Sardes

Sardes era a capital do antigo reino da Lídia, uma das cidades mais importantes do Império Persa, sede de um procônsul sob o Império Romano. Situava-se no meio do vale do rio Hermo, no sopé do Monte Tmolus, onde hoje está Salihli (Sartmahmut ou Sart antes de 2005), com cerca de 5 mil habitantes. Dista 97 km de Éfeso e Esmirna.

Seu rio possuía muito ouro de aluvião. Seu rei Creso, que governou de cerca de 560 a 547 a.C., foi o primeiro a emitir as primeiras moedas de ouro puro (e prata) usadas no mercado. Nessa época, Sardes foi a capital do próspero império da Lídia.

Destruída por um terremoto no ano 17 d.C., foi reconstruída com suporte imperial romano. Conta com um templo a Artemis e Cibele além um banho e ginásio público. Foi uma importante cidade regional até o final do período bizantino.

Em Sardes há indícios que foi a fronteira ocidental do uso da língua aramaica, propagada durante os períodos persa e selêucida. É uma das leituras da localização de Sefarade de Obadias 1:20. Teve uma grande sinagoga, uma das maiores da Antiguidade. Em um estilo arquitetônico que relembra as basílicas cristãs, junto da vizinha sinagoga de Priene, a sinagoga de Sardes é um dos principais testemunhos materiais das comunidades judaicas da Ásia Menor na Antiguidade.

É uma das sete igrejas destinatárias das cartas de João do Apocalipse 3:1-6. A cidade teve como bispo Melito no século II.

Laodiceia

Laodiceia foi uma próspera cidade comercial na região da Frígia, no noroeste da Ásia Menor. Era vizinha das cidades de Colossos e Hierápolis (Col 2:1; Col 4:13-16), ficavam neste mesmo vale do rio. Modernamente, o sítio arqueológico situa-se perto da cidade de Denizli, Turquia

No reinado de Nero (60 d.C.) um terremoto destruiu completamente a cidade. Os habitantes recusaram a ajuda imperial para reconstrui-la e a restauraram com um estilo grego.

Havia uma considerável comunidade judia nessa região da Frígia. Antíoco III, o Grande, transportou 2.000 famílias judias da Babilônia para a Frígia. Cícero registra que Flaco confiscou 9 quilos de ouro destinado anualmente ao templo de Jerusalém (Pro Flacco 28-68). O martírio do judeus Lulianos e Pafos, registrado no Talmude, possivelmente aconteceu lá. Um alvará dos magistrados laodicenses autorizava os judeus observarem o sábado e seus outros ritos, de acordo com a injunção de Caio Rubílio. (Josefo Antiguidades Judaicas, XIV. X. 20)

A primitiva igreja reunia-se provavelmente na casa de Ninfa. Epafras, retratado como um dos companheiros de Paulo, aparentemente foi pioneiro das igrejas nas três cidades (Cl 4:12-13). De acordo com Col 4:16, Laodiceia correspondeu com Paulo, mas a epístola de Laodiceia não sobreviveu até nós.

A igreja de Laodiceia foi uma das sete repreendidas em Apocalipse (Ap 3:14-22).

Alguns manuscritos aparecem no final de 1 Timóteo “Escrita de Laodiceia, metrópole da Frígia de Pacatiana”.

Sínodo de Laodiceia

Entre 342 e 380 (provavelmente por volta dos anos 363 e 365) ocorreu o Sínodo de Laodiceia, reunindo cerca de trinta clérigos da Ásia Menor. Se situado na décadade de 360, este concílio de Laodiceia seria uma reação contra o reinado de Juliano, o apóstata, quando as condições políticas à cristandade foram desfavoráveis. Este sínodo marca um início de imposição doutrinária hierarquizada e autoritária.

As principais preocupações do concílio envolviam a regulamentação da conduta dos membros da igreja. Entre seus sessenta cânones condena hereges (cânones 6–10, 31–34, 37), judeus (cânones 16, 37–38) e pagãos (cânone 39). Vedou
a guarda do sábado e incentivando o descanso no domingo (cânon 29). Normatizou litúrgicas (cânones 14–20, 21–23, 25, 28, 58–59). Impôs restrições durante a quaresma (cânones 45, 49–52). Bane as presbíteras, ágapes nas igrejas, força a separação com os judeus e outros cristãos. Proibe o acesso das mulheres ao altar. Impõe uma hierarquia interna.

Seus cânones 59 e 60 discorrem sobre o cânon bíblico, embora a autenticadade do cânon 60 seja duvidável. Esse cânone falta em vários manuscritos gregos e esta ausente na versão latina dos cânones, além da lista ser igual à de Cirilo de Jerusalém.

“59. Nenhum salmo composto por particulares nem quaisquer livros não canônicos podem ser lidos na igreja, mas apenas os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento.”

“60. Estes são todos os livros do Antigo Testamento designados para serem lidos: 1, Gênesis do mundo; 2, O Êxodo do Egito; 3, Levítico; 4, Números; 5, Deuteronômio; 6, Josué, filho de Num; 7, Juízes, Rute; 8, Ester; 9, Dos Reis, Primeiro e Segundo; 10, Dos Reis, Terceiro e Quarto; 11, Crônicas, Primeiro e Segundo; 12, Esdras, Primeiro e Segundo; 13, O Livro dos Salmos; 14, Os Provérbios de Salomão; 15, Eclesiastes; 16, O Cântico dos Cânticos; 17, Jó; 18, Os Doze Profetas; 19, Isaías; 20, Jeremias e Baruque, as Lamentações e a Epístola; 21, Ezequiel; 22, Daniel.

