Doutrina que considera impossível o ser humano limitado conhecer a Deus ou qualquer outro ente absoluto.
Categoria: A
Atos de Paulo e Tecla
Livro apócrifo estimado ser do século II d.C que relata as viagens missionárias de Paulo e uma discípula, Tecla. O texto está dividido em duas partes principais: Os Atos de Paulo e Tecla e O Martírio de Tecla.
A jovem nobre Thecla ou Tecla ouve os ensinamentos de Paulo e se converte ao cristianismo, apesar da oposição de sua família e da sociedade.
Os Atos de Paulo e Tecla começam com Tecla ouvindo Paulo pregando o evangelho em sua cidade de Icônio. Ela é imediatamente cativada por sua mensagem e se dedica a aprender mais sobre o cristianismo. Apesar das tentativas do noivo de dissuadi-la e da desaprovação da mãe, Tecla torna-se cristã e opta por seguir Paulo em suas viagens, mesmo que isso signifique deixar para trás sua vida privilegiada.
Enquanto Thecla viaja com Paul, ela realiza feitos milagrosos e espalha o evangelho para outras pessoas. No entanto, sua fé é testada quando ela é presa e condenada à morte por se recusar a se casar com seu noivo. Ela é milagrosamente salva da execução por uma série de eventos sobrenaturais e continua a espalhar o evangelho até finalmente se reunir com Paul.
O Martírio de Tecla descreve o eventual martírio de Tecla por sua fé. Depois de ser capturado novamente.
Abraão
Abraão, em hebraico אַבְרָהָם “pai de uma multidão”.
Abraão foi o patriarca hebreu e ancestral de vários povos semíticos. Chamado de amigo de Deus (2 Crônicas 20: 7), sua vida é retratada em em Gênesis 12-25 e visto como modelo de fé em sua aliança com Deus.
Amós
Profeta cujos oráculos salientavam a supremacia de Deus, condenavam as injustiças e previam as punições das nações. Critica o ritualismo sem justiça ou obediência. Conclui com a restauração da dinastia davídica em Judá.
Embora fosse natural de Tecoa, em Judá, atuou no Reino do Norte (Israel) durante o século VIII a.C., durante o reinado de Jeroboão II (788-747 a.C). Provavelmente foi contemporâneo pouco mais velho de Oseias e Isaías, talvez de Miqueias e Joel.
Foi um dos primeiros profetas literários (profetas com livros próprios). Entre os Doze Profetas Menores, o livro de Amós é o terceiro livro na Bíblia Hebraica (Tanakh) e nas edições protestantes do Antigo Testamento, mas o segundo na Septuaginta.
ESBOÇO ESTRUTURADO
I. Julgamento contra repetidas transgressões da lei moral. (1:1-2:16)
a. Sobrescrição (1:1)
b. Julgamento sobre os povos vizinhos (1: 3-2: 3)
c. Julgamento sobre sobre Judá e Samaria (2: 4-16)
II. O Dia do Senhor (3:1-6:14)
a. Denunciação da irresponsabilidade moral de Samaria.
III. Visões simbólicas de julgamento (7: 1-9:10)
a. Gafanhotos (7: 1-3).
b. Fogo (7: 4-6).
c. Fio de prumo (7: 7-9)
d. Frutas de verão (8: 1-14)
e. Santuário devastado (9: 1-7)
III. Incidente e nota biográfica (7:10-17)
IV. Epílogo que descreve a restauração do reino davídico. (9:8-15)
COMO REFERENCIAR
ALVES, Leonardo Marcondes (ed.). Amós. Círculo de Cultura Bíblica, 2021. Disponível em: https://circulodeculturabiblica.org/2021/07/02/amos / Acesso em: 04 jul. 2021.
Aramaico
O aramaico ou o aramaeu não é um só idioma, mas um conjunto de dialetos e línguas semíticas do noroeste da atual Síria em diferentes fases históricas que emergiram provavelmente por volta do século XII a.C., com abundância de inscrições distintivamente em aramaico aparecendo a partir do século VIII a.C.
No século VIII vários prisoneiros arameus ou sírios foram transportados para a Assíria, iniciando a adoção de seus idiomas por seus senhores. O comércio e os imperialismos assírio e babilônico propagaram a língua entre os povos cativos, mas seu uso na administração pública persa disseminou-a desde o sul do Egito até o Afeganistão, com inscrições encontradas até em Sardes (na Anatólia). Depois do exílio babilônico, o aramaico gradativamente substituiu o hebraico como língua corrente dos israelitas (Ne 13:24).
