Ivo Nardi (1907-1943) nasceu em San Ginesio, na província de Macerata. Por motivos de trabalho, mudou-se para Roma por volta de 1930, onde se dedicou ativamente à pregação evangélica. Sua obra de evangelização despertou a hostilidade do clero local e das autoridades fascistas, que o consideravam um “fanático santarrão”.
Após várias denúncias por violação do artigo 18 do Texto Único das Leis de Segurança Pública, em outubro de 1936, Nardi foi forçado a retornar a San Ginesio. Ali, continuou a pregar entre os camponeses, chamando a atenção das autoridades eclesiásticas e fascistas, que o acusaram de fomentar a dissidência.
No início de fevereiro de 1937, Ivo Nardi foi preso junto com Alessandro Nardi e Giulio Polci, após protestos do clero local. A acusação oficial foi a de ter criticado Mussolini e a invasão da Etiópia, além de ofender o rei e o Duce. Um telegrama do Ministério do Interior, datado de 12 de fevereiro de 1937, descrevia Nardi como um perigoso subversivo, determinado a minar o sentimento nacional.
Após três meses de detenção na prisão de Macerata, em 31 de maio de 1937, foi condenado pelo Tribunal Especial para a Defesa do Estado a cinco anos de prisão e à interdição perpétua de cargos públicos, visto ser “antifascista”.
Foi enviado à prisão de Castelfranco Emilia (Modena), onde sofreu um regime de isolamento rigoroso. Teve contato mínimo com a esposa e as três filhas pequenas e só após um ano conseguiu permissão para ter uma Bíblia. Em 1940, graças a uma anistia, sua pena foi reduzida, e ele foi libertado.
De volta para casa, retomou sua pregação, mas foi preso novamente em 11 de maio de 1941 por realizar um culto. Condenado a três anos de exílio forçado na colônia penal de Pisticci (Matera), foi submetido a trabalhos forçados. Sua saúde, já debilitada, piorou rapidamente, levando à sua libertação em 31 de outubro de 1942.
Ao retornar a San Ginesio, foi preso mais uma vez, já gravemente doente. Foi levado de volta para casa três dias antes de sua morte, que ocorreu em 3 de agosto de 1943, em Belforte del Chienti. Seis dias depois, em 9 de agosto, o prefeito de Macerata comunicou oficialmente o falecimento de Ivo Nardi, ex-confinado político.
Roberto Bracco escreveu sobre ele:
«Ele tinha, em nossa cidade, uma posição de trabalho razoável, mas lhe tiraram o emprego, a casa e a residência, enviando-o de volta para sua cidade natal, onde não tinha nada. Assim, foi reduzido à miséria. Esse irmão, no entanto, não se desencorajou; ao contrário, começou imediatamente a evangelizar Cristo entre seus conterrâneos… Uma pequena comunidade nasceu naquele remoto local montanhoso. Essa obra provocou uma reação violenta das autoridades políticas locais… Foi levado a julgamento sob acusações maliciosas perante o terrível tribunal fascista para a defesa do regime e ali, sem poder se defender, foi condenado…».
Ivo Nardi faleceu aos 36 anos, vítima da perseguição fascista contra os pentecostais.

