Acazias

Acazias, em hebraico אֲחַזְיָ֣הוּ, Deus ajuda. Nome de dois reis na Bíblia.

  1. Acazias (ca. 870 a.C.–852 a.C.) foi o oitavo rei do reino do norte de Israel, filho mais velho de Acabe e sucessor de seu pai após sua morte em batalha contra a Síria, causada por uma flecha disparada ao acaso (1 Reis 22:34–38). Acazias governou Israel por dois anos (ca. 853–852 a.C.; 1 Reis 22:51) antes de falecer em decorrência de ferimentos sofridos ao cair de uma câmara superior (2 Reis 1:2; 1:17). Como não possuía herdeiro masculino, seu irmão Jorão o sucedeu no trono (2 Reis 1:17; 3:1).

O curto reinado de Acazias foi marcado por sua fidelidade ao culto a Baal, promovido em Israel por Acabe e sua esposa Jezabel (1 Reis 16:31). Após sua queda, Acazias enviou mensageiros para consultar Baalzebube, uma divindade da cidade filisteia de Ecrom, sobre sua recuperação (2 Reis 1:2). O nome Baalzebube é geralmente interpretado como “Senhor das Moscas”, sendo possivelmente uma alteração intencional do título “Baalzebul” (Senhor Príncipe), com o objetivo de ridicularizar a divindade. Estudos sugerem outras interpretações para o nome, incluindo a ideia de que zbb, em ugarítico, poderia significar “chama”. A escolha de Acazias por essa consulta é explicada como uma crença em poderes curativos atribuídos a Baalzebube.

A atitude de Acazias em buscar uma divindade estrangeira fora de Israel, em vez de consultar Yahweh, resultou em condenação divina. O profeta Elias foi enviado para declarar o julgamento de Yahweh, afirmando que Acazias não se recuperaria de seus ferimentos (2 Reis 1:3–8). A morte de Acazias também foi interpretada em relação à profecia de Elias a Acabe, que previa o fim de sua dinastia de forma semelhante à destruição da casa de Jeroboão (1 Reis 21:22). Embora a destruição total da casa de Acabe não tenha ocorrido imediatamente após a morte de Acazias, ela é vista como cumprida nos eventos posteriores envolvendo Jorão e Jezabel (2 Reis 9).

2. Acazias (841 a.C.), rei de Judá, foi o quinto monarca do reino do sul, sucedendo seu pai Jeorão no trono de Jerusalém (2 Reis 8-9; 2 Crônicas 22). Era filho de Atalia, filha de Acabe, rei de Israel, e neta de Onri, também rei de Israel. Acazias iniciou seu curto reinado aos 22 anos, governando por apenas um ano.

Durante seu governo, Acazias formou uma aliança com seu tio Jorão, rei de Israel e também filho de Acabe, para lutar contra Hazael, rei da Síria, em Ramote-Gileade. Nesta batalha, Jorão foi ferido, e Acazias viajou com ele para Jezreel a fim de acompanhar sua recuperação. Durante este período, Jeú, um comandante do exército de Israel que havia sido ungido como futuro rei, liderou uma revolta que resultou na morte de Jorão. Acazias tentou fugir, mas foi atingido por uma flecha perto de Gur, próximo a Ibleã, e morreu em Megido.

O relato no livro de Crônicas apresenta diferenças em relação à narrativa de Reis. De acordo com Crônicas, Acazias foi capturado enquanto se escondia em Samaria e levado a Jeú, que o executou. Essa disparidade nas narrativas bíblicas reflete possíveis diferenças na tradição literária ou na interpretação dos eventos históricos.

Fragmentos de uma inscrição aramaica do século IX a.C., descobertos em Tel Dan, podem fornecer uma perspectiva adicional sobre esses eventos. A inscrição celebra a morte de um rei de Israel e de um rei de Judá, atribuída ao rei da Síria, possivelmente Hazael. A interpretação dessa inscrição é controversa e pode representar uma hipérbole propagandística. Ainda há a possibilidade de que Hazael tenha colaborado com Jeú para eliminar ambos os reis, conforme sugerido por algumas interpretações acadêmicas.

