O nome Livro de Baruque refere-se à vários livros associados a Baruque, o escriba de Jeremias (Jr 36:4).
1 Baruque. Uma pequena coleção de orações e poemas de diversas fontes. Aparece em edições da Septuaginta (Old Greek), sendo canônico nas Bíblias etíopes e na versão grega de Teodotion. Apesar de não inclusas na Vulgata por Jerônimo, em recensões tardias o livro aparece, sendo incorporada na Vulgata Sixto-Clementina.
Em algumas edições (como na Igreja Ortodoxa), o capítulo 6 de Baruque aparece como um livro distinto, a Epístola de Jeremias.
CANONICIDADE
Não é citada na literatura rabínica, nem faz parte de nenhuma edição do Texto Massorético. Entre os Manuscritos do Mar Morto aparece a Epístola de Jeremias, mas nada do resto do Livro de Baruque.
É citada por autores patrísticos como Atenágoras de Atenas e Irineu de Lyon, mas como pertencentes ao livro de Jeremias. Atanásio e Agostinho citaram o livro como canônico, mas foi explicitamente rejeitado por Jerônimo. Está presente nos Grandes Códices, exceto no Codex Sinaiticus, o qual possui uma lacuna depois de Lamentações.
Desde os concílios de Florença e Trento é tido como (deutero)canônico para a Igreja Católica. É empregado para uso litúrgico entre anglicanos e cristãos ortodoxos.
Aparece em várias edições protestantes da Bíblia, como na King James de 1611 ou na Biblia del Oso, a tradução de Casiodoro de Reina, na Bíblia de Lutero de 1534, a francesa de Olivetan de 1535. O anabatista Ludwig Haetzer defendeu sua canonicidade. A partir do século XVII Baruque aparece somente em algumas edições anglicanas ou luteranas.
DATAÇÃO
A linguagem e os temas remetem à época de redação do Livro de Daniel e de Siraque. O livro é datado entre 200 a.C. a 100 a.C.
ESBOÇO
- Narrativa introdutória (1:1-14)
- Confissão e Oração (1:15-3:8)
- Elogio da Sabedoria (3:9-4:4)
- Discurso a Israel (4:5-9a)
- O consolo de Sião para seus filhos na Diáspora (4:9b-29)
- Exortação para Jerusalém (4:30-5:9)
- Epístola de Jeremias (6)
2 Baruque. Apocalipse siríaco de Baruque. Texto pseudoepígrafo do final do século I dC ou início do século II dC. Os capítulos 78–87, chamado de a Carta de Baruque às Nove e Meia Tribos, circulou separadamente. É atestada em 36 manuscritos siríacos. Escrita em siríaco e traduzida para o árabe, possui trechos fragmentários em latim e grego. No ocidente foi conhecido quando descoberto por Antonio Ceriani na Biblioteca Ambrosiana em Milão em 1866. É uma coletânea de orações, lamentações e visões.
3 Baruque. Apocalipse grego de Baruque. É um livro pseudoepígrafa composto depois da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos. Apresenta uma visão do Templo nos céus, atendido por anjos. Discorre sobre o sofrimento e teodiceia.
4 Baruque ou Paralipômena de Jeremias é um Livro pseudoepígrafe, embora parte da Bíblia Ortodoxa Etíope. É conhecida por manuscritos grego, ge’ez, armênio, romeno e eslavo eclesiástico. Relata um sono de 66 anos de Abimeleque, sobrevivente da Queda de Jerusalém. Contém fábulas e relatos fantásticos. É estimado ser do século II d.C.
Resto das palavras de Baruque ou Lamentações Etíopes de Jeremias. é um texto pseudepigráfico, lido nos cânones menores da Igreja Ortodoxa Etíope e dos Beta Israel. Trata-se de uma recensão de outros textos do corpus jeremíada. Contém uma versão de Lamentações, Epístola de Jeremias, uma profecia contra Passur e a Paralipômena de Baruque (4 Baruque).