S. P. Tregelles

Samuel Prideaux Tregelles (1813–1875) foi um estudioso bíblico inglês, filólogo, lexicógrafo, hebraísta, crítico textual e teólogo.

Tregelles nasceu em Falmouth, Cornualha, filho de pais quacres, mas mais tarde tornou-se membro dos Irmãos de Plymouth. Na fase final, mesmo mantendo doutrinas quakers e dos irmãos de Plymouth, juntou-se à Igreja Anglicana. Sofreu uma paralisia em 1870, a qual o afetou até sua morte. A partir de 1862 passou a receber uma pensão civil em reconhecimento por seu trabalho de £200 por ano.

Tregelles conheceu e correspondia com o núcleo evangélico livre e associado à Igreja Suíça de Florença. Escreveu o Prisioner of Hope, denunciando a perseguição contra Francesco e Rosa Madiai.

Com o título de LL.D. pela St Andrews recebido em 1850, Tregelles fez um meticuloso trabalho crítica textual para reconstruir o Novo Testamento grego. Nesse projeto, viajou em 1845 para compilar manuscritos em Roma, Florença, Modena, Veneza, Munique e Basileia. Tregelles também foi autor de vários livros. Participou do comitê de revisão da KJV que supervisionou a preparação da tradução da Bíblia conhecida como Versão Revisada, publicada em 1881, seis anos após sua morte.

Um biblista meticuloso e um teólogo moderado, Tregelles rejeitou o pós-milenismo e o dispensacionalismo, bem como o surgimento de partidários da primazia do Textus Receptus, como Jacob Tomlin. Também desconsiderava a identificação do catolicismo ou do papado como o anticristo.

BIBLIOGRAFIA

Tregelles, Samuel P. Passages in the Old Testament connected with the Revelation. 1836.

Tregelles, Samuel P. “‘An account of English Versions’ in the ‘Introduction’ to English Hexapla (London, 1841).”

Tregelles, Samuel P. Hebrew Reading Lessons. 1845.

Tregelles, Samuel P. Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament. 1847. (Transactions of Gesenius Lex)

Tregelles, Samuel P. Heads of Hebrew Grammar. 1852.

Tregelles, Samuel P. Interlineary Hebrew & English Psalter. 1852.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Greek Concordance to the New Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Hebrew and Chaldee Concordance to the Old Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. Account of the Printed Text of the New Testament. 1854.

Tregelles, Samuel P. An Introduction to the textual criticism of the New Testament. 1856.

Tregelles, Samuel P. The Ways of the Line (anon., 1858).

Tregelles, Samuel P. New Testament Greek Text (in parts, 1857-72).

SOBRE TREGELLES

Stunt, Timothy C. F. The Life and Times of Samuel Prideaux Tregelles: A Forgotten Scholar. Christianities in the Trans-Atlantic World; Palgrave Macmillan, 2020.

George Müller

George Müller (1805-1898) foi um evangelista e líder do movimento dos Irmãos (de Plymouth), além de humanitário e defensor dos órfãos.

Nascido na Alemanha, Müller tornou-se missionário na Inglaterra onde fundou vários orfanatos e escolas que cuidaram de milhares de crianças.

Müller ficou conhecido por sua fé na provisão de Deus e sua confiança na oração pelas necessidades de seus ministérios. Fundou seu primeiro orfanato em Bristol e recusava a pedir dinheiro ou fazer apelos de arrecadação de fundos, mas, em vez disso, confiou que Deus supriria as necessidades dos orfanatos e escolas.

Seus diários e escritos documentam muitos exemplos da provisão milagrosa de Deus, incluindo a provisão de alimentos, roupas e até mesmo edifícios.

A influência de Müller no movimento dos irmãos foi significativa, pois sua fé e confiança na oração inspiraram muitos crentes a confiar na provisão de Deus para suas próprias vidas e ministérios. Defendeu o estudo pessoal da Bíblia e do evangelismo, encorajando os crentes a compartilhar sua fé e fazer discípulos.

Hannah Whitall Smith

Hannah Whitall Smith (1832-1911) foi uma escritora, quaker, pioneira do feminismo cristão e líder do movimento Holiness e do movimento de Keswick.

Nascida em Filadélfia, Smith veio de uma família quaker e mais tarde se envolveu com o Movimento dos Irmãos (de Plymouth) e a Igreja Metodista. Aderiu ao movimento de Santidade e percorreu vários circuitos pregando a santificação.

