Vida dos Profetas

O Vitae prophetarum é uma antologia de literatura parabíblica que expande as narrativas dos profetas canônicos. Composto provavelmente na Palestina do século I ao II d.C., contém lendas sobre Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniels, os doze profetas profetas menores. Expande as biografias de outros profetas não literários como Natã (2 Samuel 7; 2 Samuel 12), Aías de Siló (1 Reis 11:29-39; 1 Reis 14:1-18), o Homem de Deus aqui chamado de Joade (1 Reis 13), Azarias (2 Crônicas 15:1-8), Elias (1 Reis 17 – 2 Reis 2), Eliseu (1 Reis 19:19 -21; 2 Reis 2:1-9:13; 13:14-21) e Zacarias filho de Joiada (2 Crônicas 24:17-22). Alguns manuscritos incluem figuras do Novo Testamento, como Zacarias, Simeão e João Batista.

O Vida dos Profetas eve uma ampla recepção entre os primitivos cristãos, sendo possivelmente aludido em Hebreus 11 e em escritos paulinos. Também teria sido editado consideravelmente por copistas cristãos, com profecias que apontavam para Jesus Cristo.

Provavelmente foi escrito em grego, visto que as citações das Vidas são todas da Septuaginta ou do Old Greek. Foi traduzido para o síriaco, armênio, ge’ez e árabe, georgiano, eslavo, irlandês antigo e hebraico. Está preservado no Codex Marchalianus (Vat. gr. 2125)

Explica os nomes dos profetas e de onde eles vêm e onde morreram e como e onde estão enterrados, além de profecias e feitos. Quase nada há sobre as profecias canônicas, nem suas denúncias por justiça. Meio a relatos de martírios, conotam uma esperança pela ressurreição e restauração.

Embora amplamente circulado e usado para fins didáticos e contextuais, o Vidas dos Profetas não foi empregado como literatura canônica por nenhuma comunidade de fé.


BIBLIOGRAFIA

Amihay, Aryeh. (2022). The stones and the rock: Jewish and Christian elements in Vita Jeremiah. Journal for the Study of the Pseudepigrapha32(1), 39-56. https://doi.org/10.1177/09518207221116286


Bernheimer, Richard. “Vitae Prophetarum.” Journal of the American Oriental Society, vol. 55, no. 2, 1935, pp. 200–03. JSTOR, https://doi.org/10.2307/594443.

Schwemer, Anna Maria Schwemer. Studien zu den frühjüdischen Prophetenlegenden. Vitae Prophetarum. DieViten der großen Propheten Jesaja, Jeremia, Ezechiel und Daniel. Einleitung, Übersetzung und Kommentar. Inaugural -Dissertation, Tübingen 1993.

Testamento de Jó

O Testamento de Jó é um texto apócrifo que conta a história da vida de Jó após suas provações e tribulações. Inclui conversas com sua esposa e filhos, reflexões sobre a natureza do sofrimento e da redenção e visões da vida após a morte. O texto enfatiza a importância da perseverança, fé e humildade diante da adversidade e fornece um poderoso exemplo da luta humana para entender os caminhos de Deus.

No estilo de uma hagadá, um conto popular judaico, o Testamento de Jó retrata seu protagonista como rei de Edom e escravo de Satanás. Contudo, Jó era um homem justo e quebrou a estátua de Satanás. Por isso, Satanás se vingou de Jó quando recebeu permissão de Deus para ferir Jó e sua família – sua propriedade foi destruída, seus filhos morreram, foi ferido com furúnculos e sua esposa Sitidos tornou-se escrava. Depois de passar nas provações, ele se casou com uma nova esposa, que, segundo o livro, é Diná, filha de Jacó. Dela Jó criou sete filhos

O livro segue o gênero de testamento ou discurso de despedida. No final de sua vida, Jó reúne seus filhos e filhas para dar-lhes suas instruções e exortações finais. Como herança, Jó dá às suas três filhas três cordões de várias cores vindos do céu. Quando colocam os cordões, elas começam a falar, louvando a Deus nas línguas dos anjos, arcontes e querubins, respectivamente. (Testamento de Jó 46–48). Há muitos paralelos com as crenças cristãs que os leitores cristãos encontram, como intercessão com Deus e perdão.

