The Greek New Testament

A edição The Greek New Testament, sigla TGNT ou UBS4, pela United Bible Societies é uma edição crítica que serve o propósito de ser o texto-base para a tradução do Novo Testamento para línguas vernáculas.

O texto base é idêntico ao Novum Testamentum Graecae (Nestlé-Aland 28), mas com um aparato voltado às questões pertinentes aos tradutores.

Trata-se de um projeto iniciado nos anos 1950 com participação de várias sociedades bíblicas. Seus comitê inicial contou com Kurt Aland, Matthew Black, Bruce Metzger e Allen Wikgren. A primeira edição saiu em 1966. Atualmente, está na 4a edição.

Novo Testamento Grego de Lachmann

O Novum Testamentum Graece et Latine de Karl Lachmann (1793-1851) foi uma edição crítica do Novo Testamento,que marcou uma ruptura metodológica com as edições em voga.

Publicada em duas edições, a primeira em 1831 e a segunda em 1842-1850, a obra desse filólogo alemão foi uma tentativa de reconstruir o texto grego do Novo Testamento utilizando manuscritos mais antigos e técnicas rigorosas de análise filológica, especialmente o método genealógico. Esse método, inédito até então, buscava determinar as relações entre os manuscritos e estabelecer o texto mais próximo ao original.

Primeira Edição (1831)

Em 1831, Lachmann lançou sua primeira edição crítica do Novo Testamento grego. A edição de Lachmann foi criticada por se basear em um número limitado de manuscritos, uma vez que os recursos disponíveis à época não permitiam o acesso a uma grande variedade de fontes textuais. Apesar das críticas, essa primeira edição lançou as bases para a abordagem filológica que seria consolidada em sua edição subsequente.

A Segunda Edição (1842-1850) e a Vulgata Latina

A segunda edição do Novum Testamentum Graece et Latine, publicada em dois volumes entre 1842 e 1850, ampliou a base de manuscritos latinos e gregos utilizados, incluindo, além do Codex Alexandrinus, o Codex Vaticanus e o Codex Ephraemi Rescriptus. Essa edição também apresentou o Novo Testamento grego lado a lado com a Vulgata Latina. Ao fazer essa comparação, Lachmann destacava as limitações da Vulgata e sugeria uma reconstrução mais precisa do texto grego original. Tal abordagem implicitamente desafiava a autoridade da Vulgata.

Método Genealógico e o rompimento com o Textus Receptus

Lachmann empregou o método genealógico. Anteriormente, aplicou este método na manuscritologia germânica e dos clássicos gregos e romanos. O método procurava entender as “linhagens” dos manuscritos, criando um stemma ou árvore genealógica para mapear as relações entre as diversas cópias e identificar o texto mais próximo do original. Diante disso, Lachmann abandonou o textus receptus do Novo Testamento, que se baseava em manuscritos tardios, e priorizou as versões mais antigas, datadas do século IV e anteriores, confiando que essas preservavam uma transmissão textual mais fiel. Essa abordagem fundamentou-se em evidências limitadas, mas foi um avanço significativo em relação à prática editorial puramente subjetiva da época.

Através de seu trabalho, Lachmann procurou identificar e eliminar as interpolações e emendas inseridas ao longo dos séculos, respeitando o conteúdo original ao invés de favorecer conjecturas estilísticas. Para ele, uma edição crítica deveria distinguir as leituras originadas na tradição manuscrita das conjecturas de editores ou críticos anteriores. Essa prática meticulosa e conservadora, que preferia a “leitura do arquétipo” ao invés de intervenções conjecturais, refletia uma tentativa de manter o texto o mais próximo possível do original.

Impacto e limitações

O Novum Testamentum Graece et Latine de Lachmann exerceu um impacto duradouro na crítica textual do Novo Testamento, influenciando gerações subsequentes de estudiosos:

  1. Início das Edições Críticas Modernas: Lachmann iniciou uma nova fase na crítica textual, orientando-se por uma ampla análise manuscrita e influenciando edições críticas posteriores, como as de Tischendorf, Westcott e Hort, e Nestle-Aland, que permanecem influentes até hoje.
  2. Desenvolvimento do Método Genealógico: Sua aplicação do método genealógico, apesar de rudimentar para os padrões modernos, lançou as bases para o desenvolvimento de técnicas avançadas na reconstrução de textos antigos.
  3. Contribuição para a Filologia Reconstrutiva: O rigor de Lachmann em distinguir as leituras manuscritas originais de conjecturas contribuiu para uma abordagem mais objetiva na reconstrução de textos antigos, sendo considerado um pioneiro na filologia reconstrutiva.

Apesar de seu valor inovador, a edição de Lachmann apresentava limitações que foram, ao longo dos anos, supridas pela crítica textual moderna:

  • Seleção Limitada de Manuscritos: A dependência de um número restrito de manuscritos resultou em uma reconstrução textual que, embora precisa, não se beneficiava da amplitude de evidências disponíveis nos séculos seguintes.
  • Foco em Manuscritos Antigos: Lachmann priorizou textos do século IV, o que, embora metodologicamente coerente, limitou a inclusão de variantes preservadas em manuscritos posteriores que também poderiam refletir tradições autênticas.

SBL Greek New Testament

O Greek New Testament: SBL Edition ou Society of Biblical Literature Greek New Testament (SBLGNT) é uma edição digital do Novo Testamento produzido pela Sociedade de Literatura Bíblica, em associação com o Logos Bible Software.

Foi editado por Michael Holmes, o editor norte-americano do Projeto Internacional do Novo Testamento Grego.

