Christian Fellowship Center

A Christian Fellowship Church (CFC) é uma comunhão de igrejas cristãs unidas por uma visão comum de fé e prática, marcada pela ênfase na santidade, na obediência às Escrituras e no amor sacrificial. Fundada em Bangalore, Índia, em 1975, a CFC expandiu-se internacionalmente, estabelecendo congregações em diversos locais, como Mumbai, Dubai, Cingapura, Londres, Dallas, Loveland (Colorado), Austin, Beaver Springs (Pensilvânia), Atlanta, Brisbane, Melbourne, Bahrein e Sri Lanka.

A origem da CFC remonta a encontros domésticos liderados por Zac Poonen, um ex-oficial da Marinha Indiana que ingressou no ministério em tempo integral em 1965. Inspirado pelo movimento Smith’s Friends durante sua estadia na Noruega em 1971, Poonen iniciou reuniões similares em Bangalore, que eventualmente deram origem à igreja formalmente registrada sob a Lei das Sociedades em 1975. A liderança da CFC caracteriza-se por um modelo de pluralidade de presbíteros, todos sustentados por empregos seculares, sem remuneração por parte da igreja. Essa abordagem reflete um compromisso com a pureza financeira e um serviço a Deus fundamentado no amor altruísta.

A teologia da CFC fundamenta-se em crenças cristãs clássicas, incluindo a aceitação da Bíblia como Palavra de Deus inspirada e infalível, a doutrina da Trindade, a divindade e humanidade de Cristo, sua vida sem pecado, morte expiatória, ressurreição e ascensão. A igreja ensina a salvação pela graça por meio da fé em Jesus Cristo, a regeneração pelo Espírito Santo e a importância do batismo nas águas e do enchimento do Espírito Santo. A escatologia inclui a ressurreição dos mortos e o juízo final.

As reuniões da CFC não seguem uma liturgia formal, mas são conduzidas com ordem e decência, permitindo espaço para a manifestação dos dons espirituais, como a profecia, desde que contribuam para a edificação da comunidade. A santificação e a obediência prática aos ensinamentos de Jesus, especialmente no Sermão da Montanha, são pilares fundamentais da vida cristã dentro da CFC.

Embora não se considere uma denominação, a CFC opera como uma irmandade de igrejas autônomas unidas por uma visão compartilhada. Historicamente, manteve relações com figuras e movimentos influentes, como Sigurd Bratlie e a Brunstad Christian Church (BCC), além de incorporar elementos da tradição batista, como o batismo do crente e a autonomia congregacional. Também há abertura para manifestações carismáticas, incluindo o falar em línguas, influenciada por líderes como Michael Harper e Harald Bredesen.

A música desempenha um papel significativo na vida da CFC. Cultos e eventos são enriquecidos por música congregacional e instrumental, frequentemente contando com a participação de bandas e orquestras, o que reflete o apreço pela adoração comunitária vibrante. Esse aspecto complementa a ênfase da igreja na espiritualidade prática e na comunhão entre os membros.

Amy Wilson Carmichael

Amy Wilson Carmichael (1867-1951) foi uma missionária cristã protestante amplamente reconhecida por seu serviço na Índia, onde dedicou 55 anos de sua vida sem retornar ao lar. Nascida em Millisle, Irlanda do Norte, em uma família presbiteriana, Carmichael sentiu desde cedo o chamado para o trabalho missionário.

Seu ministério concentrou-se principalmente em Dohnavur, no sul da Índia, onde desempenhou um papel crucial no resgate de crianças, especialmente meninas, de práticas exploratórias. Em resposta a essa necessidade, fundou a Dohnavur Fellowship, uma organização que permanece ativa até hoje, dando continuidade ao legado de cuidado e proteção iniciado por ela.

Além de seu trabalho no campo missionário, Carmichael foi uma autora prolífica, escrevendo numerosos livros e artigos

João Ferreira de Almeida

João Ferreira Annes d’Almeida ou João Ferreira de Almeida (1628 -1691) foi um ministro pregador da Igreja Reformada nas Índias Orientais Holandesas e tradutor da Bíblia ao português.

