Hugh Latimer

Hugh Latimer (c. 1485–1555) foi um reformador e bispo inglês durante o período tumultuado da Reforma Inglesa.

Latimer nasceu em Thurcaston, Leicestershire, filho de um pequeno agricultor. Sua origens refletem em seus primeiros sermões, nos quais discorriam acerca dos desafios enfrentados pelas pessoas comuns. Após uma educação rigorosa em Cambridge e ordenação em 1515, inicialmente se opôs às ideias luteranas, mas passou por uma conversão ao protestantismo por volta de 1524.

Latimer tornou-se conhecido por sua empolgada pregação em apoio à Bíblia em inglês e contra a veneração dos santos. Sua sorte variou com as mudanças religiosas e políticas da Inglaterra. Serviu como bispo de Worcester em 1535, mas teve que renunciar em 1539 devido à sua oposição aos “Seis Artigos”, que visavam firmar um dogma anglicano.

Sob o reinado de Eduardo VI, de tendência protestante, a influência de Latimer ressurgiu. Pregou com paixão na corte real até 1550. Durante este período, ele abraçou uma postura mais distintamente protestante em questões doutrinárias, rejeitando a transubstanciação em 1548. Latimer não foi apenas uma figura religiosa, mas também um defensor do bem-estar social e crítico das injustiças econômicas, alinhando-o com os pensadores sociais de sua época.

A posição de Latimer tornou-se insustentável com a ascensão da Rainha Maria, a católica, em 1553. Como protestante convicto, tornou-se alvo do novo regime. Em 1555, Latimer foi martirizado e queimado na fogueira ao lado de Nicholas Ridley. Seu martírio foi registrado por John Foxe. Suas últimas palavras, encorajando Ridley a “bancar o homem”, simbolizam seu compromisso inabalável com sua fé e seus ideais. O legado de Latimer continua vivo na história da Reforma Inglesa e em seu impacto duradouro no pensamento religioso e social.

Erasto

  1. Pessoa bíblica mencionada duas vezes no Novo Testamento.

Em Romanos 16:23, Erasto é identificado como o tesoureiro da cidade de Corinto, e em 2 Timóteo 4:20, ele é mencionado como estando em Corinto. Além dessas duas breves menções, nada mais se sabe sobre ele no registro bíblico.

Existem algumas evidências arqueológicas que apóiam a existência de um indivíduo chamado Erasto, que ocupava uma posição de autoridade em Corinto durante o tempo em que Paulo esteve ali. Em 1929, uma inscrição foi descoberta em Corinto que diz “Erasto em troca de seu cargo de edil colocou a calçada às suas próprias custas”. Essa inscrição sugere que um homem chamado Erasto ocupou o cargo de edil, cargo responsável pela manutenção de prédios e espaços públicos, e pagou pela pavimentação de uma rua da cidade. Alguns estudiosos acreditam que esta inscrição se refere ao mesmo Erasto mencionado no Novo Testamento, embora não haja como confirmar isso com certeza.

2.Thomas Erasto (1524 –1583) um teólogo e médico calvinista suíço, defensor da política que levou seu nome: o erastianismo.

O erastianismo sustenta que o estado tem autoridade final sobre a igreja em questões de governança e disciplina, e que a igreja deve estar subordinada ao estado.

Embora a ideia não seja nova e remeta às intervenções dos imperadores romanos na Igreja a partir do século IV, Erasto acreditava que a igreja e o estado deveriam estar unidos sob um único governo, com o estado tendo a palavra final em todos os assuntos, incluindo doutrina e prática religiosa. Essa visão foi contestada por muitos teólogos e líderes religiosos, que argumentaram que a igreja deveria ser independente do estado e que os assuntos religiosos deveriam ser decididos pelas autoridades da igreja, e não pelas autoridades civis.

O erastianismo foi a política oficial na Inglaterra durante o reinado do Rei Henrique VIII, como parte da Reforma Inglesa. A Igreja da Inglaterra tornou-se a igreja estabelecida, com o monarca como chefe da igreja. O monarca tinha o poder de nomear bispos e outros oficiais da igreja e regular os assuntos da igreja. Essa política continuou a ser mantida na Inglaterra mesmo após a Guerra Civil Inglesa e a Revolução Gloriosa, e também teve uma influência significativa no relacionamento entre igreja e estado em outros países.

Sarah Coakley

Sarah Coakley (nascida em 1951) é uma pastora anglicana, teóloga e filósofa da religião inglesa. 

