Colofão

Colofão é inscrição no final de um manuscrito feito pelo copista ou publicador. Colofões não aparecem em todos os manuscritos.

O colofão pode conter uma série de detalhes para o estudo do texto, para a história em geral, para a história da cultura e para a paleografia.

O uso de colofões já aparecia no início da cultura escribal rm textos cuneiformes e egípcios.

Com a produção em massa de manuscritos a partir da Antiguidade Tardia, o uso de colofões padronizou-se. O mais antigo colofão em um texto bíblico é o de Moses ben Asher de Tiberias, datado de 895/6 d.C., encontrado em um manuscrito bíblico caraíta no Cairo.

Geralmente é escrito na primeira pessoa e menciona:

  • o nome do copista;
  • o título da obra;
  • a data de conclusão da cópia;
  • o local onde foi copiado;

E outras informações adicionais podem aparecer:

  • tempo gasto pelo copista;
  • salário do copista;
  • aventuras e biografia do copista;
  • reflexões sobre acontecimentos históricos;
  • observações da qualidade do Vorlage do qual foi feita a cópia;
  • condições de trabalho.
  • desculpas pelos erros cometidos;
  • nome do destinatário da cópia;
  • aviso ou maldição para quem alterar o texto;
  • votos de boa sorte para o proprietário e para o copista.

João Calvino

Jean Calvino (1509-1564) foi um reformador francês do século XVI, principal articulador teológico da tradição Reformada que, frequentemente, é associada a seu nome como calvinismo.

Filho de um administrador eclesiástico católico, foi educado como jurista. Especializou-se na filosofia estoica. Convertido à Reforma, fugiu da França e viveu em Genebra grande parte da sua vida.

Escritor prolífico, sistematizou o pensamento reformado na sua obra Institutas da Religião Cristã, com várias edições e revisões durante sua vida.

Apesar de nunca formalmente ordenado, foi pregador e organizou a Igreja Reformada de Genebra. Foi criticado por sua atuação na morte de Miguel Servetus.

Calvinismo

Calvinismo é uma designação para diversos sistemas teológicos com alguma conexão com o pensamento do reformador do século XVI João Calvino.

Frequentemente o termo é utilizado de modo intercambiável com teologia reformada. Entretanto, o termo calvinismo quando empregado sem qualificações tende a se referir (1) à teologia de João Calvino, o que seria em sentido estrito calvinismo; (2) à teologia que reclama o legado de João Calvino conforme formulada pelo Sínodo de Dort ou Calvinismo de Cinco Pontos; (3) ao tipo sociológico proposto por Max Weber para o protestantismo de valores individuais e predestinacionista com base na tradição reformada; (4) ao novo movimento religioso com origem em países de língua inglesa a partir dos anos 1960 que reformula a tradição teológica reformada sob aspectos de subordinacionismo e salvação pelo Senhorio, além de ativa participação sociocultural e política também chamado de Novo Calvinismo.

Construída em uma teologia dos atributos divinos, o calvinismo enfatiza a soberania divina. Suas influências e matrizes são a filosofia estóica, o neoagostinianismo renascentista e a soteriologia forense (principalmente a reelaboração da teoria de satisfação de Anselmo como substituição penal por Calvino). Em seus desdobramentos internos levaram à formação do supra e infralapsarianismo, do amiraldismo, do arminianismo, a “New School Presbyterianism”, o fullerismo batista, Cocceianismo ou aliancismo, Neocalvinismo Kuyperiano e seu desdobramento na teologia reformacional, a teologia de Keswick, a Neo-Ortodoxia Barthiana, dentre outros. Além dessas variantes, diversas tradições nacionais (suíça, alemã, francesa, holandesa, húngara, escocesa, inglesa, galesa, americana, indonésia, coreana e sulafricana são as principais) apresentam ênfases e conceptualizações distintas.

BIBLIOGRAFIA

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Epístola aos Colossenses

Nessa epístola paulina a identificação do crente com a morte em Cristo serve de advertência contra erros legalistas (Colossenses 2:8).

INTRODUÇÃO

Não há registros que Paulo tenha então estado em Colossos. É provável que a autoridade do apóstolo foi requisitada para resolver problemas doutrinários. Saber especificamente quais seriam os problemas da igreja em Colossos permanece um mistério, mas são certos que incluíam elementos de misticismo, legalismo, asceticismo e formalismo ritual.

Há semelhanças notáveis ​​com a epístola aos Efésios. Ambas cartas foram direcionadas à mesma região na Ásia menor (Colossos está cerca de 100 km de Éfeso). Ambas enfocam o senhorio de Cristo e já retratam os crentes com co-participantes de seu domínio e ambas possuem a Haustafeln (regras de convívio familiar). Em contraste, Efésios há uma ênfase na Igreja como o corpo de Cristo, enquanto em Colossenses a ênfase está em Cristo como a cabeça desse corpo.

