Abilene

Abilene foi uma região histórica mencionada em textos bíblicos e fontes históricas, situada em Coele-Síria, próxima a Damasco, no território da atual Síria. A região era conhecida por incluir uma planície e um distrito administrativo, cuja principal cidade era chamada Abila de Lisânias (em grego, Abilan de tên Lusaniou). Embora as fronteiras exatas de Abilene não sejam plenamente definidas, acredita-se que o território abrangia a encosta oriental das montanhas do Antilíbano, estendendo-se para áreas ao sul e sudeste de Damasco, chegando até regiões como Galileia, Batanea e Traconítide.

De acordo com o historiador judeu Flávio Josefo, Abilene foi, até o ano 37 d.C., um reino separado sob domínio itureu. Nos Evangelhos, a região é citada em Lucas 3:1 como sendo governada por Lisânias, um tetrarca contemporâneo ao início do ministério de João Batista. Essa referência histórica indica a importância política e administrativa da região no período romano, quando ela fazia parte da complexa divisão territorial do Oriente Próximo.

Escola de Nisibis

A Escola de Nisibis foi fundada por volta de 350 por Jacó de Nisibis no norte da Mesopotâmia. Naquela época Nisibis estava no centro da região de língua siríaca, mas ainda dentro do Império Romano.

Em 363, quando Nisibis caiu nas mãos dos persas, Efrém, o Sírio, acompanhado por vários professores, partiu para a Escola de Edessa.

Durante a expansão islâmica a partir de 632 Nisibis caiu sob o domínio dos muçulmanos. Tornou-se centro de tradução de obras filosóficas, científicas e teológicas gregas para o siríaco e para o árabe.

A escola entrou em declínio depois de um forte terremoto no século VIII.

BIBLIOGRAFIA

Adam H. Becker (eds.): Sources for the History of the School of Nisibis.  Translated Texts for Historians. University of Liverpool, 2008.

Zobá

Zobá, em hebraico צוֹבָה, tsovah; חֲמָת צוֹבָה, chamath tsovah; אֲרַם צוֹבָא, aram tsova’, foi um pequeno reino sírio situado a nordeste de Damasco. Embora sua localização precisa permaneça incerta, sua associação com Hamate sugerem que Zobá controlava territórios férteis e rotas comerciais importantes na região.

Floresceu entre os séculos XI e X a.C.

Saul, o primeiro rei de Israel, enfrentou os zobitas (1 Samuel 14:47). Mais tarde, Davi, sucessor de Saul, travou uma série de guerras contra Zobá, subjugando o reino e expandindo as fronteiras de Israel (2 Samuel 8:3-8; 10:6-8; 1 Reis 11:23; título do Salmo 60; 1 Crônicas 18:3-8). Todavia, a conquista não foi definitiva, pois Salomão ainda enfrentou e venceu este reino (2 Crônicas 8:3).

Hadadezer, um rei zobita mencionado na Bíblia, liderou a resistência contra Davi. Apesar de formar alianças com outros reinos, como Damasco e Amon, Hadadezer foi derrotado pelas forças israelitas, consolidando a hegemonia de Davi na região

Callinicum

Antiga cidade na Síria na margem nordeste do rio Eufrates, cerca de 160 quilômetrosa leste de Alepo. É hoje Raqqa.

Foi fundada como uma cidade helenística com o nome Nicéforo pelo rei selêucida Seleuco I Nicator (reinou 301-281 aC). Seu sucessor, Seleuco II Calínico (r. 246–225 aC), ampliou a cidade e a renomeou como Kallinikos. Seria conquistada pelos romanos e grafada como Callinicum e a incorporou à província de Osroene.

Em 1.º de agosto de 388 EC, uma turba de cristãos incendiou uma sinagoga de Callinicum. Seria talvez o primeiro ataque de cristãos contra sinagogas e um dos primeiros progroms. Também foi destruída uma igreja de outro grupo cristão, possivelmente adeptos de Valenciano.

No início, o imperador Teodósio apoiou o administrador local que exigiu que o bispo reconstruísse a sinagoga. Porém, o bispo Ambrósio de Milão pressionou
Teodósio contra tal reparação. O bispo de Callinicum foi exonerado dede qualquer responsabilidade e depois rescindiu qualquer exigência de restituição.

BIBLIOGRAFIA

Ambrósio. Epístola 64.