Foi escrito entre o século 1 a.C. e fnal do século 1 d.C. O livro foi originalmente escrito em hebraico ou aramaico, mas foi perdido e preservado apenas em uma tradução para o copta do século V.

BIBLIOGRAFIA

Testament of Job (em inglês).

Targum Sheni

O Targum Sheni (“Segundo Targum”) é uma tradução aramaica (targum) e uma versão parabíblica do Livro de Ester.

Contém um relato da visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão. Salomão comanda e faz uma festa para um impressionante exército de animais, pássaros e espíritos demoníacos como seus súditos. A rainha pede que ele resolva três enigmas. Há paralelos entre essa passagem e a Sura 27 do Alcorão.

O texto é datado entre o século IV até o XI d.C.

Apócrifo de Gênesis

Literatura parabíblica que expande o livro de Gênesis. Sobrevive em fragmentos dos manuscritos aramaicos descobertos no Mar Morto (1QapGen ou 1Q20).

Datado de entre 250 aC e 50 dC, o Apócrifo de Gênesis reconta as narrativas de Lameque, Enoque, Noé e Abraão ao estilo de midrash. Notoriamente, expande a narrativa de Lameque. Menciona um “livro perdido”, o Livro das palavras de Noé.

O Apócrifo de Gênesis tenta retratar os patriarcas com um tom moralmente melhor e dar uma interpretação teológica de suas vidas.

O livro é uma fonte importante para o aramaico palestiniano médio e é um dos mais antigos testemunhos que cita o livro de Gênesis.

O Apócrifo do Gênesis tem cerca de 17 colunas, o que corresponde a cerca de 20 páginas na tradução para as línguas ocidentais. O manuscrito está incompleto, com algumas seções faltando, tornando difícil determinar o tamanho exato.

BIBLIOGRAFIA

García Martínez, Florentino; Tigchelaar, Eibert J. C. . The Dead Sea Scrolls: Study Edition. 2 vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1997.

Fitzmyer, J. A. The Genesis Apocryphon of Qumran Cave I: A Commentary. 2d rev. ed.; Rome: Biblical Institute Press, 1971.

Reeves, J.C. Translation Of 1Q Genesis Apocryphon II-XXII.

Steiner, Richard C. “The Heading of the Book of the Words of Noah On a Fragment of the Genesis Apocryphon: New Light On a” Lost” Work1.” Dead Sea Discoveries 2.1 (1995): 66-71.

Stuckenbruck, Loren T. “The Lamech Narrative in the Genesis Apocryphon (1QapGen) and Birth of Noah (4QEnochc ar): A Tradition-Historical Study.” Aramaica Qumranica. Brill, 2010. 253-275.

Livro de Josipon

O Sefer Josippon ou Livro de Josipon, também conhecido como Pseudo-Josefo, é uma crônica hebraica medieval. Deriva-se de uma tradução livre latina das obras de Flávio Josefo, a Bellum Iudaicum, a qual tinha sido feita pelo autor conhecido como Pseudo-Hegésipo.

Composta no final do primeiro milênio por algum judeu da comunidade grega do sul da Itália, ganhou aceitação entre os bizantinos. Contudo, somente integrou o cânone amplo na Igreja Ortodoxa Etíope.

Não há novidade de conteúdo com valor histórico, mas Josipon ilustra o processo de reescrita e transmissão de literatura bíblica e parabíblica.

O livro de Josipon cobre a história hebraica de Adão à queda de Massada em 74 dC, com foco no período do Segundo Templo. Outras fontes foram a Vulgata, incluindo os livros dos Macabeus, a tradição judaica e algumas fontes pseudo-históricas latinas.

BIBLIOGRAFIA

Flusser, David. “Josippon: A Medieval Hebrew Version of Josephus.” Pages 386–97 in Josephus, Judaism, and Christianity. Edited by L. Feldman and G. Hata. Detroit: Wayne State University Press, 1987.

Reiner, Jacob. “The English Yosippon.” Jewish Quarterly Review 58 (1967): 126–42.