Kerygma Petri

A Pregação de Pedro (Kerygma Petri, sigla KP) consiste em fragmentos citados por Clemente e Orígenes. Seria uma coleção de ensinos de Pedro, coletadas no Egito no início do século II.

Clemente cita KP como legítima, mas Orígenes não.

Apresenta similaridades temáticas com Atos e os Escritos Paulinos, mas com um teor transicional entre a pregação missionária inicial e a apologética comum a partir do século II.

Não deve ser confundido com outras literaturas apócrifas e pseudopígrafas atribuídas a Pedro: evangelho de Pedro, Apocalipse de Pedro e Kerygmata Petrou, as homílias petrinas na Literatura Pseudoclementina.

Pedro

Chamado de Simão e Cefas (forma aramaica de Pedro, “rocha”), foi um dos mais proeminentes discípulos de Jesus e um dos apóstolos.

Originalmente um pescador da Galileia, confessou que Jesus era o messias de Israel (Mt 16: 16-23), mas negou Jesus três vezes antes da crucificação (Mt 26: 69-75; Mc 14: 66-72; Lc 22: 54-62; Jo 18: 25-27). Todavia, teve uma conversa com Jesus após sua ressurreição (Jo 21:15-17).

Ocupou uma posição de líderança da igreja primitiva de Jerusalém, onde fez discursos evangelísticos públicos (At 2–4). Participou da conversão de Cornélio (At 10). Esteve na assembleia em Jerusalém que discutiu as obrigações dos convertidos gentios (At 15). Duas epístolas, 1 e 2 Pedro, recebem seu nome. Um corpus de literatura petrina pseudoepígrafa e apócrifa elabora sobre a vida e ensinos de Pedro.

Não há registros neotestamentários ou históricos sobre o final de sua vida.

A tradição registrada a partir de 160 d.C. de que Pedro esteve em Roma não é corroborada por textos anteriores da igreja em Roma (1 Clemente, Justino Mártir, Ignácio de Antioquia, literatura marcionita, Papias, por exemplo). No entanto, no final do século II e início do século III surge essa tradição de sua estada e morte em Roma (Irineu de Lyon, Dionísio de Corinto, Clemente de Alexandria). Detalhes lendários sobre sua morte aparecem no Bellum Judaicum, uma paráfrase de Josefo escrita em latim no século IV e atribuída a certo Hegésipo, com relatos de uma perseguição em Roma movida por Nero na qual teria morrido Pedro.

Outra tradição diz que Pedro esteve em Antioquia e colocou seus sucessores lá. (Teodoreto. “Dial. Immutab.1, 4, 33a; João Crisóstomos. Homilia sobre Santo Ignácio, 4. 587). Essa versão é viva nas igrejas de tradições bizantinas e siríacas. Uma terceira tradição, a da Igreja do Oriente (erroneamente chamada Nestoriana) argumenta que Pedro passou seus últimos dias na Babilônia, de onde escreveu suas epístolas (Mar Odisho, Livro de Maranitha – A Pérola: Sobre a verdade do Cristianismo. 1298).

2 Pedro

Exortações a uma vida cristã enquanto se espera o glorioso retorno de Cristo.

Um sermão estruturado como uma carta, possui uma introdução (1:1-11); o testamento petrino (1:2-21); falsos mestres (2); o retorno de Cristo (3:1-13); a pureza na espera (3:14-16); e conclui com uma benção ou doxologia (3:17-18).

Possui vários paralelos com a epístola de Judas.

1 Pedro

A imitação a Cristo, meio a sofrimento e perseguição, rumo à glória final.

A epístola de 1 Pedro é apresentado como uma carta atribuída a Simão Pedro, discípulo de Jesus, dirigida às congregações cristãs em várias províncias do Império Romano na Ásia Menor. O título de 1 Pedro aparece durante o processo de canonização para distingui-la de 2 Pedro. A carta ganhou reconhecimento como um escrito cristão no século II, apesar de constar na antilegômena.

A autoria de 1 Pedro tem sido objeto de debate. Com base no próprio texto, há o argumento de que Pedro seja o autor, enquanto outros argumentam que é uma obra pseudônima escrita em nome de Pedro ou por uma vertente petrina. Os argumentos a favor do pseudônimo incluem a descrição do autor de si mesmo como um ancião em vez de especificamente como Pedro, a ausência de menção de experiências pessoais com Jesus, o grego peculiar (cheio de hapax legômena), a dependência na Septuaginta e o conhecimento das cartas paulinas.

A visão majoritária acredita que a carta tenha sido composta perto do final do primeiro século em Roma, considerando-a como “Babilônia” simbolicamente. Aborda a situação dos cristãos sofredores na Ásia Menor e enfatiza sua nova identidade como o povo escolhido de Deus. O autor baseia-se nas formas das cartas paulinas e incorpora tradições hínicas e litúrgicas. A carta encoraja a perseverança fiel diante da perseguição e destaca o sofrimento de Jesus como um exemplo a seguir.

No geral, 1 Pedro reflete o cuidado pastoral para com as comunidades cristãs que enfrentam adversidades e apresenta uma perspectiva positiva sobre sua condição de forasteiros no mundo, vendo seu sofrimento como um dom da graça de Deus.