Hirão de Tiro

Hiram I, também conhecido como Hirão de Tiro, foi um rei fenício que governou Tiro no século X a.C. Manteve relação diplomática e comercial com os reis israelitas Davi e Salomão, conforme relatado na Bíblia em livros como 1 Reis e 2 Crônicas.

A Bíblia apresenta Hirão como amigo e aliado de Davi e Salomão. Forneceu madeira de cedro do Líbano e artesãos qualificados para a construção do palácio de Davi e, mais notoriamente, do Templo de Salomão em Jerusalém. Também manteve relações comerciais com Salomão, trocando materiais como madeira, ouro e pedras preciosas.

O historiador judeu Flávio Josefo, escrevendo no século I, menciona Hirão em seus relatos, baseando-se em fontes bíblicas e fenícias. Josefo descreve projetos arquitetônicos em Tiro e a expansão do porto da cidade, atribuídos ao reinado de Hirão.

Inscrições fenícias, embora limitadas, oferecem evidências sobre as atividades de construção de Hirão e corroboram sua relação com os israelitas.

Hirão desempenhou um papel diplomático crucial, promovendo relações pacíficas e comerciais entre Israel e os fenícios, beneficiando economicamente ambos os reinos. Sua colaboração na construção do Templo de Jerusalém, apesar de ser adepto de outras divindades, reflete uma postura de cooperação e tolerância religiosa. Além disso, o comércio conduzido sob seu reinado facilitou o intercâmbio de bens, técnicas e ideias culturais. A habilidade artesanal e a arquitetura fenícia influenciaram significativamente a cultura material israelita.

Tiro

Tiro (em fenício: 𐤑𐤓, romanizado: Ṣūr, em hebraico Tzor, significa “rocha”, grego Τύρος) no Líbano é uma das cidades continuamente habitadas mais antigas do mundo. (Cf. Is 23: 5-7).

Na idade do Ferro tornou-se um importante centro comercial e cidade-estado. Teve colônias pelo Mar Mediterrâneo, frequentemente chamado de Mar Tírio: ilhas do mar Egeu, Cartago, Sicília e na Córsega, na Espanha em Tartesso e em Gadeira (Cádiz). Junto do comércio floresceu uma indústria artesanal.

A cidade é elencada como parte da herança da tribo de Asser (Js 19:24–31). Contudo, os israelitas nunca a conquistaram (Js 13:3-4; 2 Sm 24:7). Durante a monarquia, Davi e Salomão tiveram uma aliança amigável com Hirão, rei de Tiro. (2 Sm 5:11; 1 Re 5:1-14; 9:11; 2 Cr 2: 3).

Antes da época de Hirão (cerca de 960 aC), Tiro tinha sido duas ilhas, mas ele uniu-as (Flávio Josefo).

Tiro recebeu várias denúncias dos profetas que predisseram sua destruição (Is 23: 1; Jr 25:22; Ez 26; 28: 1-19; Joel 3:4 ; Am 1:9–10; Zc 9: 2–4).

Após a restauração, no tempo de Neemias o povo de Tiro fazia comércio no mercado de Jerusalém (Ne 13:16).

Embora hoje seja uma península, já foi uma ilha, cuja ponte terrestre foi construída no verão de 332 a.C. na conquista pelas forças de Alexandre, o Grande. A insularidade é atestada em Ez 27:32, que diz: “Quem era como Tiro, quando foi silenciada no meio do mar?”

No Novo Testamento, Jesus refere-se a Tiro como um exemplo de cidade impenitente (Mt 11: 21–22; Lc 10:13), mas ministrou à sua população, como a mulher cananeia (Mt 15: 21–28).

A igreja foi estabelecida em Tiro (At 11:19). Paulo esteve por uma semana com os discípulos no retorno de sua terceira viagem missionária (At 21:2–4).

BIBLIOGRAFIA

Katzenstein, H. J. “Tyre (Place)” Anchor Bible Dictionary, Vol. VI, pp. 686-692.

Sarepta

Em hebraico צרפת, cidade fenícia entre Tiro e Sidom, no atual Líbano. Obadias 1:2 menciona a cidade como limite de Canaã.

No ciclo de Elias Sarepta aparece sujeita a Sidom (1 Re 17:8-24). O profeta encontrou refúgio na casa de uma viúva em Sarepta, a qual multiplicou a farinha e o azeite além de trazer seu único filho a vida. Este perícope é mencionado por Jesus (Lc 4:26) como um exemplo da amplitude de Deus para os não israelitas (gentios).

O local constitue um importante sítio arqueológico, dado a seu relativo status imperturbado. Situa-se próximo à moderna cidade de Sarafand.

BIBLIOGRAFIA

Pritchard, James B. Recovering Sarepta, a Phoenician City: Excavations at Sarafund, 1969-1974, University Museum of the University of Pennsylvania. Princeton: Princeton University Press, 1978.

Fenícia

A Fenícia é o nome grego da faixa costeira central do Levante, dentro da qual está o moderno estado do Líbano. A Bíblia nunca chama de “Fenícia” a região costeira de Canaã, mas menciona cidades específicas como Sidom e Tiro.

Várias cidades-estados fenícias – Tiro, Sidom, Sarepta, Arvade, Biblos e Beirute – lançaram frotas mercantes ao mar. Os fenícios eram povos cananeus e sua bem atestada língua (foram inventores do alfabeto) é a mesma dos israelitas, constituíndo o hebraico uma mera variante posterior.

 No século X aC, o rei Hiram ou Hirão e Tiro é notoriamente apresentado como um aliado próximo primeiro de Davi (2 Samuel 5:11, 1 Reis 5:1, 1 Crônicas 14:1) e depois de Salomão (1 Reis 9:11), que ajudou o último a construir o templo para o Senhor em Jerusalém. Todavia, Ezequiel 26-28 critica Tiro. Jezabel de Sidom casou-se com o rei Acabe de Samaria, incentivando a adoração de Baal. 

Durante o período assírio, Assurbanípal (668–627 aC) sitiou Tiro, e Nabucodonosor a sitiou por treze anos (586–573 aC; Ezequiel 26:1-28:19). Sidom, ressurgiu como a cidade dominante da Fenícia no período persa (539-330 aC). 

Jesus viajou para esta região (Marcos 7:24; cf. v. 26), bem como primitivos cristãos (Atos 11:19; 15:3; 21:2).