Targum

Targum (plural targumim ou targuns, em aramaico significa “interpretação” ou “tradução”) são traduções da Bíblia Hebraica ao aramaico feitas na Antiguidade Tardia.

Os targuns talvez sejam, junto da Septuaginta grega, as traduções mais antigas da Bíblia. São provavelmente originárias das traduções orais feitas pelos intérpretes da Lei após o exílio, quando o hebraico se tornava uma língua estrangeira para o povo de Israel (cf. Ne 8:8). Tipicamente, o texto da Escrituras Hebraicas era lido nas sinagogas e seguido por uma interpretação em aramaico. Embora a língua-alvo fosse o aramaico, há indícios que o grego também fosse usado, como as versões de Símaco e Áquila da Septuaginta. Com o tempo, essas traduções orais foram ganhando formas padronizadas e depois registradas por escrito.

Existem targuns para todos os livros da Bíblia Hebraica, exceto Daniel e Esdras-Neemias, os quais foram parcialmente escritos em aramaico.

Os targuns mais conhecidos são:

  • Tg. Onq. Targum de Onkelos do Pentateuco: quase literal, composto durante o século I ou II d.C. na Judeia e revisado na Babilônia.
  • Tg. Neof Targum Neofiti. Manuscrito do século XVI redescoberto na Itália no século XX.
  • Tg. Neb. Targum de Jônatas ben Uziel dos Profetas: composto no século II d.C.
  • Tg. Ps.J. Targum Pseudo-Jônatas fundiu a tradução de Onkelos, os acréscimos dos Targums palestinianos e uma quantidade ainda maior de material próprio. Contém o Pentateuco.
  • Tg. Ket. Targum dos Escritos
  • Tg. sim I Targum Yerusalmi I
  • Tg. sim II Targum Yerusalmi II
  • Frg. Tg. Targum Fragmentado
  • Sam. Tg. Targum Samaritano
  • Sim. Tg. Targum iemenita
  • Tg. Isa Targum de Isaías
  • Tg. Ester I, II Primeiro ou Segundo Targum de Ester
  • Pal. Tgs. Fragmentos dos Targumim Palestinianos (Targum Jerusalém): escrito na Galileia no início do século III dC, tradução literal com consideráveis materiais adicionais.
  • 11QtgJob Targum de Jó da Caverna 11 de Qumran Cave dos Manuscritos do Mar Morto.

Os targumim tendem a parafrasear livremente o texto hebraico, sendo fonte importante para a história da recepção bíblica na Antiguidade Tardia. Uma marca são as leituras alegóricas preferidas aos antropomorfismos para evitar idolatria. Utilizaram versões hebraicas hoje perdidas.

Os Targum Onkelos e Jônatas aparecem nas edições impressas rabínicas da Tanakh (Escrituras Hebraicas ou Antigo Testamento). Ainda são utilizados no culto sinagogal entre judeus iemenitas.

Várias citações no Novo Testamento são do tipo targúmico. Elucida, por exemplo, a cristologia de João, para quem a Palavra (Verbo, Logos) é o Filho de Deus (Jo 1:1-3, 14; 3:16), leitura que ocorre no Targum Neofiti de Gênesis 1:1, com o Filho como o agente de criação. Outros exemplos são 1 Pe 1:10–11; Mt 13:17; Lc 10:24 aparentam citar uma versão do Targum Palestiniano de Gn 49:1, 8–12; Nm 24:3, 15. Mc 4:12 cita uma versão targúmica de Is 6:9,10, similar ao Targum de Jônatas. Mt 7:2 cita algo similar ao Targum de Jerusalém Gn 38:26.

BIBLIOGRAFIA

Flesher, Paul V. M., and Bruce Chilton. The Targums: A Critical Introduction. Waco, TX: Baylor University Press, 2011.

McNamara, Martin. “Targumim.” In The Oxford Encyclopedia of the Books of the Bible. Vol. 2. Edited by M. D. Coogan, 341–356. New York and Oxford: Oxford University Press, 2011.

McNamara, Martin. Targum and New Testament: Collected Essays. Vol. 279. Mohr Siebeck, 2011.

https://www.sefaria.org/texts/Tanakh/Targum

Agague

  1. Nome (ou talvez título) de reis amalequitas (cf. Ester 3:1) . Em hebraico Agag’ אגג possui derivação incerta. É interpretado como “superior”, mas seu significado mais comum seria “chama, flamejante ou violento”.
  2. Balaão predisse um rei de Israel “mais elevado do que Agague”. (Nm 24:17).
  3. Rei de Amaleque derrotado por Saul. (1Sm 15:1-7). Entretanto, Saul deixou de executar Agague e permitiu que o povo retivesse parte do despojo, provocando a rejeição divina de Saul como rei. (1Sm 15:8-29). Samuel executou Agague (1Sm 15:32, 33).

