Johann Konrad Dippel

Johann Konrad Dippel (1673-1734) foi um teólogo, alquimista e médico alemão. Pessoa polêmica, teve momentos de forte adesão ao pietismo como também surtos de anti-pietismo.

Educado na Universidade de Giessen, em Hesse, foi conselheiro de monarcas com Frederico I da Prússia, Carlos XII da Suécia, além de ter sido perseguido e preso na Dinamarca e em várias regiões da Alemanha. Morou na Holanda onde formou-se médico em Leiden.

Em 1697, aderiu ao pietismo radical por influência dos escritos de Jakob Böhme e de Gottfried Arnold. Levou às últimas consequências as doutrinas pietistas da regeneração que resultava em transformação substancial do indivíduo. Criticou a teoria da satisfação de Anselmo, sobretudo acerca do sofrimento vicário de Cristo, oferecendo uma perspectiva objetiva da obra de redenção. Influenciou a teologia de Zinzendorf e, consequentemente, dos Irmãos Morávios e indiretamente do metodismo.

A redenção ocorre por meio de Cristo sem meios externos, quer sacramental, quer ato de fé. A ira de Deus não pode ser imaginada em termos antropomorfos, mas pautada no amor de Deus. Assim, uma obra de satisfação vicária não fazia sentido. Cristo por sua encarnação compartilhou natureza humana enfraquecida do homem pecaminoso, mas pelo portão estreito da abnegação para a glória. O sofrimento de Cristo não foi em nosso lugar, mas por nós, dando o exemplo de sua vida santa. 

A Palavra de Deus é a comunicação imediata da boca de Deus, presente no coração de todos os homens. Defensor da doutrina da “Luz Interior”, argumentava que a Palavra atuava em cada pessoa mesmo sem as Escrituras, pois em toda pessoa há uma semente divina. Após a Queda, porém a semente da serpente obliterou totalmente a Palavra de Deus implantada em nós até que Cristo, a Palavra de Deus, curou o ser humano para usufruir da semente de Deus. No entanto, a graça não se recebe por meios externos. A vontade de Deus falar diretamente ao coração é por inspiração e iniciativa divina. Cristo é quem começa o seu processo salvítico separadamente em cada um.

Nova Perspectiva sobre Paulo

A Nova Perspectiva sobre Paulo ou Nova Perspectiva de Paulo é um conjunto de interpretações dos escritos paulinos à luz de diversas informações sobre o contexto histórico do período do Segundo Templo e bases linguísticas do grego bíblico.

Esta vertente argumenta que teólogos e biblistas contemporâneos foram enviesados pelas perspectivas e preconceitos dos reformadores magistrais acerca de Paulo e o judaísmo do Segundo Templo. O pressuposto era de que o judaísmo era uma religião que buscava justiça pelas obras, sem base na eleição do povo em aliança por Deus, mas com base em mérito e obras para ganhar o favor de Deus. Contudo, estudos históricos demonstraram que os judaísmos do Segundo Templo eram mais nuanceados e o conceito de graça também estava presente.

Embora não seja uma corrente unificada, desde os anos 1970 seus expoentes foram Krister Stendahl, E. P. Sanders, James D. G. Dunn, N. T. Wright e Paula Fredriksen. Em comum, esses autores argumentam que conceitos do protestantismo magistral das doutrinas acerca de obras e graça, fé em Cristo e expiação teriam de ser revistos. (Os anabatistas por terem sidos inspirados pela exegese de Erasmo, Zwinglio e Karlstadt desenvolveram tradições teológicas distintas acerca desses tópicos).

Enquanto as interpretações fundamentadas na Reforma magistral entende a justificação como a fé do indivíduo em Cristo como o meio de ser declarado justo diante de Deus, proponentes da Nova Perspectiva se concentram no contexto social e histórico em que Paulo estava escrevendo.

Nesse contexto, o papel da lei judaica e da identidade judaica em sua compreensão do evangelho. A mensagem de Paulo não seria uma rejeição do judaísmo, mas sim uma redefinição da identidade judaica à luz de Cristo.

Argumentam que o entendimento tradicional da justificação é baseado em um mal-entendido do uso do termo “justificação” por Paulo. Em vez de se referir à posição legal de um indivíduo diante de Deus, “justificação” nos escritos de Paulo se refere à declaração de Deus de que alguém é um membro de seu povo da aliança, e não um membro da lei judaica.

A principal preocupação de Paulo não seria com a salvação individual, mas com a unidade da igreja, particularmente a inclusão dos crentes gentios. Eles argumentam que a ênfase de Paulo na fé em Cristo não era para ser um meio de salvação pessoal, mas sim um meio de inclusão na comunidade da aliança.

