Judaismo enoquita

O judaísmo enoquita é um conceito desenvolvido por pesquisadores para referir-se às crenças e práticas de algumas vertentes do judaísmo do Segundo Templo.

Uma tendência purista de judeus esposava um dualismo cósmico entre o bem e o mal, a onipotência de Deus, fatalismo, a identificação da impureza com o mal e um sectarismo.

A literatura enoquiana sumariza as crenças dessa vertente. Para esses grupos (considerando que não utilizavam o termo “enoquiano” como autodesignação) reverenciava a figura do patriarca Enoque. Criam que anjos caídos trouxeram o mal ao mundo.

Os enoquianos acreditavam que a restauração da ordem de Deus ainda era um evento futuro.

BIBLIOGRAFIA

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Testamento de Levi

O Testamento de Levi são duas obra pseudepigráficas, que afirmam ser um testamento do patriarca Levi, um dos filhos de Jacó. Insere-se na obra coletivamente chamada de Testamento dos Doze Patriarcas.

O Testamento de Levi existe em duas versões: o Testamento Grego de Levi e o Testamento Aramaico de Levi. Acredita-se que a versão grega tenha sido escrita no século II aC e é considerada a mais desenvolvida das duas. Contém 18 capítulos e abrange uma variedade de tópicos, incluindo instrução religiosa, ética e escatologia. Registra duas visões: os sete céus e os sete anjos, além de previsões da era messiânica.

O Testamento Aramaico de Levi é uma obra mais curta que foi descoberta entre os Manuscritos do Mar Morto. Acredita-se que seja uma versão anterior do texto e seja datada do século I aC. A versão aramaica difere da versão grega de várias maneiras, incluindo a ordem dos capítulos, a ausência de algum material e o uso de palavras e conceitos diferentes.

Proto-trinitarismo

Proto-trinitarismo refere-se às formulações que concebem Deus como uma multiplicidade complexa, todavia sendo um único Deus, antes dos consensos cristãos formulados nos concílios de Niceia e Calcedônia.

Nas Escrituras Hebraicas elementos aparecem no “Anjo de Yahweh” e “YHWH katan”, bem como em personificações do Espírito (Ruach), Sabedoria (Sophia), Glória (Shekinah), Palavra (Memra) e Filho do Homem. Também, Deus aparece como uma pleroma divina, assembleia divina ou em uma corte celestial.

No período do Segundo Templo esses elementos fruíram em concepções mais pluriúnicas de Deus por autores como Filo, os Targum, no chamado judaísmo enoquiano das pseudoepígrafas, no proto-rabinismo e na patrística cristã.

BIBLIOGRAFIA

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Período do Segundo Templo

O período do Segundo Templo (539 a.C-70 d.C.) começa quando os israelitas na Judeia, Mesopotâmia e Egito se encontravam sob o domínio persa e puderam reconstruir o templo em Jerusalém e termina com a sua destruição pelos romanos.

Por seis séculos, os israelitas estiveram sob os impérios persa, grego, macabeu e romano.

A cultura religiosa desenvolveu uma série de características como a sacralização do texto da Bíblia, instituições como a sinagoga, a noção do próprio judaísmo como uma identidade religiosa, uma intensa expectativa messiânica, um sentimento de que as obras de inquidades levaram à opressão e à diáspora.

O período do Segundo Templo é reconstruído por várias fontes literárias – como os Apócrifos e Pseudepígrafas; obras de autores que escreveram em grego, como o filósofo judeu Filo de Alexandria e o historiador Flávio Josefo, ambos do século I d.C,; o conjunto de textos descobertos nas cavernas do deserto da Judeia, principalmente os Manuscritos do Mar Morto; o Novo Testamento; e outras fontes.

As evidências arqueológicas de Jerusalém, Massada e outros locais ajudam a reconstruir uma imagem de como a cultura judaica emergiu dos resquícios da antiga cultura israelita e se desenvolveu no que mais tarde seria conhecido como cristianismo e judaísmo rabínico.