Evidência inicial

A doutrina da evidência inicial, que afirma que falar em línguas é a evidência imediata do batismo no Espírito Santo, é um conceito central no movimento pentecostal. Sua história começa com Edward Irving, um ministro presbiteriano escocês que, entre 1792 e 1834, enfatizou a restauração dos dons espirituais, como falar em línguas, profetizar e curar. Embora ele não tenha formalizado a doutrina da evidência inicial, suas ideias sobre a imediatez do trabalho do Espírito influenciaram o pensamento pentecostal inicial.

Em 1901, Charles Parham, uma figura chave no movimento pentecostal, ensinou que falar em línguas era a “evidência bíblica” do batismo no Espírito Santo. Seus alunos na Bethel Bible College, em Topeka, Kansas, experimentaram falar em línguas, o que ele interpretou como a restauração do cristianismo apostólico. Isso marcou o início formal da doutrina da evidência inicial.

Entre 1904 e 1905, o Avivamento Gales, liderado por Evan Roberts, enfatizou a conversão pessoal, a santidade e o poder transformador do Espírito Santo. Embora as línguas não fossem uma característica proeminente do avivamento, seu enfoque na imediatez do trabalho do Espírito criou um clima espiritual que influenciou os movimentos pentecostais subsequentes.

Entre 1905 e 1907, a Missão Mukti, na Índia, liderada por Pandita Ramabai, tornou-se um centro de avivamento. Muitos lá experimentaram fenômenos carismáticos, incluindo falar em línguas, profetizar e curar. A Missão Mukti não formalizou a doutrina da evidência inicial, mas suas experiências influenciaram líderes pentecostais, incluindo os da Revival de Azusa Street.

Entre 1906 e 1909, a Revival de Azusa Street, liderada por William J. Seymour, em Los Angeles, tornou-se o epicentro do movimento pentecostal. Falar em línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo foi um ensinamento central em Azusa. O avivamento atraiu pessoas de todo o mundo, espalhando a doutrina globalmente.

Na década de 1910, William Durham desafiou a visão da santificação como uma segunda obra de graça, defendendo uma teologia do “trabalho concluído”. Embora ele mantivesse a doutrina das línguas como evidência inicial, seu enfoque no trabalho concluído de Cristo no Calvário levou a uma divisão dentro do movimento pentecostal.

Em 1914, foi fundada a Assembleia de Deus, que em 1916 adotou formalmente a doutrina da evidência inicial em sua Declaração de Verdades Fundamentais. Isso marcou a institucionalização da doutrina dentro do pentecostalismo clássico.

Na década de 1920, F.F. Bosworth, um evangelista pentecostal proeminente, questionou a necessidade das línguas como evidência inicial, argumentando que o Novo Testamento não a manda explicitamente. Sua dissidência levou a uma controvérsia e sua saída da Assembleia de Deus.

Na década de 1930, a Igreja Metodista Pentecostal do Chile foi fundada, saindo de uma divisão dentro da Igreja Metodista no Chile. Embora influenciada pela teologia pentecostal, ela não adere estritamente à doutrina da evidência inicial, enfatizando a experiência transformadora e alegre do batismo no Espírito.

Em 1970, James Dunn publicou “Baptismo no Espírito Santo”, desafiando a visão pentecostal clássica. Dunn argumentou que o batismo no Espírito Santo é principalmente sobre a conversão-iniciação e não uma experiência subsequente evidenciada pelas línguas. Seu trabalho provocou um debate significativo e levou os teólogos pentecostais a reexaminar suas bases doutrinárias.

Na década de 1980 e 1990, teólogos pentecostais como Gordon Fee, Howard Ervin e Roger Stronstad responderam à crítica de Dunn, defendendo a distinção do batismo no Espírito Santo, enquanto ofereciam interpretações mais nuanciadas da evidência inicial.

Em 1991, foi publicado “Evidência Inicial: Perspectivas Históricas e Bíblicas sobre a Doutrina Pentecostal do Batismo no Espírito Santo”, editado por Gary B. McGee. Este livro defendeu uma posição pentecostal clássica, enquanto abordava críticas e oferecia perspectivas teológicas mais amplas.

Na década de 2000, Frank Macchia emergiu como uma voz líder na teologia pentecostal, argumentando por uma compreensão mais ampla do batismo no Espírito Santo. Ele criticou a exclusividade da doutrina da evidência inicial, vendo as línguas como um dos muitos sinais do trabalho do Espírito.