O SBLGNT está disponível gratuitamente em vários formatos eletrônicos (www.sblgnt.com) e para compra em edição impressa.

O texto difere do texto NestleAland/United Bible Societies em mais de 540 instâncias variação. O aparato registra diferenças não entre manuscritos, mas entre outras edições impressas do Novo Testamento grego

Textus Receptus

O Textus Receptus (sigla TR), em sentido estrito, é o nome dado à família de versões impressas do Novo Testamento entre o século XVI e o final do século XIX.

Trata-se de um texto eclético feito da comparação de alguns poucos manuscritos bizantinos tardios, iniciada por Erasmo de Roterdã. Não é a mesma coisa que Texto Majoritário ou Texto Bizantino. Por exemplo, entre o TR de Scrivener e o Texto Majoritário da edição de Hodges e Farstad (1985) há 1,838 diferenças. Contudo, o tipo textual do Textus Receptus em geral se enquadra em leituras da família do tipo bizantino, exceto no livro de Atos e em partes do Apocalipse, onde predominam um tipo alexandrino.

Para sua primeira edição, a qual se tornaria o texto-base para o Textus Receptus, Erasmo utilizou os seguintes manuscritos:

Designação LocalizaçãoSéculoFamília TextualConteúdoUso por Erasmo
Códex 1Basileia, Universitätsbibliothek, AN IV 2Séc. XIIBizantinaEvangelhos, Atos, EpístolasFonte primária para a maior parte do Novo Testamento
Códex 2Basileia, Universitätsbibliothek, AN IV 1Séc. XVBizantinaEvangelhos, Atos, EpístolasSuplementou o Códex 1
Códex 2eBasileia, Universitätsbibliothek, AN III 11Séc. XIIBizantinaEvangelhosUsado para comparação
Códex 1rBasileia, Universitätsbibliothek, AN IV 2, fol. 194–206Séc. XIIBizantinaApocalipseÚnico manuscrito grego completo do Apocalipse disponível para Erasmo
Códex 3Basileia, Universitätsbibliothek, AN III 15Séc. XVBizantinaEvangelhosUsado esporadicamente
Códex 4Basileia, Universitätsbibliothek, AN III 12Séc. XIIBizantinaEvangelhosUsado para comparação
Vulgata LatinaN/AN/AN/ABíblia InteiraRetrovertida para o grego para lacunas/leituras pouco claras

As versões mais conhecidas do Textus Receptus são as de Erasmo, Stephanus, Beza, Elzevier e Scrivener.

As primeiras edições do Textus Receptus foram feitas por Erasmo em 1516, 1519, 1522, 1527, 1535. Logo apareceram edições de igual teor, algo que seria hoje pirataria, como as de Aldo Manucio 1518, Gerbelius 1521, Cephalius 1524 e 1526, e Colinaeus 1534.

Com Stephanus (Robert Estienne), veio sua influente Editio Regia de 1550. Seria a primeira a fornecer um aparato mostrando leituras variantes. A próxima revisão substancial veio com as edições de Teodoro Beza de 1565, 1582, 1588 e 1598. Por fim, a edição de Elzevir (1633) consolidou a predominância do TR.

O Textus Receptus serviu de base para boa parte das traduções da época da Reforma. Lutero empregou a edição de Erasmo de 1519 para o Alemão. João Ferreira de Almeida utilizou a edição de Jan Jansson (1639). A versão King James, por ser uma revisão de várias versões anteriores, reúne leituras diversas, mas teve influência maior da edição de Beza 1598. A versão Almeida Corrigida Fiel não foi baseada nessas edições da era da Reforma, mas na edição de Scrivener 1894.

Outras edições contemporâneas da Reforma, como a Aldina de 1504 e a Complutense, são semelhantes, mas não foram influenciadas pelo TR. Mas o inverso é verdadeiro: tanto a Aldina quanto a Complutense vieram a influenciar a formação do TR.

O termo “Textus Receptus” vem do prefácio da edição de Elzevir (1633) em Leiden, o qual afirmaram o consenso da época:

Textum ergo habes, nunc ab omnibus receptum: in quo nihil immutatum aut corruptum damus. “Então você mantém o texto, agora recebido por todos, no qual nada é corrompido”.

Os avanços dos estudos do Novo Testamento grego do século XVIII por biblistas como John Mill, Richard Bentley, J. J.Wettstein, J. A. Bengel e J. J. Griesbach apontaram vários problemas com o TR. Em resposta essas questões, no século XIX iniciaram as pesquisas que culminaram nos textos críticos atuais.

BIBLIOGRAFIA

Metzger, Bruce M. The Text of the New Testament, 2d ed. Oxford: Oxford University Press, 1968.

Bruce Metzger

Bruce Metzger (1914-2007) foi um biblista e crítico textual americano.

Metzger trabalhou na crítica textual dos manuscritos e outras fontes antigas usadas para reconstruir o texto do Novo Testamento.

Trabalhou junto da Sociedade Bíblica Alemã, American Bible Society e da Sociedades Bíblicas Unidas em edições acadêmicas e traduções do Novo Testamento. Desenvolveu sua longa carreira no Princeton Theological Seminary. Era ministro ordenado presbisteriano.

BIBLIOGRAFIA

Metzger, Bruce M. The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration. New York, Oxford University Press, 1964.

Metzger, Bruce Manning. A textual commentary on the Greek New Testament. Vol. 31975. London: United Bible Societies, 1971.

Metzger, Bruce M. The canon of the New Testament: Its origin, development, and significance. Clarendon Press, 1997.

Morreu ontem Bruce Metzger. Observatório Bíblico, 2007.