Sete

Sete, em hebraico שֵׁ֑ת; e em grego Σηθ, nome de dois personagens bíblico, com significado incerto

Uma possibilidade é que o nome tenha sido escolhido por sua assonância com o verbo hebraico “shath”, que significa “designar”, sem necessariamente implicar uma relação direta de substituição.

Adicionalmente, pode significar “designado” ou “colocado”, sugerindo que ele foi um substituto para Abel, que foi assassinado por Caim.

  1. Sete, o terceiro filho de Adão e Eva, nascido após a morte de Abel (Gênesis 4:25). É o ancestral de várias linhagens genealógicas bíblicas (Gênesis 5:3, 4; 1 Crônicas 1:1; Lucas 3:38, cf. Eclesiástico 49:16)

De acordo com o Texto Massorético e a versão samaritana da Bíblia, Sete teve um filho chamado Enos quando tinha 105 anos, porém a Septuaginta indica 205 anos para esse evento. Sete viveu até os 912 anos de idade (Gênesis 4:26; 5:6-8).

O nascimento de Sete é apresentado em contraste com a linhagem de Caim, marcada pela violência e depravação. A partir do nascimento de Sete ha o início da prática de invocar o nome de Yahweh (Gênesis 4:26).

2. Filhos de Sete aparece em Números 24:17, em uma passagem obscura onde Balaão se refere a um povo inimigo de Israel. Seria possível corrupção do texto original ou um jogos de palavras que pode conectar os moabitas (o povo inimigo em questão) aos israelitas, descendentes de Sete. Jeremias 48:45 há algo similar, como “filhos do tumulto” (bnei sheth).

Heber

Nome de nove personagens e um lugar bíblicos escritos com duas ortografias e sentidos distintos que se perdem em português.

Com a grafia עֵבֶר, Éber.

1. O bisneto de Sem, pai de Pelegue e Joctã (Gn 10: 24-25; Gn 11: 14-17; 1Cr 1: 18-19; 1Cr 1:25), ancestral de Abrão (Gn 11: 17-26 ) e Jesus (Lucas 3:35). Tradicionalmente apontado como ancestral epônimo dos hebreus ou habiru, embora hoje a etimologia e a semântica desse último refira-se não a uma etnia, mas às populações diversas que viviam em seminomadismo e, por vezes, atacando vilas e cidades.

2 Região ao lado da Assíria em (Nm 24:24), provavelmente a região e a população “além do rio” (Eufrates).

3 O chefe da família sacerdotal de Amoque na geração seguinte àquela daqueles que retornaram a Jerusalém com Josué e Zorobabel (Ne 12:20).

4 Um gadita (1Cr 5:13).

5 Um benjamita, filho de Elpaal (1Cr 8:12).

6 Um benjamita, filho de Sasaque (1Cr 8:22).

Com a grafia חבר existem quatro pessoas com o nome Heber:

1 Patriarca epônimo de uma linhagem da tribo de Aser (Gn 46:17; Nm 26:45; 1Cr 7: 31-32).

2 Pai ou fundador de Soco em Judá (1Cr 4:18).

3 família em Benjamin (1Cr 8:17).

4 O marido queneu (“ferreiro”) de Jael que matou Sísera em sua tenda (Juízes 4:21; Juízes 5:24). Heber havia migrado para o território de Naftali, que tinha uma fronteira comum com Aser, e se estabeleceu em paz com Jabim, rei de Canaã, em Hazor (Jz 4:11; Jz 4:17).

Balaão

Balaão era um profeta, filho de Beor e morador da cidade de Petor na Mesopotâmia (Nm 22; 23; 24; Dt 23:4). Aparece nas passagens da mula (Nm 22:33), da maldição tornada em bênção (Nm 23-24) e da idolatria de Peor (Nm 31:6; Dt 23:4). Aparece citado no Novo Testamento (2 Pe 2:15; Jd 11; Ap 2:14).

A inscrição de Deir ‘Alla (KAI 312), foi descoberta durante uma escavação de 1967 em Deir ‘Alla, na Jordânia. Escrita nas paredes de um casa, registra uma visão de Balaão. Sua datação é do século IX a.C.