No período helenista dividiram-se os dialetos aramaicos ocidentais e os dialetos orientais. Essa divisão persiste até hoje, não sendo mutuamente compreensíveis. Por um mais de um milênio foi a língua internacional do Oriente Médio, até ser suplantada pelo árabe.
Atualmente, mais de 1 milhão de pessoas possuem algum domínio do aramaico nas seguintes variantes:
- O siríaco é falado em várias comunidades no nordeste da Síria, no Iraque, no Irã, na Geórgia, bem como língua litúrgica de várias igrejas cristãs. Sobrevive nas diáspora assírias, siríacas e caldeias especialmente nos Estados Unidos e mesmo no Brasil.
- O judeu-aramaico serviu para a composição do Talmud e de textos litúrgicos, sendo falado ainda hoje por judeus curdos.
- O mandaico é uma variante aramaica falada pelos mandeus, seguidores de João Batista nativos do Iraque.
- O neo-aramaico ocidental é usado em três aldeias próximas a Damasco.
As línguas aramaicas são semelhantes mas não inteligíveis com o hebraico. (Cf. 2 Re 18:26; Is 36:11). As duas línguas seriam tão compreensíveis como o italiano para um falante do português.
A escrita aramaica, uma adaptação do alfabeto cananeu ou fenício, foi adotada por muitos outros povos, inclusive os judeus, sendo chamado de escrita quadrada ou assurith. A escrita aramaica ainda influenciaria as escritas siríacas, árabe, persa pahlavi, o mongol, as escritas da Índia e do sudeste asiático.
No período do Novo Testamento o aramaico estava tão enraizado na cultura israelita que comumente essa língua era chamada de língua dos hebreus ou de hebraico. Nesse sentido aparece em Jo 5:2; 19:13, 17, 20; 20:16; At 21:40; 22:2; 26:14; Ap 9:1. E mesmo fora da Bíblia, em autores como Flávio Josefo (Antiguidades Judaicas. 3.10.6 e Guerra dos Judeus 7. 2.1) refere ao aramaico intercambiavelmente como a língua dos judeus.
ARAMAICO E A BÍBLIA
Algumas palavras no Novo Testamento não são possíveis de distinguir se são aramaicas ou do hebraico tardio: Mamon, Bartolomeu, Barrabás, Boanerges, Getsemane, Gólgota.
Há cerca de 280 versículos com trechos escritos em aramaico tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Trechos em aramaico no Antigo Testamento:
- Na fala de Labão (Gn 31:47).
- Na advertência de Jeremias (Jr 10:11).
- Em porções do livro de Daniel (Dn 2:4-7:28).
- Em porções do livro de Esdras (Ed 4:8-6:18; 7:12-26).
Trechos em aramaico no Novo Testamento
- Talita cumi “menina, levanta-te!” (Mc 5:41)
- Efatá “abre-a!.” (Mc 7:34)
- Aba “Pai ou papai” (Mc 14:36; Gl 4:6; Rm 8:15)
- Raca “tolo” (Mc 5:22)
- Raboni “meu mestre” (Jo 20:16)
- Eli Eli lema sabactani “Deus meu, Deus meu, não me desampare” (Mt 27:46; Mc 15:34)
- Osanna “Oh, Salva-nos.” (Mc 11:9)
- Maranata “Vem, Senhor!” (1 Co 16:22)
- Tabita: “Gazela” (At 9:36)
O aramaico é a base de várias versões da Bíblia:
- Targum: traduções do Antigo Testamento, produzidas quando o hebraico deixava de ser compreendido pelos judeus.
- Diatessaron: uma harmonia dos evangelhos feita por Taciano no século II.
- Vetus Syra: versão antiguíssima do Novo Testamento. Consiste nas Versão reconstruída dos Atos (Conybeare), Versão reconstruída das epístolas paulinas (Molitor), Versão do Siríaca do Sinai, Versão de Curton.
- Peshitta: tradução da Bíblia completa iniciada no século II e se tornou a versão padrão para os cristãos do oriente.
- Syro-Hexapla: uma versão feita em Alexandria no século VII com base na Hexapla de Orígenes.
