Afraates, Afraate ou Aphrahat (c. 280–c. 345) foi um teólogo cristão siríaco vindo do Império Sassânida, talves de origens iranianas.
Pouco se sabe sobre a sua infância, mas provavelmente teve sua proeminência durante um período de intensa perseguição aos cristãos sob o domínio da dinastia sassânida. Teria sido um ascético e celibatário.
As contribuições notáveis de Afraates para a literatura cristã consistem principalmente em sua série de vinte e três exposições ou homílias, conhecidas como Demonstrações, que são formas sistemáticas de exposição teológica.
É provável que as Demonstrações tenham sido produzidas mais tarde em sua vida, durante uma época de convulsões e perseguições religiosas. As primeiras dez homilias enfocam o ascetismo, abordando temas como fé, jejum, oração, arrependimento e humildade. A interpretação dos textos bíblicos revela o uso do Diatessaron e uma hermenêutica similar ao judaísmo talmúdico da Babilônia.
Sua cristologia diverge dos debates contemporâneos sobre a natureza de Cristo no Império Romano. Não tinha sido influenciado pelos concílios, como o de Niceia, nem por conceitos filosóficos gregos. A cristologia de Afraates baseia-se nas narrativas do Antigo Testamento, particularmente na história de Adão. Ele vê Adão e Jesus como seres perfeitos criados diretamente por Deus, com Jesus incorporando a forma humana ideal através de sua morada divina.
As percepções teológicas de Afraates estendem-se a temas escatológicos, com seus escritos oferecendo um relato detalhado da descida de Cristo ao submundo. As manifestações também se envolvem em discursos polêmicos, especialmente contra os críticos judeus do cristianismo, abordando temas como dias de festa, circuncisão, a virgindade de Maria e a divindade de Jesus.
Credo de Afraates
Na Demonstrações, Homília 1.9 há um sumário da fé que Afraates pretende demonstrar. Essa reconstituição feita por Connolly atesta um credo pessoal conforme as crenças das igrejas cristãs siríacas. É um testemunho notável da ortodoxia existente fora da esfera mediterrânea e uma tradição independente da teologia nicênica.
- Eu creio em Deus, Senhor de tudo,
que criou os céus e
a terra e os mares e tudo
o que neles há; - [E em nosso Senhor Jesus Cristo,]
[o Filho de Deus,]
Deus, Filho de Deus,
Rei, Filho do Rei,
Luz da Luz
(Filho, Conselheiro, e Guia,
e Caminho, e Salvador, e Pastor, e Reunidor, e Porta,
e Pérola, e Lâmpada,)
e Primogênito de todas as criaturas, - Que veio e vestiu um corpo
em Maria a Virgem (da
semente da casa de Davi, do
Espírito Santo),
e assumiu nossa humanidade, - e sofreu, ou, e foi crucificado,
- desceu ao lugar dos
mortos, ou, ao Sheol,
e viveu novamente, e ressuscitou ao
terceiro dia, - e ascendeu às alturas, ou,
ao céu,
e sentou-se à direita de
Seu Pai, - e Ele é o Juiz dos mortos
e dos vivos, que está sentado no
trono; - [E no Espírito Santo:]
- [E eu creio] na ressurreição dos
mortos; - [e] no mistério do Batismo
(da remissão dos pecados)
BIBLIOGRAFIA
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