Papiros de Akhmim

Akhmim, Panópolis em grego, é uma cidade do Alto Egito onde houve vários monastérios. Foi local de descoberta de vários manuscritos em tumbas de monges.

A região teve residentes célebres, como Shenouda, o Arquimandrita (348-466) e Nestório, o ex-patriarca de Constantinopla. Outro notório residente, Nonnus, um poeta grecorromano, nasceu na cidade. Ele teria composto uma Dyonysica (c.470) e depois convertido ao cristianismo e composto uma versão poética do evangelho de João.

As escavações em Akhmim em 1886 por uma missão arqueológica francesa liderada Sylvain Grébant revelaram numerosos manuscritos cristãos. Entre os achados estão os fragmentos do Livro de Enoque, do Evangelho de Pedro, o Apocalipse Copta de Pedro, Martírio de São Julião, os Atos do Concílio de Éfeso, bem como numerosas outras inscrições cristãs. A maior parte data dos séculos VIII ou IX d.C.

P. Cair. 1075 é o códice, hoje de local incerto, de 33 folhas que continha o Livro de Enoque, do Evangelho de Pedro, o Apocalipse Copta de Pedro e o Martírio de São Julião.

Nag Hammadi

A Biblioteca de Nag Hammadi é uma coleção de treze códices antigos com mais de cinquenta textos. Foi descoberta acidentalmente por camponeses no Alto Egito em 1945.

Esta descoberta inclui um grande número de “evangelhos gnósticos”. Esses textos traduzidos do grego para o copta, contém cópias ou versões variantes de outros textos da coleção, de modo que existem apenas quarenta e cinco obras distintas, trinta e seis das quais eram previamente desconhecidas.

Os títulos incluem Atos de Pedro e os Doze Apóstolos; Allogenes; Apocalipse de Adão; Apocalipse de James, primeiro; Apocalipse de James, segundo; Apocalipse de Paulo; Apocalipse de Pedro; Apócrifo de Tiago; Apócrifo de João; Asclépio 21–29; Authentikos Logos; Livro de Thomas, o Contender; Conceito de Nosso Grande Poder; Diálogo do Salvador; Discurso no Oitavo e Nono; Eugnostos, o Abençoado e Sofia de Jesus Cristo; Exegese da Alma; Evangelho de Filipe; Evangelho dos egípcios; Evangelho de Tomé; Evangelho da verdade; Hipóstase dos Arcontes; Hypsiphrone; Interpretação do Conhecimento; Epístola de Filipe; Melquizedeque; Sobre a origem do mundo; Paráfrase de Sem; República de Platão; Oração de Ação de Graças; Oração do Apóstolo Paulo; Segundo Tratado do Grande Sete; Frases de Sexto; Ensinamentos de Silvânio; Três Estelas de Sete; Trovão; Mente perfeita; Tratado sobre a Ressurreição; Protenoia Trimórfica; Tratado Tripartido; Exposição Valentiniana; Zostriano.

Manuscritologia

A manuscriptologia é o estudo interdisciplinar de manuscritos. Documentos manuscritos ou produzidos à mão, normalmente em suportes textuais flexíveis como pergaminho ou papel, antes da invenção da imprensa. Abrange o exame, descrição, interpretação e preservação de manuscritos e seus materiais.

O estudo da manuscritologia envolve a análise das características físicas dos manuscritos, incluindo seu tamanho, layout, encadernação e materiais de escrita, bem como o conteúdo e o contexto dos textos que eles contêm. Isso pode incluir o exame da caligrafia, decoração e iluminura do manuscrito, bem como o contexto linguístico e histórico em que foi produzido.

Os manuscritos são uma importante fonte de informação sobre a história da escrita, o desenvolvimento das línguas, a transmissão do conhecimento e as práticas culturais e sociais das sociedades passadas. Eles fornecem informações sobre as crenças, valores e costumes de indivíduos e comunidades, bem como as realizações intelectuais e artísticas de civilizações passadas.

O estudo da manuscritologia é essencial para a preservação e conservação desses importantes artefatos culturais. Os manuscritos geralmente são frágeis e vulneráveis a danos causados por fatores ambientais, como luz, umidade e temperatura, bem como pelo manuseio físico. Como tal, os manuscritos trabalham em estreita colaboração com conservadores e arquivistas para garantir que esses documentos sejam devidamente cuidados e protegidos.

Nos últimos anos, a revolução digital teve um impacto profundo no estudo da manuscritologia, com muitos manuscritos sendo digitalizados e disponibilizados online. Isso abriu novas possibilidades de pesquisa, permitindo que os estudiosos acessem e estudem manuscritos de todo o mundo.

A manuscriptologia é um campo amplo que abrange várias disciplinas relacionadas, incluindo paleografia, codicologia, diplomática e crítica textual. Cada uma dessas disciplinas se concentra em um aspecto diferente dos manuscritos, mas todas estão interconectadas e interdependentes.

Paleografia é o estudo da caligrafia antiga e medieval, incluindo a identificação de escritas e a interpretação de suas características. Os paleógrafos analisam as formas das letras, abreviações e pontuação dos manuscritos para identificar a escrita usada e datar o manuscrito. A paleografia é uma parte importante da manuscritologia porque ajuda a estabelecer o contexto e a proveniência do manuscrito.

Codicologia é o estudo dos aspectos físicos dos manuscritos, incluindo sua encadernação, layout e materiais. Os codicologistas examinam a estrutura e a construção dos manuscritos para entender como foram produzidos, como foram usados e como foram preservados. A codicologia é importante porque ajuda a estabelecer o contexto material do manuscrito.