Na década de 2010, a doutrina da evidência inicial continua a ser debatida no pentecostalismo. Scholar como Amos Yong e Simon Chan exploraram suas implicações para o diálogo ecumênico, o pentecostalismo global e as teologias contextuais. Embora a doutrina permaneça central nas denominações pentecostais clássicas, há um crescente enfoque na inclusividade e na diversidade das manifestações do Espírito.

Glossolalia

Glossolalia é um fenômeno caracterizado pela produção de sons ou sílabas não vinculados a uma linguagem estruturada ou reconhecível. Frequentemente ocorre em contextos religiosos e espirituais, especialmente em estados de éxtase, e pode ser associado a experiências de trânsito espiritual ou manifestações do divino. Embora o termo seja frequentemente ligado ao cristianismo, ele não se limita a essa tradição: práticas semelhantes são encontradas em culturas xamânicas e em outras expressões religiosas em todo o mundo. Para o cristianismo carismático e pentecostal, não é o fenômeno em si que manifesta o batismo do Espírito Santo, mas sua recepção teológica, a qual reconhece o papel maior desta charismata — dons do Espírito — no propósito do Evangelho.

Glossolalia no Cristianismo

No contexto cristão, a glossolalia é comumente referida como “falar em línguas” e possui diferentes interpretações teológicas e práticas. Ela é associada ao dom do Espírito Santo e pode se manifestar de duas formas principais:

  • Xenolalia: Quando o indivíduo fala em uma língua humana real, desconhecida por ele, mas possivelmente compreendida por ouvintes (cf. Atos 2, Pentecostes).
  • Glossolalia: Quando o falar em línguas assume a forma de uma linguagem espiritual ou celestial, não inteligível para seres humanos (cf. 1 Coríntios 12 e 14).

O termo “glossolalia” não aparece na Bíblia, mas a frase “falar em línguas” (em grego, glōssais lalein) é mencionada explicitamente em três livros do Novo Testamento: Marcos 16:17, Atos (2:3–4, 11; 10:46; 19:6), e na discussão de Paulo sobre os dons espirituais em 1 Coríntios 12–14.

1. Paulo e a Igreja em Corinto

Paulo discute extensivamente a glossolalia em sua primeira carta aos Coríntios. Em 1 Coríntios 12:10, ele menciona “diversidade de línguas” como um dos dons espirituais (charismata), juntamente com a capacidade de interpretá-las. Contudo, no capítulo 14, Paulo critica a supervalorização da glossolalia, especialmente quando ela não é acompanhada de interpretação. Ele adverte que o falar em línguas deve servir à edificação da comunidade e não apenas à experiência pessoal de quem fala.

Paulo distingue entre o uso privado da glossolalia – como oração e louvor individual – e seu uso público. No culto, o dom é permitido apenas se houver alguém com o dom da interpretação (1 Cor 14:27-28). O apóstolo ressalta ainda a importância de orar com entendimento (1 Cor 14:14-19), colocando a profecia, por sua clareza e edição comunitária, acima do falar em línguas.

2. Pentecostes (Atos dos Apóstolos)

Em Atos 2, a glossolalia assume uma forma singular e distinta. Durante o evento de Pentecostes, os apóstolos falam em “outras línguas” (heterais glossais) de maneira milagrosa, sendo compreendidos por ouvintes de diversas regiões e idiomas. Aqui, o fenômeno é descrito como um “milagre de idiomas” e não como um discurso éxtático.

Por outro lado, em Atos 10:44-48 e 19:5-6, a glossolalia é apresentada como uma manifestação do Espírito Santo em contextos de conversão ou batismo, sem detalhamento sobre sua compreensão.

3. Evangelho de Marcos

No apêndice do Evangelho de Marcos (16:17), o falar em “novas línguas” é citado como um sinal que acompanhará os fiéis, ao lado de outros milagres como curas e proteção contra serpentes. O texto não fornece detalhes sobre a natureza desse dom nem sua compreensibilidade.

