Ferro

O ferro (בַּרְזֶל, barzel, em hebraico; σίδηρος, sídēros, em grego) é um metal mencionado com frequência na Bíblia, representando força, durabilidade e, por vezes, opressão.

No Antigo Testamento, o ferro aparece já em Gênesis 4:22, com Tubalcaim sendo descrito como “forjador de todo instrumento cortante de cobre e de ferro (barzel)”. O livro de Deuteronômio descreve a terra prometida como um lugar “cujas pedras são ferro (barzel)” (Deuteronômio 8:9), indicando a disponibilidade do minério. O ferro era usado para fabricar armas (1 Samuel 17:7; Jó 20:24), ferramentas (Deuteronômio 27:5; 1 Reis 6:7), carros de guerra (Josué 17:16) e instrumentos de escrita (Jó 19:24; Jeremias 17:1). Devido à sua resistência, o ferro simboliza força e poder (Daniel 2:33, 40-41; 7:7), e, por vezes, opressão e dureza (Deuteronômio 4:20; 1 Reis 8:51 – “forno de ferro” como metáfora para o Egito).

No Novo Testamento, σίδηρος (sídēros) é usado principalmente em sentido metafórico. Em Apocalipse, o ferro aparece como material de armas e instrumentos de poder (Apocalipse 2:27; 9:9; 12:5; 18:12). Em 1 Timóteo 4:2, a expressão “cauterizada a própria consciência” pode ser interpretada como uma referência ao uso do ferro em brasa para marcar escravos ou criminosos.

Assim, o ferro, na Bíblia, representa tanto um avanço tecnológico e material quanto um símbolo de força, poder, e, em alguns casos, de opressão e julgamento.

Judean Pillar Figurines

As Judean Pillar Figurines ou Estatuetas em Pilar da Judeia (JPFs) são uma forma distinta de representação feminina do Reino de Judá da Idade do Ferro, conhecida por seu corpo cilíndrico único com seios pronunciados e penteados muitas vezes elaborados. Essas estatuetas de argila foram descobertas em toda a região, datando principalmente do final do século VIII ao início do século VI aC. Seu significado e propósito têm sido objeto de debate acadêmico há muitos anos.

As JPFs eram normalmente feitos de barro, com bases cilíndricas e mais largas na parte inferior, feitos à mão ou com roda. As cabeças dessas estatuetas exibiam dois estilos principais: algumas eram moldadas com traços faciais definidos e penteados detalhados, enquanto outras eram mais rudimentares, com rostos comprimidos representando apenas os olhos. As partes superiores das bases apresentavam seios exagerados com destaque, muitas vezes com os braços posicionados para apoiá-los. Alguns JPFs exibiam detalhes pintados, como penteados e possíveis joias, tornando-os diferenciados.

O propósito das JPFs tem sido tema de discussão. Essas estatuetas eram comumente encontradas em vários contextos, incluindo ambientes domésticos, cisternas, fossas, casamatas e até armazéns. Embora alguns tenham sido descobertos em tumbas, sua associação com cultos de morte e funerais permanece inconclusiva devido ao número limitado encontrado em tais contextos.

É possível que houvesse vários usos potenciais para as JPFs, inclusive como oferendas votivas, imagens de culto e objetos devocionais. Muitas vezes aparecem ao lado de outros objetos associados a práticas religiosas, como imagens de Bes, amuletos, contas, lâmpadas e pingentes. Alguns pesquisadores sugerem que eles podem ter sido usados em rituais domésticos privados, e não em atividades de culto maiores em toda a comunidade.

Uma teoria liga as JPFs à adoração de deusas, particularmente Asserá, Astarte ou Anat. Seus seios pronunciados são vistos como símbolos de fertilidade, alinhando-os com divindades associadas à fertilidade e à maternidade. No entanto, devido à falta de características distintivas, é um desafio atribuí-las definitivamente a deusas específicas.

As JPFs desaparecem dos registos arqueológicos após o exílio babilónico, sugerindo uma mudança nas práticas ou crenças religiosas entre a população judaica que regressou. Em contraste, estatuetas de pilares semelhantes continuaram a ser usadas em áreas ocupadas pelos idumeus e fenícios durante o mesmo período.

