Problema Sinótico

O Problema Sinóptico ou Sinótico refere-se à investigação sobre a relação entre os três evangelhos sinópticos: Mateus, Marcos e Lucas. Esses três evangelhos compartilham uma quantidade significativa de versos, bem como semelhanças em palavras e temas.

O consenso acadêmico predominante é duplo. Primeiro, a primazia cronológica do Evangelho de Marcos é aceita. Marcos seria mais antigo dos Evangelhos Sinópticos, servindo como um texto fundamental no qual Mateus e Lucas se inspiraram. Segundo, é plausível a existência de uma fonte comum perdida, referida como “Q” (abreviação da palavra alemã “Quelle”, que significa “fonte”), que forneceu material adicional não encontrado em Marcos, mas compartilhado por Mateus e Lucas.

A hipótese das duas fontes, como é conhecida, propõe que Mateus e Lucas utilizaram independentemente duas fontes principais: o Evangelho de Marcos e a hipotética fonte Q. Essa hipótese foi desenvolvida principalmente na Alemanha do século XIX e ganhou apoio significativo entre os estudiosos. B. H. Streeter deu a expressão clássica a essa teoria, e desde então ela se tornou amplamente aceita na comunidade acadêmica.

De acordo com a hipótese das duas fontes, o Evangelho de Marcos serviu como modelo narrativo e estrutura tanto para Mateus quanto para Lucas. Esses dois livros adotaram muito do material de Marcos, incluindo seu relato da vida, ensinamentos e crucificação de Jesus, enquanto faziam suas próprias modificações e acréscimos. Além disso, Mateus e Lucas recorreram à fonte Q para complementar suas narrativas com ditos e ensinamentos compartilhados de Jesus. A existência de Q é inferida pela sobreposição substancial entre Mateus e Lucas nas passagens ausentes em Marcos.

No entanto, durante a segunda metade do século XX, surgiram várias complicações acerca do Problema Sinóptico. Alguns questionaram a prioridade de Marcos, sugerindo cenários alternativos para a ordem de composição. Outros negam a existência da fonte Q. Essas perspectivas divergentes provocaram debates e teorias alternativas sobre a interdependência dos Evangelhos Sinópticos.

BIBLIOGRAFIA

Streeter, Burnett Hillman. The Four Gospels: A Study of Origins, Treating of the Manuscript Tradition, Sources, Authorship, & Dates. Wipf and Stock Publishers, 2008.

Longstaff, Thomas RW, and Page A. Thomas. The synoptic problem: a bibliography, 1716-1988. Vol. 4. Mercer, 1988.

Abba

Transliteração grega (ἀββα) do aramaico אַבָּא (‘abba’), literalmente “meu pai”, mas entendido simplesmente como “pai”.

Aparece nas porções aramaicas de Dn 5:2, 11, 13, 18. No NT aparece três vezes na expressão bilíngue aramaica e grega “Aba, Pai” quando Jesus no Getsêmani se dirige a Deus-Pai (Mc 14:36) e em Rm 8:15 e em Gl 4:6. Todas as vezes transliterada e seguida de seu equivalente grego (Mc 14:36; Rm 8:15; Gl 4:6).

Transmite uma conotação de intimidade, afeto e confiança familiar. Contudo, é errônea a interpretação de que seria uma forma carinhosa (como “papai”)(Barr, 1988; Chilton, 1993). O termo também é reverente, empregado além do círculo familiar por discípulos de um mestre de alta estima.

BIBLIOGRAFIA

Barr, James. “Abba Isn’t Daddy.” Journal of Theological Studies 39 (1988): 28–47.

Chilton, Bruce. “God as ‘Father’ in the Targumim, in Non-Canonical Literatures of Early Judaism and Primitive Christianity, and in Matthew.” Pages 151–69 in Pseudepigrapha and Early Biblical Interpretation. Journal for the Study of the Pseudepigrapha Supplement Series 14. Studies in Scripture in Early Judaism and Christianity 2. Edited by James Charlesworth and Craig Evans. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1993.