Pentecostalismo e a Glossolalia

No movimento pentecostal, a glossolalia ocupa um lugar central como sinal do batismo no Espírito Santo. Para os pentecostais clássicos, há duas principais formas de falar em línguas:

  1. Edificação Pessoal: A glossolalia pode ser utilizada como “língua de oração” ou “língua dos anjos” (cf. 1 Cor 14,2), permitindo que o indivíduo ore e adore a Deus de forma espiritual e não racional.
  2. Edificação Comunitária: Em um culto público, o falar em línguas deve ser acompanhado pelo dom de interpretação para que a comunidade compreenda e seja edificada.

História na Tradição Cristã

A história da glossolalia na tradição cristã apresenta lacunas significativas. Pentecostais frequentemente argumentam que o fenômeno foi marginalizado após o período apostólico devido à associação com seitas heterodoxas, como os montanistas do século II, mencionados por Eusébio. Apesar dessas lacunas, houve ocorrências esporádicas ao longo da história, como na mística medieval (por exemplo, Hildegarda de Bingen) e em contextos missionários, como no caso de Francisco Xavier.

O reavivamento moderno da glossolalia está associado ao movimento de Santidade do século XIX e ao reavivamento da Rua Azusa em 1906, liderado por William Seymour. Este evento foi crucial para a disseminação do fenômeno no movimento pentecostal global, embora interpretações teológicas sobre o papel da glossolalia tenham evoluído significativamente desde então.

Perspectivas Teológicas Contemporâneas

Nos últimos anos, teólogos pentecostais têm reinterpretado a glossolalia. Por exemplo, alguns veem o fenômeno como uma expressão sacramental (Vondey, 2018) ou como um chamado ao engajamento social pluralista (Wariboko, 2012). Outros destacam sua relevância para combater o nominalismo cristão e aprofundar a experiência de conversão (Poewe, 1994). A glossolalia também tem sido reinterpretada como um “mistério,” enfatizando a inadequação da linguagem humana para descrever Deus, em contraste com a abordagem mais racionalista do início do movimento.

Machia, Chan, Yong e Cartledge ensinam sobre a relação entre o falar em línguas e o batismo no Espírito Santo, enfatizando seu papel como um sinal sacramental e transformador, em vez de meramente evidencial. O batismo no Espírito não é apenas um evento pontual, mas um processo contínuo. A glossolalia, nesse contexto, é um sinal do movimento de Deus para redimir e transformar toda a criação. Por esse sinal, a humanidade tem a viva esperança de que o Espírito Santo está dinamicamente libertando a criação e estabelecendo o reinado do amor divino na história.

Para muitos pentecostais, a glossolalia proporciona um meio de comunhão profunda com Deus, funcionando como um ato de autoedificação espiritual (1 Coríntios 14:4). Embora línguas não interpretadas não transmitam conteúdo inteligível, elas podem expressar emoções e afetos que intensificam a conexão entre o orador e o Espírito Santo, transformando os afetos do praticante à luz da obra divina (Romanos 8:26–30).

Estudos Linguísticos e Antropológicos

Estudos científicos lançaram luz sobre a natureza da glossolalia, especialmente através dos trabalhos de William J. Samarin e Felicitas Goodman. Em suma, os registros de glossolalia não se restringem a círculos cristãos (ocorre até mesmo em contextos não religiosos) e não possuem características de um sistema linguístico.

Em seu estudo clássico Tongues of Men and Angels (1972), Samarin descreveu a glossolalia como “linguagem sem significado”, embora com estrutura fonológica semelhante às línguas humanas. De acordo com Samarin (1972), a glossolalia é composta por elementos sonoros familiares ao falante (consoantes, vogais e sílabas), organizados de forma aparentemente gramatical, mas sem um significado discernível. Samarin concluiu que, embora a glossolalia imite a estrutura superficial de uma língua, ela não apresenta organização interna nem relação sistemática com conceitos específicos, sendo “uma fachada de linguagem”.

Estudando comunidades pentecostais e práticas em outras religiões, Felicitas Goodman (1971) concluiu que não há diferenças linguísticas entre a glossolalia cristã e fenômenos similares em culturas não cristãs.

Heather Kavan (2004) também confirmou que os sons emitidos durante a glossolalia refletem os padrões fonéticos da língua nativa do falante. A conclusão geral é que, embora a glossolalia possa parecer linguística, ela não possui função comunicativa sistemática.