Diplomática é o estudo do contexto legal e administrativo de documentos, incluindo manuscritos. Os diplomatas examinam os aspectos formais dos documentos, como seu formato, estrutura e linguagem, para entender sua função e significado. A diplomática é importante para a manuscritologia porque ajuda a estabelecer o contexto legal e administrativo do manuscrito.

A crítica textual é o estudo do texto dos manuscritos, incluindo a identificação de variantes e a reconstrução do texto original. Os críticos textuais examinam o texto e a estrutura dos manuscritos para identificar erros e variações e para reconstruir o texto original. A crítica textual é importante para a manuscritologia porque ajuda a estabelecer o contexto textual do manuscrito.

A manuscritologia é de importância crucial para a cência bíblica porque fornece acesso às primeiras cópias sobreviventes dos textos bíblicos. Esses manuscritos costumam ser a única evidência de sua transmissão ao longo do tempo.

O estudo dos manuscritos bíblicos envolve paleografia, codicologia e crítica textual, que ajudam a estabelecer a idade, proveniência e autenticidade dos manuscritos. Os estudiosos usam esses métodos para comparar diferentes versões dos textos bíblicos e reconstruir o texto original.

A manuscriptologia permitiu aos estudiosos identificar inúmeras leituras variantes nos textos bíblicos, o que levou a uma melhor compreensão da transmissão e desenvolvimento dos textos bíblicos. Também forneceu evidências da existência de diferentes tradições textuais, o que esclareceu os diversos contextos culturais e religiosos nos quais os textos foram produzidos.

Papiro

O papiro deriva-se da parte fibrosa de uma planta aquática da família dos juncos que crescia abundantemente nas águas rasas do Nilo, nas proximidades do Delta (Jó 8:11) e no oásis de En-Gedi, próximo do Mar Morto.

Assemelhando-se a um caule de milho, a planta era usada de várias maneiras. Além da escrita também servia como combustível, comida, remédios, roupas, tapetes, velas, cordas e até para mascar.

Na manufatura de “papel” de papiro, o caule da planta madura era cortado em seções de cerca de trinta a quarenta centímetros de comprimento. Depois, abria-se cada um deles longitudinalmente e o núcleo da medula era removido e fatiado em tiras muito finas. Essas tiras colocadas longitudinalmente em uma superfície plana sobrepostas umas às outras e todas voltadas para a mesma direção. Em seguida, uma segunda camada era colocada em ângulos retos. As duas camadas eram então pressionadas ou amassadas até formarem um tecido. Uma pedra servia para polir, amaciar e aplainar as faces do papiro.

Cerca de vinte folhas individuais de papiro poderiam ser unidas ponta a ponta para formar um rolo. A partir desse rolo, os pedaços seriam cortados no tamanho necessário para escrever uma carta, um recibo, escritura ou qualquer outro registro.

O papiro textual mais antigo encontrado é o Diário de Merer ou o Papiro Jarf. Este registro das atividades de um grupo construtores foi descoberto em 2013. É datado do reinado do faraó Khufu (2589 e 2566 a.C.).

Na Idade do Ferro o papiro começou a ser comercializado em larga escala pelo Mediterrâneo. É notória a relação mercantil entre o Egito e a Fenícia no século XI a.C., como registrada na Jornada de Wen-Amon à Fenícia. Nessa mesma época, o Faraó Smendes (1076–1052) enviou 500 rolos de papiro ao rei de Byblos. Byblos se tornou o centro comercial e o próprio termo byblon passou a se referir ao volume ou rolo de papiro em língua grega.

O papiro não é tão durável quanto o pergaminho. Em média duravam, com um cuidadoso manuseio, por uns 30 anos. Contudo, as areias secas do Egito provaram ser ambientes propícios para sua preservação.

Em 1778 houve uma redescoberta dos papiros do Egito pelos europeus. A procura por papiros antigos foi estimulada pela expedição de Napoleão.

Em 1877 começaram as tentativas de reproduzir as técnicas de fabricação, sendo produzido na Sicília. Nesse mesmo ano ocorreu a descoberta dos papiros de Fayum, o primeiro grande achado de uma coleção de papiros. Levada à Áustria, essa coleção estimulou a pesquisa entre investigadores de língua alemã, dentre eles Ulrich Wilcken, um dos fundadores da papirologia como disciplina.

As escavações de Flinders Petrie encontraram o Papiro Petrie I em 1891. Nesse mesno ano também foi publicada a Constituição dos Atenienses, de Aristóteles, a partir de dois papiros (um encontrado em Fayum em 1879, outro apareceu no mercado egípcio em 1890).

O termo “papirologista” foi cunhado em 1896. O material frágil, seu caráter fragmentário, múltiplas línguas fizeram da papirologia uma ciência histórica complexa, extremente importante e demandando extensivo trabalho.

Entre 1896 e 1906 os estudiosos P.B. Grenfell e A. S. Hunt de Oxford foram procurar em sítios arqueológicos e depósitos de lixo no Egito restos de papiros. Consolidou-se com eles a papirologia como ciência especializada.

A classificação dos papiros pela papirologia divide-se em tipos documentais, os quais são datados, com poucas cópias, fins de produzir provas ou lembrança factual, como as cartas. Outro tipo são os literários, sem datas, exceto em colofões; para fins religiosos, artísticos, com cópias reproduzidas com maior frequência. Tal classificação é útil para outras estudos bíblicos.

Os principais sítios arqueológicos onde foram encontrados papiros são:

SAIBA MAIS

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Lista das coleções de papiros

Refêrencias em papirologia

Base de dados de papiros

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