Megillat Antiochus

A Megillat Antiochus (מגילת אנטיוכוס), também conhecida por nomes como Megillat HaHashmonaim, Megillat Hanukkah ou Megillah Yevanit, é um livro apócrifo que narra a história do Hanukkah e as vitórias militares dos macabeus sobre os gregos selêucidas no século II a.C.

Embora compartilhe eventos com os Livros de Macabeus, ela se distingue por sua própria narrativa e elementos lendários. A obra foi originalmente composta na língua aramaica judaico-palestino, provavelmente entre os séculos II e V d.C., com uma tradução hebraica literal surgindo por volta do século VII. Algumas fontes sugerem que sua composição visava promover a observância do Hanukkah na Baixa Mesopotâmia, possivelmente em resposta à ascensão do Caraísmo, que rejeitava as tradições orais rabínicas.

O texto da Megillat Antiochus começa com uma descrição da grandeza de Antíoco e sua campanha contra Jerusalém, incluindo a profanação do Templo e a proibição de práticas judaicas essenciais como o sábado, o Rosh Chodesh e a circuncisão. A narrativa prossegue com os atos heroicos dos macabeus, destacando figuras como João, filho de Matatias, e suas vitórias contra os generais gregos, como Nicanor e Bagris. Ao final, a Megillah relata a purificação do Templo e o milagre do azeite, que, insuficiente para um dia, durou oito, instituindo assim a festa de Hanukkah.

Apesar de sua importância cultural e litúrgica para algumas comunidades judaicas, especialmente as iemenitas e, historicamente, as italianas, que a liam publicamente no Hanukkah de maneira semelhante à leitura do Livro de Ester no Purim, a Megillat Antiochus não é considerada canônica e contém anacronismos e imprecisões históricas. Por exemplo, ela descreve Antioquia como uma cidade costeira, atribui a João, filho de Matatias, o título de Sumo Sacerdote e uma longevidade do reinado de Antíoco que não se alinha com outras fontes históricas. A presença de passagens copiadas do Primeiro Livro dos Macabeus, juntamente com a adição de lendas talmúdicas, sugere uma compilação posterior com propósitos devocionais e edificantes, e não um relato estritamente histórico. No entanto, sua ampla circulação em manuscritos e edições antigas da Bíblia hebraica demonstra seu significado na tradição judaica medieval, mesmo que as comunidades fossem advertidas a não proferir uma bênção antes de sua leitura.

Abominação da desolação

A expressão abominação da desolação constitui um tema profético de relevância na Bíblia, com origem no livro de Daniel e retomado por Jesus nos Evangelhos. Este conceito tem sido amplamente debatido por estudiosos, sendo frequentemente associado tanto a eventos históricos quanto a expectativas escatológicas futuras.

No contexto bíblico, o termo aparece primeiramente no livro de Daniel, onde descreve um ato sacrílego que profana o templo judeu. Em Daniel 9:27, é mencionada a figura de um governante que estabelece uma aliança com muitos e, posteriormente, a rompe, culminando na instalação de uma “abominação que causa desolação” no templo. Em Daniel 11:31, forças adversárias profanam o santuário, suspendem os sacrifícios regulares e erguem a abominação. Já em Daniel 12:11, é reiterado o tema, indicando um período definido por este ato abominável. Esses textos são frequentemente relacionados ao reinado de Antíoco IV Epifânio, que, em 167 a.C., profanou o templo ao erigir um altar a Zeus e realizar sacrifícios de porcos, práticas vistas como extrema idolatria e blasfêmia contra Deus.

Nos Evangelhos, a “abominação da desolação” é mencionada por Jesus no discurso do Monte das Oliveiras. Em Mateus 24:15-16, Jesus adverte que, ao verem a “abominação da desolação” no lugar santo, os ouvintes deveriam fugir. Este aviso é frequentemente interpretado como uma referência à destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelas forças romanas, um evento visto por muitos como cumprimento parcial da profecia de Daniel.

As interpretações acerca deste conceito dividem-se entre abordagens históricas e escatológicas. Na perspectiva histórica, a abominação é vista como cumprida nos eventos do período macabeu, com Antíoco IV, ou na destruição do templo em 70 d.C. Tais episódios marcaram momentos de profunda desolação e sofrimento para o povo judeu. Já na interpretação escatológica, sustenta-se que, embora tenha havido um cumprimento histórico, a profecia possui também um aspecto futuro.

Teologicamente, a “abominação da desolação” simboliza um desafio direto à autoridade e ao culto de Deus. Representa a corrupção espiritual e a idolatria que conduzem à desolação, entendida tanto como destruição física quanto como vazio espiritual. Este ato é interpretado como uma prova para os fiéis, desafiando sua lealdade a Deus em meio à perseguição e à tentação de conformar-se aos poderes terrenos. Assim, a “abominação da desolação” permanece um símbolo de alerta e reflexão na tradição cristã.

Simão

Simon do hebraico שִׁמְעוֹן, Shimon, helenizado como Symeon, em grego Συμεών.