Há várias interpretações para as JPFs, incluindo o seu uso como amuletos de fertilidade, amuletos contra a impotência sexual, ou mesmo como representações do desejo de nutrição do mundo sobrenatural. Algumas teorias sugerem que podem estar relacionadas com rituais domésticos ou rituais mágicos de simpatia, refletindo os desejos e necessidades dos habitantes. A associação das figuras com a deusa Asserá também foi proposta, embora esta ligação não seja universalmente aceita.

A ampla distribuição de JPFs na Judá da Idade do Ferro e a diversidade de interpretações em torno do seu propósito destacam a natureza complexa das práticas religiosas antigas e os desafios de compreender o seu significado com certeza.

BIBLIOGRAFIA

Dever, William G.. Did God Have a Wife?. Eerdmans, 2008.

Kletter, Raz. The Judean Pillar-Figurines and the Archaeology of Asherah. Oxford, England: Tempus Reparatum, 1996

Inscrição de Tel es-Safi

A inscrição de Tel es-Safi foi encontrada em 2005 na possível cidade bíblica de Gate, em território filisteu. A data da inscrição é da Idade do Ferro IIA (1000–925 aC). Fragmentos cerâmicos contém sete caracteres proto-cananeus.

Os caracteres ‘LWT (אלות) e WLT (ולת) foram interpretados como possíveis alusões ao nome “Golias”.

BIBLIOGRAFIA

FINKELSTEIN, Israel, Benjamin SASS, and Lily SINGER-AVITZ. “Writing in Iron IIA Philistia in the Light of the Tel Zayit/Zētā Abecedary.” Zeitschrift Des Deutschen Palästina-Vereins (1953) 124, no. 1 (2008): 1-14. 

Maeir, A.M., Wimmer, S.J., Zukerman, A. et Demsky, A. 2008, A Late Iron Age I/Early Iron Age II Old Canaanite Inscription from Tell es-Safi/Gath, Israel: Palaeography, Dating, and Historical-Cultural Significance, Bulletin of the American Schools of Oriental Research, 351, 39-71.

Óstraco

“Caco de cerâmica” na Septuaginta é ostrakon (Jó 2:8; Sl 21:16 LXX [22:15])

Conchas, cacos de pedra ou fragmentos de cerâmica usados para a escrita com tinta ou riscos sobre a superfície lisa.

Na Grécia escrevia o nome do cidadão a ser banido, daí o ostracismo.

A abundância de cacos de cerâmica tornava-os um meio barato e fácil para a escrita.

Servia para documentos curtos, como cartas, quirógrafos, recibos, listas e notas. Embora inadequado para documentos mais longos, como os livros bíblicos, a óstraca pode ter sido usado para registrar oráculos proféticos e provérbios. Um bom número de óstracos coptas registram trechos bíblicos, interpretados como de função apotropaica.

Alguns sítios arqueológicos providenciaram abundantes óstracos, como Arad, Hesbon, Samaria e as cartas de Láquis.

Mais de 100 óstracos foram encontrados em um armazém em um dos palácios de Samaria. Maior parte eram para o controle de azeite e vinho pagos como impostos ao rei, datadas do início do século VIII a.C. (reinado de Jeroboão II).

Em 1935 e 1938, vinte e um óstracos foram encontrados nas escavações da antiga Láquis. A maioria delas são cartas escritas por um oficial, pouco antes da captura da cidade pelos babilônios em 589-588 a.C.

Davi

Davi filho de Jessé (hebraico דָּוִד; דָּוִיד ; grego Δαυίδ; “amado”) foi rei de Judá e depois sobre todo Israel no período da monarquia unida. Teria reinado entre c. 1010 a c. 970 a.C.

O ciclo narrativo sobre Davi aparece de 1 Sm 16:13-1 a Re 2:12. Pastor do rebanho de seu pai, tornou-se músico na corte de Saul e se voluntariou para enfrentar os filisteus. Perseguido pelo enciumado Saul, não se levantou contra o rei, mas viveu em fuga, ajuntando um grupo de soldados irregulares. O profeta Samuel ungiu Davi como o futuro rei de Israel.

Após a morte de Saul, Davi unifica as tribos , mas enfrenta dificuldades em sua vida familiar.

Errante e dependente do perdão divino, Davi é o arquétipo do beneficiário da graça. Os salmos davíticos expressam essa relação de confissão, clamor e conforto esperando no Senhor. Com a promessa de que sua linhagem ocuparia o trono de Israel para posterioridade, nos livros dos profetas a dinastia davídica ocupa uma posição especial. Assim, na esperança messiânica o legado de Davi aparece em Jesus Cristo como herdeiro de seu reino.