VIDA

Originário de Torre de Tavares, Várzea de Tavares, concelho de Mangualde, Portugal, não sabe muitos detalhes sobre o início de sua vida. Ao longo da vida ganhou diversos graus de proficiência do latim, grego, italiano, espanhol, francês e holandês.

Em 1642, aos quatorze anos de idade, João Ferreira de Almeida estava na Ásia e converteu-se ao protestantismo ao ler um panfleto em espanhol. No ano anterior, forças holandesas tinham conquistado várias colônias portuguesas na Ásia.

Em 1645 traduziu Novo Testamento para o português a partir do latim da versão de Teodoro de Beza, consultando versões em castelhano, francês e italiano. Essa tradução circulou manuscrita e nunca foi impressa.

Em 1654 fez uma nova tradução do Novo Testamento, solicitada pela Igreja Reformada no Ceilão. Em 1676, já em Jacarta, terminou sua terceira revisão.

É posto no ministério de consolador ou visitador (referido com o título de “padre”) da Igreja Reformada. Exerceu seu ministério em Malaca, no Sul da Índia, em Ceilão e em Batávia, atual Jacarta.

Em 1681 saiu a primeira edição impressa do Novo Testamento. Foi revisada pelo holandês-brasileiro Bartholomeus Heynen e o holandês Joannes de Vooght. É possível um terceiro revisor anônimo, um judeu convertido. No entanto, veio com vários erros editoriais. As autoridades holandesas decretaram seu recolhimento. Almeida anotou uma revisão em um exemplar, hoje guardado na Biblioteca Nacional em Lisboa. Ainda há nessa mesma biblioteca outro exemplar dessa edição. Já na Biblioteca Real de Haia e a British Library guardam outros dois exemplares sobreviventes.

A segunda edição do Novo Testamento em português, revista pouco antes da morte de Almeida, veio a ser publicada postumamente em 1693. Teria sido revista por Jacobus op den Akker e Theodorus Zas, ambos ministros formados em teologia em Utrecht.

A Society for Promoting Christian Knowledge, de Londres, financiou a terceira edição do Novo Testamento de Almeida, em 1711, publicada em Amsterdam.

Ao morrer, Almeida tinha traduzido o Antigo Testamento até o livro de Ezequiel 48:21. Em 1694, Jacobus op den Akker, que era pastor da Igreja Reformada Holandesa, retomou o trabalho e terminou o Antigo Testamento.

O Antigo Testamento foi publicado em Tranquebar de forma seriada: iniciou em 1719 (Pentateuco), 1732 (Profetas Menores), 1738 (Livros Históricos), 1740 (Salmos), 1744 (Jó a Eclesiastes), 1751 (Profeta Maiores, com tradução de Daniel pelo missionário Christóvão Theodosio Walther) e 1757 (Pentateuco). Paralelamente, foi publicada em dois volumes na Batávia, entre 1748 (Gênesis-Ester) e 1753 (Salmos-Malaquias).

Em 1712 a missão luterana de Tranquebar reimprimiu a edição de 1681. A primeira edição revista substancialmente do Novo Testamento, feita em Tranquebar, apareceu em 1760 (quatro evangelhos) e 1765 (resto do Novo Testamento). A primeira edição da Bíblia completa, apenas em 1819 pela gráfica de R.E. A. Taylor em Londres, sob encomenda da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

O PROCESSO DE TRADUÇÃO

Para o Antigo Testamento Almeida não traduziu diretamente do hebraico, mas de outras versões. Teria utilizado como base principal versão espanhola de Cypriano de Valera de 1602 (a Biblia del Cántaro), a qual tinha sido a Bíblia del Oso (de Casiodoro de Reina) revisada com base na Bíblia de Ferrara e na versão de Pagnino. Outra fonte teria sido a Bíblia Diodati em italiano e a Olivetan em francês. Como controle, também empregou a versão holandesa Statenvertaling (1637), cujos autores reivindicaram ser a mais fiel tradução em línguas vernáculas da era da Reforma. Hoje é consenso que Almeida não se baseou na Vulgata (Fernandes 2021). É provável que tenha tido contato com a Bíblia Poliglota de Antuérpia (1572) de Benito Arias Montano e a versão latina de Sancte Pagnino.