  1. Simão, um dos doze discípulos de Jesus, chamado de cananeu (Mateus 10:4; Marcos 3:18) e de Zelota (Lucas 6:15; Atos 1:13),
  2. Simão, pai de Judas Iscariotes (João 6:71 ; 13:2,26).
  3. Simão, irmão do Senhor (Mateus 13:55; Marcos 6:3).
  4. Simão, fariseu em cuja casa “uma mulher da cidade que era pecadora” ungiu os pés de nosso Senhor com unguento (Lucas 7:36-38).
  5. Simão, leproso de Betânia, em cuja casa Maria ungiu a cabeça de nosso Senhor com unguento “enquanto ele estava sentado à mesa” (Mateus 26:6-13; Marcos 14:3-9). Talvez o mesmo acima.
  6. Simão Cirineu, um judeu de Cirene, no norte da África, na Líbia. Ajudou a carregar a cruz de Jesus. Chamado de “pai de Alexandre e Rufo” (Mateus 27:32), indicando uma possível participação posterior na Igreja cristã.
  7. Simão Mago, um feiticeiro entre os samaritanos (Atos 8:9-11 ). Convertido, foi repreendido por Pedro (Atos 8:18-23) por querer comprar ofícios espirituais, derivando-se o termo simonia.
  8. Simão, o curtidor, um cristão em Jope, um tanoeiro ou curtidor, com quem Pedro se hospedou (Atos 9:43). Durante tal estada, Pedro teve sua visão dos animais limpos e impuros (Atos 9:43; 10:5-6; 10:32)
  9. Simão Pedro (Mateus 4:18 ).
  10. Simão Macabeu, filho de Matatias. 
  11. Simão Niger ou Simeão Niger, um dos profetas de Antioquia (Atos 13:1).

Macabeus

Macabeu, “martelo”, era o apelido dado à família dos Hasmoneus. A designação serve ao conjunto de livros com esse título e à família de líderes desse período (167-64 a.C.).

Durante o período helenista (332-64 a.C.), a Judeia esteve alternada vezes sob o controle dos selêucidas da Síria e ptolomeus do Egito — estados sucessores de Alexandre, o Grande. No final do século II, o rei selêucida Antíoco IV Epifânio, impôs uma política de culto oficial contrária ao monoteísmo israelita, como parte de uma política de homogeneização sociocultural chamada de “helenismo”.

A família dos Macabeus liderou a resistência militar, política e religiosa na Judeia. Na década de 180 d.C. a região estava controlada pelos selêucidas e o rei Antíoco IV. No entanto, para consolidar sua autoridade impôs uma política de aliança religiosa que implicava na adesão aos cultos tidos como idólatras. A revolta teve início quando de oficiais vieram cumprir os decretos de Antíoco na aldeia de Modein. Lá, um sacerdote idoso chamado Matatias vivia com seus cinco filhos: João “Gadi”, Simão “Thassi”, Judas “Macabeu”, Eleazar “Avaran” e Jônatas “Afo”. Matatias reagiu espotaneamente. Matatias, recusou a fazer o sacrifício requerido, matou o oficial selêucida e fugiu para as montanhas com seus cinco filhos. Acompanhados dos ‘piedosos’ (hassidim), iniciaram uma guerra de guerrilha que resultou na independência de um estado judeu liderado pela família dos macabeus. Seu ato deu início de uma revolta que se tornaria uma guerra. Eventualmente, a independência foi conquistada. A Judeia foi governada pela dinastia Hasmoneana, descendentes de Simão, o único filho de Matatias a sobreviver à guerra.

Mais tarde, com a chegada do poder romano na região e dada as disputas internas na própria família dos macabeus e o oportunismo político dos herodianos, a dinastia sucumbiu.

LIVROS DOS MACABEUS

Os livros que levam seus nomes e os registros de Flávio Josefo constituem as principais fontes sobre eles. Os livros dos Macabeus são importantes para a reconstrução histórica e da mentalidade desse período. Não integram o cânone judeu ou protestante, mas alguns deles são aceitos como deuterocanônicos em diversas denominações católica e ortodoxas orientais. Registram o início da Festa das Luzes (1 Macabeus 4:36–4:59; 2 Macabeus 1:18–1:36) ou da Dedicação (João 10:22-25), quando o Templo foi reconsagrado depois de ter sido profanado e feito “abominação da desolação”.

1 Macabeus: relata a revolta dos macabeus desde a ascensão de Antíoco IV Epifânio ao trono selêucida (Síria) em 175 aC até a morte de Simão, um dos líderes da resistência judaica e, em seguida, sumo sacerdote e etnarca, em 132 a.C.

2 Macabeus: outra versão da revolta dos Macabeus, escrita de uma perspectiva da profanação ao Templo e seu culto, culpando os judeus que abraçaram o helenismo como responsáveis.

3 Macabeus: apesar do nome, narra a perseguição aos judeus na época anterior aos macabeus quando o faraó  Ptolomeu IV Filopator (221–203 a.C.) decidiu perseguir os judeus em todo o território sob controle do Egito.

4 Macabeus: registra uma oração memorial dos mártires mencionados em 2 Macabeus 6-7. Defende as motivações religiosas e as quatro virtudes cardeais – prudência, temperança, coragem e justiça – sobre as emoções. A família de Eleazar e os sete irmãos com sua mãe são primeiros exemplos.

Antíoco IV

Antíoco IV Epífanes (reinado de 175 a 164 a.C.) foi um governante selêucida que proibiu o judaísmo na tentativa de helenizar a Judeia.

A revolta dos Macabeus explodiu em reação ao sacrifício de Antíoco a Zeus no templo, o que foi chamado de “abominação da desolação” (Dn 11:31; 12:11; 1 Mac 1:54).