- Siríaca Filoxeniana é uma recensão encomendada por Filoxeno de Mabbug e completada em 508 por seu corepíscopo Policarpo.
- Siríaca Harcleana uma recensão por Tomás de Harqel concluída em 616 dC em Enaton no Egito.
- Lecionários Cristãos Palestianianos: trechos da Bíblia em aramaico ocidental para uso no culto na Idade Média.
O aramaico é importante para conhecer melhor o hebraico bíblico e o contexto histórico da Antiguidade. Vários documentos (Visão de Balaão, Documentos de Elefantina, Documento Driver) e escritos parabíblicos (pseudo-epígrafas, Manuscritos de Qumran) foram escritos nessa língua.
No século IX d.C. o gramático Judah ben Quraysh formulou a hipótese de que Terá, pai de Abraão, falasse aramaico e fosse a língua ancestral da qual emergiram o árabe e o hebraico. No século XIX houve quem pensasse que a língua dos patriarcas fosse o aramaico com base, entre outros, em Dt 26:5. No entanto, tais teorias são hoje desconsideradas. Outra teoria marginal que envolve o aramaico é a hipótese de que grande parte do Novo Testamento ou as falas de Jesus terian sido compostos originalmente em aramaico. Contudo, várias análises linguísticas e evidências externas confirmam que a forma canônica dos livros do Novo Testamento foi escrita em grego koiné.
Em 1845 o biblista rabino Abraham Geiger formulou a hipótese de que o aramaico seria a língua nativa da Palestina do período do 2º Templo e seria a primeira língua de Jesus. Todavia, as citações em aramaico nos evangelhos não são conclusivas para determinar qual seria a língua materna de Jesus. As amostras da língua no Novo Testamento poderiam ser as ocasiões excepcionais em que Jesus estava falando a língua de seus interlocutores, como nos trechos em aramaico no Antigo Testamento ou exemplos de diglossia. Hoje, evidências históricas, literárias e arqueológicas apontam para um cenário linguístico mais pluralístico, com o grego e o aramaico sendo as línguas primárias da população da Palestina, sem excluir os usos minoritários do latim e do hebraico.
SAIBA MAIS
Becker, Dan. The Risāla of Judah ben Quraysh: a critical edition. Tel-Aviv University, 1984, p.116-119.
Brock, S. P. “Three Thousand Years of Aramaic Literature,” Aram 1 (1989): 11–23.
Fitzmeyer, Joseph A. “The Phases of the Aramaic Language,” in A Wandering Aramean: Collected Aramaic Essay. SBL Press, 1979.
Geiger, Abraham. Lehr und Lesebuch zur Sprache der Mischnah. Vol. 1. FEC Leuckart, 1845.
Holladay, William L. A Concise Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1972.
Joosten, Jan “The Aramaic Background of the Seventy: Language, Culture and History,” BIOSCS 43 (2010): 53–72.
Kutty, Renaud J. “Aramaic Targums” in Encyclopedia of Hebrew Language and Linguistics, edited by G. Khan; Brill, 2013.
Machiela, Daniel “Aramaic Writings of the Second Temple Period and the Growth of Apocalyptic Thought: Another Survey of the Texts,” Judaïsme ancien/Ancient Judaism 2 (2014): 113–34.
Machiela, Daniel “Situating the Aramaic Texts from Qumran: Reconsidering Their Language and Socio-Historical Settings,” in Apocalyptic Thinking in Early Judaism Engaging with John Collins’ The Apocalyptic Imagination, ed. Cecilia Wassen and Sidnie White Crawford, JSJSup 182, Leiden: Brill, 2018, 90–91.
Rosenthal, Franz. A Grammar of Biblical Aramaic, Volume V Neue Serie. 7th expanded edition. Porta Linguarum Orientalium. Wiesbaden, Germany: Otto Harrassowitz, 2006.
Stadel, Christian“Aramaic Influence on Biblical Hebrew” in Encyclopedia of Hebrew Language and Linguistics, edited by G. Khan; Brill, 2013.
Van Pelt, Miles V. Basics of Biblical Aramaic: Complete Grammar, Lexicon, and Annotated Text. Grand Rapids: Zondervan, 2011.
Vance, Donald R.; Athas, George; Avrahami, Yael (eds.). Biblical Aramaic: A Reader and Handbook. Hendrickson, 2017.