Pesquisas em neurociência indicam que a glossolalia envolve áreas do cérebro diferentes das usadas na linguagem cotidiana, com redução na atividade do córtex pré-frontal, o que é consistente com as experiências descritas pelos praticantes. Estudos antropológicos vinculam o fenômeno a aspectos corporais e estéticos, enquanto pesquisas sociológicas desmistificam associações anteriores com neurose ou patologias.

Considerados o conhecimento científico disponível acima, Amos Yong propõe uma interpretação mais simbólica da glossolalia. Ele sugere que ela representa a diversidade linguística e cultural como parte da unidade divina. Nesse sentido, a glossolalia se torna uma expressão do reino escatológico, onde todas as línguas e nações adorarão a Deus em harmonia.

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Testamento de Jó

O Testamento de Jó é um texto apócrifo que conta a história da vida de Jó após suas provações e tribulações. Inclui conversas com sua esposa e filhos, reflexões sobre a natureza do sofrimento e da redenção e visões da vida após a morte. O texto enfatiza a importância da perseverança, fé e humildade diante da adversidade e fornece um poderoso exemplo da luta humana para entender os caminhos de Deus.

No estilo de uma hagadá, um conto popular judaico, o Testamento de Jó retrata seu protagonista como rei de Edom e escravo de Satanás. Contudo, Jó era um homem justo e quebrou a estátua de Satanás. Por isso, Satanás se vingou de Jó quando recebeu permissão de Deus para ferir Jó e sua família – sua propriedade foi destruída, seus filhos morreram, foi ferido com furúnculos e sua esposa Sitidos tornou-se escrava. Depois de passar nas provações, ele se casou com uma nova esposa, que, segundo o livro, é Diná, filha de Jacó. Dela Jó criou sete filhos

O livro segue o gênero de testamento ou discurso de despedida. No final de sua vida, Jó reúne seus filhos e filhas para dar-lhes suas instruções e exortações finais. Como herança, Jó dá às suas três filhas três cordões de várias cores vindos do céu. Quando colocam os cordões, elas começam a falar, louvando a Deus nas línguas dos anjos, arcontes e querubins, respectivamente. (Testamento de Jó 46–48). Há muitos paralelos com as crenças cristãs que os leitores cristãos encontram, como intercessão com Deus e perdão.

Foi escrito entre o século 1 a.C. e fnal do século 1 d.C. O livro foi originalmente escrito em hebraico ou aramaico, mas foi perdido e preservado apenas em uma tradução para o copta do século V.

BIBLIOGRAFIA

Testament of Job (em inglês).

George Saunders

George Saunders (1946-2020) foi um antropólogo que realizou seus estudos psicológicos e etnográficos no norte da Itália.

Saunders estudou a história da antropologia na Itália e o pentecostalismo italiano. O envolvimento de Saunders com os estudos europeus ficou evidente em seu envolvimento com a Society for the Anthropology of Europe, uma seção da American Anthropological Association que ele ajudou a fundar em 1986. Além de sua pesquisa na Itália, ele fez um trabalho com refugiados Hmong em Appleton, Wisconsin, e na Índia. Saunders foi professor de antropologia na Lawrence University por 26 anos, onde orientou e ensinou alunos. Ele foi premiado com o Young Teacher Award logo após chegar a Lawrence e passou a presidir seu departamento e foi nomeado para uma posição dotada como Henry Merritt Wriston Professor de Ciências Sociais.

Seus papéis e notas de campo foram guardados no Smithsonian National Anthropological Archives.

Em sua pesquisa etnográfica, Saunders fez trabalho de campo em duas congregações pentecostais na Toscana. Saunders explora por que algumas pessoas escolhem o cristianismo pentecostal em um contexto tão completamente dominado pelo catolicismo.

professor da Lawrence University.

Nascido em Perris, Califórnia, fez serviços no Corpo da Paz na Venezuela e extenso trabalho de campo etnográfico na Itália. Saunders explorou a interseção do Cristianismo Pentecostal e da cultura italiana. Utilizou as categorias de presença e crise de presença de Ernesto de Martino em suas análises etnográficas conduzidas em congregações pentecostais na Itália.

Seu livro The Language of the Spirit: Heart and Mind in Italian Evangelical Protestantism estava quase completo 2001 quando foi diagnosticado com tumor cerebral. Sua obra seria publicada em italiano, Il Linguaggio dello Spirito: Il Cuore e la Mente nel Protestantesimo Evangelico (2010).

