Iscá

Iscá, em hebraico יִסְכָּה e em grego: Ἰεσχά, é uma filha de Harã, irmão de Abraão. É mencionada uma única vez em Gn 11:29

E tomaram Abrão e Naor mulheres para si; o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã, pai de Milca e pai de Iscá.

A tradição rabínica especulou se Iscá seria outro nome para Sara, posição dada no Targum Pseudo-Jonathan.

Essa menção seria a possível fonte do nome “Jéssica”. A personagem na peça de William Shakespeare filha de Shylock em O Mercador de Veneza possui semelhança com as rendições das bíblias de Tyndale (Iisca), Wycliffe (Jescha), Mattheq (Iesca).

Matilde Calandrini

Matilde Calandrini (1794 – 1866) foi uma educadora, líder evangélica e ativista pelos direitos da educação das mulheres e pela educação pública e universal na Itália.

Calandrini nasceu em Genebra em uma afluente família originária de Lucca, Itália, que no século XVI fora forçada ao exílio por ter aderido à Reforma Protestante.

Depois de sua juventude na Suíça influenciada por Réveil, mudou-se para Pisa em 1831, por motivos de saúde. Na cidade, organizou reuniões sociais que se tornaram reuniões de culto, tanto para estrangeiros protestantes (principalmente ingleses) mas também para a elite católica e secular. Nessas reuniões faziam a leitura da Bíblia, estimulavam programas de popularização das Escrituras, orações espontâneas e debates sobre questões religiosas e morais.

Logo, Calandrini engajou-se com a educação. Na época, cerca de 78% da população era analfabeta. As poucas escolas era controlada pela Igreja Católica e acessível somente para os ricos. A educação dos pobres era vista como perda de tempo e um indesejável risco de fomentação de liberalismo. Mulheres e minorias religiosas eram excluídas da educação.

Um residente cedeu sua casa para Calandrini organizar um jardim de infância para meninas pobres. Os métodos de Pestalozzi já popularizados em Genebra foi frutífero. O sucesso foi grande que logo organizou outro para meninos. O Grão-Ducado de Toscana interessou-se pelo projeto e o responsável pela educação, Conde Guicciardini aproximou-se de Calandrini. Eventualmente, em 1836 Guicciardini converteu-se.

As oposições logo surgiram. Os reacionários queriam reservar a educação somente a uma elite intelectual e financeira. Em 1845 o bispo ordenou que Calandrini parasse com suas reuniões de professores. Suas cartas e contatos com o Grão-Duque garantiram por um tempo a continuidade educacional.

Depois de uma visita à sua família em Genebra em 1846, Matilde foi proibida pelo governo toscano de voltar à Itália. O trabalho iniciado por Calandrini continuou, sobretudo no movimento das escolas dominicais e na puericultura que mais tarde se destacaria Maria Montessori. No final de sua vida, Calandrini pôde retornar e ver a continuidade de sua missão tanto evangelística quanto educacional em favor dos desfavorecidos.

BIBLIOGRAFIA

Ronco, Daisy D. La Vita e le Opere di Matilde Calandrini, Bangor: University of Wales, 1995.

Dorothy Ripley

Dorothy Ripley (1767–1832) foi uma evangelista britânica, que viajou nove vezes como missionária aos Estados Unidos, a primeira em 1801 e a última quando morreu em 1831 na Virgínia.

Ripley era quaker, mas era filha de um pregador leigo metodista. Nascida em Whitby, Inglaterra, cresceu entre os metodistas. Em 1797 sentiu compelida pelo Espírito Santo a pregar o evangelho aos povos escravizados no sul dos Estados Unidos. Compromissada em seu ministério, decidiu nunca se casar.

Ela viajou extensivamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha como evangelista no circuito de reuniões campais e nas igrejas que lhe franqueavam os púlpitos. Embora seu ministério não fosse ligado a denominação alguma, o movimento que ela influenciou no Reino Unido resultou no Metodismo Primitivo, valorizando a participação da irmandade leiga nos cultos e na administração das igrejas.

Seu ministério foi voltado para os muitos desprivilegiados. Pregou aos indígenas Oneida, a homens e mulheres nas prisões, nas igrejas afroamericanas e às populações escravizadas no sul dos Estados Unidos.

Vivendo de fé e doação voluntária, muitas vezes foi acusada de ser uma mulher lasciva e até de se prostituir. No entanto, conseguiu publicar seis livros, cuja renda permitiu seu ministério e atendimento aos necessitados. Os títulos são Extraordinary Conversion and Religious Experience of Dorothy Ripley (1810); The Bank of Faith and Works United (1819); An Account of Rose Butler (1819); Letters Addressed to Dorothy RIpley (1807),  An Address to All Difficulties.