“E estes são os livros do Novo Testamento: Quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João; Os Atos dos Apóstolos; Sete epístolas católicas, a saber, uma de Tiago, duas de Pedro, três de João, uma de Judas; Catorze Epístolas de Paulo, uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito, e outro a Filemom.”

Notoriamente, não lista o Apocalipse e inclui 1 e 2 Esdras, Baruque e a Epístola de Jeremias.

Esmirna

Esmirna era uma cidade na costa oeste da Ásia Menor. A atual Izmir possui cerca de 4 milhões de habitantes. Ficava no final de uma importante estrada leste-oeste, possuía um excelente porto e era cercada por ricas terras agrícolas. A liderança da cidade era consistentemente leal a Roma.

Apesar de não aparecer no livro de Atos nem nos escritos paulinos, coincide com a atuação de Paulo na região. É uma das sete igrejas a qual teve cartas endereçadas por João do Apocalipse (Ap 1:11). A mensagem dirigida a Esmirna reflete o conflito entre cristãos e judeus (Ap 2:9-10).

No século II, Inácio de Antioquia visitou Esmirna e depois escreveu cartas ao seu bispo, Policarpo. Policarpo, discípulo do apóstolo João, sofreu o martírio em 155 d.C.

Éfeso

Éfeso era cidade portuária e capital da Ásia Menor (Ásia Proconsular) entre Esmirna e Mileto.

Esta cidade jônica foi sede do culto e Templo de Diana (Artemis), um grande templo construído em 550 aC e uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Seu teatro era o maior do mundo, com capacidade para 25.000 espectadores. Chegou a ser quarta maior cidade do império Romano no século I d.C. Era um importante centro comercial, localizado perto de um porto na foz do rio Cayster, em um vale longo e fértil. Hoje, é o sítio arqueológico Ayasuluk Höyük, próximo a Selçuk.

Um grupo de discípulos vivia nessa cidade, discipulados por Apolo, mas depois instruídos por Priscila e Áquila (Atos 18). De acordo com Atos 18:19-21, Paulo navegou de Corinto para Éfeso com Priscila e Áquila, o casal que tinha instruído Apolo na cidade (Atos 18:24-26).

Paulo em sua terceira viagem missionária (Atos 19:1-20:1) permaneceu por mais de dois anos. Nesse período, teve uma grande comoção com a classe dos ourives. Depois, em seu caminho de volta a Jerusalém, Paulo se encontrou com os anciãos de Éfeso em Mileto (Atos 20:16-38). Em 1 Timóteo 1:3, Paulo encarregou Timóteo de permanecer em Éfeso. Seria destinatária da epístola paulina que leva o nome do povo da cidade. Aí iniciou Timóteo seu ministério (1 Timóteo 1:3).

A igreja de Éfeso é a primeira das sete igrejas do Apocalipse (Ap 1:11; 2:1-7).

Depois do período neotestamentário a Igreja de Éfeso teve por muito tempo prominência. Lendas e tradições posteriores dizem que João, o discípulo amado, estabeleceu-se na cidade. Daí teria escrito o evangelho que leva seu nome, teria sido mentor para Policarpo de Esmirna e Papias. Outra tradição tardia identifica Éfeso como local dos últimos anos e da morte de Maria, mãe de Jesus.

A lenda dos sete dormentes foi ambientada em Éfeso (dentre outros locais onde a lenda se repete). A Basília de São João, a casa e a Igreja de Santa Maria também são sítios da tradição cristã da cidade. Foi sede do concílio de Éfeso em 431, quando condenou as doutrinas nestorianas, o chamado de Terceiro Concílio Ecumênico.

Pérgamo

Pérgamo, a principal cidade da Mísia, na Ásia Menor. Esta cidade ficava às margens do rio Caicus, a cerca de 30 km do mar, próxima moderna vila de Bergama, na Turquia, às margens dos rios Selinus e Cetius. A antiga Pérgamo era famosa por seu templo de Esculápio e termas, o que fez da cidade um centro terapêutico e local de nascimento do médico Galeno.

No período helenista, Eumenes, rei de Pérgamo, decidiu fazer uma biblioteca para rivalizar com a biblioteca de Alexandria, Egito. Entretanto, o faraó Ptolomeu Filadelfo vedou a exportação de papiro. Então, o pergaminho foi inventado e produzido em massa Pérgamo, dando o nome a esse suporte material.

Em meados do século II, Pérgamo era uma das maiores cidades da província, Tinha cerca de 200.000 habitantes.

Foi uma das “sete igrejas” (Ap 1:11; 2:17), notória por sua maldade. O templo de Zeus talvez tenha dado a designação de “trono de Satanás”, tendo sido reconstruído em um museu em Berlim. Sob Augusto, o primeiro culto imperial, o neocorato, foi estabelecido na província da Ásia na cidade. A igreja de Pérgamo foi repreendida por se desviar da verdade e abraçar as doutrinas de Balaão e dos nicolaítas. Conta-se entre seus fiéis, Antipas de Pérgamo, um fiel mártir de Cristo.