Chin, Catherine M. “Built from the Plunder of Christians”: Words, Places, and Competing Powers in Milan and Callinicum’.” Religious Competition in the Greco-Roman World 10 (2016): 63.

Figueroa, Gregory Francis. The Church and the Synagogue in St. Ambrose. Catholic University of America Press, 1949.

Jacobs, Andrew. “Christians, Jews, and Judaism in the Eastern Mediterranean and Near East, c. 150–400 CE.” The Cambridge Companion to Antisemitism: 83-99.

Sikkan

Tell Fekheriy é um sítio arqueológico na bacia do rio Khabur, no norte da Síria, identificado como o sítio de Sikkan, atestado desde cerca de 2000 aC.

Sikkan fazia parte do reino arameu de Bit Bahiani no início do primeiro milênio aC. Na área, vários montes (tells) podem ser encontrados nas proximidades: Tell Fekheriye, Ra’s al-‘Ayn e Tell Halaf, local da cidade arameu e neo-assírio de Guzana.

É o local da descoberta da inscrição bilíngue de Tell Fekheriye ou inscrição bilíngue de Hadad-yith’i. (KAI 309). A estátua de Adad-it’i (Hadd-yith’i), rei de Guzana e Sikan, no dialeto assírio do acadiano e em aramaico, apresenta muitos paralelos léxicos e temáticos com textos bíblicos. Mas é sua importância é por ser a mais antiga inscrição aramaica e mais antiga atestação textual da língua aramaica (anteriormente, só são registrados nomes ou palavras com “aramismos” em outros idiomas). A estátua constitui uma figura de pé vestindo uma túnica esculpida em basalto, com 2 metros de altura. É datada de cerca de 850-825 a.C.

A Adade, o cuidador do canal do céu e da terra, que faz chover em abundância, que dá pastagens bem regadas às pessoas de todas as cidades e que fornece porções de oferendas aos deuses, seus irmãos, cuidador dos rios que faz florescer o mundo inteiro, o deus misericordioso a quem é doce orar, aquele que reside na cidade de Guzana.

Hadad-yith’i, o governador da terra Guzana, filho de Sassu-nuri, governador da terra Guzana, dedicou e deu (esta estátua) ao grande senhor, seu senhor, por sua boa saúde e longos dias, por fazer seus números de anos, pelo bem-estar de sua casa, seus descendentes e seu povo, para remover as doenças de seu corpo, e que minhas orações sejam ouvidas e que minhas palavras sejam recebidas favoravelmente.

Que quem o encontrar em mau estado no futuro, renove-a e coloque meu nome nela. Quem remover meu nome e colocar o seu, que Adade, o herói, seja seu juiz.

Estátua de Hadad-yith’i, o governador de Guzana, Sikani e Zarani. Para a continuação de seu trono e o alongamento de sua região, para que suas palavras sejam agradáveis ​​a deuses e homens, ele fez esta estátua melhor do que antes. Diante de Adade que reside na cidade Sikani, senhor do rio Habur, ele ergueu sua estátua.

Quem remover meu nome dos objetos no templo de Adade, meu senhor, que meu senhor Adade não aceite suas oferendas de comida e bebida, que minha senhora Shala não aceite suas oferendas de comida e bebida.

Que semeie, mas não colha.

Que ele possa semear mil (medidas), mas colher apenas uma.

Que cem ovelhas não satisfaçam um cordeiro da primavera.

Que cem vacas não satisfaçam um bezerro.

Que cem mulheres não satisfaçam uma criança.

Que cem padeiros não encham um forno!

Que os respigadores respigam dos poços de lixo.

Que a doença, a peste e a insônia não desapareçam de sua terra!

BIBLIOGRAFIA

Crouch, Carly L., Jeremy M. Hutton. Jeremy M.  Translating empire: Tell Fekheriyeh, deuteronomy, and the Akkadian treaty tradition. Vol. 135. Mohr Siebeck, 2019.

Dušek, Jan; Mynářová, Jana. Tell Fekheriye Inscription. In Jan Dušek, Jan Roskovec (Orgs.): The Process of Authority, The Dynamics in Transmission and Receptionof Canonical Texts. Gruyter: Berlin/Boston, 2016.

Greenfield, Jonas; Shaffer, Aaron (1983). “Notes on the Akkadian-Aramaic Bilingual Statue from Tell Fekherye”Iraq. 45 (1): 109–16. doi:10.2307/4200185JSTOR 4200185.