Inscrição de Idrimi

A inscrição de Idrimi é uma curta narrativa da biografia de um rei pastoralista registrada em sua estátua.

Consistindo de 104 linhas escritas em um dialeto provincial do acadiano, e registra as vicissitudes autobiográficas do rei Idrimi na base de sua estátua.

A inscrição fornece um relato vívido da vida e das conquistas de Idrimi, incluindo os eventos que o levaram a fugir da Síria. Detalha a fuga de sua família de Aleppo para Emar, seu tempo entre os guerreiros Hapiru em Canaã e sua eventual instalação como rei em Alalakh, que governou por 30 anos.

A inscrição está escrita em acadiano usando escrita cuneiforme e é reconhecida como uma das primeiras biografias completas de uma figura política descoberta.

Idrimi formou uma aliança com os Hapiru, que é uma das primeiras referências históricas a este grupo. A inscrição Idrimi menciona um grupo de nômades apátridas chamados Hapiru, que viviam nas colinas cananeias.

Possui paralelos com a vida dos patriarcas e com as fugas e lideranças de tropas irregulares de Davi.

A inscrição Idrimi oferece informações valiosas sobre o contexto político e histórico do Antigo Oriente Próximo durante o final da Idade do Bronze, aproximadamente 1600-1200 aC.

Período dos juízes

O período anterior à monarquia e posterior à conquista de Canaã. Coincide com o final da idade de Bronze e início da idade do Ferro, quando os israelitas viviam em uma sociedade tribal. Os livros de Juízes e Rute, bem como parte dos livros de Josué e 1 Samuel, são ambientados nesse período.

Os juízes (sophetim) eram líderes militares que apareceram para enfrentar opressores específicos. Não há alusão de que suas autoridades alcançavam todo o povo de Israel ou que sucederam um a outro.

Idade do Bronze

A Idade do Bronze foi um período arqueológico (3300-1200 a.C.) caracterizado pela ampla transição da sociedade agrária para a urbana, pela cultura escribal e pelo comércio de longa distância.

Um dos pilares da economia pastoral urbana no Levante era a produção e o comércio de têxteis. Na segunda metade do terceiro milênio a substituição de linho por lã liberou extensões consideráveis ​​de terras aráveis ​​para a agricultura básica, enquanto a produção de fibras se deslocou para as zonas marginais, mais adequadas à ovinocultura.

Coincide com surgimento da civilização sírio-cananeia, o período dos patriarcas e do êxodo.

BIBLIOGRAFI
Lester L. Grabbe (ed.) The Land of Canaan in the Late Bronze Age. Londres: Bloomsbury T & T Clark, 2016.

Código de Hamurabi

É um conjunto de leis compiladas durante o reinado de Hamurabi em c.1750 a.C. na Babilônia. Constitui um importante paralelo bíblico, principalmente para as normas de Êx 20-23.

Não se trata de um código legal no sentido moderno, mas uma compilação de normas, a maioria de leis casuísticas (aquelas que declaram uma ordem ou proibição condicional). Outras compilações legais já existiam em várias sociedades mesopotâmicas, mas o Código de Hamurabi é o mais completo.

O rei Hamurabi, do Antigo Império Babilônico, expulsou invasores, juntou cidades vizinhas e fez da Babilônia a capital. Seu código é provavelmente uma compilação de decisões tipicamente invocadas por analogia no direito costumeiro mesopotâmico. Não há indicações de que tenha sido citado ou empregado por subsunção.

Esta estela foi encomendada por Hamurabi, provavelmente após seu 35º ano de reinado, quando ele derrotou Zimri-Lim, governante de Mari. É um monumento monolítico talhado em rocha de diorito. Compreende 46 colunas escritas em acádio. São 282 normas legais em 3.600 linhas. A numeração vai até 282, mas a cláusula 13 foi excluída por provável motivo de mau agouro. Possui 2,25 m de altura, 1,50 m de circunferência na parte superior e 1,90 m na base.