O livro de Smith, “O Segredo do Cristão para uma Vida Feliz”, tornou-se um clássico no movimento de Santidade e tem sido amplamente lido por cristãos que buscam aprofundar sua caminhada espiritual. Neste livro, Smith enfatizou a importância de entregar a própria vontade a Deus, confiando em Seu amor e cuidado e buscando viver uma vida de santidade e alegria em meio aos desafios da vida.

Esteve na Inglaterra junto de seu marido Robert Pearsall Smith, onde fundou a Convenção de Keswick, um encontro anual que reunia crentes para um tempo de ensino, adoração e comunhão focado no tema da santidade.

Hannah Whitall Smith na Broadlands Conference – pintura de Edward Clifford, 1887.

Piero Guicciardini

Conde Piero Guicciardini (1808 – 1886) político, filantropo, reformador e colecionador. Expoente do risveglio italiano, estava entre os fundadores das Igrejas livres mais tarde chamadas de Igreja dos Irmãos.

Nasceu em Florença. Petencia a uma das principais famílias da aristocracia toscana da qual o historiador e diplomata Francesco Guicciardini (1483-1540) foi um expoente.

Foi ativo na vida pública florentina. Envolveu-se nas causas da educação pública, reformas na agricultura, liberdades civis e inclusive religiosa. Convivendo entre expatriados evangélicos, entre eles experimentou uma conversão.

Por volta de 1836 recebeu uma Bíblia em italiano e frequentava as reuniões de oração com a evangélica suíça Matilde Calandrini, que havia fundado um asilo em Pisa. Ao redor dela, consolidou-se um grupo livre de culto, leitura bíblica e santa ceia, animado pelo risveglio.

Foi eleito vereador em Florença em 1850, mas no ano seguinte foi preso em razão de sua fé. O caso gerou grande controvérsia pública. Depois de seis meses de reclusão foi exilado, indo à Suíça, França e Inglaterra.

Nesse último país conheceu e congregava entre os evangélicos italianos organizados em uma igreja livre. Nesse grupo, pela adesão aos princípios eclesiológicos, incorporou-se ao movimento dos Irmãos de Plymouth. Nessa época revisou a Bíblia italiana na versão Diodati, a qual foi publicada pelas sociedades bíblicas.

Dada suas conexões políticas, conseguiu autorização dos liberais italianos engajados com o Rissorgimento para ter a liberdade de culto. Assim, passou a dar apoio aos evangelistas na Itália até que em 1859 pode retornar à Toscana. Entretanto, decepcionou-se com as promessas de liberdade do unificado Reino da Itália, passando a transitar entre lá e a Inglaterra, já que se tinha naturalizado britânico. Assumiu cargos eletivos novamente em Florença e passou a colecionar livros relevantes para o protestantismo italiano.

Grupos de evangélicos não afiliados viviam em tensão com os valdenses e outras denominações na Itália. Desse modo, progressivamente foram se afastando e formando congregações reunidas sob esses princípios:

  • Centralidade do sacrifício de Cristo;
  • Vivência radical do sacerdócio universal dos crentes, reservando aos ministros ordenados o papel de cooperadores (“operai”) em serviço da Igreja;
  • Realização da Santa Ceia possivelmente a cada reunião;
  • Rejeição de formalismo litúrgico;
  • Comunhão plena com qualquer pessoa nascida de novo.

Visto a adesão a esses princípios, Guicciardini compartilhava muito com o movimento dos Irmãos de Plymouth. No entanto, rejeitava a teologia dispensacionalista de John Nelson Darby bem como o crescente exclusivismo nesse movimento, entre os fratelli stretti.

Em 1865 foi reunida em Bolonha uma convenção das igrejas livres italianas. No entanto, já despontava um cisma. O ramo congregacionalista e enfocado em um evangelicalismo espiritual liderado por Guicciardini e T. P. Rossetti tornou-se a Chiese Cristiane dei Fratelli. Já o grupo mais politizado, com ênfase no anticatolicismo, liderado por Alessandro Gavazzi, Luigi Desanctis e Bonaventura Mazzarella formou a Chiesa Cristiana Libera – Chiesa Evangelica Italiana, existente entre 1870 e 1904, de organização presbiteriana.

BIBLIOGRAFIA

https://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=261

Maselli, D., ‘Piero Guiccardini. Il conte evangelico’, in D. Bognandi e M. Cignoni (eds.), Scelte di fede e di libertà. Profili di evangelici nell’Italia unita, Torino: Claudiana, 2011.

Ronco, D.D., ‘Per me vivere è Cristo’. La vita e l’opera del conte Piero Guicciardini nel centenario della sua morte, 1808-1886, Fondi: UCEB, 1986

Spini, G., Risorgimento e protestanti, Torino: Claudiana, 2008.