Em uma leitura sob a perspectiva da Hausftafeln de ambas epístolas dá a entender que a comunidade de cristãos seria a Casa de Cristo. No Mediterrâneo da Antiguidade Clássica, um pater familias ou patrono morava em vilas e tinha um séquito de clientes, servos e parentes. Sua autoridade (domínio) sobre sua casa era absoluta na esfera doméstica.

Em Roma os clientes (pessoas livres, mas com obrigações morais ou econômicas), não importava o quanto rico ou poderoso fosse, tinha que prestar homenagem, se possível diariamente, na casa do patrono. A amicitia (amizade) era um tipo de relacionamento que somente ocorria entre iguais, nunca entre um patrono e cliente, senhor e servo. As relações eram tensas quando os clientes e servos por vezes tinham mais meios que os senhores. E muitos senhores tinham comportamentos não muito apreciáveis.

Tanto Colossenses e Efésios retratam uma relação de amor e fé dentre os membros da Casa de Cristo. Portanto, a relação interna da Casa não deveria ser por obrigação, aparência, como sicofantas (fazer obras para ganhar favor do Senhor), mas centrada em uma fé livre.

Na Epístola aos Colossenses, o apóstolo Paulo aborda a dinâmica entre maridos e esposas, empregando particularmente o termo ὑποτάσσω, hypotassō, algo como “estar sob a proteção” no que diz respeito ao relacionamento das esposas com seus maridos. No entanto, este termo contém nuances que vão além da mera autoridade hierárquica. Em vez disso, transmite a noção de acordo mútuo, em que o marido assume um papel protetor e de apoio semelhante a um abrigo ou escudo para a esposa. No contexto da sociedade greco-romana, caracterizada por estruturas patriarcais e pela necessidade de proteção em ambientes inseguros, tais dinâmicas relacionais não diziam respeito apenas à autoridade, mas também ao cuidado e salvaguarda recíprocos. Portanto, a ênfase está menos na submissão unilateral e mais no serviço e prestação mútuos dentro da unidade familiar.

A recepção teológica dessa epístola varia. A leitura tradicional dos sistemas teológicos agostinianos (luteranos e reformados principalmente) enfoca nessas epístolas o início da Ordo Salutis (a justificação). Já a leitura anabatista enfoca depois da justificação, a vida dos domésticos na fé, cujo senhorio da casa é de Cristo. Nessa perspectiva, a epístola centra-se em Cristo como cabeça e a Igreja como corpo. Assim, os crentes são chamados à santificação, fidelidade a Deus, dissipação de falsas doutrinas e práticas entre os já convertidos.

A posição da epístola no cânon paulino é antiga, classificando-a como uma das epístolas da prisão. Contudo, algumas pesquisas recentes colocam-na entre a antilegômena paulina. Como mencionado Colossenses possui paralelos com Efésios quanto a conteúdo e estrutura. Colossenses 4:9 menciona Onésimo, o escravo de Filémon, dentre outras pessoas também comuns a ambas epístolas.

ESBOÇO ESTRUTURADO

  1. Introdução
    • Saudação – Colossenses 1:1-2
    • Ação de graças pelos crentes em Colossos – Colossenses 1:3-8
    • Oração pela maturidade baseada na preeminência de Cristo – Colossenses 1:9-23
    • O sofrimento e o ministério de Paulo – Colossenses 1:24-29
  2. A vida em Cristo.
    • Cristo, o Mistério de Deus – Colossenses 2:1-5
      • Vivificados em Cristo – Colossenses 2:6-15
  3. Liberdade cristã
    • Não sejam julgados por regras religiosas humanas – Colossenses 2:16-23
      • Buscai as coisas que são de cima – Colossenses 3:1-4
      • Abandonem a conduta antiga – Colossenses 3:5-11
      • Apelo para uma Nova Conduta – Colossenses 3:12-17
      • Responsabilidades mútuas nas relações cristãs – Colossenses 3:18-4:1
      • Conselhos adicionais para a vida cristã – Colossenses 4:2-6
  4. Conclusão
    • Exortações aos colaboradores – Colossenses 4:7-17
    • Saudação final e bênção – Colossenses 4:18

BIBLIOGRAFIA

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2 Coríntios

Epístola paulina que confirma os coríntios na fé e apresenta uma defesa do caráter do apóstolo.

Parte da correspondência de Paulo com os coríntios, esta carta que se acredita ter sido escrita por volta de 55 aC, abrange diversos temas. O conteúdo se desdobra em três partes principais: a defesa de Paulo ao seu ministério, o apelo para uma coleta para Jerusalém e um confronto com missionários rivais que desafiam a autoridade de Paulo.