAFIA

Malamat, Abraham. Mari and the Bible. Leiden: Brill, 1998.

Assíria

A Assíria ocupa a região da alta Mesopotâmia, no norte dos atuais Iraque e Síria, bem como sudeste da Turquia.

Nessa região na idade do Bronze (entre os século XXI e XIV) surgiram várias cidades-estados semíticas. No século X começou a reerger-se formando o Império Neoassírio.

A capital do Império Neoassírio era Nínive. Os assírios conduziram campanhas militares com sucesso por todo o Crescente Fértil. Nessa política expansionista adotaram a violência militar em massa e deportações sistemática como estratégias de dominação. Como meio de sustentar esse império, utilizaram a burocratização e os monumentos político-militares para fins de propaganda, os quais constituem importantes fontes históricas para o período.

No ano 722 a.C. destruíram o reino de Israel, arrasando sua capital Samaria.

Seria conquistado pelos babilônios por volta da virada do século VI a.C.

Os assírios figuram em vários livros bíblicos, sobretudo nos Livros dos Reis, Naum e Jonas.

Nabonido

Cerca de 3000 registros históricos apontam para Nabonido (555 – 539 a.C.) como o último monarca babilônico. As Crônicas de Nabonido (descobertas em 1884), as Inscrições de Nabonido em Harran (publicadas em 1956) e a Oração de Nabonido encontrada nos manuscritos do Mar Morto (4QPrNab) apontam para um período de ausência do rei. Nesse período, Nabonido teria ficado em Temã, um oásis no noroeste da Arábia, e seu filho Belsazar (r.550–539 a.C.) permaneceu como regente da Babilônia.

Os interesses de Nabonido pela história motivou-o a escavar em busca de artefatos, escrever uma cronologia da história mesopotâmica e construir um museu. Desconsiderando as deidades babilônicas estabelicida, teria voltado ao culto do deus Sin. Sin, Nanna dos sumérios, era representado pela lua crescente e tido como o criador de todas as coisas, pai dos céus e chefe dos deuses. É possível que em Dn 2-4 se refira a Nabonido.

Semelhante a Enkidu, o homem feral do épico de Gilgamesh, Nabucodonosor (ou Nabonido) teria vivido no campo como animal, antes de sua restauração. Por fim, após a sua morte, o Império Babilônico sucumbiu aos persas.

Oração de Nabonido (4QPrNab), originalmente composta por judeus que viviam na Babilônia, sugere que o rei sofria de um grave problema de pele. Então, Nabonido teria fugido da Babilônia para o deserto. Lá, orou ao Deus dos judeus por sua restauração.