Ripley ganhou uma audiência com o presidente Thomas Jefferson para pedir sua permissão para ministrar aos escravos, pregar aos senhores de escravos e fundar uma escola para educar os libertos. Durante a reunião, ela repreendeu Jefferson por manter gente em cativeiro. Mais tarde, em março de 1806, Ripley foi convidada a pregar em um culto na igreja no edifício do Capitólio. Seria a primeira mulher a fazê-lo. Apesar da audiência lotada, Ripley concluiu que poucos ali haviam nascido de novo e fez uma exortação insistente que “o corpo de Cristo era o pão da vida e Seu sangue a bebida dos justos”.

BIBLIOGRAFIA

Everson, Elisa Ann, “A Little Labour of Love”: The Extraordinary Career of Dorothy Ripley, FemaleEvangelist in Early America. Dissertation, Georgia State University, 2007.
https://scholarworks.gsu.edu/english_diss/17

Elizabeth Brusco

Elizabeth Brusco é uma antropóloga norteamericana e pesquisadora do evangelicalismo protestante na América Latina, particularmente na Colômbia, focada em questões de gênero.

Em 1982 e 1983, Brusco realizou trabalho de campo sobre o impacto da conversão evangélica nos papéis familiares e de gênero na Colômbia. Relata como o ascetismo evangélico redireciona a renda masculina de volta para o lar, beneficiando mulheres e crianças, questionando assim os pressupostos de que a religião organizada que prejudica as mulheres. O evangelicalismo oferece uma alternativa aos aspectos disfuncionais do machismo, apelando também aos homens. Consequentemente, alteram-se as relações conjugais. Não que o homem deixe de ser machista, mas ocorre uma redefinição do comportamento masculino arraigado em valores machistas como a virilidade e a bravata.

Elizabeth Brusco lecionou antropologia e dirigiu um centro de Estudos da Mulher na Pacific Lutheran University em Tacoma, Washington.

BIBLIOGRAFIA

Brusco, Elizabeth E. The reformation of machismo: Evangelical conversion and gender in Colombia. University of Texas Press, 2011.

Elizabeth Baxter

Mary Elizabeth Foster Baxter (1837-1926) escritora, missionária e biblista britânica.

Nasceu em uma família de quakers em Worcestershire, na Inglaterra. Converteu-se aos 21 anos e dedicou-se ao ministério evangelístico. Juntou-se à Mildmay Mission, centro de diaconia e de treinamento de diaconisa, entre 1866 e 1868.

Casada com Michael P. Baxter em 1868, foram pais de Michael Paget Baxter. O casal fundou a Casa Bethshan em 1880 para cuidar da cura do corpo e da alma. Foram influenciados por Andrew Murray, D. L. Moody e Ira Sankey. Em razão disso, participaram ativamente do movimento “Higher Christian Life”, promovido por William E. Boardman e difundido pela Convenção de Keswick.

O casal apoiava as campanhas de Moody na Inglaterra, publicando um pequeno jornal chamado “Signs of Our Times”. O jornal expandiu-se e adotou um novo nome, “The Christian Herald”.

Em viagem em férias à Suíça, o casal começou a realizar reuniões evangelísticas. Durante uma viagem na Alemanha, Elizabeth teve a experiência de ser capaz de pregar em alemão o suficiente para ser entendida, embora ela soubesse apenas poucas palavras do idioma. Nesse período, Elizabeth conheceu o pastor Otto Stockmayer, Samuel Zeller e teve contato com as obras de Dorothea Trudel e Johann Blumhardt.

Em 1886, os Baxters abriram uma casa de treinamento missionário, formando centenas de missionários. Estabeleceram as Missões Gerais Kurku e Central Hills e Ceilão e Índia na Índia. Na década de 1890, Elizabeth viajou pelo Canadá e pelos Estados Unidos. Em 1894, também conheceu e tornou-se amiga de Carrie Judd (mais tarde Montgomery), que havia aberto sua própria casa de recuperação em Nova York. Mais tarde, viajaria para as missões na Índia.

Publicou mais de quarenta livros, além de tratados volantes e panfletos. Seu Women in the Word (1897) faz um panorama com vários perfis de mulheres nas Escrituras.

BIBLIOGRAFIA

“Baxter, Elizabeth (1837-1926).” Handbook of Women Biblical Interpreters, 2012, Handbook of Women Biblical Interpreters, 2012.

Marion Ann Taylor. “Anglican Women and the Bible in Nineteenth-century Britain.” Anglican and Episcopal History 75, no. 4 (2006): 527-52.

Narveson, Kate.  Bible Readers and Lay Writers in Early Modern England. Routledge, 2016.

Robins, Roger Glenn. “Evangelicalism before the Fall: The Christian Herald and Signs of Our Times.” Religions 12, no. 7 (2021): 504.

Taylor, Marion Ann, and Heather Weir. Women in the Story of Jesus. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing, 2016.

https://www.actsamerica.org/biographies/2014-01-Elizabeth-Baxter.html

https://healingandrevival.com/BioEMPBaxter.htm