Judite

  1. Judite, a esposa heteia de Esaú, apesar de o nome significar “judia”. Gn 26:34.
  2. Livro de Judite.

O Livro de Judite é um livro deuterocanônico encontrado em algumas versões em grego,Ítala, Vulgata, etíope, armênio e copta do Antigo Testamento.

O papel central atribuído a Jerusalém e seu Templo indica que o autor seja da terra de Israel, e não na Diáspora.

Nos manuscritos bíblicos siríacos, Judith às vezes é colocada em um “Livro das Mulheres”, junto com Susanna, Ruth e Esther.

A história começa com Nabucodonosor, rei dos assírios (um anacronismo), em guerra contra Arfaxade, rei dos medos. Depois de vencer a guerra, Nabucodonosor envia seu comandante-chefe, Holofernes, para subjugar as nações do oeste. Holofernes conquista com sucesso muitos povos costeiros, mas quando confronta os judeus da Judeia, eles se recusam a se render.

Holofernes sitia a cidade de Betúlia, cortando o abastecimento de água. A cidade fica cada vez mais desesperada e Uzias, o líder da cidade, promete se render aos assírios se não houver mudança nos cinco dias seguintes. É então que a história apresenta Judite, uma bela, rica e piedosa viúva.

Ela vai até a tenda de Holofernes e o encanta com sua beleza, acabando por decapitá-lo enquanto ele está bêbado. Judite traz a cabeça de Holofernes de volta para Betúlia, onde os israelitas derrotam os assírios.

O Livro de Judite contém referências a eventos que abrangem cinco séculos, desde os assírios do século VII aC até eventos pós-exílicos, quando os judeus recuperaram a posse de Jerusalém e seu templo no final do século VI aC. O livro é geralmente datado de algumas décadas de 100 aC.

Salmo 151

O Salmo 151 é um salmo normalmente considerado apócrifo em várias tradições ocidentais e judias com base no Texto Massorético, mas parte do cânone ortodoxo e presente entre os manuscritos do Mar Morto e em algumas edições da Vulgata.

O Salmo 151 tem uma sobrescrição davídica e é situado no evento de Davi e Golias. Narra a história do jovem Davi, dentro dos relatos de 1 Sam 16–17. O salmo é atribuído a Davi e descreve seu humilde começo como pastor e sua eventual ascensão ao poder como rei de Israel. Ele ecoa a unção de Davi como rei e sua vitória sobre o gigante Golias.

Pela sua ausência no Texto Massorético, imaginou-se por muito tempo que seria uma composição originalmente em grego. No entanto, aparece junto com vários salmos não canônicos no Rolo dos Grandes Salmos (1QPsalmsa), o qual demonstrou que na realidade a versão da Septuaginta é uma tradução abreviada desse salmo em hebraico. A versão grega é chamada de Salmo 151A e a do Mar Morto de Salmo 151B.

1. Eu era pequeno entre meus irmãos
e o mais novo na casa de meu pai;
Eu cuidava das ovelhas do meu pai.

2 Minhas mãos fizeram uma harpa;
meus dedos formaram uma lira.

3 E quem dirá ao meu Senhor?
O próprio Senhor; é ele quem ouve.

4 Foi ele quem enviou seu mensageiro
e me tirou das ovelhas de meu pai
e me ungiu com o seu óleo de unção.

5 Meus irmãos eram bonitos e altos,
mas o Senhor não se agradou deles.

6 Saí ao encontro do estrangeiro,
e ele me amaldiçoou por seus ídolos.

7 Mas eu desembainhei sua espada;
Eu o decapitei e removi a desgraça do povo de Israel.

BIBLIOGRAFIA

Cortés, Maicol A. “The Messianic Davidic Expectations of Psalms 151A and 151B, and Their Theology.” TheoRhēma 17.2 (2022): 5-17.

Witt, Andrew C. “David, the” Ruler of the Sons of His Covenant”(…): The Expansion of Psalm 151 in 11QPs a.” Journal for the Evangelical Study of the Old Testament 3.1 (2014).

Macabeus

Macabeu, “martelo”, era o apelido dado à família dos Hasmoneus. A designação serve ao conjunto de livros com esse título e à família de líderes desse período (167-64 a.C.).

Durante o período helenista (332-64 a.C.), a Judeia esteve alternada vezes sob o controle dos selêucidas da Síria e ptolomeus do Egito — estados sucessores de Alexandre, o Grande. No final do século II, o rei selêucida Antíoco IV Epifânio, impôs uma política de culto oficial contrária ao monoteísmo israelita, como parte de uma política de homogeneização sociocultural chamada de “helenismo”.

A família dos Macabeus liderou a resistência militar, política e religiosa na Judeia. A revolta teve início quando de oficiais vieram cumprir os decretos de Antíoco na aldeia de Modein. Lá, um sacerdote idoso chamado Matatias vivia com seus cinco filhos: João “Gadi”, Simão “Thassi”, Judas “Macabeu”, Eleazar “Avaran” e Jônatas “Afo”. Matatias reagiu espotaneamente, dando início de uma revolta que se tornaria uma guerra. Eventualmente, a independência foi conquistada. A Judeia foi governada pela dinastia Hasmoneana, descendentes de Simão, o único filho de Matatias a sobreviver à guerra.

LIVROS DOS MACABEUS

Os livros dos Macabeus são importantes para a reconstrução histórica e da mentalidade desse período. Não integram o cânone judeu ou protestante, mas alguns deles são aceitos como deuterocanônicos em diversas denominações católica e ortodoxas orientais. Registram o início da Festa das Luzes (1 Macabeus 4:36–4:59; 2 Macabeus 1:18–1:36) ou da Dedicação (João 10:22-25), quando o Templo foi reconsagrado depois de ter sido profanado e feito “abominação da desolação”.

1 Macabeus: relata a revolta dos macabeus desde a ascensão de Antíoco IV Epifânio ao trono selêucida (Síria) em 175 aC até a morte de Simão, um dos líderes da resistência judaica e, em seguida, sumo sacerdote e etnarca, em 132 a.C.

2 Macabeus: outra versão da revolta dos Macabeus, escrita de uma perspectiva da profanação ao Templo e seu culto, culpando os judeus que abraçaram o helenismo como responsáveis.

3 Macabeus: apesar do nome, narra a perseguição aos judeus na época anterior aos macabeus quando o faraó  Ptolomeu IV Filopator (221–203 a.C.) decidiu perseguir os judeus em todo o território sob controle do Egito.

4 Macabeus: registra uma oração memorial dos mártires mencionados em 2 Macabeus 6-7. Defende as motivações religiosas e as quatro virtudes cardeais – prudência, temperança, coragem e justiça – sobre as emoções. A família de Eleazar e os sete irmãos com sua mãe são primeiros exemplos.