A tradução do Novo Testamento começou a partir do espanhol. Consultou a versão latina de Teodoro de Beza, com auxílio de versões em espanhol, francês e italiano. Para a base grega, certamente a versão empregada foi o Textus Receptus de Jan Jansson, impresso em Amsterdam em 1639. (Cavalcante Filho, 2013). Teria também tido acesso a edições de Beza, Roberto e Henricus Stephanus, e Elzevier 1641.

Além da Bíblia também escreveu alguns panfletos: Diferença da Cristandade (1668); Duas Epístolas e Vinte Propostas (1672); um Apêndice à Diferença da Cristandade (1673); Diálogo Rústico e Pastoril (1680).

O biblista Herculano Alves chama Almeida de o autor de língua portuguesa que mais vendeu. No esteio de sua versão, várias revisões levam seu nome.

BIBLIOGRAFIA

Alves, Herculano. A Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida. Coimbra: Sociedade Bíblica de Portugal, Sociedade Bíblica do Brasil, Difusora Bíblica, 2006.

Cavalcante Filho, Jairo Paes. “O método de tradução de João Ferreira de Almeida: O caso do Evangelho de Mateus.” Mestrado em Ciências da Religião. Universidade Metodista de São Paulo, 2013.

Fernandes, Luis Henrique M. “Diferença da Cristandade: a controvérsia religiosa nas Índias Orientais holandesas e o significado histórico da primeira tradução da Bíblia em português (1642-1694)”. Tese de Doutorado em História Social, USP, 2016.

Fernandes, Luis Henrique Menezes. “As fontes textuais da Bíblia Almeida: Sistematização e esquadrinhamento do status quaestionis.” REVER: Revista de Estudos da Religião 21.2 (2021): 45-61.

Lesslie Newbigin 

James Edward Lesslie Newbigin (1909-1998) foi um bispo missionário na Índia e missiólogo.

Ordenado pela Igreja da Escócia e depois credenciado pela Igreja Reformada Unida do Reino Unido. Newbigin partiu para a Índia como missionário. Em 1947, logo após a independência, foi fundada a Igreja do Sul da Índia, uma denominação unida com congregações e missões de origem congregacional, anglicana, metodista e presbiteriana.

Um dedicado ecumenista e teólogo sistemático, discorreu sobre a eclesiologia. Discutiu a natureza escatológica da igreja, seu caráter missionário, denúncia das estruturas injustas e agência para modificação social. Percebeu o status pós-cristão do Ocidente e o viu como um campo missionário para reconversão.

Ofir

Ofir, em hebraico אוֹפִיר, ophir, de significado incerto.

  1. Um lugar bíblico associado com diversas riquezas, sobretudo ouro (1 Re 9:28; 10:11; 22:49; 2 Cr 8:18; 9:10; Jó 22:24; 28:16; Sl 45: 9; Is 13:12). A localização de Ofir é incerta, tendo sido especulado que seria o país de Punt dos egípcios (atuais Somália, Djibuti e talvez Iêmen), algum entreposto na Arábia ou na Índia. Para Ofir Salomão e Hirão de Tiro enviaram uma expedição mercante que trouxe ouro, madeira de almugue (sândalo?), macacos, pavões, marfim e pedras preciosas (1 Rs 9: 27-28; 10:11; 2 Cr 8:18; 9:10). De Ofir, Salomão recebeu 420 talentos (2 Cr 8:18 relata 450 talentos) de ouro. Um século mais tarde, quando o rei Josafá enviou uma frota semelhante a Ofir, a missão naufragou (1 Rs 22: 48-49; 2 Cr 20: 35-37). A frase “ouro de Ofir” passou a ser usada para destacar as coisas mais preciosas, incluindo a sabedoria (Jó 22:24; 28:16; Sl 45:9; Is 13:12). Em Tobias 13 a Nova Jerusalém é descrita como construída com pedras de Ofir. Um óstraco do século VIII a.C. foi achado perto da atual Tel Aviv, inscrita: “Ouro de Ofir a / para Beth-Horon”.
  2. Ofir filho de Joctã, uma pessoa mencionada em Gn 10:29; 1 Cr 1:23.