Nesse livro, Saunders define uma epistemologia pentecostal distinta daquela das cosmovisões “científicas” contemporâneas e da maioria das cosmovisões seculares. Os pentecostais sabem com o coração e consideram a experiência emocional mais profunda e confiável do que o conhecimento da mente. Adicionalmente, enquanto na maior parte da cultura ocidental a linguagem é considerada uma faculdade “intelectual”, os pentecostais “irracionalizam-na” através de orações, falar em línguas, testemunhos e pregações. Essas práticas epistemólogicas e comunicativas são intimamente associadas com cura e uma ideologia da totalidade da pessoa. A concepção crente do mundo e do eu é contra a disjunção contemporânea entre emoção e razão, o físico e o espiritual, o divino e o comum. Por fim, os milagres são uma subversão das instituições que parecem controlar a vida das pessoas na Itália. O milagre resolve as burocracias, médicos que decretam a vida e a morte, uma economia que fornece recursos de forma inconsistente e famílias das quais dependemos, mas que acabam por serem não confiáveis.

O livro argumenta que o pentecostalismo constitui uma espécie de “contracultura” ou “antiestrutura” que reflete e contesta os valores centrais da cultura popular italiana. A epistemologia pentecostal é destacada, o que inclui a confiança em uma epistemologia distinta daquela das cosmovisões “científicas” e mais seculares contemporâneas. Os pentecostais “conhecem com o coração” e consideram a experiência emocional mais profunda e confiável do que o conhecimento da mente. A prática pentecostal torna a linguagem e a fala centrais para a experiência religiosa. O livro se conecta a vários gêneros e tipos de literatura, como a natureza da cultura e das contradições internas na cultura, literatura recente sobre o eu e a emoção na antropologia psicológica e trabalhos recentes sobre o Eu como uma construção cultural.

BIBLIOGRAFIA

Saunders, George. Il Linguaggio dello Spirito: Il Cuore e La Mente nel Protestantesimo Evangelico (The Language of the Spirit: Heart and Mind in Italian Evangelical Protestantism). George Saunders, trans by Adelina Talamonti into Italian. Pisa: Pacini Editore. 2010.

Elizabeth Baxter

Mary Elizabeth Foster Baxter (1837-1926) escritora, missionária e biblista britânica.

Nasceu em uma família de quakers em Worcestershire, na Inglaterra. Converteu-se aos 21 anos e dedicou-se ao ministério evangelístico. Juntou-se à Mildmay Mission, centro de diaconia e de treinamento de diaconisa, entre 1866 e 1868.

Casada com Michael P. Baxter em 1868, foram pais de Michael Paget Baxter. O casal fundou a Casa Bethshan em 1880 para cuidar da cura do corpo e da alma. Foram influenciados por Andrew Murray, D. L. Moody e Ira Sankey. Em razão disso, participaram ativamente do movimento “Higher Christian Life”, promovido por William E. Boardman e difundido pela Convenção de Keswick.

O casal apoiava as campanhas de Moody na Inglaterra, publicando um pequeno jornal chamado “Signs of Our Times”. O jornal expandiu-se e adotou um novo nome, “The Christian Herald”.

Em viagem em férias à Suíça, o casal começou a realizar reuniões evangelísticas. Durante uma viagem na Alemanha, Elizabeth teve a experiência de ser capaz de pregar em alemão o suficiente para ser entendida, embora ela soubesse apenas poucas palavras do idioma. Nesse período, Elizabeth conheceu o pastor Otto Stockmayer, Samuel Zeller e teve contato com as obras de Dorothea Trudel e Johann Blumhardt.

Em 1886, os Baxters abriram uma casa de treinamento missionário, formando centenas de missionários. Estabeleceram as Missões Gerais Kurku e Central Hills e Ceilão e Índia na Índia. Na década de 1890, Elizabeth viajou pelo Canadá e pelos Estados Unidos. Em 1894, também conheceu e tornou-se amiga de Carrie Judd (mais tarde Montgomery), que havia aberto sua própria casa de recuperação em Nova York. Mais tarde, viajaria para as missões na Índia.

Publicou mais de quarenta livros, além de tratados volantes e panfletos. Seu Women in the Word (1897) faz um panorama com vários perfis de mulheres nas Escrituras.

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