A curta duração do reinado de Acazias e sua associação com a dinastia de Acabe através de sua mãe o colocam como uma figura chave em um período turbulento da história bíblica. Seus laços familiares e alianças políticas exemplificam as complexas interações entre os reinos de Judá e Israel e seus vizinhos, como a Síria.

Edwin Thiele

Edwin Thiele (1895-1986) foi um biblista especializado no Antigo Testamento e cronologista bíblico adventista americano.

Foi missionário na China, arqueólogo e editor.

Thiele contribuiu para a compreensão da linha do tempo bíblica, especialmente dos reinados dos reis de Israel e Judá.

A cronologia dos reis de Judá e Israel é marca pelo ano de ascensão ao trono entre os reinos paralelos. Contudo, alguns anos não batem. Thiele notou que os números de anos depois do reinado do rei Asa de Judá tinham um erro cumulativo de um ano para cada reinado sucessivo dos reis de Israel. Propôs uma hipótese de que havia dois métodos de contagens diferentes para cada reino.

O método do ano de ascensão adotado pelo reino de Judá considerava se um rei morresse no meio de um ano, o período até o final desse ano seria chamado de “ano de ascensão” do novo rei. Já o método do ano de não ascensão, o período até o final do ano seria o Ano 1 do novo rei, sendo adotado pelo reino de Israel.

Adicionalmente, o ano de reinado de Judá começava no mês de outono de Tishri, enquanto o do reino do norte, Israel, começou em Nisan.

Período dos reis de Israel e Judá

O período dos reis compreende entre a monarquia dividida (928 a.C.) e a queda de Jerusalém (586 a.C.).

É o período com maior atestação histórica do Antigo Testamento. É registrado nos livros de 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas e 2 Crônicas, bem como em informações esparsas nos livros dos profetas. Diversas fontes literárias e arqueológicas desse período também corroboram para uma reconstrução de sua história.

Esse período coincide com um relativo declínio do Egito e a emergência da Assíria e mais tarde da Babilônia como poderes políticos. A Idade do Ferro IIB (c.920-722 a.C.) foi o apogeu do reino de Israel enquanto a Idade do Ferro IIC (c.720-586 a.C.) seria a vez do reino de Judá.

Todos os reis israelitas e todos, exceto três reis da Judá (Asa, Ezequias e Josias) foram denunciados por infidelidade no culto a Deus.

Saul

  1. Primeiro rei de Israel. Seu nome em hebraico שָׁאוּל‎, em grego Σαούλ. significa “desejado”.

O ciclo de Saul aparece nos livros de 1 Samuel 9-31 e 2 Samuel 1. Saul teria criado o primeiro exército e unificado as tribos israelitas em uma sociedade de estado unificada em uma monarquia. Originário de Gibeá, da tribo de benjamim, foi ungido rei pelo profeta Samuel. Saul enfrentou os filisteus. Depois, passou a perseguir seu genro e potencial concorrente, Davi.

Há várias alusões e sobrescritos nos salmos relacionados a Saul. Davi tocava sua harpa para dissipar a melancolia de Saul. Uma possível alusão aparece em Oseias 13:9-11.

No Novo Testamento outro benjamita, Paulo, é também chamado de Saulo, uma variante de Saul.

2. Saul, rei edomita: Rei de Edom, da cidade de Reobote, no rio Eufrates (Gênesis 36:37).

Salomão

Salomão (hebraico שְׁלֹמֹֹה – shelomo, paz; grego: Σολομών) foi filho de Bet-seba e Davi e seu sucessor como rei, cujas sabedoria e riqueza se tornaram notórias.

Durante seu reinado a nação unida de Israel teria sido forte e próspera, graças à sua habilidade diplomática e econômica, sem necessidade de guerras.

Segundo o relato bíblico Salomão engajou-se em uma diplomacia matrimonial, casando-se com setecentas filhas de reis (além de trezentas concubinas).

Esta estabilidade com os estados vizinhos proporcionou a chance de explorar as vantagens geográficas, intermediando o comércio entre a África e a Ásia. Desse modo, acumulou enormes quantidades de ouro e prata. Com a riqueza, construiu um templo em Jerusalém, no qual colocou a arca, fortalecendo a cidade como centro religioso e capital da nação.