Código de Hamurabi organizado tematicamente

  • Direito processual: acusações falsas (1-4), alteração de decisões legais (5), questões de testemunhas (7, 9-12).
  • Direito penal: Roubo (6-12, 21-25, 259-260), Compra de propriedade roubada (6-7), sequestro (14), assassinato (153).
  • Escravidão: (15-20) escravidão temporária para pagar dívidas (117-119), mulheres escravizadas e esposas (141, 144, 146-147), filhos de escravos podem adquirir direitos de filhos naturais (171-172), direitos da mãe e dos filhos quando a esposa é livre e o marido é escravo (175-176), marcação para venda (226-227), preço em caso de morte acidental (252), questões de compra (278-282).
  • Soldados: (26-29, 32-35) e esposa de prisioneiros de guerra (133-135)
  • Direito imobiliário: usucapião (30-31), venda ou transferência de título de propriedade (imóvel alugado: 36-38, posse: 39-40), inquilino ou agregado (42-47, 253-256), contratação de alguém para cultivar terra que não tinha sido usada (60-65)
  • Responsabilidade de danos materais: inundação e Irrigação (53-56), pastoreio ilegal (57-58), corte de uma árvore (59)
  • Dívidas: produto da terra como garantia (48-52), escravidão temporária para pagar (117-119), acordos pré-nupciais (151-152)
  • Direito laboral: (256-257, 261, 272-277)
  • Corretagem e comércio: conflitos com o comerciante (100-107)
  • Tabernas: (108-111)
  • Confiar bens a terceiros em custódia: (112-113, 120-126)
  • Restrição ao uso da força para recuperação de posse: (114)
  • Prisioneiros: (115-116)
  • Crimes sexuais e acusações: (127-132), Incesto (154-158)
  • Custos de construção e passivos: (228-233)
  • Custos de envio e responsabilidades: (234-240)
  • Aluguel de animais: (241-249, 268-271)
  • Responsabilidades dos pastores: (262-267)
  • Lesões corporais: (195-205), morte acidental (206-208), aborto (209-214), lesões de um animal (251-252)
  • Profissão médica: (206), custos cirúrgicos e negligência (215-223), custos veterinários e negligência (224-225)
  • Direito de família: abandono: esposa do prisioneiro de guerra (133-135), marido abandona a esposa (136), divórcio: o marido deseja se divorciar da esposa (137-140), a esposa deseja se divorciar do marido (141-143), poligamia: esposa e serva (144-147), a primeira esposa sofre de longa doença (148-149), responsabilidade por dívidas: (151-152), incesto: (154-158), casamento: (159-161), problemas com o dote se a esposa morrer: (162-164), herança: direito da esposa de distribuir os bens dados a ela (150), partilha (166-167), deserdar um filho (168-169), direitos dos filhos da esposa e filhos da serva (170-171), direitos de esposa após a morte do marido (171-172), distribuição do dote quando a esposa morre após o novo casamento (172-174), direitos da mãe e dos filhos quando a esposa é livre e o marido é escravo (175-176), viúva guardiã dos bens dos filhos após novo casamento (177), direitos de herança de uma filha (178-184), adoção: (185-193) cuidados com a criança: (194).

Paralelos entre a Bíblia e o Código de Hamurabi

SAIBA MAIS

Código de Hamurabi: um resumo

Mari

Sítio arqueológico na Mesopotâmia (Tel-el-Harari), no oeste da atual Síria. Localizada próximo ao Eufrates (c. 25 km), a cidade de Mari floresceu como centro comercial e político entre 2900 aC e 1750 aC. As escavações começaram em 1925 e em 1933 foi anunciado a descoberta de cerca 25.000 tabuletas na biblioteca queimada de Zimri-Lim escrita em acadiano de um período de 50 anos entre cerca de 1800 – 1750 a.C.

Mari constitui um relevante testemunho histórico para a Idade do Bronze Médio. Apesar de não haver muitos paralelos diretos com a literatura bíblica, Mari informa muito sobre costumes, nomes e temas encontrados na Bíblia. Há estelas sagradas, revelações proféticas registrados por escrito, a ascensão do jovem herói à realeza, nomes como Naor, Harã, Hazor, Laís, os pastoralistas seminômades amoritas, dentre outros.

As profecias escritas em Mari constituem um gênero literário importante para compreender seu análogo bíblico. Junto de outras profecias assírias datadas dos reinados de Essaradom (680-669 a.C.) e Assurbanipal (668-627 a.C.), as profecias de Mari formam um corpus de 130 textos cuneiformes desse gênero, estranhamente restritos a essas duas instâncias. Obviamente, esses documentos separados dos escritos bíblicos por mais de um milênio não influenciaram diretamente a composição das Escrituras Hebraicas, mas providenciam dados valiosos sobre os contextos histórico, social e literário,

BIBLIOGRAFIA

Malamat, Abraham. Mari and the Bible. Leiden: Brill, 1998.