Teve passagem por renomadas faculdades de teologia em Cambridge, Harvard, Princeton, dentre outras. Foi professora honorária no Logos Institute, da Universidade de St Andrews, depois de deixar o cargo de Professora Norris-Hulse de Divindade na Universidade de Cambridge. Teve cargo de professora visitante na Australian Catholic University.

Em seu pensamento combina teologia analítica com anglo-catolicismo, feminismo cristão, tendo como interlocutores Gregório de Nissa, J. A. T. Robinson e Ernst Troeltsch. Discute temas interdisciplinares como direito, medicina e religião.

BIBIOGRAFIA

Coakley, Sarah, ed. Religion and the Body. Vol. 8. Cambridge University Press, 2000.

Coakley, Sarah. God, sexuality, and the self. Cambridge University Press, 2013.

Coakley, Sarah. Powers and submissions: Spirituality, philosophy and gender. John Wiley & Sons, 2008.

Gavrilyuk, Paul L., and Sarah Coakley, eds. The Spiritual Senses: Perceiving God in Western Christianity. Cambridge University Press, 2011.

Anglicanismo

O anglicanismo é um ramo da cristandade que reivindica a continuidade das tradições históricas do cristianismo surgido na Inglaterra e, de lá, para o mundo. Com a separação da Igreja da Inglaterra de outras autoridades (como o papado) durante a Reforma, essa denominação ganhou características próprias, sendo chamada de via média entre o catolicismo e o protestantismo.

As bases doutrinárias são os credos Apostólico e Niceno, os 39 Artigos de Religião, a leitura da Bíblia em vernáculo, a celebração do batismo e da Eucaristia, bem como o tríplice ofício eclesiástico de diácono, presbítero e bispo. O Livro de Oração Comum ou equivalente unifica a espiritualidade e liturgia anglicanas. Mantém uma visão positiva do direito canônico. A Conferência de Lambeth, um encontro decenial das igrejas anglicanas globais, é um marco unificador. Permite uma amplitude de diversidade teológica e litúrgica ao redor do mundo, resultando em diversas vertentes anglicanas — tradicionalistas da Igreja Alta, evangelicals da Igreja Baixa, latitudinários da Igreja Ampla, além de carismáticos, reformados, anglo-católicos e outros.

O monarca inglês mantém o ofício de Defensor da Fé, como líder secular da Igreja da Inglaterra. O Arcebispo da Cantuária mantém uma posição de primeiro entre seus pares, líderes de outras igrejas nacionais da Comunhão Anglicana. Em alguns países são chamados de epicospais ou episcopalianos. No Brasil, estão presentes com a Igreja Episcopal Anglicana. Em Portugal estão organizados na Igreja Católica Evangélica Lusitana.

Há vertentes anglicanas independentes que observam alguns elementos denominacionais anglicanos.

BIBLIOGRAFIA

Afonso, José António, et al. “A Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica (ILCAE)–das encruzilhadas sociojurídicas à afirmação de uma identidade religiosa, por José António Afonso.” Laicidade, Religiões e Educação na Europa do Sul no Século XX (2013): 71.

Calvani, Carlos Eduardo B. “Anglicanismo no Brasil”. Revista USP, São Paulo, n.67, p. 36-47, setembro/novembro 2005.

Chapman, Mark. Anglicanism: A very short introduction. Vol. 149. Oxford University Press, 2006.

Ross, Cathy (org.). Missão que amplia a vida: perspectivas globais da comunhão anglicana. Editora IEAB.

Joseph Mede

Joseph Mede (1586-1638) foi um filólogo, teólogo e exegeta inglês de orientação anglicana.

Mede screveu uma interpretação escatológica em um comentário do Apocalipse, Clavis Apocalyptica. Nessa obra, fez algumas previsões para o retorno de Cristo, uma delas para 1712.

Foi pioneiro em considerar possessões demoníacas como doenças mentais e propôs que o Livro de Zacarias teve mais de um autor.

Considerava o dia do juízo como um período de mil anos, precedido pela ressurreição dos mártires e sua admissão ao céu. Esse período seria um período de “paz mais feliz” para a Igreja na terra, mas rejeita expressamente um reino terrestre de Cristo.

Foi um proponente da tolerância de divergência de opiniões.

‘Eu nunca me vi propenso a mudar minhas afeições sinceras a alguém por mera diferença de opinião.’

‘Não posso acreditar que a verdade possa ser prejudicada pela descoberta da verdade.’

BIBLIOGRAFIA

Mead, Joseph by Alexander Gordon. Dictionary of National Biography, 1885-1900, Volume 37