BIBLIOGRAFIA

Dunn, James D.G. The New Perspective on Paul: Collected Essays. Tübingen: Mohr Siebeck, 2005.

Pietersen, Lloyd. “Paul, Nachfolge Christi and Gelassenheit: Reading Paul with the Radical Reformers.” Anabaptism Today 4.1 (2022).

Heresia

Heresia, em seu sentido grego original restringia-se à opinião, mas ganhou conotações de doutrinas infundadas ou contrárias à base apostólica encontrada nas Escrituras..

O termo “heresia” deriva da palavra grega “hairesis”, que significa “seita” ou “escola de pensamento”.

Contemporaneamente, seria a adesão insistente a uma crença falsa ou não ortodoxa que contradiga os ensinamentos fundamentais do cristianismo.

A heresia é muitas vezes distinguida do erro, que é um erro não intencional de crença ou compreensão. Embora os erros possam ser perdoados, a heresia é vista como uma rejeição intencional dos ensinamentos comumente aceitos pela Igreja.

Ao longo da história cristã, surgiram várias heresias, desafiando os ensinamentos da igreja sobre temas como a natureza de Deus, a pessoa de Cristo e a ação contínua do Espírito Santo.

Alguns exemplos notáveis de heresias na história cristã incluem:

  • Arianismo: negou a plena divindade de Cristo, alegando que ele seria um ser criado, subordinado e não um Deus encarnado.
  • Gnosticismo: diversos movimentos, grupos e tendência de pensamento que reivindicavam um conhecimento secreto, dualista, separando o reino espiritual do mundo material.
  • Marcionismo: seita e heresia surgida no século II que negava a bondade do Deus criador retratado no Antigo Testamento.

Daniel Pecota

Daniel Bruce Pecota (1928-1997) foi um teólogo e exegeta americano filiado às Assemblies of God.

Nascido em Passaic, New Jersey, em uma família bielorrussa-americana, casou-se com Esther Hartsch em 1951. Formou-se como Bacharel em
Artes no Southern California College, Mestre de Divindades e Teologia pelo Fuller Theological Seminary e Doutorado em Ministérios da Philips University.

Foi autor de materiais educativos. Lecionou principalmente Novo Testamento no Northwest College, Kirkland, estado de Washington, de 1958 até sua morte. Foi membro da Sociedade de Literatura Bíblica e da Sociedade de Estudos Pentecostais.

Seus interesses de pesquisa centravam-se na soteriologia. É autor de um capítulo sobre o tema na obra coletiva Teologia sistemática de Stanley Horton.

BIBLIOGRAFIA

Horton, Stanley, (ed). Teologia sistemática. 1999.

https://archives.northwestu.edu/handle/nu/37121

John Durie

John Durie (1596-1680) foi um pastor, diplomata, pioneiro no ecumenismo e escritor puritano.

Nascido em uma família presbiteriana em Edimburgo, foi ministro para congregações migrantes de língua inglesa na Alemanha.

Vendo o mal do faccionalismo político e religioso durante a Guerra dos Trinta Anos, viajou pela Europa tentando convencer os governantes e prelados protestantes a buscar a paz e a união. Fundamentava doutrinariamente sua proposta em um mínimo teológico comum que consistia no Credo Apostólico, os Dez Mandamentos e a Oração do Senhor.

No final da vida, expandiu sua proposta de união para incluir os católicos. Foi instrumental em influenciar Cromwell a autorizar a readmissão dos judeus na Inglaterra. Seria um dos pioneiros no movimento ecumênico.

‘O único fruto que colhi com todas as minhas labutas é que vejo a condição miserável do cristianismo e que não tenho outro consolo além do testemunho de minha consciência.’

Participou da Assembleia de Westminster entre 1643 e 1649. Expressava uma teologia irênica. Com suas simpatias pelos judeus, tentou criar um Colégio de Estudos Hebraicos. Foi um prolífico autor de variados panfletos. Colaborou com o polímata Samuel Hartlib, de cujo círculo fazia parte, e com Adam Boreel, um líder colegiante holandês com similares simpatias pela tolerância religiosa.

SAIBA MAIS

Gibson, John Westby. “Durie, John (1596-1680)”. Dictionary of National Biography, 1885-1900, Volume 16.

Van Der Wall, Ernestine GE. “‘Without Partialitie Towards All Men’: John Durie on the Dutch Hebraist Adam Boreel.” Jewish-Christian Relations in the Seventeenth Century. Springer, Dordrecht, 1988. 145-149.

John Dury

Obras de John Dury

Biography of John Dury – Puritan’s Mind

Sermão Israels call to march out of Babylon unto Jerusalem: opened in a sermon before the Honourable House of Commons assembled in Parliament