Bíblia Hesiquiana

Hesíquio de Alexandria (?-c.300) foi um exegeta que produziu a Bíblia Hesiquiana, uma recensão da Septuaginta e partes do Novo Testamento (possivelmente, os quatro evangelhos).

Hesíquio teria sido bispo de um lugar no Egito no século III e é confundido com lexicógrafo homônimo.

Esta recensão é mencionada por Jerônimo como obra de Hesíquio com a colaboração de Luciano de Antioquia. Segundo Eusébio (Hist. Ecl.8.13.7), um tal Hesíquio foi martirizado sob Diocleciano com três contemporâneos: Pacômio, Fileas e Teodoro. Os quatro mártires escreveram uma carta datada de 296 d.C. a Melício, bispo cismático de Licópolis, no Alto Egito, repreendendo-o por ordenações irregulares

No século IV as igrejas do Egito e em Alexandria utilizavam a Septuaginta Hesiquiana ao invés da edição de Orígenes. Jerônimo (Praef. in Paral.; Adv. Ruf. 2,27) critica Hesíquio, acusa-o de interpolação em Isaías 58:11 (Comm. em Is. ad. 58, 11) e de falsas adições ao texto bíblico (Praef. em Evang.). O Decretum Gelasianum alude aos “evangelhos que Hesíquio forjou” e chama-os de apócrifos.

Bel e o Dragão

Bel e o Drão é uma coletânea de passagens em que Daniel denuncia a fraude de dois cultos idólatras.

Esses textos fazem parte das Adições a Daniel, presentes na versão grega de Daniel. É considerado apócrifos no protestantismo, mas estão incluídas no cânone católico romano e ortodoxo grego.

Daniel demonstra ao rei Ciro que a estátua de Bel não pode realmente comer oferendas de comida. Depois, Daniel mata uma serpente (dragão) sagrada. Os adoradores jogam Daniel na cova dos leões, onde ele é milagrosamente alimentado por Habacuque, presumivelmente o mesmo do livro de Habacuque.

Versão Barberini de Habacuque 3

O Barb. MS Barberinus Gr. 549 Vatican Library. Oxford H-P 62 and 147 ou versão de Barberini é uma versão grega, independente da Septuaginta (Old Greek) da Oração de Habacuque (Habacuque 3), apesar de ter sido influenciada pela LXX em sua transmissão.

A versão de Barberini provavelmente não foi traduzida antes dos livros finais da Septuaginta no século I a.C. Sua data final para limitar sua origem seria os meados do século III d.C.

BIBLIOGRAFIA

Harper, Joshua L. Responding to a puzzled scribe: the Barberini version of Habakkuk 3 analysed in the light of the other Greek versions. Vol. 8. Bloomsbury Publishing, 2015.

Codex Sinaiticus

O Codex Sinaiticus ou Codex א (lê-se álefe) ou  01 na numeração Gregory-Aland, no sistema δ 2 (lê-se delta two) é um manuscrito grego do Novo Testamento. Juntamente com o Codex Vaticanus, o Codex Sinaiticus é um dos manuscritos mais importantes para a crítica textual do Novo Testamento grego e da Septuaginta.

Descoberto por Constantin Tischendorf no convento de Santa Catarina, na península do Sinai, é um grande códice. Foi produzido em um escritório por três, possivelmente, quatro escribas. Data provavelmente do século IV (c.330-350 d.C.), mas provavelmente posterior ao Codex Vaticanus.

Contém toda a Septuaginta e o Novo Testamento grego, além da Epístola de Barnabé e a maior parte do Pastor de Hermas. No Antigo Testamento inclui 2 Esdras, Tobias, Judite, 1 e 4 Macabeus, Sabedoria, Siraque. Hebreus vem após a 2 Tessalonicenses. Atos dos Apóstolos está entre as Epístolas Pastorais e Universais.

O texto do Sinaiticus foi escrito em quatro colunas por página em escrita uncial sobre pergaminho, depois encadernado (formato códice).

Contém um número incomumente alto de leituras que surgiram claramente por erro de transcrição, a maioria delas por omissões descuidadas, mas facilmente discerníveis quando cotejado com outros manuscritos. O texto se assemelha muito ao do Codex Vaticanus. As leituras são compartilhadas por ambos códices são geralmente consideradas como relevantes para a crítica textual.

Tischendorf em 1844, 1853 e 1859 levou folhas folhas e fragmentos do manuscrito do códice. Foi publicado pela primeira vez em Tischendorf em 1862.

BIBLIOGRAFIA

https://codexsinaiticus.org/en/

Hexapla

Edição crítica do Antigo Testamento grego em seis colunas paralelas feita por Orígenes (c. 185-253/254 d.C.). Sua compilação foi iniciada em Alexandria e concluída em Cesareia no século III a.C.

A primeira coluna continha o texto em hebraico, a segunda sua transliteração para o grego, as quatro colunas seguintes as traduções para o grego de Aquila, Símaco, Septuaginta (LXX) e Teodotion.

No texto da LXX, com base no texto hebraico, Orígenes marcava as omissões com um asterisco e as interpolações com um obelo. O sinal de metobelo indicava fim de um perícope.

A obra provavelmente só existiu em um único exemplar de 6.500 páginas (3.000 folhas de pergaminho) em 15 volumes. Teria sido arquivada na Biblioteca Cristã de Cesareia até o século VII. Dessa obra só restaram fragmentos.

Uma versão abreviada também teria sido feita por Orígenas, a Tetrapla. O texto da quinta coluna, a recensão de Orígenes, foi copiado. Sobrevivem dois palimpsestos (Cairo e Milão). Sobreviveu uma tradução siríaca muito literal, a siro-hexapla, feita entre 613 e 617 pelo bispo Paulo de Tella, exceto pelo Pentateuco, com notas marginais com as versões de Aquila, Símaco e Teodotion.

Este trabalho de filologia deu início aos estudos textuais sistemáticos da Bíblia e influenciou recensões posteriores.

Septuaginta

A Septuaginta, cuja sigla é LXX, em sentido amplo refere-se a um conjunto de antigas traduções gregas das Escrituras Hebraicas realizadas entre os séculos III a.C. e meados do século II d.C.

Em sentito estrito, esse conjunto e os livros individuais também são referidos como Old Greek (OG), reservando o nome Septuaginta somente para as mais antigas recensões do Pentateuco.

A carta espúria de Aristeas (século II ou I a.C.) narra uma lenda de que o faraó Ptolomeu II Filadelfo encomendara a tradução para a Biblioteca de Alexandria. Teria requisitado cópias ao sumo-sacerdote de Jerusalém Eleazar e comissionado setenta (ou setenta e dois) tradutores judeus. Eles teriam produzidos manuscritos idênticos de forma independente.

A Septuaginta registra uma tradição manuscrita de uma fonte (Vorlage) hebraica diferente e anterior àquela preservada em qualquer manuscrito hebraico existente hoje.

Os autores do Novo Testamento demonstram empregar amplamente a Septuaginta, embora não exclusivamente. A Septuaginta contribuiu imensamente também para o vocabulário teológico e retro-influenciou a própria edição das Escrituras quer em hebraico, quer em outras línguas em vários aspectos (divisão do Pentateuco e nome dos livros, por exemplo).

A LXX ajuda a entender como era a interpretação das Escrituras em um estágio inicial de sua canonização.